19/12/2006

REFLEXÕES - Visão Sobrenatural

Um passarinho andava todo contente, esvoaçando pelos telhados das casas, saltando de ramo em ramo das árvores mais altas, maravilhando-se com os horizontes que os seus voos lhe proporcionavam. Não há dúvida, conseguia ver o que a maioria dos seres vivos não conseguiam, ali em baixo, pegados à terra.
Entretanto uma águia desce rápido sobre ele e estendendo as garras leva-o pelos ares fora, alto... cada vez mais alto.O passarinho, a princípio assustado, debatendo-se convulsivamente nas garras do seu captor, começou a olhar o espaço e então verificou, com espanto, que o horizonte que agora se estendia a perder de vista, era incomensuravelmente mais vasto que o que até então descortinara. E, cessando de se debater, deixou-se ir, maravilhado pela vastidão do infinito. (citado por S. Josemaría)
E, eu, tantas vezes me fico satisfeito com a mediania da minha situação, aqui, achatado, junto à terra...
Como anseio por uma "águia" que me leve a horizontes mais vastos, a "vistas" mais alargadas que a simples visão dos meus olhos humanos me permite!
Como anseio por essa "águia" que me leve a ter VISÃO SOBRENATURAL.

15/12/2006

Morro esta madrugada

Nota prévia:
A carta que a seguir se transcreve, tão sincera e comovente, foi escrita pelo punho de um jovem holandês de 22 anos, poucos momentos antes de ser fuzilado pelo pelotão de execução nazi, no dia 27 de Fevereiro de 1942, na companhia de três outros mártires da «nova ordem europeia». O seu crime: Ter fugido da Holanda, para tentar juntar-se ás forças holandesas aquarteladas em Inglaterra. Os quatro rapazes foram capturados na região ocupada da França, e o Tribunal Marcial Alemão condenou-os à morte a 13 de Fevereiro de 1942, sob a acusação de «ajudarem o inimigo».
Querido Pai: Custa-me escrever-lhe esta carta, mas sou forçado a partipar-lhe que o Tribunal Marcial pronunciou contra nós uma sentença bem pesada.
Leia esta carta só para si, primeiro, e depois conte à Mãe, mas com muita cautela.
Quando lhe escrevi a primeira vez, a 14 de Fevereiro, já sabíamos que nos tinham condenado à morte, mas fiquei sem coragem de lhe dizer logo, porque queria poupá-lo a todos estes longos dias de expectativa. Seguiu para Paris um pedido de clemência, que foi negado, muito embora julgássemos que ainda haveria certas possibilidades de perdão, pois no fim de contas não cometemos nenhum crime.
Eu disse expectativa e não medo, pois felizmente estes dias não foram de medo.
Tive muito tempo para rezar, e tenho a firme convicção de que posso esperar morrer na graça de Jesus.
Vamos morrer não tarda muito, ás cinco da manhã, e isso não me parece assim tão terrível. É só um instante, e logo estarei com Deus - acabaram-se as misérias e a tristeza deste mundo.
Não me parece, à vista disso, que se tate de uma transição de meter pavor.
Pelo contrário, é admiravel sentirmo-nos na graça do Senhor. Deus prometeu-nos que não nos abandonaria se tivessemos a coragem de rogar que estivesse connosco. Sinto-me tão perto de Deus, que estou pronto para morrer. Espero que isto sirva de consolo, a si meu Pai.
Mas também sei que é terrível. Ainda somos tão jovens! Deus sabe, porém, que a nossa causa era justa. Acho que vai ser muito pior para si que para mim, porque confessei todos os meus pecados e fiquei muito calmo. Por isso, não chorem por mim, confiem na Providência, e peçam-Lhe que vos dê força.
Mãe, minha querida Mãe, beijo-a de todo o coração. Perdoe-me qualquer falta que tenha cometido. Não chore, minha querida Mãe. Tenha ânimo. Ficam-lhe outros filhos para cuidar - olhe a pobre senhora X, que não tem mais nenhum! Sei que tornaremos todos a encontrar-nos. Mais um beijo, o último do seu filho muito amigo.
Meu Pai, também lhe peço perdão. Tenha coragem na sua fé, pois bem sei que a tem, como a Mãe. Não ponha luto, mas agradeça a Deus ter-nos dado confiança na Sua Graça. E não diga que a paz já não lhe dará alegria porque eu me fui. No fim de contas, dei a vida pelo meu país, como tantos outros estão dando agora. Dê-me um abraço bem forte. Cumpra-se a Vontade do Alto.
Jan, Bep, El e Fien - saudades para todos vocês. Sejam fortes e peçam a Deus que os anime. Creiam n'Ele, e Ele fará com que tudo seja pelo melhor. Sejam bons para o Pai e a Mãe. Dêem saudades aos meus irmãos e irmãs mais novinhos; talvez eles não compreendam bem isto, mas ensinem-lhes a crer também.
Saudades de nós quatro para todos. A todos agradeço tudo quanto tenham feito por mim.
Não nos falta coragem. Tenham-na também. Só os nossos corpos nos serão tomados, porque as nossas almas estão nas mãos do Senhor. Isto deveria bastar para consolação.
Agora vou-me embora. Até nos tornarmos a encontrar, numa reunião que será mais feliz do que todas. Deus os abençoe.
Não tenham ódio a ninguém. Eu morro sem odiar. Deus é Omnipotente!
Kees
(Cfr. Harper's Bazar, Fevereiro de 1942, por Kees X.)

14/12/2006

REFLEXÕES - Começar e Recomeçar

No nosso caminhar para Deus nem empre venceremos. Muitas derrotas serão de escasso relevo; outras, sim, terão importância, mas o desagravo e a contrição aproximar-nos-ão mais de Deus. E começaremos de novo, com a ajuda do Senhor, sem desânimos nem pessimismo, que são fruto da soberba, mas com paciência e humildade para começar uma vez mais ainda que não vejamos qualquer fruto. (...)
O desânimo, que traz sempre em si mesmo um ponto de soberba e de excessiva confiança em nós mesmos, induz ao abandono dos propósitos e metas que o Espírito Santo sugeriu um dia na intimidade do coração.
(Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Diós, Adviento, 2ª semana, jueves)

13/12/2006

REFLEXÕES - Jugo

O Meu jugo é suave e a minha carga é leve... (Mt 11, 28-30)
Bem sei que assim é, mas quantas vezes me rebelo contra esta carga, este jugo! Não quero, não me apetece, não estou para isso.
E, no entanto sei que «Jesus está numa atitude de convite, de conhecimento e de compaixão por nós; mais ainda, de oferecimento, de promessa, de amizade, de bondade; de remédio para os nossos males, de confortador, e ainda mais, de alimento, de pão, de fonte de energia e de vida». (Paulo VI, Homília Corpus Christi)
Não obstante, a minha rebelião interior, vê apenas obrigações, compromissos, condicionamentos e, o que eu quero, na verdade, é não ter nada disso, quero voar para onde me apetecer e sempre que me apetecer, livre como um pássaro.
«Qualquer outra carga te oprime e esmaga, mas a carga de Cristo alivia-te o peso. Outra carga qualquer tem peso, mas a de Cristo tem asas. Se a um pássaro lhe tiras as asas, parece que o alivias do peso, mas quanto mais lhe tires este peso, tanto mais o atas à terra. Vês no solo aquele que quiseste aliviar de um peso; restitui-lhe o peso das suas asas e verás como voa». (Stº Agostinho, Sermão 126)

11/12/2006

REFLEXÕES - Paralizia ou Confiança?

No Evangelho da Missa de hoje, S. Marcos diz-nos que Jesus chegou a Cafarnaúm e logo se soube que estava em casa, e juntaram-se tantos que nem sequer havia lugar à porta. (Mc 2, 1-13).
Quatro amigos dirigiram-se também à casa levando um paralítico; mas não puderam chegar ao pé de Jesus por causa da multidão. Então, valendo-se talvez de uma escada exterior, chegaram até ao telhado com o paralítico; levantaram o tecto sobre o local onde se encontrava o Senhor e, depois de fazer um buraco, desceram a enxerga em que jazia o paralítico. Deixaram a enxerga no meio, diante de Jesus. (Lc 5, 19)
O apostolado, é algo parecido: Por as pessoas diante de Jesus; apesar das dificuldades que isto possa trazer consigo. Deixaram o amigo diante de Jesus. Depois o Senhor fez o resto: Ele é quem realmente faz o que é importante.
Os quatro amigos já conheciam o Mestre, e a sua esperança é tão grande que o milagre terá lugar graças à sua confiança em Jesus. O Evangelho diz-nos que ao ver a fé deles, dos amigos, realizou o milagre. Não se menciona explicítamente a fé do doente, inssiste-se na dos amigos. Venceram obstáculos que pareciam insuperáveis: tiveram de convencer o enfermo. Muita deve ter sido a sua confiança em Jesus, pois só o que está convencido, convence. Quando chegaram à casa estava tão cheia de gente que, parecia, já nada se podia fazer naquela ocasião. Mas não arredam. Superam esta barreira com a sua decisão, com o seu engenho, com o seu interesse. O importante era o encontro entre Jesus e o seu amigo; e para que se realize esse encontro põem todos os meios ao seu alcance. (Cfr Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Dios, Adviento, 2ª Semana, Jueves)
Fico-me a pensar:
E eu? Tenho confiança, fé autêntica e indómita, arrosto com as dificuldades ou, deixo-me vencer pelos respeitos humanos, "o que vão dizer", talvez mais logo, depois...vê-se, já lhe falei...mas o sujeito não quer...
Se calhar...nem como paralítico presto!
Era o que faltava...descerem-me por uma corda!
Dar espectáculo!
Não...não, deixem-me cá com a minha paralizia que, eu, depois...quando puder...hei-de lá ir...

09/12/2006

REFLEXÕES - Pastor

São quatro as condições que um bom pastor deve reunir:
- O amor: foi precisamente a caridade a única virtude que o Senhor exigiu a Pedro para lhe entregar o cuidado do Seu rebanho.
- A vigilância: para estara tento ás necessidades das ovelhas.
- A doutrina: com o fim de poder alimentar os homens até os levar à salvação.
- A santidade e integridade de vida: Esta é a principal de todas as qualidades.
S. Tomás de Villa-Nueva, Sermão sobre o Ev. do Bom Pastor, en Opera omnia, Manila 1922

08/12/2006

Oito de Dezembro

Como posso esquecer este dia, esta data - Oito de Dezembro -!
Há quarenta e um anos, na Igreja de Alpiarça, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, abençoava o meu casamento com a Fernandinha.
Há quarenta e um anos! Parece muito tempo mas, de facto, não é. Agente nem se lembra bem de muitas coisas que aconteceram e, o que é interessante, é que me lembro muito bem das coisas boas e muito boas, ao passo que as menos boas e tristes...que as houve, sem dúvida, tenho de fazer esforço de memória...
Graças a Deus!
Ofereço-te, minha Mãe Imaculada, estes quarenta e um anos e todos os outros que me for concedido viver neste casamento de amor. Que eu saiba retribuir com amor e carinho os inúmeros bens com que me comulaste.
Que eu saiba ser um Marido carinhoso, atento e solicíto, um Pai justo e solicíto, um Avô disponível e interessado.
Serei, assim, extremamente feliz!

05/12/2006

ADVENTO - Tempo de Paz

Quando o homem esquece o seu destino eterno e o horizonte da sua vida se limita à existência terrena, contenta-se com uma paz fictícia, com uma tranquilidade só exterior, a que é pedida pela salvaguarda do máximo bem-estar material que se puder alcançar com o mínimo esforço. Deste modo constrói uma paz imperfeita e instável, pois não radica na dignidade da pessoa humana, feita à imagem e semelhança de Deus e chamada à filiação divina. Vós jamais tereis que vos contentar com estes sucedâdenos de paz; seria um grave erro, cujo fruto produziria a mais amarga das desilusões. Já o anunciou Jesus Cristo pouco antes da Ascensão ao Céu quando disse aos Seus discípulos: A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não como o mundo a dá vo-la dou Eu (Jo 14, 27).
Existem, portanto, dois tipos de paz: a que os homens são capazes de construir por si sós, e a que é dom de Deus; (…) a que vem imposta pelo poder das armas e a que nasce do coração. A primeira é frágil e inssegura; poderia chamar-se uma mera aparência de paz porque se funda no medo e na desconfiança. A segunda, pelo contrário, é uma paz forte e duradoura porque, ao fundar-se na justiça e no amor, penetra no coração; é um dom que Deus concede aos que amam a Sua Lei (Cfr. Sal 119, 165).

João Paulo II, Discurso à UNIV-86, Roma 16.03.1986

03/12/2006

Vigilância

Aconteceu que, ontem, passei a noite sozinho. A minha casa é muito grande, 3 pisos! e muito antiga.

Dei comigo a "ouvir" a casa: os pequenos ruídos que normalmente passam despercebidos, as madeiras que estalam, uma janela que bate com a força do vento e da chuva, os soalhos que estremecem quando os autocarros passam na rua.

Fiquei, assim, um bocado, vigilante e atento e, quanto mais apurava os sentidos, mais ruídos, sons, barulhos me parecia ouvir com fantástica nitidez. Conseguia identificá-los: agora foi na sala; este foi na escada...

Agora ocorre-me que é assim que desejo estar durante o Advento que hoje começa: Desperto, vigilante, atento.

Quero distinguir tudo aquilo - e muito será - que normalmente não me dou conta e que anda à minha volta numa zoada tremenda; identificar bem as "armadilhas" que se me deparam ao longo do dia; estar consciente do mundo que me rodeia.

Desprendido mas interessado;
Confiante mas atento;
Sereno mas vigilante.

02/12/2006

Acabou

Hoje acaba o ano litúrgico de 2006. Amanhã começa o Advento.

Quiz fazer um exame deste ano que passou e distraí-me com um montão de coisas, consumi imenso tempo em lembranças e recordações...

Cheguei à conclusão que, isso, não interessava para nada!

O que eu gostava era de ter feito este exame e encontrar-me com as mãos cheias de pequenas coisas, talvez sem importância de maior, mas coisas bem feitas, com amor, bem acabadas.

Não ter nenhuma reminiscência de críticas, íntimas ou não, que fiz a respeito de outras pessoas; de ter a certeza que tinha sido fiel, obediente, simples e concreto!

Mais: ter sido desprendido, desapegado das coisas, dos bens que possuo ou gostaria de ter, dos sonhos e quimeras, de uma quantidade enormíssima de "tralha" que se me colou ás costas ao longo do ano e que fui acrescentando todos os dias.

Ainda mais: Ter levado a minha cruz, - a minha cruz de todos os dias -, levantada ao alto, a prumo, bem agarrada com ambas as mãos, com amor e determinação.

Resolvi: Não vou esperar por amanhã, pelo Advento, para recomeçar a minha vida! NUNC COEPI - agora começo!

Assim, já que pouco ou nada Te posso oferecer do ano que passou, peço-Te que me ajudes a encontrar a Unidade de vida que preciso para então, sim, Te oferecer uma medida bem cheia, a transbordar.

E peço-Te ainda, porque não sei querer, quero mal e quero coisas que não interessam, aju-da-me Senhor, a saber querer antes de mais, a única verdadeira coisa que devo querer: cumprir a Tua Justíssima e Ama-bilíssima Vontade sobre todas as coisas, Amen, Amen.
Porque ponho a minha esperança em coisas vãs, passageiras e fátuas, ensina-me a ter Esperança verdadeira, sólida e inquebrantável, em Ti, meu Senhor e meu Deus, Fonte da Verdadeira Vida, claridade dos meus dias, segurança dos meus passos, espelho onde quero rever-me constantemente, clamo como Stº Agostinho:Da quod iubes e iube quod vis
Que ordenes o que quiseres mas, para que o possa fazer, tens de dar-me o que ordenas.
É o que Te peço e mais desejo: fazer a Tua Vontade em todas as coisas. Cumprir a Tua Vontade, satisfazer as Tuas ordens, sem hesitação, sem demo-ras.
Assim:
• Para Te poder amar, dá-me Amor.
• Para poder esperar em Ti, dá-me Esperança.
• Para poder crer em Ti, aumenta a minha pouca Fé.

Só assim serei capaz, só assim serei feliz.

01/12/2006

Defenestração

Foi o que aconteceu em 1640...atiraram pela janela o Vascocelos...

E, agora, querem repetir o acto, só que mais grave e com consequências de muito maior amplitude:

Sim, querem defenestrar milheres de crianças que, no seio materno, esperam o momento de ver a luz do dia.

A estes "defenestradores" não os move nenhum patriotismo exacerbado, nem nenhuma vontade indómita de alterar o rumo da história, mas, tão simplesmente, dar vazão aos seus instintos mais baixos que nem os animais têm: matar inocentes, repetir de forma continuada e "legal" o que Herodes fez depois de os Magos lhe terem revelado o nascimento de Cristo.

Pergunte-se lá, a cada um desses que votam "SIM" se concordam com Herodes!

Se calhar virão dizer que é mentira!

30/11/2006

Deixaram tudo e seguiram-No

Pedro e o seu irmão, André, cuja festa se comemora hoje. Deixaram tudo!...diz Mateus.

Ambos hão-de entregar também as suas vidas na Cruz.

Ambos se consideraram indignos ser crucificados como o Rabi por Quem tinham abandonado tudo, naquele dia, nas margens do mar da Galileia: Pedro quer ser crucificado de cabeça para baixo; André escolhe uma cruz em X.

Ambos quiseram deixar bem claro quem era o Mestre e quem eram os discípulos.

E eu? O que é que eu tenho deixado, ao longo da minha vida, pelo meu Mestre? Umas poucas coisitas de pouca monta e, mesmo assim, sempre relutante, a contra-gosto.

Fico-me para aqui, agarrado ás minhas redes, encostado ao meu barco e não avanço mar dentro à pesca com é meu dever. Ah! Porque o tempo não está favorável; talvez amanhã; porque estou cansado; porque chove; está frio; faz muito calor; não me apetece; ainda ontem fui e não apanhei nada!

Tantas razões sem razão nenhuma!

Vá! Nunc coepi! Agora...agora começo. Com o que tenho, com as minhas misérias e pouca coisa, com os meus enormes defeitos e pequenas virtudes mas de ouvidos bem atentos á voz de quem chama: Tu...! Vem e segue-me!

29/11/2006

Paciência

A paciência é uma virtude bem diferente da mera passividade ante o sofrimento; não é um não reagir, nem um simples "aguentar-se": é parte da virtude da Fortaleza, e leva a aceitar com serenidade a dor e as provas da vida, grandes ou pequenas, como vindas do amor de Deus.
Identificamos então, a nossa vontade com a do Senhor, e isso permite-nos manter a fidelidade no meio das provas, sejam quais forem, e é o fundamento da grandeza de ânimo e da alegria de quem está seguro de receber uns bens futuros maiores.

(Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Diós, Tiempo ordinario, 34ª Semana, Miércoles)

26/11/2006

CRISTO REI

«A atitude do cristão não pode ser passiva ante o reinado de Cristo no mundo. Nós desejamos ardentemente esse reinado: Oportet illum regnare...! É necessário que reine, em primeiro lugar na nossa inteligência, mediante o conhecimento da Sua doutrina e do acatamento amoroso dessas verdades reveladas; é necessário que reine na nossa vontade, para que obedeça e se identifique cada vez mais plenamente com a vontade divina; é preciso que reine no nosso coração, para que nenhum amor se interponha ao amor a Deus; é necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo (1) ; no nosso trabalho, caminho de santidade.» (2)

«Maria, a Mãe santa do nosso Rei, a Rainha do nosso coração, cuida de nós como só Ela sabe fazer. Mãe compassiva, trono da graça: pedimos-te que saibamos compor na nossa vida e na vida dos que nos rodeiam, verso a verso, o poema simples da caridade, quasi fluvium pacis (Is 66, 12), como um rio de paz. Porque tu és mar de inesgotável misericórdia.»(3)


1 cfr Pio XI, Quas primas, 11-12.1925
2 Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Dios, Tiempo Ordinario, ultimo Domingo
3 S. Josemaría Escrivá, Cristo que Passa, 183

21/11/2006

HUMILDADE

Deixa-me que te recorde, entre outros, alguns sinais evidentes de falta de humildade:

* Pensar que o que fazes ou dizes está mais bem feito ou melhor dito do que o dos
outros;
* Querer levar sempre a tua ávante;
* Discutir sem razão ou - quando a tens - insistir com teimosia ou maus modos;
* Dar a tua opinião sem ta pedirem ou sem a caridade o exigir;
* Desprezar ponto de vista dos outros;
* Não encarar todos os teus dons e qualidades como emprestados;
* Não reconhecer que és indigno de toda a honra e estima, inclusive da terra que
pisas e das coisas que possuis;
* Citar-te a ti mesmo como exemplo nas conversas;
* Falar mal de ti próprio, para que façam bom juízo de ti ou te contradigam;
* Desculpar-te quando te repreendem;
* Ocultar ao teu Director algumas faltas humilhantes para que não perca o conceito
que faz de ti;
* Ouvir com complacência que te louvem, ou alegrar-te por terem falado bem de ti;
* Doer-te por outros serem mais estimados que tu;
* Negar-te a desempenhar ofícios inferiores;
* Procurar ou desejar sigularizar-te
* Insinuar na conversa palavras de louvor próprio ou que dão a entender a tua
honradez, o teu engenho ou destreza, o teu préstígio profissional;
* Envergonhares-te porque careces de certos bens.

(S. Josemaría, Sulco, 263)

20/11/2006

MORRER 1

Fazem hoje seis anos que o meu irmão Manuel José partiu para casa do Pai.

Tenho sempre presente, no seu leito de morte, o seu olhar doce e profundo onde se espelhava uma serenidade que não consigo esquecer.

Sem dúvida, a serenidade de um homem bom, pronto a entregar a alma ao Criador, numa atitude de despojamento total!

O que vinha clamando há bastante tempo: «In hora mortis mea voca me, et iube me venire ad Te» (Na hora da minha morte, chamai-me, e mandai-me ir ter conVosco), estava prestes a consumar-se. O Senhor, misericordioso, estendia-lhe a Sua mão de Pai amoroso, para o levar conSigo para a Vida.

Peço-te Manel, que me guardes um lugar, mesmo que não seja ao pé de ti, mas donde possa ver Deus Cara a Cara.

HUMILHAÇÕES 1

Será que o Senhor se regozija com a nossa humilhação?

Não.

Que lucraria com o nosso abatimento Aquele que tudo criou, e mantém e governa tudo o que existe? Deus só deseja a nossa humildade, que nos esvaziemos de nós próprios para Ele nos poder encher; pretende que não Lhe levantemos obstáculos, a fim de que – falando ao modo humano – caiba mais graça Sua no nosso pobre coração. Porque o Deus que nos inspira a ser humildes é o mesmo que transformará o nosso corpo de miséria, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso, com aquele poder com que pode também sujeitar a si todas as coisas. Nosso Senhor faz-nos seus, endeusa-nos com um endeusamento bom.

(S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, nn. 97–98)

13/11/2006

Graças 1

Agradece com todo o coração a Nosso Senhor as potências admiráveis... e terríveis, da inteligência e da vontade com que quis criar-te. Admiráveis, porque te fazem semelhante a Ele; terríveis, porque há homens que as põem contra o seu Criador.

A mim, como síntese do nosso agradecimento de filhos de Deus, ocorre-me dizer a este Pai nosso, agora e sempre: "Serviam!" – Servir-te-ei! (Forja, 891)

Samaritano 1

Dos hombres, ambos muy enfermos, ocupaban la misma habitación de un hospital. A uno se le permitía sentarse en su cama cada tarde, durante una hora, para ayudarle a drenar el líquido de sus pulmones. Su cama daba a la única ventana de la habitación. El otro hombre tenia que estar todo el tiempo boca arriba. Los dos charlaban durante horas.
Hablaban de sus mujeres y sus familias, sus hogares, sus trabajos, su estancia en el servicio militar, donde habían estado de vacaciones. Y cada tarde, cuando el hombre de la cama junto a la ventana podía sentarse, pasaba el tiempo describiendo a su vecino todas las cosas que podía ver desde la ventana. El hombre de la otra cama empezó a desear que llegaran esas horas, en que su mundo se ensanchaba y cobraba vida con todas las actividades, colores del mundo exterior.
La ventana daba a un parque con un precioso lago. Patos y cisnes jugaban en el agua, mientras los niños lo hacían con sus cometas. Los jóvenes enamorados paseaban de la mano, entre flores de todos los colores del arco iris. Grandes árboles adornaban el paisaje, y se podía ver en la distancia una bella vista de la línea de la ciudad. El hombre de la ventana describía todo esto con un detalle exquisito, el del otro lado de la habitación cerraba los ojos e imaginaba la idílica escena.
Una tarde calurosa, el hombre de la ventana describió un desfile que estaba pasando. Aunque el otro hombre no podía oír a la banda, podía verlo, con los ojos de su mente, exactamente como lo describía el hombre de la ventana con sus mágicas palabras.
Pasaron días y semanas. Una mañana, la enfermera de día entró con el agua para bañarles, encontrándose el cuerpo sin vida del hombre de la ventana, que había muerto plácidamente mientras dormía. Se llenó de pesar y llamó a los ayudantes del hospital, para llevarse el cuerpo. Tan pronto como lo consideró apropiado, el otro hombre pidió ser trasladado a la cama al lado de la ventana. La enfermera le cambió encantada y, tras asegurarse de que estaba cómodo, salió de la habitación.
Lentamente, y con dificultad, el hombre se irguió sobre el codo, para lanzar su primera mirada al mundo exterior; por fin tendría la alegría de verlo el mismo. Se esforzó para girarse despacio y mirar por la ventana al lado de la cama... y se encontró con una pared blanca.
El hombre preguntó a la enfermera que podría haber motivado a su compañero muerto para describir cosas tan maravillosas a través de la ventana. La enfermera le dijo que el hombre era ciego y que no habría podido ver ni la pared, y le indico:

"Quizás sólo quería animarle a usted"

Epilogo:
Es una tremenda felicidad el hacer felices a los demás, sea cual sea la propia situación. El dolor compartido es la mitad de pena, pero la felicidad, cuando se comparte, es doble. Si quiere sentirse rico, solo cuente todas las cosas que tiene y que el dinero no puede comprar. "Hoy es un regalo, por eso se le llama el presente"