13/06/2010

Carta ao Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Tenho de confessar a verdade: Reacções a esta "carta" têm-me chegado via mail ou telefone. A maior parte é  a perguntar qual o endereço. Aqui fica: E-mail: cep.sgeral@ecclesia.pt.
Outros que acham extemporâneo, talvez, sem efeito prático, outros que peço - ou sugiro - algo que nunca se viu.
Peço desculpa mas, a estes, digo, sem mais, que estão enganados.

Poderia inundar esta mensagem de intervenções. consideradas politicas, de inúmeras Conferências Episcopais. Algumas, em países onde   a liberdade não é propriamente coisa factual.

Pessoalmente, acho que a carta do Sr, Cardeal Patriarca é muito mais que um intervenção política, é, declaradamente, aquilo que pensa o Príncipe da Igreja Portuguesa (membro pro inerência da CEP), e, como é um homem, português de pleno direito, exerceu esse mesmo direito de forma clara, iniludível e esclarecedora e com a autoridade por todos reconhecida.

Na minha "carta aberta", não solicito à CEP que diga aos católicos portugueses  em quem devem ou não votar, o que faço, é pedir encarecidamente, aos Pastores que dirijam o rebanho e lhe indiquem sem qualquer medo ou rebuço a pastagem que, no seu critério, mais convém a esse mesmo rebanho.

Se o nosso queridíssímo João Paulo II não tivesse actuado da forma como o fez, provavelmente ainda existira um muro em Berlim e outros "muros" mais, se teriam levantado por esse mundo fora.

O que eu sinto, é que estamos ansiosos por essa indicação para pôr-mos ombros à parte que nos compete: sermos católicos inteiros, de palavra e de obras, intervindo quando há que intervir, com respeito e seriedade, sem falsos pretextos ou fantasias, mas com um critério sólido e fundamentado.

Não podemos "deixar o chapéu, à porta da sacristia" só porque se trata politica, não voltemos "ás catacumbas" onde muitos desejam que nos refugiemos.

Não sejamos católicos de Missa ao Domingo, mas de corpo inteiro, intervenientes e desassombrados porque temos esse direito e, eu diria... ESSE DEVER!

António Mexia Alves
R. António Cardoso, 184
4150-079 PORTO
ontiano@gmail.com 

Carta ao Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

António Mexia Alves
R. António Cardoso, 184
4150-079 PORTO


Revmº Senhor 

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Venho pôr à consideração de V. Reverendíssima o seguinte:

Na sequência da infeliz actuação do actual Presidente da Republica Portuguesa, a que sua Eminência, o Cardeal Patriarca de Lisboa se referiu com tanta propriedade e firmeza, venho expor:

A futura eleição do Presidente da República afigura-se crucial para o futuro imediato do País.
Se na verdade o actual Presidente defraudou a esperanças e boa fé dos católicos portugueses - e a própria Igreja - a eleição do seu sucessor toma um vulto e importância que não se pode ignorar.

Precisamos de alguém em quem possamos confiar que não trairá os seus princípios cristãos, católicos em nome, ou a pretexto, de outras razões quaisquer, sejam quais forem.

O Dr. António Bagão Félix é uma pessoa deste calibre e com os conhecimentos e experiência suficientes para o desempenho do cargo.

Parece evidente que, neste momento, este ónus não o atrai, justamente porque, sendo quem é, sabe que muito teria que "limpar" e "endireitar" no panorama político nacional.

Com enormíssimo respeito, permito-me recordar que o querido João Paulo II não hesitou em intervir na sua terra natal, dando apoio claro e iniludível a Lech Wallesa, na sua luta por uma Polónia livre das forças comunistas e maçónicas.

Logo, parece-me que a Igreja Portuguesa, por meio dos seus Bispos e altos dignitários,  não só poderá como terá, talvez, o dever de intervir claramente e sem rebuços neste momento gravíssimo da vida nacional.

Convencer o Dr. António Bagão Félix a aceitar o espinhoso encargo será, eventualmente difícil sem o apoio declarado da CEP.

Deixo à v. consideração este apelo confiante que este povo que exultou com a recente visita do Papa, correspondendo massivamente ao apelo da Igreja Portuguesa,     que vai a Fátima, reza e peregrina, acatará com dócil obediência as indicações que os seus Bispos que entendam dar~lhe.

Com os meus respeitosos cumprimentos

Porto, 2010.06.12


--
António Mexia Alves

E-mail: cep.sgeral@ecclesia.pt

SANTO ANTÓNIO

Dia de Santo António.

O grande Santo que a Igreja celebra como um Doutor.
Um homem que pôs ao serviço dos homens, os extraordinários dons que Deus lhe concedeu. De tal forma que se esgotou e morreu tão novo. Esgotado pelo trabalho de apregoar o Evangelho, o Reino de Deus.
E eu, que sou António também, que faço com os dons que o Senhor me deu?
Que uso tenho eu feito da inteligência, da vontade, do pensamento, da escrita, enfim, de tudo quanto o Senhor tão prodigamente me cumulou?
Estou eu à espera de fazer aquele grande trabalho, de mostrar aquela faceta, de brilhar naquela escuridão?

E, nesta espera sempre adiada, vou deixando os dias passar fazendo muito pouco ou nada pelos meus irmãos, o meu semelhante.

Rezar, pelo menos, rezar por eles, por todos os que conheço e a quem quero bem e por aqueles que não conheço ou a quem não quero tão bem. Rezar sem descanso em contínua união com o Senhor.

Ter a presença divina bem marcada na minha vida e em cada momento.

Esta realidade do Senhor que me escuta, que me vê e que está sempre presente em qualquer ligar ou circunstância. Tentar pôr esta atitude perante o Senhor, um exame constante da presença de Deus real e verdadeira na minha vida. Quando conseguir este estado de espírito eu saberei proceder com amor e rectidão e, sobretudo, serei incapaz de ofender a Deus. Não deixarei que nenhum dos meus irmãos passe por mim sem que sinta bem forte, o desejo de o ajudar.

Tenho de salgar, de iluminar.
Tenho de ser saboreado, visto e sentido.

Tudo o que possa fazer de bom, por graça de Deus, tem de ser partilhado e visto por quantos se cruzam comigo, para que sintam ânsia de proceder como eu, melhor que eu.

Eu Te peço, Senhor, esta consciência clara e constante da Tua presença no que me rodeia. No ambiente, nas obras da natureza, e nas obras dos homens, feitas por Teu consentimento e graça. Sentir bem viva em mim esta condição sublime de ser Teu filho a tempo inteiro, e não apenas quando Te falo, ou estou mais ligado a Ti na Santa Missa. Ligado a Ti, permanentemente, por um cordão tão forte, que me puxe sempre para Ti, numa atracção determinante de todos os meus actos, toda a minha vida.

Santo António, a quem pedi emprestado o nome, lembra-te deste teu irmão e homónimo e intercede por mim junto de Deus. Diz-lhe coisas boas de mim: que afinal, o que preciso, é de auxilio e vigilância constantes como mais pequeno dos Seus filhos. Ajuda-me a dar sem cuidar de receber, a dar com alegria e de uma maneira total e desinteressada, de tudo aquilo que Tu me fizeste dom.
Ámen.

(ama, meditação, Diário, 1987.06.13)

Memória Pessoal

Memória Pessoal

São duas da manhã e acabei de regressar de Fátima.

Assisti à procissão das velas e participei na Santa Missa e... senti o coração tão pequenino que me cabia na palma da mão.

Disse muitas coisas a Nossa Senhora, pedi por tantos e tantas mas, principalmente disse-lhe repetidamente: OBRIGADO!

Esta doce intimidade que tenho com Ela é, de facto, algo que, desde pequeno sinto de uma maneira tão forte que me parece que estou ali sozinho com Ela e falamos os dois, digo-lhe piropos: que está mais bonita que nunca, que o seu sorriso é mais doce... Enfim, conversas de ''tolinho'' que eu sei que Ela gosta muito de ouvir.

Depois vêm as recordações da meninice, dos meses de Setembro ali passados com os meus irmãos e começam a chegar-se ao meu lado o meu Pai, a minha Mãe vestida de servita, a bênção dos doentes, a que sempre assistia de cartão ao peito, uma quantidade de pessoas que passava por nossa casa e, no meio desta catadupa de memórias que incluem, os lanches no poço no quintal da casa da Senhora Olimpia e do Ti Marto, pais da Jacinta, (da cachopita, como ele lhe chamava), eu atrevo-me a pensar que ninguém daqueles muitos milhares de pessoas que ali estão, conhece Fátima como eu e fala com a Virgem como eu falo.

Sei que Ela sabe que estou ali só para a ver e dizer-lhe umas coisas que trago guardadas no fundo do coração e que só, ali em Fátima, lhe digo.

Já acabaram as cerimónias, a sua imagem recolheu à Capelinha, mas não me apetece vir-me embora.

Rompendo o silêncio recolhido da multidão a voz grave do Reitor assegura pelos altifalantes:

''O meu Imaculado Coração triunfará!''

Então tranquilo e seguro que assim será, digo-lhe adeus e venho-me embora.

Ao chegar à saída por baixo da colunata, ainda me volto para trás e dou-lhe as boas noites.

(ama, Carvide, 2010.06.12





Textos de Reflexão para 13 de Junho

Evangelho: Lc 7, 36-50

36 Um dos fariseus pediu-Lhe que fosse comer com ele. Tendo entrado em casa do fariseu, pôs-Se à mesa. 37 Uma mulher, que era pecadora na cidade, quando soube que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um frasco de alabastro cheio de perfume. 38 Colocando-se a Seus pés, por detrás d'Ele, começou a banhar-Lhe os pés com as lágrimas, e enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os, e ungia-os com o perfume. 39 Vendo isto, o fariseu que O tinha convidado, disse consigo: «Se este fosse profeta, com certeza saberia de que espécie é a mulher que O toca: uma pecadora». 40 Jesus então tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele disse: «Mestre, fala».41 «Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários, o outro cinquenta. 42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?». 43 Simão respondeu: «Creio que aquele a quem perdoou mais». Jesus disse-lhe: «Julgaste bem». 44 Em seguida, voltando-Se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés; ela com as suas lágrimas banhou os Meus pés, e enxugou-os com os seus cabelos. 45 Não Me deste o ósculo; porém ela, desde que entrou, não cessou de beijar os Meus pés. 46 Não ungiste a Minha cabeça com óleo, porém esta ungiu com perfume os Meus pés. 47 Pelo que te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados porque muito amou. Mas, aquele a quem menos se perdoa, menos ama».48 Depois disse à mulher: «São-te perdoados os pecados». 49 Os convidados começaram a dizer entre si: «Quem é Este que até perdoa pecados?». 50 Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou; vai em paz!».
Meditação:

Permite-me, Senhor, que inverta as Tuas palavras e pergunte: Porque me perdoaste tanto? Porque tanto Te amei?
Não, felizmente para mim. A Tua Misericórdia Infinita não esperou pelo meu amor para o retribuir em perdão. Mal fora para mim! Amo-te tão pouco! Tenho tão pouco tempo para Ti!
Choro, Senhor, contritamente as minhas faltas e, Tu, sabes que este choro é sentido, é o reflexo da dor de Te ter ofendido a Ti, meu Deus, minha vida, meu Senhor! 

(AMA, meditação sobre Lc 7, 36-50, Setembro 2008)

Tema: Pequenas faltas

Devemos ter atenção às pequenas faltas; porque uma vez dado pouco valor a estas, advém uma espécie de embotamento na consciência, passando a haver inconsciência do mal. 

(S. Filipe de Néri, Máximas, F.W.Faber, Cromwell Press SN12 8PH, nr. 12 – 37, trad. AMA)