19/05/2011

Diálogos apostólicos

Diálogos


Entendeste bem.

Para ser missionário – afinal o que devem ser todos os baptizados – não é necessário viajar para longe. 


No local onde vivemos, no meio onde nos movemos há muito que fazer!

E, isso, se tu não o fizeres…muito provavelmente ficará por fazer!

ama , 2011.05.19

Madre Maria Clara - Beatificação

Homilia de D. Carlos Azevedo na vigília de preparação para a beatificação da Madre Maria Clara

Sinto-me muito feliz por presidir a esta vigília, que abre a preparação próxima para a festa da beatificação de Maria Clara do Menino Jesus. Pessoalmente muito devo às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Fomos companheiros em muitas acções pastorais, ainda seminarista e no exercício do ministério presbiteral na diocese do Porto e, no decorrer de muitas actividades, sempre acolhido com hospitalidade fraterna nas suas casas espalhadas pelo país. Graças à fecundidade do carisma da Mãe Maria Clara muito beneficiei espiritualmente da amizade de irmãs franciscanas hospitaleiras. Caríssimas irmãs: este reconhecimento sirva de perdão se nem sempre pude corresponder ao que recebi.


Preparamo-nos para reconhecer publicamente uma mulher, uma religiosa na qual transparece a ternura do Pai, onde se espelha a misericórdia revelada por Jesus, em quem o ímpeto do Espírito encontrou disponibilidade. A ternura de Deus encontra, na história, imagens vivas da sua misericórdia, da sua compaixão. Saber ser próximo é usar de misericórdia, não apenas falar de misericórdia mas fazer, usar, praticar, ligar feridas, deitar azeite e vinho, colocar na própria montada, levar para a estalagem, cuidar, gastar e partilhar bens.
Foi a cuidar dos atingidos pela epidemia que atingia Lisboa que o pai da futura Irmã Maria Clara sairia contagiado e viria a dar a vida. Com este exemplo paterno aliviar os sofrimentos dos pobres foi escola de vida.
De facto, os discursos sobre a proximidade sem gestos de ternura, sem actos de misericórdia, afastam da verdade de Deus. Só vidas carregadas de atitudes concretas como a da Mãe Maria Clara transpiram a santidade, são transparência da Trindade santíssima.


A procura da santidade corre o risco de cair em modos ilusórios e evasivos, de descambar para a satisfação de demandas emocionais, de acumular conflitos interiores, mantendo uma superficialidade de letargia mole, incapaz de dar hoje razões da esperança. A santidade patente em Maria Clara não se acomodou à situação, não se atrelou à Igreja de forma infantil, antes em atitude madura e ativa Clara não legitimou tomadas de posição anacrónicas, fora do tempo, não se fechou em casta de privilegiados, mas atirou-se ao terreno difícil, ultrapassou barreiras, que a muitos pareciam intransponíveis. Teve de sofrer perseguições logo ao nascer da congregação, aguentou longos e injustos processos judiciais, campanhas caluniosas, julgamentos precipitados de superiores da Igreja, até a tentativa de deposição de superiora. Reagia às provações com confiança, humildade e serena alegria.


A santidade não se confunde com a indiferença perante a realidade, com a insensibilidade perante os dramas humanos, não passa ao lado dos problemas para andar de bem com todos. A santidade cristã, bem visível no itinerário desta religiosa, é incompatível com comportamentos inócuos e contraproducentes, com subterfúgios alienantes.


Olhar para a vida da franciscana Irmã Maria Clara move-nos para acolher o amor do Pai, transformando efetivamente as relações sociais.
Deus não precisa de reter consagrados para si. Se os retira é para os atirar. Se os chama é para os enviar. Os verdadeiros santos são sempre sensíveis à história, solidários a partir de uma experiência profunda de Deus. O dom recebido de Deus difunde-se na experiência quotidiana junto dos irmãos. O realismo dos santos é surpreendente. Vivem com entusiasmo e disponibilidade, vivem plenamente, unem liberdade e responsabilidade para atuar nos destinos da história, sem pactuarem com fatalismos.
No mundo hodierno de gritantes injustiças, de egoísmos acumulados, de visões individualistas ou clubistas, sem largueza de horizontes; num tempo marcado pelo imediatismo, sem antevisão de futuro, ser santo traduz-se em empenho na promoção da vida dos mais débeis, na superação das desigualdades, na procura de comunhão sem exclusão de ninguém, na preocupação com o cosmos e a harmonia do universo.
Todos somos, caríssimos irmãos e irmãs, chamados à santidade no nosso lugar de vida. Os frutos da graça que o Espírito Santo produz em nós podem ser vividos de maneira muito diferente por cada um e cada uma. Importa estar atentos aos apelos de Deus, como Maria Clara, a Libânia da Quinta do Bosque, na Amadora. Após infância feliz entre os seus pais e sete irmãos, no seio de uma família profundamente cristã, é atingida pela morte dos pais e entra em contacto com várias comunidades religiosas, nas quais cresce, seja na formação, seja na abertura ao mistério amoroso de Deus. Vibra, no seu coração sensível e despojado, o seguimento livre do Senhor Jesus ao jeito de S. Francisco, na pobreza e na dedicação aos pobres. A situação de carência dos meados do século XIX, em Portugal, impele o P. Raimundo Beirão a sonhar uma congregação dedicada a curar as feridas da sociedade, como o samaritano do evangelho.
Deixai-me citar a carta da Irmã Maria da Conceição Galvão Ribeiro superiora Geral das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras: “Convivendo com uma conjuntura político-social adversa, [a Irmã Maria Clara] não esquece as obras do benfazer, nascidas do seu coração, e prossegue lutando, para que a ternura e a misericórdia de Deus continuem a ser levadas a todos os necessitados. Por isso as irmãs vão sendo enviadas a minorar carências, suavizar dores, consolar tristezas, povoar solidões: são os pobres, os aflitos, as famílias em necessidade, os doentes, os desamparados, os idosos, as crianças, os órfãos, todos… a quem chama a sua gente. De todos se faz mãe que abraça e aconchega, orienta e apoia”.
A Irmã Maria Clara fez sua a dor dos pobres, fez seu o abandono dos postos de lado, hospedou o desalento. É um grande modelo para uma corajosa intervenção social dos cristãos.
A sua ternura, bebida na fonte amorosa do Pai, nos contagie. A sua resistente e firme misericórdia, animada pelo viver em Cristo, nos mova para criarmos modos novos de servir os mais desvalidos. A sua decisão por Deus, inspirada pelo Espírito Santo, nos faça potenciadores de esperança, nesta hora.
Sejamos santos, aqui, onde o Senhor nos plantou. Sejamos santos levando a sério a forma de vida à qual fomos chamados, assumindo com liberdade e entusiasmo o que somos e aquilo que devemos realizar, operar na comunidade a que pertencemos. Seja efetivo o nosso compromisso, seja dinâmico, concreto, como a samaritana Irmã Maria Clara do Menino Jesus.
Queijas, 18 de Maio de 2011
D. carlos azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa

Razão e Felicidade

Observando

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. 
O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. 
Ele conduz o carro. 
Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. 
Ele tem certeza de que é à direita. 
Discutem. 
Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. 
Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado,

enquanto faz o retorno. 
Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. 
Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... 
E ela diz: 


- Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.

Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

Agrad. josé c. messias bento

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

“Servir, meus filhos, é o que é próprio de nós.”

No meio do júbilo da festa, em Caná, só Maria nota a falta de vinho... Até aos mais pequenos pormenores de serviço chega a alma quando vive, como Ela, apaixonadamente atenta ao próximo, por Deus. (Sulco, 631)

Servir, servir, filhos meus, é o que é próprio de nós. Sermos criados de todos,  para que nos nossos dias o povo fiel aumente em mérito e número.

Olhai para Maria. Nunca criatura alguma se entregou com mais humildade aos desígnios de Deus. A humildade da ancilla Domini, da escrava do Senhor, é a razão que nos leva a invocá-la como causa nostrae laetitiae, causa da nossa alegria. Eva, depois de pecar por querer, na sua loucura, igualar-se a Deus, escondia-se do Senhor e envergonhava-se: estava triste. Maria, ao confessar-se escrava do Senhor, é feita Mãe do Verbo divino e enche-se de alegria. Que este seu júbilo de boa Mãe se nos pegue a todos nós; que saiamos nisto a Ela – a Santa Maria – e assim nos pareceremos mais com Cristo.
(Amigos de Deus, 108–109)


© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Sobre a família 56

A missão educativa da família

Em qualquer caso, o amor sabe antepor a família ao trabalho e é imaginativo para suprir horas de dedicação com uma maior intensidade de convívio. Além disso, não se pode esquecer que os dois esposos hão-de estar implicados na construção do lar, sem cair na ideia equivocada de que o trabalho fundamental do marido é ganhar dinheiro, deixando nas mãos da mulher os trabalhos da casa e a educação dos filhos. Confiamos a Maria e José, que viram crescer Jesus em sabedoria, em idade e em graça [i], a missão dos pais, cooperadores de Deus num trabalho de grande transcendência e de suma beleza.
A pessoa humana realiza-se, edifica-se a si mesma, por meio das suas decisões livres. Como é sabido, a liberdade não consiste na simples possibilidade de escolher uma opção ou outra, mas na capacidade de ser dono de si próprio para se dirigir ao bem verdadeiro. Por isso, um aspecto central na educação dos filhos é precisamente formá-los para a liberdade, de modo que queiram fazer o bem, ou seja, que o queiram não só porque está mandado, mas justamente porque é bom.

m. díez
© 2011, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet


[i] Cfr. Lc 2, 52.

Confidências de alguém

Confidências de Alguém
Nota de AMA: 
Estas “confidências” têm, obviamente, um autor, que não se revela; foram feitas em tempo indeterminado, por isso não se lhes atribui a data. O estilo discursivo revela, obviamente, que se tratam de meditações escritas ao correr da pena. A sua publicação deve-se a ter considerado que, nelas se encontram muitas situações e ocorrências que fazem parte do quotidiano que, qualquer um, pode viver.



Senhor, eu não sou digno que entres na minha casa

É grande a fé deste homem; disse Jesus: Vai o Teu servo vive e quando ia a chegar a casa veio ao seu encontro um criado que o informou que o servo doente estava de saúde. Perguntou a que horas tinha sido. Cerca da uma hora de ontem. Então viu que tinha sido a hora em que o Senhor lhe confirmara a cura do servo. Todos em sua casa se converteram.[1]

Este extraordinário episódio revela bem a fé que o Senhor aprecia.
Aquele homem não precisa nada mais que uma simples palavra do Mestre.
Nem sequer a Sua presença física junto do servo doente.
De facto o poder do Senhor não conhece distâncias ou obstáculos.
Desde que haja fé autêntica.
Eu, pobre de mim, permito-me duvidar, vezes sem conta, que o meu Senhor Jesus, que não vejo nem ouço fisicamente, está presente em cada momento, junto de mim!
Ele vê, ouve tudo quanto faço e sabe tudo quanto guardo no fundo da alma.
Por isso eu sei que o Senhor não pode ser enganado nunca e se entristece quando os meus lábios murmuram orações e o meu espírito está, longe.
Mas a fé que ressoa naquele pagão, a fé absoluta e total a que distância está de mim?
Creio eu firmemente, sem hesitações no meu Senhor?
Tenho eu absoluta e total confiança nele e no que Ele faz, quer e ordena?
Quantas vezes digo com os lábios, Senhor, se Tu quiseres... e com o coração pretendo dizer:
Faz-me isto porque eu o quero, eu o desejo?
Quando me entregar totalmente, absolutamente à confiança do Senhor, Ele fará o que Lhe peço, não porque eu o quero ou porque o desejo, mas porque terei atingido um grau de vida interior que só poderei querer e desejar o que é efectivamente agradável a Deus.

Senhor creio em Vós, eu quero crer em Vós, mas Senhor, eu sou um fraco homem cheio de necessidades que eu próprio vou criando e, sou também, Senhor, um pobre filho Teu que usa e abusa da Tua bondade.
Tenho-te como uma espécie de "resolve tudo" a quem recorro para ver solucionados os meus problemas, as minhas carências.
Não pode ser assim, não pode ser…
Aumenta, por isso, a minha fé em Ti e, porque eu não sei, ensina-me a crer total e absolutamente em Ti.
Tudo quanto Te peço e imploro, deves Senhor, considerá-lo como uma manifestação da minha humanidade defeituosa, da minha pequenez de espírito.
Sou desarrumado, cheio de coisas, repleto de poeiras e sujidades, a abarrotar de defeitos e pecados.
Por isso, Senhor, eu não sou digno que venhas à minha morada.
Mas se quiseres, Senhor, só se Tu quiseres, diz uma palavra e então a minha alma, o meu coração, o meu espírito ficarão limpos e arrumados, brilharão com o fulgor do Céu, resplandecentes de pureza e luz e, então, Senhor, se quiseres, poderás por momentos habitar esta casa que santificaste com a Tua palavra.

A qualquer hora, a qualquer momento, gostaria muito de receber a Tua visita, sei que não sou digno, Senhor, e por isso me bastará a Tua palavra de amor e misericórdia e eu ficarei curado de todos os males e todas as dificuldades serão ultrapassadas.





[1] cfr. Mt 8, 5-13

Evangelho do dia e comentário







Páscoa – V Semana






Evangelho: Jo 13, 16-20

16 Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. 17 Já que compreendeis estas coisas, bem-aventurados sereis se as praticardes. 18 «Não falo de todos vós; sei os que escolhi; porém, é necessário que se cumpra o que diz a Escritura: “O que come o pão comigo levantará o seu calcanhar contra mim”. 19 Desde agora vo-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, acrediteis que “Eu sou”. 20 Em verdade, em verdade vos digo que, quem recebe aquele que Eu enviar, a Mim recebe, e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou».

Meditação:

A minha ''grandeza'', Senhor, desejo que seja exactamente o reconhecimento do meu nada!
Servo para servir, sempre, reconhecido por tão bom Amo, me querer ao Seu serviço.
Não sou, sequer, digno de desatar as correias das Tuas sandálias e, no entanto, Tu, permites que me ponha à Tua mesa e me sirva.

Como és bom, Senhor!

(ama, meditação sobre Jo 13, 16-20, 2010.04.8)