20/09/2011

Música e oração

     Jessye Norman -  Kathleen Battle 'Certainly, Lord' 



selecção ALS

Tema para breve reflexão

Reflectindo
Vocação



(Quando deixa de se ver clara a vocação) que se examine com lealdade. Não deixará de descobrir que desde há algum tempo a sua vida de piedade está um tanto relaxada, a oração é mais esparsa ou menos atenta, e é menos exigente consigo mesmo. Não renova um pecado cuja gravidade se oculta deliberadamente a si mesmo? Seguramente que já não reprime com a mesma energia as suas paixões, se é que não consente com complacência nalguma delas. Um ressentimento fomenta-se contra outro, uma questão de interesse em que a nossa honradez não é total, uma amizade demasiado absorvente, ou simplesmente o despertar de baixos instintos que não se rejeitam com bastante prontidão, não é preciso mais para que se levantem nuvens entre Deus e nós. E a fé obscurece-se.

(Cf. georges chevrot, Simão Pedro)

Evangelho do dia e comentário













T. Comum– XXV Semana




Evangelho: Lc 8, 19-21

19 Foram ter com Ele Sua mãe e Seus irmãos, e não podiam aproximar-se d'Ele por causa da multidão. 20 Foram dizer-Lhe: «Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora e querem ver-Te». 21 Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e Meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».

Comentário:

Ser da família de Cristo, como a Sua Mãe, os Seus irmãos… parece coisa fácil de se conseguir… basta pôr em prática a palavra de Deus!
E o que é isto de pôr em prática a palavra de Deus?
É nem mais nem menos que fazer, em tudo, a Sua Vontade.

Já não parece tão fácil, pois não?

Efectivamente, fazer em tudo a Vontade de Deus é difícil para qualquer ser humano por mais virtuoso e “empenhado” que possa ser porque a Vontade de Deus é nada menos que sejamos santos como Ele próprio é santo!
Assim, para fazer parte da família próxima de Cristo há que ser santo, não parece haver alternativa.
Donde que, também parece lógico que, a santidade, se consegue com a convivência com Cristo, no intimar com Ele em todos os momentos e circunstâncias, imitando-o em tudo o que formos capazes pedindo que nos ajude no que não podemos.

(ama, comentário sobre Lc 8, 19-21, 2011.08.25)

A doutrina sagrada é mais digna que as outras ciências?

Escola de Atenas
Rafael

Suma Teológica: Art. 5 
(IIa IIae, q. 66, a. 5, ad 3; I Sent., prol., a.1; II Cont. Gent., cap. IV)

O quinto discute-se assim — Parece não ser a doutrina sagrada mais digna que as outras ciências.

1. — Pois é digno o saber enquanto certo; e as demais ciências, que partem de princípios indubitáveis, parecem mais certas que a doutrina sagrada, cujos princípios, ou artigos de fé, são sujeitos à dúvida. Donde, as outras ciências parecem mais dignas que ela.

2. Demais — a ciência inferior aproveita-se da superior; assim, do aritmético, o músico. Ora, a doutrina sagrada recebe algo das disciplinas filosóficas, pois, diz Jerónimo [i], os doutores antigos de tal modo encheram os livros de doutrinas e sentenças dos filósofos, que não sabemos o que mais seja neles de admirar: se a erudição secular ou a ciência das Escrituras. Logo, a doutrina sagrada é inferior às outras ciências.

Mas,  em contrário, as demais ciências são chamadas escravas desta, segundo a Escritura (Pr 9, 3):  Enviou as suas escravas a chamar à fortaleza.

SOLUÇÃO. — A dita ciência, por ser especulativa a um respeito e a outro, prática, sobreleva a todas as demais, tanto especulativas como práticas. Pois, das ciências especulativas, uma é considerada mais digna que outra, quer pela certeza, quer pela nobreza do assunto; e, de ambos os pontos de vista excede esta ciência às outras especulativas. Quanto à certeza, porque as outras a têm pelo lume natural da razão humana, que pode errar, e a possui esta pela luz da ciência divina, que se não pode enganar. Quanto à nobreza do assunto, porque esta versa principalmente sobre matérias que, pela sua profundeza, ultrapassam a razão; considerando as outras só aquilo que se pode alcançar racionalmente. — Das ciências práticas, mais digna é aquela que não é subordinada a um fim ulterior; assim, a civil supera a militar, pois o bem do exército se subordina ao do Estado. Ora, o fim da doutrina sagrada, enquanto prática, é a eterna felicidade, para a qual se ordenam, como ao fim último, todos os outros fins das ciências práticas. Por onde, é manifesto que, a todas as luzes, é mais digna que as outras.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Nada impede ser o mais certo, por natureza, menos certo, pelo que na toca, por causa da fraqueza do nosso intelecto, que está para as coisas mais evidentes como os olhos da coruja para a luz do sol, como diz Aristóteles [ii]. Donde, a dúvida de certos sobre os artigos da fé não provém da incerteza do assunto, senão da fraqueza do intelecto humano; se bem o mínimo conhecimento que pudermos adquirir das coisas altíssimas é mais desejável que o conhecimento certíssimo de coisas mínimas, conforme o Filósofo [iii].

RESPOSTA À SEGUNDA. — Esta ciência pode receber auxílio das filosóficas, não por lhe serem indispensáveis, mas para maior clareza dos assuntos de que trata. Porém, das outras ciências não recebe os seus princípios, senão de Deus, por imediata revelação. Nem, portanto, recebe das outras ciências como de superiores, senão que delas usa como inferiores e servas, como as arquitectónicas, das auxiliares e a civil, da militar. E esse mesmo usar delas não é por defeito ou insuficiência sua, e sim por imperfeição do nosso entendimento, que das coisas conhecidas pela razão natural (donde procedem as outras ciências) mais facilmente é levado para aquelas que a sobrepujam e são o objecto desta ciência.



[i] Epistula ad Magnum Oratorem Urbis Romae, Epist. 70, al. 84, n. 4
[ii] II Metaphs., cap. 1
[iii] XI de Animalibus

Textos de São Josemaria Escrivá

“O perdão vem-nos da misericórdia de Deus”

Escreves-me, dizendo que te aproximaste por fim do confessionário, e que sentiste a humilhação de ter de abrir a cloaca (é assim que o dizes) da tua vida diante de "um homem". Quando arrancarás essa vã estima por ti mesmo? Então irás à Confissão contente por te mostrares como és, diante "desse homem" ungido (outro Cristo, o próprio Cristo!) que te dá a absolvição, o perdão de Deus. (Sulco, 45)


Padre: como pode suportar todo este lixo? – disseste-me, depois de uma confissão contrita.

Calei-me, pensando que, se a tua humildade te leve a sentires-te isso – lixo, um montão de lixo – ainda poderemos fazer algo de grande de toda a tua miséria. (Caminho, 605)
Que pouco Amor de Deus tens quando cedes sem luta porque não é pecado grave! (Caminho, 328)

De novo às tuas antigas loucuras!... E depois, quando regressas, sentes-te com pouca alegria, porque te falta humildade.
Parece que te obstinas em desconhecer a segunda parte da parábola do filho pródigo, e ainda continuas apegado à pobre felicidade das bolotas. Soberbamente ferido pela tua fragilidade, não te decides a pedir perdão, e não reparas que, se te humilhares, te espera o jubiloso acolhimento do teu Pai, Deus: a festa do teu regresso e do teu recomeço! (Sulco, 65)

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