07/10/2011

A nossa coroação 7

Para lá do Túnel

.- Deus não nega a sua ajuda ao homem que faz quanto pode, na medida das suas forças. Porque o desejo ardente de salvar-se engendra sempre a salvação eterna.


.- É suicida confiar a salvação eterna à misericórdia divina, a qual nunca se gera, se previamente não há um arrependimento. Bento XVI, quando era cardeal Ratzinger, escrevia: “Para o verdadeiro crente resulta claro, que não é possível empregar a segurança do perdão divino como um salvo-conduto para o inferno”.


.- Assegura Royo Marín, que:  “A devoção entranhável à Virgem foi sempre considerada como um grande sinal de predestinação, e na sua voluntaria e sistemática omissão viu-se sempre um dos mais pavorosos sinais de condenação eterna”.  E se alguém quiser reforçar a sua salvação e ter segurança plena nela há-de acudir à Virgem, porque: A devoção entranhável à Virgem foi sempre considerada como um grande sinal de predestinação, e na sua voluntaria e sistemática omissão viu-se sempre um dos mais pavorosos sinais de condenação eterna.
E sobretudo o amor, o amor e o amor ao Senhor. É impossível que aquele que tenha amado de verdade não seja coroado no final. Ele ama-nos muito mais de o nalguém seja capaz de imaginar, e se encontra uma alma enamorada dele, protege-a de tal forma e com tal cúmulo de graças, que ao demónio é impossível abater esta alma com as suas tentações.

Juan del Carmelo, trad ama

Princípios filosóficos do cristianismo

A Fé e a Razão

Filósofo
Rembrandt
Pois bem, esta harmonia entre a fé e a razão foi historicamente rompida pelo protestantismo. Foi a experiência pessoal de Lutero que procurava ansiosamente libertar-se da angústia pela certeza da sua salvação, que o conduziu à confissão de que o homem está totalmente corrompido pelo pecado original. Sendo isto assim, o que está também na razão humana e por isso arremete contar a mesma, não aceitando praticamente outro meio de conhecer a verdade da Sagrada Escritura. Diz assim: «a razão é a grande meretriz do diabo. Pela sua essência e o seu modo de revelar-se é uma rameira nociva. Uma prostituta. A poltrona oficial do diabo, uma meretriz corrida pela sarna e pela lepra que há-de ser espezinhada e morta. Cobri-a de esterco para a tornar mais repugnante. Está e deveria estar relegada para a parte mais suja da casa, a latrina».
Da teologia natural (Theologia Gloriae) diz Lutero que não serviu para nada; só a Theologia Crucis, a teologia fundada na fé em Cristo crucificado no conduziu à verdade.
Exposta, pois, a relação entre fé e razão, passamos a expor aqueles princípios filosóficos que nos parecem constituir o conteúdo do chamamos filosofia de inspiração cristã.

(jose ramón ayllón, trad. ama)

Pensamentos inspirados à procura de Deus


À procura de Deus



Obedecer-te, Senhor, è viver no teu amor.


jma, 2011.10.07

Existe guerra justa ou guerrear é sempre um pecado?

Parece que guerrear é sempre um pecado, pois:

1. Não se aplica uma pena a não ser para um pecado. Ora, no Evangelho de Mateus (26, 52) o Senhor notifica com uma pena os que fazem a guerra: “Todos os que tomam a espada, pela espada perecerão”. Logo, a guerra é sempre ilícita.
2. Tudo o que é contrário a um preceito divino é pecado. Ora, guerrear é contrário a um preceito divino, pois no Evangelho de Mateus (5, 39) se diz: “Eu vos digo: não resistais ao homem mau”, e na Carta aos Romanos (12, 19): “Não vos defendais, meus amados; mas daí lugar à ira”. Logo, é sempre um pecado fazer a guerra.
3. Somente o pecado se opõe a um ato de virtude. Ora, a guerra se opõe à paz. Logo, é sempre pecado.
No entanto, Agostinho escreve: “Se a moral cristã julgasse que a guerra é sempre culpável, quando no Evangelho soldados pedem um conselho para a sua salvação, dever-se-ia responder-lhes que jogassem fora as armas e abandonassem completamente o exército. Ora, se lhes diz: ‘Não molesteis a ninguém, contentai-vos com vosso soldo’. Prescrever-lhes que se contentem com seu soldo não os proíbe combater”.

Para que uma guerra seja justa, são requeridas três condições:
1ª. A autoridade do príncipe (aqui se deve entender a autoridade legitimamente constituída), sob cuja ordem deve-se fazer a guerra. Não compete a uma pessoa privada declarar uma guerra, pois pode fazer valer seu direito no tribunal de seu superior; também porque convocar a multidão necessária para a guerra (novamente aqui se deve entender as forças armadas do país) não compete a uma pessoa privada. Já que o cuidado dos negócios públicos foi confiado aos príncipes, a eles compete velar pelo bem público da cidade, do reino ou da província submetidos à sua autoridade. Assim como o defendem licitamente pela espada contra os perturbadores internos quando punem os malfeitores, segundo esta palavra do Apóstolo: “Não é em vão que carrega a espada; é ministro de Deus para fazer justiça e castigar aquele que faz o mal(Rm 13, 4), assim também compete-lhes defender o bem público pela espada da guerra contra os inimigos do exterior.
2ª. Uma causa justa: requer-se que o inimigo seja atacado em razão de alguma culpa. Por isso Agostinho escreve: “Costumamos definir como guerras justas aquelas que punem as injustiças, por exemplo, castigar um povo ou uma cidade que foi negligente na punição de um mal cometido pelos seus, ou restituir o que foi tirado por violência”.
3ª. Uma recta intenção naqueles que fazem a guerra: que se pretenda promover o bem ou evitar o mal. Por isso Agostinho escreve: “Entre os verdadeiros adoradores de Deus até mesmo as guerras são pacíficas, pois não são feitas por cobiça ou crueldade, mas numa preocupação de paz, para reprimir os maus e socorrer os bons”. Com efeito, mesmo se for legítima a autoridade daquele que declara a guerra e justa a sua causa, pode acontecer, contudo, que a guerra se torne ilícita por causa de uma intenção má. Escreve Agostinho a propósito: “O desejo de prejudicar, a crueldade na vingança, a violência e a inflexibilidade do espírito, a selvajaria no combate, a paixão de dominar e outras coisas semelhantes, são estas coisas que nas guerras são julgadas culpáveis pelo direito”.
Suma Teológica II-II, q. 40, a. 1

Quanto às objecções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. Diz Agostinho: “Empunha a espada aquele que, sem autoridade superior ou legítima que o comande ou permita, se arma para derramar o sangue de alguém”. Aquele, porém, que pela autoridade do príncipe ou do juiz, se for uma pessoa privada, ou por zelo de da justiça, como pela autoridade de Deus, se for uma pessoa pública, empunha a espada, não toma da espada por si mesmo, mas empunha a espada que um outro lhe confiou. Não incorre, pois, em pena. – Contudo, aqueles que se servem pecaminosamente da espada nem sempre caem sob a espada, mas sempre perecem pela própria espada, pois são eternamente punidos por terem pecado pela espada, excepto se se arrependerem.
2. Tais preceitos, segundo Agostinho, devem sempre ser observados com o ânimo preparado a não resistir ou a não se defender, mesmo sendo preciso. Por vezes, porém, é preciso agir de outra forma para o bem comum, e mesmo para o bem daqueles que estão sendo combatidos. É por isso que Agostinho escreve: “É preciso agir fortemente, mesmo com aqueles que resistem, a fim de dobrá-los por uma certa dureza benevolente. Aquele que é privado do poder de fazer o mal sofre uma proveitosa derrota. De fato, nada é mais infeliz do que o feliz sucesso dos pecadores, pois a impunidade é alimentada, e sua má vontade, como um inimigo interior, é fortificada”.
3. Os que fazem guerras justas procuram a paz. Consequentemente não se opõem à paz, a não ser à paz má que o Senhor “não veio trazer à terra”, segundo o Evangelho de Mateus (10, 34). Por isso escreve Agostinho: “Não se procura a paz para fazer a guerra, mas faz-se a guerra para se obter a paz. Sê, pois, pacífico ao combater para que com a vitória leves o benefício da paz àqueles que combates”.


Evangelho do dia e comentário

Nossa Senhora do Rosário [i]












T. Comum– XXVII Semana




Evangelho: Lc 1, 26-38

26 Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria. 28 Entrando o anjo onde ela estava, disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça; o Senhor é contigo». 29 Ela, ao ouvir estas palavras, perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta. 30 O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; 31 eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus. 32 Será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David; 33 reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim». 34 Maria disse ao anjo: «Como se fará isso, pois eu não conheço homem?». 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36 Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril; 37 porque a Deus nada é impossível». 38 Então Maria disse: «Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo afastou-se dela.

Meditação:

Com "festinatione" foste assistir Santa Isabel.

O tempo urge, é tempo de apressar o encontro com o dever, com a vocação, com o próximo.

Ensina-nos a não deixar para "depois" aquilo que devemos fazer agora.

(ama, comentário sobre Lc 1, 26-38, 2010.12.08)


[i] Nossa Senhora do Rosário
1. O Rosário da Virgem Maria (Rosarium Virginis Mariae), que ao sopro do Espírito de Deus se foi formando gradualmente no segundo Milénio, é oração amada por numerosos Santos e estimulada pelo Magistério. Na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro Milénio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade. Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se impulsionado pelo Espírito de Deus a «fazer-se ao largo» (duc in altum!) para reafirmar, melhor «gritar» Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como «caminho, verdade e vida» (Jo 14, 6), como « o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização». (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 45.)
O Rosário, de facto, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio (Cf. Paulo VI, Exort. ap. Marialis cultus (2 de Fevereiro de 1974), 42: AAS 66 (1974), 153) Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria,  para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor. (JOÃO PAULO II, carta apostólica Rosarium Virginis Mariae ao episcopado ao clero e aos fiéis, introdução)

Textos de São Josemaria Escrivá

“Ajuda-os sem que o notem”

O pensamento da morte ajudar-te-á a cultivar a virtude da caridade, porque talvez esse instante concreto de convivência seja o último em que estás com este ou com aquele... Eles, ou tu, ou eu, podemos faltar em qualquer momento. (Sulco, 895)

Dir-me-ás talvez: e porque havia eu de me esforçar? Não sou eu quem te responde, mas S. Paulo: o amor de Cristo urge-nos. Todo o espaço de uma existência é pouco para alargar as fronteiras da tua caridade. Desde os primeiríssimos começos do Opus Dei, manifestei o meu grande empenho em repetir sem cessar, para as almas generosas que se decidam a traduzi-lo em obras, aquele grito de Cristo: nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Conhecer-nos-ão precisamente por isso, porque a caridade é o ponto de arranque de qualquer actividade de um cristão. (…)

Queria fazer-vos notar que, após vinte séculos, ainda aparece com toda a pujança de novidade o Mandato do Mestre, que é uma espécie de carta de apresentação do verdadeiro filho de Deus. Ao longo da minha vida sacerdotal, tenho pregado com muitíssima frequência que, desgraçadamente para muitos, continua a ser novo, porque nunca ou quase nunca se esforçaram por praticá-lo. É triste, mas é assim. E não há dúvida nenhuma de que a afirmação do Messias ressalta de modo terminante: nisto vos conhecerão, que vos amais uns aos outros! Por isso, sinto a necessidade de recordar constantemente essas palavras do Senhor. S. Paulo acrescenta: levai os fardos uns dos outros e, desta maneira, cumprireis a lei de Cristo. Momentos perdidos, talvez com a falsa desculpa de que te sobra tempo... Se há tantos irmãos, amigos teus, sobrecarregados de trabalho! Com delicadeza, com cortesia, com um sorriso nos lábios, ajuda-os, de tal maneira que se torne quase impossível que o notem; e que nem se possam mostrar agradecidos, porque a discreta finura da tua caridade fez com que ela passasse inadvertida.
(Amigos de Deus, 43–44).