01/11/2011

Novíssimos - Juízo Particular 1

O Julgamento de João - mecânico de automóveis. [i]

A alma de João apresentava-se perante o Juiz com um enorme à-vontade.
Nada temerosa nem apreensiva, tinha a certeza que não se iria passar nada de especial... Uma mera formalidade...
Sim, tinha respeito pelas coisas de Deus e da Igreja, nem podia ser de outra forma quando não, a mulher e a filha "massacravam-no" com avisos, invectivas, recriminações.

O Juiz parecia muito bem-disposto e afável.

João não sabia que o Juiz está sempre disposto e afável e nem os "casos" mais complicados O alteram.

O Juiz falou:

"Uma vez louvei a esperteza do administrador iníquo em programar a vida que esperava depois de despedido pelo seu senhor. Talvez este João pudesse figurar, também, numa parábola desse género. Duas em cada cinco das peças que substituías nos automóveis dos teus clientes e facturadas como novas eram usadas. Se o cliente perguntava algo mostravas-lhe uma caixa de uma peça nova e... Ficava tudo bem..."

O Anjo de João tomou a palavra:

"É verdade, Senhor, mas... são muito poucos os que não procedem de igual modo e...

O Juiz interrompe:

"A frequência com que se pratica não muda um acto de mau para bom!"

O Anjo retoma a palavra:

"Daquela vez em que as pobres freiras pediram ao João que reparasse a velha carrinha do convento ele reparou-a com peças legítimas e... Não cobrou nada nem pelo trabalho, que foi considerável, nem pelas peças que foram muitas."

O Juiz assentindo:

"Sim, esse foi de facto um belo gesto mas o que me dizes a respeito do arrependimento que nunca manifestou e que, a morte súbita, impediu de manifestar?"

A esta pergunta o Anjo não podia responder. João, percebendo que estava em "maus lençóis" pediu para falar,

"Eu sei que não fui “grande coisa” na minha vida, pratiquei uma série de trafulhices e trapaças vendendo usado como novo mas fiz sempre o meu trabalho com esmerada competência profissional. Sim, é verdade, nunca frequentei muito a Igreja e as minhas orações...bem quando estava mesmo atrapalhado da vida é que..."

"Sim, sim, sei disso" interrompeu o Juiz mas..."

O Juiz é interrompido por uma voz doce:

"Tenho algo a contar:
Quando a filha do João foi trabalhar no escritório da oficina, o João arrancou “aqueles calendários” todos da parede e colocou, bem no centro, um único quadro:
A imagem do meu Sagrado Coração.
Ora quando o automóvel que o João reparava se desequilibrou e caiu sobre ele esmagando-lhe o peito, antes da morte que sobreveio quase imediatamente, o João voltou os olhos numa súplica muda para esse quadro."

O Juiz disse então:

"Como em Caná da Galileia fiz o que me pediu, faça-se agora como a Minha Mãe desejar".


[i] Levanta-se a questão da vida para além da morte. É uma das grandes interrogações que alguma vez durante a sua vida o homem se coloca.
É natural porque o ser humano é dotado de espírito, alma, que tem preocupações mais para além do imediatamente sensível.
Para os cristãos a segurança da Fé fá-los compreender que está destinado à eternidade, ou seja, embora o corpo pereça e acabe a vida terrena, a sua alma não morrerá jamais e, naturalmente, tende a voltar para o seu Criador, Deus.
Sim... a lógica propõe o que a fé garante, porque não se concebe o Criador abandonar a criatura a um desaparecimento puro e simples.
O restante do problema é o que se refere ao "destino" da alma e que é "marcado" na conclusão do juízo a que é sujeita pelo próprio Criador, logo que, após a separação do corpo, se apresenta perante Si.
No imaginário livro da vida, ao contrário do que que é mais comum, não existem colunas de "deve" e "haver" onde é feita uma espécie de contabilidade, não! O que existe é uma lista completa dos bens recebidos em vida, os dons, graças, auxílios, inspirações e meios com que o Senhor foi dotando cada um de forma especial e única.
Cada ser humano recebe um "pacote" específico, para si em exclusivo.
Deus Nosso Senhor não dispensa os Seus benefícios adrede ou de uma forma sistemática ou mecânica. Cada ser humano é objecto de atenção exclusiva e única por parte do Criador que lhe concede os Seus dons e benefícios conforme a Sua Soberana Vontade determina.
Esta misteriosa magnitude de Deus tem uma razão de ser.
O homem não é capaz por si mesmo de evoluir, de melhorar sem que um estímulo o leve a tal.
Este estímulo surge exactamente no estreitamento das suas relações com Deus.
Quanto mais se relaciona mais recebe e, quanto mais se recebe mais se deseja intimar com Deus.
Por isso no Evangelho consta «àquele que tem, lhe será dado; e ao que não tem, ainda aquilo mesmo que julga ter, lhe será tirado» Lc 8, 16-18.

Para chegar a Deus, o caminho seguro, é Maria Sua e nossa Mãe! 

Sancta Maria iter para tutum! (Santa Maria, prepara-me um caminho seguro)

Secura

O meu irmão Joaquim escreveu algo no seu blog colectivo "Apenas Oração", (cujo link vem em baixo) que me suscitou um comentário e que me parece oportuno aduzir ainda:


"Não... não vou à Missa porque não sinto nada e, como sou honesto, acho que não seria sério ir apenas para fazer figura de corpo presente" .


Mais ou menos nestes termos ouvimos com frequência esta resposta sem sentido nenhum e que é, apenas, a manifestação de uma profunda ignorância do que é - deve ser - a participação na Santa Missa dominical.


Estas pessoas pensam ou querem pensar, que se deve ir à Missa para satisfação pessoal, para "sentir" talvez, para "ficar bem" aos olhos de Deus.


Estão profundamente erradas porque a Missa ao Domingo não é algo que existe para nos satisfazer-mos a nós próprios mas sim para satisfazer a Deus, prestar-lhe o Culto a que tem direito, cumprir um dever que os cristãos têm obrigação de observar.

Pensamentos inspirados à procura de Deus

À procura de Deus

Pai Nosso,

e não Pai meu,

porque todos somos Teus filhos.







jma

Direcção espiritual

Reflectindo


Combatemos a tentação manifestando-a abertamente ao director espiritual, pois o manifestá-la é quase vencê-la. Aquele que revela as suas próprias tentações ao director espiritual pode estar seguro de que Deus outorga a esta a graça necessária para bem o dirigir.


(b. baur, En la intimidad con Dios, Herder, Barcelona 1975, 10ª ed., pg. 121, trad ama)

Música e repouso

 Offenbach Barcarola - Anna Netrebko e Elina Garanca 


selecção ALS

Evangelho do dia e comentário

Todos os Santos [i]












T. Comum– XXXI Semana




Evangelho: Mt 5, 1-12

1 Vendo Jesus aquelas multidões, subiu a um monte e, tendo-Se sentado, aproximaram-se d'Ele os discípulos. 2 E pôs-Se a falar e ensinava-os, dizendo: 3 «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 «Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 5 «Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 6 «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 «Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 «Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 «Bem-aventurados sereis, quando vos insultarem, vos perseguirem, e disserem falsamente toda a espécie de mal contra vós por causa de Mim. 12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois também assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.

Comentário:

Bem-aventurados!

A generosidade do Senhor que desde logo revela o prémio que aguarda os que são ou procedem como Ele próprio indica, manifesta-se de forma muito clara neste Sermão da Montanha:

Seremos consolados;
Herdaremos a terra;
Seremos saciados;
Alcançaremos misericórdia;
Veremos a Deus;
Seremos chamados filhos de Deus;
Será nosso o Reino dos Céus;
Alegrar-nos-emos e exultaremos.

Podemos ficar tranquilos.

Ele nunca falta ao que promete.

(ama, comentário sobre Mt 5, 1-12, Herdade de Vale da Arca, Torrão, 2011.01.30)


[i] Todos os Santos
Todos os Santos, Fra Angelico, 1428-30
Galeria Nacional, Londres
«Os Santos, tendo atingido pela multiforme graça de Deus a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a Deus no Céu, o louvor perfeito e intercedem por nós.
A Igreja proclama o mistério pascal, realizado na paixão e glorificação deles com Cristo, propõe aos fiéis os seus exemplos, que conduzem os homens ao Pai por Cristo; e implora, pelos seus méritos, as bênçãos de Deus.
Segundo a sua tradição, a Igreja venera os Santos e as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos Seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar»
(Constituição Litúrgica, n.º 104 e 111).

Que nunca deixe de praticar a caridade.

Textos de São Josemaria Escrivá

Não é compatível amar a Deus com perfeição e deixar-se dominar pelo egoísmo – ou pela apatia – na relação com o próximo. (Sulco, 745)

A verdadeira amizade implica também um esforço cordial por compreender as convicções dos nossos amigos, mesmo que não cheguemos a partilhá-las nem a aceitá-las. (Sulco, 746)

Nunca permitas que a erva ruim cresça no caminho da amizade: sê leal. (Sulco, 747)

Um propósito firme na amizade: que no meu pensamento, nas minhas palavras, nas minhas obras para com o próximo – seja ele quem for –, não me comporte como até agora, quer dizer, nunca deixe de praticar a caridade, nunca dê entrada na minha alma à indiferença. (Sulco, 748)

A tua caridade deve ser adequada, ajustada, às necessidades dos outros...; não às tuas. (Sulco, 749)

Filhos de Deus! Uma condição que nos transforma em algo mais transcendente do que em simples pessoas que se suportam mutuamente... Escuta o Senhor: "Vos autem dixi amicos!" – somos seus amigos, que, como Ele, dão gostosamente a vida pelos outros, tanto nas horas heróicas como na convivência corrente. (Sulco, 750)

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