12/01/2012

Livres para construir o futuro 10

Não está de acordo com a dignidade dos homens o tentar fixar verdades absolutas, em questões onde inevitavelmente cada um há-de contemplar as coisas do seu ponto de vista, de acordo com os seus interesses particulares, as suas preferências culturais e a sua própria experiência peculiar [i]. Esta circunstância por vezes é vista – adequadamente – como uma manifestação da finitude humana. Mas note-se como aqui se evidencia de facto um elemento da dignidade humana. São Josemaria põe aqui a ênfase da dignidade das pessoas na riqueza cognitiva implicada nas perspectivas do pensamento dos outros: daí que a pretensão de fixar «verdades absolutas» nessas questões implique um empobrecimento, uma desconfiança nos contributos alheios à verdade que contraria a dignidade humana. 

Por isso chega a afirmar que, por vezes, muitas soluções podem ser válidas e até harmonizáveis. São Josemaria dizia que temos obrigação, cada um, de ter o seu próprio pensamento nas coisas temporais, e que este não tem por que ser igual. Porque muitos pareceres diferentes podem ser boas soluções, nobres e sacrificadas e todas merecem respeito.
Assim, chega a afirmar que não só é possível que a pessoa se equivoque, mas que – tendo razão – é possível também que outros a tenham. Um objecto que a um parece côncavo, parecerá convexo aos que estejam situados noutro ângulo.


© 2011, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet 2011.07.06


[i] Artigo Las riquezas de la fe, publicado no ABC, Madrid, 2-XI-1969.

Pensamentos inspirados à procura de Deus

À procura de Deus

A luz só rompe as trevas,


se a deixares brilhar.





jma


Leitura Espiritual para 12 Jan 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)



Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




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A difícil arte do diálogo 5

Para ser pessoa dialogante faz falta uma boa dose de sentido comum, naturalidade, humildade e amor à verdade. Por isso mesmo, surgem muitas desconfianças no povo quando o poder e os poderosos falam de diálogo, porque já se sabe como termina tudo. O auto-suficiente conversará, sustentará monólogos com maior o menor sentido mas, no final, revelará o dogmatismo do seu pensamento e a rigidez das suas actuações.

Aprendamos a difícil arte do diálogo tendo como exemplos os sucessores de Pedro antes mencionados. Transitar por esse caminho é edificar a “Igreja da nova evangelização”.

(Mons. João do Rio, trad ama)

Tratado De Deo Trino 58

Questão 40: Das Pessoas quanto às relações ou propriedades.

Art. 2 – Se as Pessoas se distinguem pelas relações.

(I Sent., dist. XXVI, q. 2, a. 2; IV Cont. Gent., cap. XXIV; De Pot. q. 8, a. 3; q. 9, a. 4, ad 15; Quodl.. IV, q. 4, a. 2).

O segundo discute-se assim. – Parece que as pessoas não se distinguem pelas relações.

1. – Pois, os seres simples se distinguem por si mesmos. Ora, as Pessoas divinas são simples por excelência. Logo, distinguem-se por si mesmas e não, pelas relações.

2. Demais. – Nenhuma forma se distingue a não ser pelo seu género. Assim, o branco não se distingue do preto senão pela qualidade. Ora, a hipóstase significa o indivíduo, no género da substância. Logo, as hipóstases se não podem distinguir pelas relações.
3. Demais. – O absoluto é anterior ao relativo. Ora, a distinção primária é a das Pessoas divinas. Logo, estas se não distinguem pelas relações.

4. Demais. – O que pressupõe distinção não pode ser deste primeiro princípio. Ora, a relação pressupõe a distinção, porque entra na definição desta; pois, é próprio do relativo o referir-se a outro [1]. Logo, o primeiro princípio distintivo em Deus não pode ser relação.

Mas, em contrário, diz Boécio, que só a relação multiplica a Trindade das Pessoas divinas. [2]

Quaisquer seres, que têm algo de comum, hão de necessariamente ter também algo distintivo. Por onde, convindo as três Pessoas pela unidade de essência, é necessário inquirir algo que as distinga para serem várias. Ora, há duas diferenças entre as Pessoas divinas, a saber, a de origem e a relação, que embora não difiram realmente, diferem contudo pelo modo de significar. Pois, a origem significa um acto, como geração; e a relação, uma forma, como paternidade.

Certos [3], porém, atendendo a que a relação resulta do acto, disseram que as hipóstases, em Deus, se distinguem pela origem; assim dizemos que o Pai se distingue do Filho enquanto aquele gera e este é gerado. Porém as relações ou propriedades manifestam consequentemente as distinções das hipóstases ou das pessoas; assim como nas criaturas as propriedades manifestam as distinções dos indivíduos, que se fazem por princípios materiais.

Mas esta opinião se não pode sustentar, por duas razões. – Primeiro porque, para serem duas coisas consideradas distintas, é necessário que essa distinção tenha um fundamento intrínseco a ambas; assim, as criaturas distinguem-se pela matéria ou pela forma. Ora, a origem de um ser não significa nada de intrínseco, mas como um ponto de partida, de um termo, e como chegada a outro. Assim, a geração significa a tendência para o ser gerado e a procedência do gerador. Por onde, não é possível o gerado e o gerador se distinguirem só pela geração, mas hão-de distinguir-se por sinais existentes tanto no gerador como no gerado. Ora, na Pessoa divina não se podem conceber outras realidades além da essência e da relação ou propriedade. Donde, convindo pela essência, resulta que as Pessoas divinas se distinguem pelas relações umas das outras. – Segundo, porque a distinção, nas Pessoas divinas, não se deve entender como algo de comum, que se divide, pois a essência comum permanece indivisa; mas é necessário que as próprias distinções constituam realidades distintas. Pois, as relações ou propriedades distinguem ou constituem hipóstases ou pessoas por serem as próprias pessoas subsistentes; assim, a paternidade é o Pai e a filiação, o Filho, por não diferir em Deus, o abstracto do concreto. Mas, contra a noção de origem é que constituam hipóstase ou pessoa. Porque a origem, no sentido actual significa uma procedência da pessoa subsistente e, portanto, a pressupõe. Porém em sentido passivo, como natividade, significa a tendência para a pessoa subsistente, que ainda não constitui.

Por onde, melhor se dirá, que as pessoas ou hipóstases se distinguem antes pelas relações do que pela origem. Pois embora se distingam de um outro modo, todavia, primária e mais principalmente se distinguem pelas relações, segundo o modo de entender. Por isso, o nome de Pai não somente significa a propriedade, mas também a hipóstase; mas o nome de Gerador ou Generante significa somente a propriedade. Porque o nome de pai significa a relação distintiva e constitutiva da hipóstase; porém, o nome de Generante ou Gerador significa a origem, que não é distintiva e constitutiva da hipóstase.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – As Pessoas são as próprias relações subsistentes. Por isso não repugna à simplicidade das divinas Pessoas o serem distintas pelas relações.

RESPOSTA À SEGUNDA. – As Pessoas divinas não se distinguem pelo ser no qual subsistem, nem por nada de absoluto; mas quanto sujeitos de relações. Para distinguir basta a relação.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Quanto mais primária a relação, tanto mais próxima da unidade e, portanto, deve ser mínima. Logo, a distinção das Pessoas não deve se fundar senão no que minimamente as distingue, a saber, na relação.

RESPOSTA À QUARTA. – A relação pressupõe a distinção dos supostos, quando é acidente; mas se a relação for subsistente não pressupõe, mas implica a distinção. Quando, pois, se diz, que é próprio ao ser relativo o referir-se a outro, por outro se entende o correlativo, que não lhe é anterior, mas, simultâneo, por natureza.

SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,



[1] Categ., c. 5; 8, a, 39.
[2] De Trin., c. 6.
[3] Cfr. S. Bonaventuram, I Sent., dist. 26, q. 3.

A evolução do evolucionismo 12

Pode pôr-se um exemplo biológico?

Há múltiplos exemplos nos seres vivos. Um menino pedala na sua bicicleta, derrapa e cai. Ao raspar-se, sangra um pouco de um joelho e de uma mão, mas limpa as feridas e a coisa não tem maior importância. Porque não tem maior importância? Porque o sangue nas feridas coagula. De contrário, o menino sangraria. E o que passaria se a ordem de coagulação se estendesse a tudo o sangue do ferido? Pois que o pequeno ciclista ficaria coagulado dos pés à cabeça. E se o coágulo fosse pequeno e interno? Então produzir-se-ia uma hemiplexia ou um enfarto. Por fortuna, o menino não sangra nem se coagula, e tampouco sofre um enfarto, precisamente porque só se coagula o sangue exposto ao ar. É possível que este sistema tenha evoluido segundo a teoria darwiniana? Não, porque a simples ausência do factor anti-hemofílico, ou a presença isolada da trombina, no seu correspondente inibidor, seriam mortais. Ou concorrem ao mesmo tempo as doze proteínas implicadas, ou o sistema falha. Que se coagule o sangue de uma ferida é algo normal e corrente, mas a bioquímica leva meio século estudando este assombroso processo e não é capaz de identificar as suas causas. Tudo quanto diz o professor Doolittle, primeira autoridade mundial, é que o factor tisural aparece, que o fibrinógeno nasce, que a antiplasmia surge, que o ATP se manifesta, e assim sucessivamente.

(jose ramón ayllón, trad. ama)


Dar é próprio dos apaixonados

Textos de São Josemaria Escrivá

O teu talento, a tua simpatia, as tuas condições... perdem-se; não te deixam aproveitá-las. – Pensas bem nestas palavras de um autor espiritual: "Não se perde o incenso que se oferece a Deus. – Mais se honra o Senhor com o abatimento dos teus talentos do que com o seu uso vão". (Caminho, 684)

E, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes de ouro, incenso e mirra. Detenhamo-nos um pouco para entender este passo do Santo Evangelho. Como é possível que nós, que nada somos e nada valemos, ofereçamos alguma coisa a Deus? Diz a Escritura: toda a dádiva e todo o dom perfeito vem do alto. O homem não consegue descobrir plenamente a profundidade e a beleza dos dons do Senhor: se tu conhecesses o dom de Deus... – responde Jesus à mulher samaritana. Jesus Cristo ensinou-nos a esperar tudo do Pai, a procurar antes de mais o Reino de Deus e a sua justiça, porque tudo o resto se nos dará por acréscimo e Ele conhece bem as nossas necessidades.
Na economia da salvação, o nosso Pai cuida de cada alma com amor e delicadeza: cada um recebeu de Deus o seu próprio dom; uns de um modo, outros de outro. Portanto, podia parecer inútil cansarmo-nos, tentando apresentar ao Senhor algo de que Ele precise; dada a nossa situação de devedores que não têm com que saldar as dívidas, as nossas ofertas assemelhar-se-iam às da Antiga Lei, que Deus já não aceita: Tu não quiseste os sacrifícios, as oblações e os holocaustos pelo pecado, nem te são agradáveis as coisas que se oferecem segundo a Lei.
Mas o Senhor sabe que o dar é próprio dos apaixonados e Ele próprio nos diz o que deseja de nós. Não lhe interessam riquezas, nem frutos, nem animais da terra, do mar ou do ar, porque tudo isso lhe pertence. Quer algo de íntimo, que havemos de lhe entregar com liberdade: dá-me, meu filho, o teu coração. Vedes? Se compartilha, não fica satisfeito: quer tudo para si. Repito: não pretende o que é nosso; quer-nos a nós mesmos. Daí – e só daí – advêm todas as outras ofertas que podemos fazer ao Senhor. (Cristo que passa, 35)

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet


Evangelho do dia e comentário













T. Comum– I Semana


Evangelho: Mc 1, 40-45

40 Foi ter com Ele um leproso que, suplicando e pondo-se de joelhos, Lhe disse: «Se quiseres podes limpar-me». 41 Jesus, compadecido dele, estendeu a mão e, tocando-o, disse-lhe: «Quero, fica limpo». 42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo. 43 E logo mandou-o embora, dizendo-lhe com tom severo: 44 «Guarda-te de o dizer a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela purificação o que Moisés ordenou, para que lhes sirva de testemunho». 45 Ele, porém, retirando-se, começou a contar e a divulgar o sucedido, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora nos lugares desertos, e de toda a parte vinham ter com Ele.

Comentário:

«Si vis potes me mundare – se quiseres podes limpar-me», esta declaração do leproso lavrou a sua cura. Foi “direita” ao Coração Misericordioso de Cristo a confirmação da fé do pobre homem no Seu poder divino.

Como podia recusar-lhe o que pedia?

Se Jesus exerce o Seu poder mesmo quando não Lho solicitam – como no caso do filho da viúva em Naim – porque o Seu Coração se enternece e emociona com as doenças e limitações o homem, como não dará o que Lhe pedem com tanta fé e absoluta confiança?

Esta compaixão que Cristo manifesta de forma tão expressiva e – diria – inusitada ao tocar o leproso com a mão tem forçosamente de levar-nos a pensar muito no nosso próprio comportamento e atitude para com os mais desfavorecidos, doentes e miseráveis. De facto… lembramo-nos que são nossos irmãos, filhos de Deus, dignos da nossa estima e respeito ou, ao contrário, não conseguimos vencer uma certa repulsa que nos leva a afastar-nos do seu contacto?

(ama, comentário sobre Mc 1, 40-45, 2011.12.16)