01/09/2012

Leitura espiritual para 01 Set 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.

Bernardes


Nos dias de hoje lê-se de tudo. Basta entrar numa livraria para nos depararmos com um número infindável de títulos que interminavelmente se vão renovando a uma velocidade vertiginosa. Ele são best-sellers, ele são prémios nobel, eles são escritores de há muito consagrados, eles são inovadores no estilo, nos temas, nas sensibilidades… A literatura como um maremoto implacável submerge-nos numa ansiedade que freneticamente bulímica quer estar a par de tudo, não descurando nada, pelo menos, daqueles inumeráveis autores que nos são solene e indiscutivelmente apontados como os melhores e os mais autorizados.

E, no entanto, é imensa a palha e as bolotas que nos apresentam como nutrimento intelectual e que por jejum rigoroso de excelência, deliberadamente desdenhada e oculta, nos sabem como delícias do chefe José Avillez.

Já me referi num outro texto ao conselho avisado do excelente escritor P. João Maia, SJ, sobre os livros e autores a ler e a reler: Homero, Dante, Cervantes, Shakespeare, Dostoievski e poucos mais. Hoje porém desejaria indicar alguns autores dotados de uma excelência singularíssima na arte de escrever, tanto na forma como no conteúdo, e que, estranhamente, muitos deles não são tidos em conta na generalidade das apreciações. De facto, como é possível ignorar a correspondência de S. Jerónimo, as obras de S. Cipriano de Cartago, de Tertuliano, de Lactâncio; e que dizer das Confissões ou da Cidade de Deus de Sto. Agostinho? Dos sermões de S. João Crisóstomo? Das Homilias de S. Pedro Crisólogo? Da Moralia in Job de S. Gregório Magno? Das cartas de S. Pedro Damião? Do comentário ao Cântico dos cânticos e aos escritos sobre a Virgem Maria de S. Bernardo de Claravalle? Das poesias e dos comentários aos Evangelhos de S. Tomás d’ Aquino? Da biografia de S. Francisco de Assis por S. Boaventura, do seu Itinerário da Mente em Deus? Do Cântico das criaturas do mesmo S. Francisco? Como é possível fazer tábua rasa das obras de S. João da Cruz? De Santa dos Diálogos de Santa Catarina de Sena? Das obras de Santa Teresa de Jesus? De Frei Luiz de Granada? De Frei Luiz de Leão? Do nosso Frei Luís de Souza? Do P. Manuel Bernardes? Dos Manuscritos Autobiográficos de Santa Teresa do Menino Jesus? Estes, e os mais que podíamos indicar, são desprezados pela intelligentzia contemporânea e mesmo eclesial e no entanto são os alicerces, os fundamentos do que somos como cultura. Felizmente, embora não aparecem nas estatísticas oficiais, muitas destas obras têm tido incomparavelmente mais leitores do que os best-sellers; infelizmente muitos os desconhecem cada vez mais tendo cada vez menos acesso a eles.

As obras do P. Manuel Bernardes, por exemplo, que foram durante muito tempo alimento literário e espiritual de gerações encontram-se esgotadas e não são reeditadas. A Lello que tinha o mérito de as ter editado (apesar dos erros e gralhas), com a grafia actual, em cinco volumes de papel bíblia, de há muito que as não reedita. Hoje, mesmo em alfarrabistas, é extremamente difícil topá-las. Provavelmente, a crítica ferozmente iníqua que Jorge de Sena e outros lhe dirigiram terá contribuído para isso. Castilho, injustamente votado ao esquecimento, provavelmente por causa da “questão coimbrã”, numa página em que só peca por ser demasiado severo para o P. António Vieira, compara Bernardes e Vieira:

“É Vieira sem contradição mestre guapíssimo de nossa língua, e o mesmo Bernardes assim o conceituava; que, porém, a si o propusesse como exemplar, nem o indica, nem consta, nem se pode com indução plausível suspeitar; eram ambos engenhosos no discorrer, puros e esmerados no exprimir; — eis aí a sua única semelhança; — no demais pareciam-se como entre si se podem parecer duas árvores de espécies diversíssimas.

Lendo-os com atenção, sente-se que Vieira, ainda falando do céu, tinha os olhos nos seus ouvintes; Bernardes, ainda falando das criaturas, estava absorto no Criador. Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo, e Bernardes para a cela, para si, para o seu coração. Vieira estudava graças a louçainhas de estilo; achava-as, é verdade, tinha boa mão no afeiçoá-las e uma graça no vesti-las como poucos; Bernardes era como estas formosas de seu natural que se não cansam com alindamentos, a quem tudo fica bem; que brilham mais com uma flor apanhada ao acaso, do que outras com pedrarias de grande custo. Vieira fazia a eloquência; a poesia procurava a Bernardes. Em Vieira morava o génio; em Bernardes o amor, que, em sendo verdadeiro, é também génio. Vieira sacrificava tudo à sua necessidade suprema, ao empenho de ser original e único; sacrificava-lhe a verdade, sacrificava-lhe a verossemelhança; sacrificava-lhe até a possibilidade; não hesitava em propor o princípio mais absurdo, como fosse ou parecesse novo, e como para lá não achava caminho pela lógica, fabricava-o com pontes sobre pontes, através de um oceano de sofismas, de argúcias, de puerilidades, de indecências, de quase heresias, e, contente de lá chegar por entre os aplausos, não se detinha a reflectir se não tinha sido aquilo um grandíssimo abuso da grande alma que Deus lhe dera, uma dúplice vaidade aos olhos da religião e da filosofia, um exemplo ruim, mais perigoso pelo agigantado de quem o dava. Bernardes não tomava tese que da consciência lhe não brotasse, e a desenvolvê-la aplicava todas as suas faculdades intelectuais, que eram muitas, e todas as faculdades morais que eram mais, tresdobradamente. Vieira zomba frequentes vezes da nossa credulidade, podemos desconfiar da convicção de Vieira, ainda quando nos fala certo; Bernardes é um amigo cândido e liso, que, ainda quando nos ilude, não nos mente.
Por tudo isso se admira Vieira: a Bernardes admira-se e ama-se.”

Também Camilo Castelo-Branco, de resto admirador incondicional de Castilho, nutria um carinho muito especial por Bernardes preferindo-o a Vieira.

Acresce que a suculenta e saborosa doutrina ascético-mística, presente nas obras de Bernardes, no seu essencial (tendo embora em conta a mudança dos tempos), é de muitíssimo proveito para as almas cristãs, em particular para Sacerdotes e Religiosos.

Antero de Quental grande amigo de Eça lamentava a sua pobreza de vocabulário e exortava-o a ler os Clássicos. Mais tarde Eça, em Paris, começará a ler Vieira (aliás o seu conto do enforcado é um desenvolvimento de uma narração de Vieira num dos seus sermões do Rosário) e confidencia-o a António Nobre pedindo-lhe que quando voltasse a Portugal recomendasse a todos a leitura dos seus sermões.

A literatura portuguesa, em grande parte, afastou-se de tal modo das suas raízes que nos dias de hoje um leitor comum deparar-se-á com uma enorme dificuldade em compreender e saborear um texto de Bernardes, de Vieira, de Luís de Souza, de Heitor-Pinto. E como lhe servem quotidianamente repasto de ruim qualidade pode inclusive sentir-se enjoado e mesmo tomar asco aos escritos dos autores referidos. Não se deixe porém vencer desistindo pois se for constante e persistir a recompensa será grande. Então encontrará palavras que lhe enchem a alma, que trazem dentro em si as realidades que significam possibilitando-lhe experiências e vivências de transcendência. Eça, não obstante, todo o mérito literário, faz da religião um ornamento, um mero elemento estético. Mesmo o Suave Milagre e a Vida de Santos, não obstante a sua beleza e o facto de representarem claramente um avanço e uma aproximação ao religioso, carecem de densidade e profundidade (Raúl Brandão nas suas Memórias refere que estando com Eça lhe viu bentinhos, medalhas religiosas, no pescoço).

Pelo contrário, quem conhece a obra de Camilo não estranhará os Clássicos nem a sua religiosidade pois que a linguagem dos seus textos está toda ela embebida dos escritos clássicos e religiosos, mesmo quando (ele ou o narrador) se atiça contra a Igreja ou mesmo quando blasfema. Será esta a razão do seu saneamento dos estudos de português? É verdade que nalgumas das suas obras ele recorre à linguagem religiosa para através dela incutir o contrário das suas verdades, por exemplo, a justificação do adultério.

Quanto mais aprofundo os textos e a vida do P. Manuel Bernardes mais me persuado da enorme conveniência de que seja mais conhecido e estudado. Desconfio mesmo que seja Santo, um Santo ainda não canonizado que pediu ao Senhor, com receio de perder a Graça da perseverança final, que o pusesse em estado de inocência antes da morte o que lhe foi concedido, salvo erro, dois anos antes de adormecer em Cristo. Como o pai de Santa Teresa de Lisieux, que também padeceu a mesma cruz, já beatificado, esperemos que Manuel Bernardes também o possa vir a ser.


 P. nuno serras pereira, 2012.08.13

Un dí, felice, eterea


Leva-me pela tua mão, Senhor




     http://www.opusdei.pt/art.php?p=13979
    © Gabinete de Inform. do Opus Dei na Internet
Textos de S. Josemaria Escrivá

Há uma quantidade muito considerável de cristãos que seriam apóstolos... se não tivessem medo. São os mesmos que depois se queixam, porque o Senhor (dizem eles!) os abandona... Que fazem eles com Deus? (Sulco, 103)

Também a nós nos chama e nos pergunta como a Tiago e João: Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum?; estais dispostos a beber o cálice (este cálice da completa entrega ao cumprimento da vontade do Pai) que eu vou beber? "Possumus"!. Sim, estamos dispostos! – é a resposta de João e Tiago... Vós e eu, estamos dispostos seriamente a cumprir, em tudo, a vontade do nosso Pai, Deus? Demos ao Senhor o nosso coração inteiro ou continuamos apegados a nós mesmos, aos nossos interesses, à nossa comodidade, ao nosso amor-próprio? Há em nós alguma coisa que não corresponda à nossa condição de cristãos e que nos impeça de nos purificarmos? Hoje apresenta-se-nos a ocasião de rectificar.

É necessário que nos convençamos de que Jesus nos dirige pessoalmente estas perguntas. É Ele que as faz, não eu. Eu não me atreveria a fazê-las a mim próprio. Eu vou continuando a minha oração em voz alta e vós, cada um de vós, por dentro, está confessando ao Senhor: Senhor, que pouco valho! Que cobarde tenho sido tantas vezes! Quantos erros! Nesta ocasião e naquela... nisto e naquilo... E podemos exclamar também: ainda bem, Senhor, que me tens sustentado com a tua mão, porque eu sinto-me capaz de todas as infâmias... Não me largues, não me deixes; trata-me sempre como um menino. Que eu seja forte, valente, íntegro. Mas ajuda-me, como a uma criatura inexperiente. Leva-me pela tua mão, Senhor, e faz com que tua Mãe esteja também a meu lado e me proteja. E assim, possumus!, poderemos, seremos capazes de ter-Te por modelo! (Cristo que passa, 15).

Evangelho do dia e comentário









T. Comum – XXI Semana



Stª Beatriz da Silva

Evangelho: Mt 25, 14-30

14 «Será também como um homem que, estando para empreender uma viagem, chamou os seus servos, e lhes entregou os seus bens. 15 Deu a um cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade, e partiu. 16 O que tinha recebido cinco talentos, logo em seguida, foi, negociou com eles, e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que tinha recebido dois, ganhou outros dois. 18 Mas o que tinha recebido um só, foi fazer uma cova na terra, e nela escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 «Muito tempo depois, voltou o senhor daqueles servos e chamou-os a contas. 20 Aproximando-se o que tinha recebido cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos, eis outros cinco que lucrei”. 21 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”. 22 Apresentou-se também o que tinha recebido dois talentos, e disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos, eis que lucrei outros dois”. 23 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”. 24 «Apresentando-se também o que tinha recebido um só talento, disse: “Senhor, sei que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25 Tive receio e fui esconder o teu talento na terra; eis o que é teu”. 26 Então, o seu senhor disse-lhe: “Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei, e que recolho onde não espalhei. 27 Devias pois dar o meu dinheiro aos banqueiros e, à minha volta, eu teria recebido certamente com juro o que era meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos, 29 porque ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que tem. 30 E a esse servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”.

Comentário:

Repare-se bem que o Senhor diz aos dois primeiros que tinham sido fiéis «em poucas coisas»!

Se considerarmos que a um talento corresponderia mais ou menos o valor de cinquenta quilos de prata, temos importâncias avultadíssimas e, no entanto, o Senhor diz que são «poucas coisas».

Temos assim uma medida (sem medida) do que valem para Deus os bens materiais em comparação com os frutos que deles podemos, temos obrigação, tirar.

(ama, comentário sobre Mt 25, 14-30, 2011.11.13)

Mártires de Espanha 20


Rainha dos Mártires


por Jorge López Teulón

Tratado sobre o homem 60


Questão 84: Por meio do que a alma, unida ao corpo, intelige as coisas corpóreas.