13/12/2014

O teu trabalho deve ser oração

Antes de começar a trabalhar, põe sobre a tua mesa, ou junto dos utensílios do teu trabalho, um crucifixo. De vez em quando, lança-Lhe um olhar... Quando a fadiga chegar, fugir-te-ão os olhos para Jesus, e encontrarás nova força para prosseguir no teu empenho. Porque esse crucifixo é mais do que o retrato de uma pessoa querida – os pais, os filhos, a mulher, a noiva... – ; Ele é tudo: o teu Pai, teu Irmão, teu Amigo, teu Deus e o Amor dos teus amores. (Via Sacra, Estação XI. n. 5)


Costumo dizer com frequência que, nestes momentos de conversa com Jesus, que nos vê e nos ouve do sacrário, não podemos cair numa oração impessoal. E observo também que, para meditar de modo a que se inicie imediatamente um diálogo com o Senhor, não é preciso pronunciar palavras. Precisamos, sim, de sair do anonimato e de nos pôr na sua presença tal como somos, sem nos escondermos na multidão que enche a igreja, nem nos diluirmos num palavreado oco, que não brota do coração mas de um costume desprovido de conteúdo.


Posto isto, acrescento agora que também o teu trabalho deve ser oração pessoal e há-de converter-se numa grande conversa com o Nosso Pai do Céu. Se procuras a santificação na tua actividade profissional e através dela, terás necessariamente de te esforçar para que ela se converta numa oração sem anonimato. E nem sequer estes teus afãs podem cair na obscuridade anódina de uma tarefa rotineira, impessoal, porque nesse mesmo instante teria morrido o aliciante divino que anima o teu trabalho quotidiano. (Amigos de Deus, n. 64)

Ev. Coment. L. esp. (Amigos de Deus)

Advento II Semana

Evangelho: Mt 17 10-13

10 Os discípulos perguntaram-Lhe: «Porque dizem, pois, os escribas que Elias deve vir primeiro?». 11 Ele respondeu-lhes: «Elias certamente há-de vir e restabelecerá todas as coisas. 12 Digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram dele o que quiseram. Assim também o Filho do Homem há-de padecer às suas mãos». 13 Então os discípulos compreenderam que falava de João Baptista.

Comentário

Quem é João e quem é o Messias?

A pergunta tem razão de ser porque a ignorância que grassava no tempo de Jesus, era enorme.

E hoje?
Sabemos, de facto, Quem é Jesus Cristo?

Temos uma visão correcta apoiada no conhecimento das Escrituras, nomeadamente dos Evangelhos?

Não temos, ao contrário, uma visão pessoal que nos convenha ao que pensamos, sobretudo, praticamos?

A leitura diária, atenta e detalhada do Evangelho, é fundamental para que essa imagem e conhecimento sejam os correctos. 

(ama, comentário sobre, Mt 17, 10-13, 2013.12.14)


Leitura espiritual



São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus 57 a 63

57          
O trabalho, participação do poder divino

Desde o começo da sua criação que o homem teve de trabalhar. Não sou eu quem o inventa. Basta abrir as primeiras páginas da Sagrada Bíblia para aí se ler que Deus formou Adão com o barro da terra e criou para ele e para a sua descendência este mundo tão formoso, ut operaretur et custodiret illum, com o fim de o trabalhar e de o conservar, e isto antes mesmo de o pecado entrar na humanidade e, como consequência dessa ofensa, a morte, as penas e as misérias.

Temos, pois, de nos convencer de que o trabalho é uma realidade magnífica, que se nos impõe como lei inexorável a que todos estamos submetidos, de uma ou de outra forma, apesar de alguns pretenderem eximir-se a ela. Aprendei-o bem: esta obrigação não surgiu como uma sequela do pecado original, nem se reduz a uma descoberta dos tempos modernos. Trata-se de um meio necessário que Deus nos confia na terra, alongando os nossos dias e tornando-nos partícipes do seu poder criador, para que ganhemos o nosso sustento e, simultaneamente, recolhamos frutos para a vida eterna: o homem nasce para trabalhar, como as aves para voar.

Talvez me digais que já se passaram muitos séculos, que muito pouca gente pensa desta maneira, que a maioria provavelmente se afana por motivos bem diversos: uns, por dinheiro; outros, para manter a família; outros, na mira de conseguir uma certa posição social, para desenvolver as suas capacidades, para satisfazer as suas paixões desordenadas, para contribuir para o progresso social. E todos, em geral, encaram as suas ocupações como uma necessidade de que não podem evadir-se.

Perante esta visão plana, egoísta, rasteira, tu e eu temos de recordar a nós mesmos e de recordar aos outros que somos filhos de Deus, a quem o nosso Pai dirigiu um convite idêntico ao daqueles personagens da parábola evangélica: filho, vai trabalhar na minha vinha. Posso assegurar-vos que aprenderemos a terminar as nossas tarefas com a maior perfeição humana e sobrenatural de que somos capazes, se nos empenharmos em considerar assim diariamente as nossas obrigações pessoais como ordem divina. É possível que nos rebelemos numa ou noutra ocasião como o filho mais velho, que respondeu: não quero!. Saberemos, contudo, reagir e, desde que nos arrependamos, dedicar-nos-emos mais esforçadamente ao cumprimento do dever.

58          
Se a simples presença de uma pessoa de categoria, digna de consideração, é suficiente para que se comportem melhor aqueles que estão à sua volta, como é que a presença de Deus, constante, sentida em todos os recantos, conhecida pelas nossas potências e amada gratamente, não nos torna sempre melhores em todas as nossas palavras, acções e sentimentos? Se, efectivamente, a realidade que consiste em Deus nos ver estivesse bem gravada nas nossas consciências e se nos apercebêssemos de que todo o nosso trabalho, sem qualquer excepção, se desenvolve na sua presença - porque nada escapa ao seu olhar - com que cuidado terminaríamos as coisas ou como seriam diferentes as nossas reacções! Ora, este é o segredo da santidade que prego há tantos anos: Deus chamou-nos a todos para que o imitemos; e a vós e a mim para que, vivendo no meio do mundo - sendo homens da rua - saibamos pôr Cristo Nosso Senhor no cume de todas as actividades humanas honestas.

Deveis agora compreender ainda melhor que, se algum de vós não amasse o trabalho que lhe corresponde, se não se sentisse autenticamente comprometido em santificar uma das nobres ocupações terrenas, se carecesse de uma vocação profissional, nunca chegaria a penetrar na essência sobrenatural da doutrina que expõe este sacerdote, porque lhe faltaria, precisamente, uma condição indispensável: a de ser um trabalhador.

59          
Aviso-vos, sem qualquer presunção da minha parte, que noto rapidamente se estas minhas palavras caem em saco roto ou passam ao lado daquele que me ouve. Deixai que vos abra o meu coração, para que me ajudeis a dar graças a Deus. Quando, em 1928, vi o que o Senhor queria de mim, comecei imediatamente o trabalho. Naqueles anos - obrigado, meu Deus, porque houve muito que sofrer e muito que amar! - alguns tomaram-me por louco. Outros, alardeando compreensão, chamavam-me sonhador, mas sonhador de sonhos impossíveis. Apesar dos pesares e da minha própria miséria, continuei sem desanimar. Como aquilo não era meu, foi-se abrindo caminho no meio das dificuldades e hoje é uma realidade estendida por toda a terra, de polo a polo, que parece muito natural à maioria das pessoas, porque o Senhor se encarregou de a fazer reconhecer como coisa sua.

Dizia-vos que, mal troco duas palavras com alguém, descubro logo se ele me compreende ou não. Não me acontece como à galinha que está a chocar a ninhada e sob a qual mão estranha coloca um ovo de pata. Passam-se os dias e só quando os pintainhos partem a casca e vê passarinhar aquela espécie de bocadinho de lã, descobre através do seu andar desajeitado - pata aqui, pata acolá - que esse não é um dos seus e que jamais aprenderá a piar, por mais que se empenhe. Nunca maltratei ninguém que me tenha voltado as costas, nem sequer quando me pagaram com insolência os meus desejos de ajudar. Por isso, pelo ano de 1939, chamou-me a atenção um letreiro que encontrei num edifício, onde me encontrava a dar um retiro a universitários. Dizia assim: Cada caminhante siga o seu caminho. Era um conselho digno de ser aproveitado.

60          
Perdoai-me esta divagação e, embora não nos tenhamos afastado do tema, voltemos ao seu fio condutor. Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial e inseparável da nossa condição de cristãos. O Senhor quer que sejais santos no lugar onde estais e no trabalho que haveis escolhido pelas razões que vos aprouveram: pela minha parte, todos me parecem bons e nobres - desde que não se oponham à lei divina - e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus.

Não posso deixar de ficar um pouco desassossegado quando alguma pessoa, ao falar da sua profissão, põe cara de vítima, afirma que lhe absorve não sei quantas horas por dia e, na realidade, não desenvolve sequer metade do trabalho de muitos dos seus companheiros que, ao fim e ao cabo, talvez só se esforcem por critérios egoístas ou, pelo menos, meramente humanos. Todos nós, que estamos aqui, mantendo um diálogo pessoal com Jesus, desempenhamos alguma ocupação bem precisa: de médico, de advogado, de economista... Pensai um pouco nos vossos colegas que sobressaem pelo seu prestígio profissional, pela sua honradez e pelo seu serviço abnegado. Não dedicam muitas horas do dia - e até da noite - a essa tarefa? Não teremos algo a aprender deles?

Enquanto falo, também vou examinando a minha conduta e confesso-vos que, ao pôr essa pergunta a mim mesmo, sinto um pouco de vergonha e o desejo imediato de pedir perdão a Deus, pensando na minha resposta tão débil, tão afastada da missão que Deus nos confiou no mundo. Cristo - escreve um Padre da Igreja - escolheu--nos para que fôssemos como lâmpadas; para que nos convertêssemos em mestres dos demais; para que actuássemos como fermento; para que vivêssemos como anjos entre os homens, como adultos entre crianças, como espirituais entre gente somente racional; para que fôssemos semente; para que produzíssemos fruto. Não seria necessário abrir a boca, se a nossa vida resplandecesse desta maneira. Sobrariam as palavras, se mostrássemos as obras. Não haveria um só pagão, se nós fôssemos verdadeiramente cristãos.

61          
Valor exemplar da vida profissional

Temos de evitar o erro de considerar que o apostolado se reduz ao testemunho de algumas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas, ao mesmo tempo e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com obrigações bem nítidas que temos de cumprir exemplarmente, se deveras queremos santificar-nos. É Jesus Cristo que nos estimula: Vós sois a luz do mundo. Não se pode ocultar uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim sobre o candelabro, e assim alumia quantos estão em casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, a fim de que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

Seja qual for, o trabalho profissional converte-se numa luz que ilumina os vossos colegas e amigos. Por isso, costumo repetir aos que se incorporam no Opus Dei, e a minha afirmação vale também para todos aqueles que me ouvis: que me importa que me digam que fulano de tal é um bom filho meu - um bom cristão - mas um mau sapateiro?! Se não se esforçar por aprender bem o seu ofício, ou por executar o seu trabalho com esmero, não poderá santificá-lo nem oferecê-lo ao Senhor. Ora, a santificação do trabalho ordinário constitui como que o fundamento da verdadeira espiritualidade para aqueles que, como nós, estão decididos a viver na intimidade de Deus, imersos nas realidades temporais.

62          
Lutai contra essa excessiva compreensão que cada um tem para consigo mesmo: sede exigentes para vós próprios. Às vezes, pensamos demasiadamente na saúde e no descanso, que aliás não deve faltar, precisamente porque é preciso voltar ao trabalho com forças renovadas. Esse descanso, porém, escrevi-o há já tantos anos, não é não fazer nada, mas distrairmo-nos em actividades que exigem menos esforço.

Noutras ocasiões, com falsas desculpas, somos excessivamente comodistas, esquecemo-nos da bendita responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros, conformamo-nos com fazer o que é minimamente indispensável e deixamo-nos arrastar por razões sem razão para nada fazermos, enquanto Satanás e os seus amigos não tiram férias. Ouve e medita com atenção o que S. Paulo escrevia aos cristãos que eram escravos; instava-os a obedecerem aos seus amos: não os sirvais como quem trabalha somente porque é visto e para agradar aos homens, mas como servos de Cristo que fazem a vontade de Deus com todo o coração e servi-os com amor, sabendo que servis ao Senhor e não a homens. Que bom conselho para que o sigamos tu e eu!

Peçamos luz a Jesus Cristo Nosso Senhor e roguemos-lhe que nos ajude a descobrir, a cada instante, o sentido divino que transforma a nossa vocação profissional no gonzo sobre o qual assenta e gira a nossa chamada à santidade. Verificareis no Evangelho que Jesus era conhecido como faber, filius Mariæ, o trabalhador, o filho de Maria. Também nós, com orgulho santo, temos de demonstrar com factos que somos trabalhadores, homens e mulheres de trabalho!

Porque havemos de nos comportar sempre como enviados de Deus, devemos ter bem presente que não o servimos com lealdade quando abandonamos a nossa tarefa, quando não compartilhamos com os outros o empenho e a abnegação no cumprimento dos compromissos profissionais ou quando nos possam classificar como inconstantes, inconvenientes, frívolos, desordenados, preguiçosos e inúteis... Na verdade, quem descuida essas obrigações aparentemente menos importantes, só com dificuldade vencerá nas da vida interior que, certamente, são mais custosas. Quem é fiel nas coisas pequenas, é fiel também nas grandes; e quem é injusto nas pequenas coisas, é injusto também nas grandes.

63          
Não estou a falar de ideais imaginários. Atenho-me a uma realidade muito concreta, de capital importância, capaz de modificar o ambiente mais pagão e mais hostil às exigências divinas, como aconteceu na primeira época da era da nossa salvação. Saboreai estas palavras de um autor anónimo desses tempos, o qual resume assim a grandeza da nossa vocação: os cristãos são para o mundo o que a alma é para o corpo. Vivem no mundo, mas não são mundanos, tal como a alma está no corpo, mas não é corpórea. Habitam em todos os povoados, como a alma está em todas as partes do corpo. Agem mediante a sua vida interior sem se fazerem notar, como a alma mediante a sua essência... Vivem como peregrinos entre coisas perecedoiras, na esperança da incorruptibilidade dos céus, como a alma imortal vive agora numa tenda mortal. Multiplicam-se dia-a-dia sob o peso das perseguições, como a alma se aformoseia pela mortificação... E não é lícito aos cristãos abandonarem a sua missão no mundo, como não é permitido à alma separar-se voluntariamente do corpo.

Por esta razão, enganar-nos-íamos no caminho, se não déssemos importância às ocupações temporais. Também aí vos espera o Senhor. Podeis ter a certeza de que nós, homens, nos havemos de aproximar de Deus através das circunstâncias da vida corrente, ordenadas ou permitidas pela Providência na sua sabedoria infinita. Não atingiremos esse fim, se não nos esforçarmos por terminar bem a nossa tarefa; se não perseverarmos no afã pelo trabalho começado com empenho humano e sobrenatural; se não desempenharmos bem o nosso ofício como o melhor e, se é possível - e penso que, se tu verdadeiramente quiseres, assim será - melhor do que o melhor, porque usaremos todos os meios terrenos honrados e os espirituais que forem necessários para oferecer a Nosso Senhor um trabalho primoroso, acabado como uma peça de filigrana, perfeito.

(cont)






Temas para meditar - 303


Vaidade



Não há nada bom neste mundo: "Vanitas vanitatum et omnia vanitas" (Eccl. 1:2)




(são filipe de neri, Maxim’s, F.W.Faber, Cromwell Press, nr. 16-19)

Tratado do verbo encarnado 58

Questão 7: Da graça de Cristo como um homem particular

Art. 12 — Se a graça de Cristo podia aumentar.

O duodécimo discute-se assim. — Parece que a graça de Cristo podia aumentar.

1 — Pois, toda quantidade finita é susceptível de adição. Ora, a graça de Cristo era finita, como se disse. Logo, podia aumentar.

2. Demais. — O aumento da graça faz-se por virtude divina, segundo o Apóstolo: Poderoso é Deus para fazer abundar em vós toda a graça. Ora, a virtude divina, sendo infinita, não se encerra em nenhuns limites. Logo, parece que a graça de Cristo podia ser maior.

3. Demais. — O Evangelho diz: Jesus crescia em sabedoria e em idade e em graça diante de Deus e dos homens. Logo, a graça de Cristo podia aumentar.

Mas, em contrário, o Evangelho: E nós o vimos, como de Filho unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. Ora, não podemos conceber nada maior do que alguém ser o Unigénito do Pai. Logo, não pode existir nem ser concebida nenhuma graça maior do que aquela da qual Cristo teve a plenitude.

De dois modos pode dar-se que uma forma não possa aumentar, quanto ao sujeito e quanto à forma em si mesma. Quanto ao sujeito, no caso em que este atinge o último grau no participar, ao seu modo, dessa forma. Assim, se dissermos que o ar não pode aumentar em quentura, quando chega ao último grau de calor de que ele, por natureza, é susceptível, embora possa haver maior calor na natureza das coisas, que é o do fogo. Quanto à forma, exclui-se a possibilidade do aumento, quando um sujeito atinge a última perfeição de que tal forma é susceptível. Assim, se dissermos que o calor do fogo não pode aumentar, por não poder haver um grau mais perfeito de calor que o atingido pelo fogo. — Ora, assim como foi determinada pela sabedoria divina a medida própria das outras formas, assim também a da graça, segundo a Escritura: Todas as coisas dispuseste com medida e conta e peso, Ora, a medida de cada forma é predeterminada por comparação com o seu fim, assim como não há maior gravidade que a da terra, por não poder existir um lugar inferior ao da terra. Mas, o fim da graça é a união da criatura racional com Deus. Não pode, porém, existir nem ser concebida uma união maior da criatura racional com Deus, do que a existente na pessoa. Donde, a graça de Cristo atingiu a suma medida da graça. E, portanto, é manifesto que a graça de Cristo não pode crescer, no atinente à graça em si mesma. — Mas nem tão pouco relativamente ao sujeito, porque Cristo, enquanto homem, desde o primeiro instante da sua concepção, tinha verdadeira e plenamente a visão clara. Portanto, não podia nele haver aumento da graça, assim como nem nos demais santos, cuja graça não pode aumentar, porque já chegaram ao termo. Nos homens, porém, que ainda vivem neste mundo, a graça pode aumentar, quanto à forma, pois, não atingem o sumo grau da graça, e quanto ao sujeito porque ainda não chegaram ao termo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Se nos referimos às quantidades matemáticas, a qualquer quantidade finita pode fazer-se adição, pois, da parte da quantidade finita nada há de repugnante à adição. Mas se nos referimos à quantidade natural, então pode haver repugnância por parte da forma, que deve ter uma quantidade determinada, assim como os outros acidentes determinados. Donde o dizer o Filósofo: Têm o seu termo e sua razão a grandeza e o acréscimo de tudo o que existe em uma natureza qualquer. E por isso não se pode fazer adição à quantidade total do céu. E com muito maior razão consideramos, nas formas em si mesmas, um termo, que elas não ultrapassam. Donde, não é necessário que a graça de Cristo seja susceptível de adição, embora seja finita por essência.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A virtude divina, embora possa fazer algo de maior e de melhor que a graça habitual de Cristo, não pode contudo fazê-la ordenar-se a algo de maior do que a união pessoal com o Filho Unigénito do Pai, a cuja união suficientemente corresponde tal medida da graça, segundo a determinação da divina sabedoria.

RESPOSTA À TERCEIRA. — De dois modos pode alguém progredir na sabedoria e na graça. — Primeiro, quanto aos hábitos próprios da sabedoria e da graça, aumentados. E, nesse sentido, Cristo não progrediu nelas. — De outro modo, quanto aos efeitos, isto é, no sentido em que alguém pratica obras mais sábias e mais virtuosas. E então, Cristo progredia em sabedoria e em graça, como em idade, porque, a medida que crescia em idade, fazia obras mais perfeitas, para mostrar que era verdadeiramente homem, tanto no que respeita a Deus como no que respeita aos homens.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão




SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:
Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?