25/04/2015

2015.04.25








O que pode ver hoje em NUNC COEPI




É preciso que sejas homem de vida interior - São Josemaria – Textos

Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão) - A beleza de ser cristão (Ernesto Juliá), AMA - Comentários ao Evangelho Mc 16 15-20, Ernesto Juliá Diaz

Temas para meditar - 428 - Afecto filial, Filhos de Deus (F F Carvajal e Pedro Betteta López,Francisco Fernández Carvajal & Pedro Betteta López

Tratado do verbo encarnado 149 - Suma Teológica - Tratado do Verbo Encarnado - Quest 25 - Art 3, São Tomás de Aquino

Pequena agenda do cristão - Agenda Sábado



Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão)


Semana III da Páscoa


São Marcos – Evangelista

Evangelho: Mc 16 15-20

15 E disse-lhes: «Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda a criatura. 16 Quem crer e for baptizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado. 17 Eis os milagres que acompanharão os que crerem: Expulsarão os demónios em Meu nome, falarão novas línguas, 18 pegarão em serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os doentes, e serão curados». 19 O Senhor, depois de assim lhes ter falado, elevou-Se ao céu e foi sentar-Se à direita do Pai. 20 Eles, tendo partido, pregaram por toda a parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os milagres que a acompanhavam.

Comentário:

Em muitas das chamadas “igrejas” que proliferam um pouco por toda a parte, uma das práticas correntes para atrair e fidelizar prosélitos é precisamente o recurso a esses “milagres” que o Senhor promete aos que O seguem e levam a Sua Palavra aos outros.
Como se sabe, tais “milagres” não passam de mistificações mais ou menos grosseiras porque ninguém tem esse poder senão aqueles a quem o Senhor o concede.

Os milagres são feitos por Jesus Cristo que se serve dos homens por Si escolhidos como instrumentos para os realizar.

Não é possível, pois, operar milagres sejam quais forem, em proveito próprio e, muito menos, se O Senhor está ausente ou é abusivamente evocado seja por 
quem for.

(ama, comentário sobre Mc 16, 15-18, 2013.04.25)

Leitura espiritual

a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE

O QUE É SER CRISTÃO?

I.            Relações que Deus estabelece com o homem.

…/11

No Baptismo somos libertados do pecado e convertidos em novas criaturas: filhos de Deus em Cristo, na Igreja.

Na Confirmação recebemos «uma infusão especial” do Espírito que desenvolve em nós o ser «imagem e semelhança de Deus” e o ser «filhos no Filho”.

Se este é o «ser” da «nova criatura” do cristão, temos de perguntar-nos como há-de actuar para saber que se converteu verdadeiramente em «nova criatura”.

Jesus Cristo manifesta no seu existir a nova realidade existencial humana do Filho de Deus.
O homem que se constitui em «nova criatura” e quer viver como tal; o que fará para alcançá-lo? Não se trata de levar a cabo uma imitação externa dos gestos, das palavras, das acções de Jesus Cristo.
O cristão há-de viver a mesma «realidade existencial” de Cristo; e isto tem lugar pela «sua participação na natureza divina”.

É a vida da Graça que estudaremos no próximo capítulo. Baste-nos agora sublinhar a profundidade da mudança que se opera no cristão, e que se pode compreender melhor meditando o «Por Cristo, com Cristo, em Cristo”, e pela acção do Espírito Santo no nosso «eu”.
Ao saber-se libertado e perdoado do pecado, partícipe da natureza divina e com capacidade para descobrir o Amor de Deus em Jesus Cristo, o homem, o cristão necessita também de descobrir o modo de viver a recomendação do mesmo Senhor: «Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.[i]

Cristo, na sua realidade de Filho de Deus feito homem, nascido de mulher, é verdadeiramente o nosso modelo, e dá-nos o exemplo do caminhar para o Pai. A sua afirmação de «quem me vê a mim vê o Pai” [ii] é verídica em toda a plenitude.

Cristo não é um espelho no qual o Pai se reflecte; nem a sombra da realidade de Deus, Cristo, sendo o Filho de Deus, é a «imagem de Deus invisível” [iii] feito homem, e portanto, perfeito Deus e perfeito homem, e só sendo Deus pode afirmar de si próprio que é «o Caminho, a Verdade e a Vida”.[iv]

Jesus Cristo sublinhou de modo muito particular que é o nosso exemplo em três recomendações aos seus discípulos e, neles, a todos o crentes, a todos os homens: «Este é o meu preceito: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”;[v] e «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas, poi o meu jugo é suave e a minha carga é leve”,[vi] e o esclarecimento que faz sobre a sua vinda à terra, que manifesta a disposição radical da «nova criatura” ante Deus e ante o mundo: «Não vim para ser servido, mas para servir; e dar a minha vida em redenção de muitos”.[vii]

A Cristo, «nova criatura”, descobrimo-lo também com matizes novos no quarto motivo da Encarnação:

4) O Verbo encarnou-se para que assim nós conhecêssemos o amor de Deus: «Nisto se manifestou o amor que Deus nos tem: em que Deus enviou ao mundo o seu Filho único para que vivamos por meio dele”.[viii]

O pecado de Adão teve a sua origem na desconfiança de Adão para com Deus. E Adão perseverou na desconfiança, querendo ocultar-se ao olhar de Deus, depois do pecado.
Com a Encarnação, e no modo em que teve lugar, Deus manifesta que essa desconfiança do homem em nada modificou os seus planos sobre a única criatura a quem Deus «ama por si mesma”, o homem.

A Encarnação de Cristo anula a desconfiança na sua própria raiz e, com a desconfiança, o falso temor de Deus que leva o homem a desobedecer.
É a prova que o homem melhor pode entender do amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo para com ele.
E, com a Encarnação, a vida inteira, morte e ressurreição de Cristo é a expressão mais misteriosa, e inesgotável de significado, do amor de Deus às suas criaturas os homens.

Todo o viver de Cristo na terra, o seu nascimento e a sua morte; as tentações no deserto e a agonia no Horto das oliveiras; as curas de doentes e endemoninhados; os diálogos com fariseus, publicanos, sacerdotes, pecadores, etc., escondem a manifestação plena de Amor que Deus Pai expressa ao mundo, ao homem: «Porque tanto amou Deus o homem, que deu o seu Filho único, para que todo o que acredite nele não pereça, mas tenha a vida eterna”.[ix]

Jesus Cristo morreu na Cruz, não porque a Crucifixão fosse necessária para a Redenção; mas para nos manifestar o Amor do Pai:

 «Ninguém tem amor maior que este de dar a vida pelos seus amigos”.[x]

Ao dar-nos desta forma a conhecer todo o seu Amor, Deus anseia que o homem recupere plenamente a confiança nele e volte de novo a viver a alegria de «obedecer” a Deus Pai, que só deseja sustentar a nossa alegria, o nosso gozo, em lhe «obedecer”.
Porque só assim será possível que o homem aceite livremente a realidade da «nova criatura” que nasce nele pela graça, «participação da natureza divina”, e se decida a seguir os passos de Cristo.

Também agora é importante sublinhar que qualquer tentativa de «reduzir existencialmente Cristo” e negar-lhe a sua condição de «Filho de Deus feito homem” tornaria impossível a manifestação tão clara e plena do amor divino: como poderia Jesus Cristo ter-nos dado a conhecer o Amor de Deus Pai, dando a sua vida por nós, se não estivesse em condições de afirmar a com plenitude de verdade ao anunciar a vinda do Espírito Santo: «Naquele dia conhecereis que eu estou no meu Pai e, vós em mim e eu em vós…; o que me ama a mim será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”?[xi] Tampouco poderia ter-nos convidado a acreditar nele, dizendo-nos que «o Pai está em mim e eu no Pai”.[xii]

VII. a graça

Vimos como Deus Pai, depois do pecado de Adão e Eva, que levava consigo a rejeição por parte do homem da sua condição de criatura, a «imagem e semelhança de Deus”, estabelece e enriquece a ordem da criação com a obra de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem.

Restabelece e eleva a criação, abrindo o segundo vínculo, a segunda relação de Deus com os homens: a Redenção.
Primeiro perdoa-nos o pecado, porque o perdoar o pecado na alma do homem é também um passo prévio da vinda de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, a cada ser humano, a dada pessoa, meta e cume da Redenção.

A afirmação de Cristo: «viremos a ele e faremos nele morada”[xiii]) supõe, por sua vez, o cumprimento das palavras de Cristo: «Vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.[xiv]

Esta transmissão da vida divina no ser humano é a «segunda criação” do homem, que considerámos ao falar do segundo motivo da Encarnação do Filho de Deus: «fazer-nos partícipes da natureza divina” [xv]

A «participação” comporta a introdução do ser humano na vida eterna de Deus, convertendo a sua realidade de criatura a «imagem e semelhança” na nova realidade de «filho de Deus”, para a qual foi criado; e, ao mesmo tempo, é o cumprimento da espera de Deus para voltar a tomar posse do que, desde a origem, lhe pertence.

Essa «certa participação na natureza divina” é a inefável e misteriosa realidade a que chamamos «Graça”, que recebemos nos sacramentos, «sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Jesus Cristo para santificar as nossas almas”.

Para uma melhor compreensão do que se segue, recolhemos algumas definições do Catecismo:

«A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz da sua vida infundida pelo Espírito Santo na nossa alma para a curar do pecado e santificá-la: é a graça santificante ou divinizadora, recebida no Baptismo. É em nós a fonte da obra da santificação: ‘Portanto, o que está em Cristo é uma nova criação: passou o velho, tudo é novo’”)[xvi].

«A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural que aperfeiçoa a alma para a tornar capaz de viver com Deus, de actuar por seu amor: Deve distinguir-se entre a graça habitual, disposição permanente para viver e actuar segundo a vocação divina e as graças actuais, que designam as intervenções divinas que estão na origem da conversão ou no curso da obra da santificação”.[xvii]

Graças sacramentais: entre elas estão os «carismas” [xviii] que estão ordenados ao serviço da caridade, que edifica a Igreja; e as graças de estado, que acompanham o exercício das responsabilidades da vida cristã.[xix]

Como podemos apreciar, os diferentes adjectivos da Graça, mais que reflectir realidades diferentes – a Graça é sempre «certa participação na natureza divina” -, ajudam-nos a compreender os diferentes modos de tronar-se eficaz essa «participação”, nas variadas circunstâncias da nossa vida; e o modo de incidir na acção do cristão, sempre com a perspectiva do sentido total da sua vida: a união como «filho de Deus em Cristo”“, de ser «outro Cristo”, de ser o «próprio Cristo”.

Com estas premissas, sempre que fizermos referência à «graça de Cristo”, a «graça divinizadora”, empregaremos a palavra Graça, com maiúscula.

(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[i] Jo 14, 15
[ii] Jo 14, 9
[iii] Col 1, 15
[iv] Jo 14, 6
[v] Jo 15, 12
[vi] Mt 11, 29-30
[vii] Mc 10, 45
[viii] 1 Jo 4, 9
[ix] Jo 3, 16
[x] Jo 15, 13
[xi] Jo 14, 20-21
[xii] Jo 10, 38
[xiii] Jo 14, 23
[xiv] Jo 10, 10
[xv] Cfr. Págs, 48-49.
[xvi] Catecismo n. 1999
[xvii] Catecismo n. 2000
[xviii] Catecismo n. 2003
[xix] Catecismo n. 2004

É preciso que sejas homem de vida interior

É preciso que sejas "homem de Deus", homem de vida interior, homem de oração e de sacrifício. – O teu apostolado deve ser uma superabundância da tua vida "para dentro". (Caminho, 961)

Vida interior. Santidade nas tarefas usuais, santidade nas coisas pequenas, santidade no trabalho profissional, nas canseiras de todos os dias...; santidade para santificar os outros. Numa certa ocasião, um meu conhecido – nunca hei-de chegar a conhecê-lo bem – sonhava que ia a voar num avião a uma grande altura, mas não dentro da cabine; ia montado nas asas. Coitado do desgraçado: como sofria e se angustiava! Parecia que Nosso Senhor lhe dava a conhecer que assim andam pelas alturas – inseguras, inquietas – as almas apostólicas que não têm vida interior ou que a descuidam: com o perigo constante de caírem, sofrendo, incertas.

E penso, efectivamente, que correm um sério risco de se extraviarem os que se lançam à acção – ao activismo – prescindindo da oração, do sacrifício e dos meios indispensáveis para conseguir uma piedade sólida: a frequência dos Sacramentos, a meditação, o exame de consciência, a leitura espiritual, a convivência assídua com a Virgem Santíssima e com os Anjos da Guarda... Tudo isto contribui, além disso, com uma eficácia insubstituível, para que o caminho do cristão seja tão agradável, porque da sua riqueza interior jorram a doçura e a felicidade de Deus como o mel do favo.


Na intimidade pessoal, na conduta externa, no convívio com os outros, no trabalho, cada um há-de procurar manter-se numa contínua presença de Deus, com uma conversa – um diálogo – que não se manifesta exteriormente. Melhor dito, não se exprime normalmente com ruído de palavras, mas há-de notar-se pelo empenho e pela diligência amorosa com que acabamos bem as tarefas, tanto as importantes como as insignificantes. Se não procedêssemos com essa constância, seríamos pouco coerentes com a nossa condição de filhos de Deus, pois teríamos desperdiçado os recursos que Nosso Senhor colocou providencialmente ao nosso alcance, para chegarmos ao estado de homem perfeito, à medida da idade perfeita segundo Cristo. (Amigos de Deus, 18–19)

Temas para meditar - 428


Afecto filial



O afecto filial manifesta-se também em pedir uma vez e outra como filhos necessitados, até que nos conceda o que pedimos.


(F. F. CARVAJAL & PEDRO BETTETA LÓPEZ, Filhos de Deus, DIEL, ISBN 972-8040-08-03, nr. 77)

Pequena agenda do cristão

SÁBADO


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Tratado do verbo encarnado 149

Questão 25: Da adoração de Cristo

Art. 3 — Se a imagem de Cristo deve ser adorada com adoração de latria.

O terceiro discute-se assim. — Parece que à imagem de Cristo não deve ser adorada com adoração de latria.

1. — Pois, diz a Escritura: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma. Ora, nenhuma adoração deve ser prestada contra o preceito de Deus. Logo, a imagem de Cristo não deve ser adorada com adoração de latria.

2. Demais. — Não devemos imitar as práticas dos gentios, como diz o Apóstolo. Ora, os gentios são precipuamente acusados porque mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de figura de homem corruptível. Logo, a imagem de Cristo não deve ser adorada com adoração de latria.

3. Demais. — A Cristo é devida a adoração de latria em razão da divindade, e não, da humanidade. Ora, à imagem da sua divindade, impressa na alma racional, não é devida a adoração de Iatria. Logo, muito menos o é à imagem corpórea, que lhe representa a humanidade.

4. Demais. — No culto divino não se deve praticar senão o instituído por Deus. Por isso o Apóstolo, ao transmitir a doutrina do sacrifício da Igreja, diz; Eu recebi do Senhor o que também vos ensinei a vós. Ora, a Escritura nada nos diz sobre a adoração das imagens. Logo, a imagem de Cristo não deve ser adorada com adoração de latria.

Mas, em contrário, Damasceno cita Basílio, que diz: A honra prestada à imagem é prestada ao ser a que ela pertence, isto é, ao modelo. Ora, o modelo mesmo isto é, Cristo, deve ser adorado com adoração de latria. Logo, também a sua imagem.

Como diz o Filósofo, a nossa alma se aplica com duplo movimento, a uma imagem, à em si mesma, como uma determinada coisa e enquanto imagem de alguém. E entre esses dois movimentos há a diferença seguinte: o primeiro movimento, pelo qual nos aplicamos a uma imagem, enquanto uma determinada coisa, difere daquele pelo qual nos aplicamos ao ser a que ela pertence; ao passo que o segundo movimento, cujo objecto é a imagem como tal, é idêntico ao que tem por objecto o ser ao qual ela pertence. Donde, pois, devemos concluir, que à imagem de Cristo, enquanto uma determinada coisa, por exemplo, madeira esculpida ou pintada, nenhuma reverência é prestada, por que reverência só é devida à natureza racional. E daí resulta que lhe prestamos reverência só enquanto imagem. Donde se segue que a mesma reverência é prestada à imagem de Cristo e ao próprio Cristo. Sendo, portanto, Cristo adorado com adoração de latria, consequentemente a sua imagem deve ser adorada também com adoração de latria.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O referido preceito não proíbe fazer qualquer escultura ou imagem, mas, fazê-la para adorar, e por isso acrescenta: Não as adorarás nem lhes darás culto. Mas, como se disse, o movimento para a imagem é o mesmo que o para a realidade; por isso, é proibida a adoração da imagem do mesmo modo pelo qual o é a adoração do ser a que ela pertence. E por isso se entende a proibição, do lugar aduzido, de adorar as imagens, que os gentios faziam para venerar os seus deuses, isto é, os demónios. Donde o acrescentar a Escritura: Não terás deuses estrangeiros diante de mim. Pois, do verdadeiro Deus, que é incorpóreo, não se pode fazer nenhuma imagem corpórea; porque, como diz Damasceno, é suma insipiência e impiedade dar figura ao divino. Mas, como no Novo Testamento Deus se fez homem, pode ser adorado na sua imagem corpórea.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O Apóstolo proíbe tomarmos parte nas obras infrutuosas dos Gentios; mas não o proíbe que participemos das suas obras úteis, Ora, a adoração das imagens deve ser contada entre as obras infrutuosas, por duas razões. Primeiro, porque alguns gentios adoravam essas imagens como se fossem as realidades, crendo habitar nelas a divindade, por causa das respostas que os demónios por meio delas davam, e outros efeitos insólitos semelhantes. Segundo, por causa das realidades que elas manifestavam; pois, faziam essas imagens, de algumas criaturas, veneradas nelas pela veneração de latria Ao passo que nós adoramos por adoração de latria a imagem por causa da realidade que ela representa, como dissemos.

RESPOSTA À TERCEIRA. — À criatura racional é devida reverência, em si mesma. Donde, se à criatura racional, que é a imagem de Deus, fosse tributada a adoração de latria, poderia haver ocasião de erro; isto é, poderia o afecto dos adoradores limitar-se ao homem, como um determinado ser, sem se levar até Deus, de que ele é a imagem. O que não pode dar-se com a imagem esculpida ou pintada na matéria sensível.

RESPOSTA À QUARTA. — Os Apóstolos, por uma inspiração familiar do Espírito Santo, ensinaram algumas práticas a serem observadas pelas Igrejas, que não deixaram por escrito, mas na observância da Igreja, através das gerações dos fiéis, Por isso o próprio Apóstolo diz: Estai firmes e conservai as tradições que aprendestes, ou de palavra, isto é, proferida oralmente, ou de carta nossa, isto é, por um escrito transmitido. E entre essas tradições está a da adoração das imagens de Cristo. Por isso São Lucas pintou a imagem de Cristo, que, segundo se conta, está em Roma.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.