16/05/2015

O que pode ver em NUNC COEPI em 16 de Maio


São Josemaria – Textos

AMA - Meditações de Maio – 2015

A beleza de ser cristão (Ernesto Juliá), AMA - Comentários ao Evangelho Jo 16 23- 28, Ernesto Juliá Diaz

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 27- Art 1,São Tomás de Aquino


Agenda Sábado


Seguir Cristo: é este o segredo

Ao oferecer-te aquela História de Jesus, pus como dedicatória: "Que procures a Cristo. Que encontres a Cristo. Que ames a Cristo". – São três etapas claríssimas. Tentaste, pelo menos, viver a primeira? (Caminho, 382)

Como poderemos superar estes inconvenientes? Como conseguiremos fortalecer-nos nessa decisão que começa a parecer-nos muito pesada? Inspirando-nos no modelo que nos apresenta a Virgem Santíssima, nossa Mãe: uma rota muito ampla, que passa necessariamente através de Jesus.

Neste esforço por nos identificarmos com Cristo, costumo falar de quatro degraus: procurá-lo, encontrá-lo, conhecê-lo, amá-lo. Talvez pareça que estamos na primeira etapa... Procuremo-lo com fome, procuremo-lo dentro de nós com todas as forças! Se o fizermos com este empenho, atrevo-me a garantir que já O encontrámos e que já começámos a conhecê-lo e a amá-lo e a ter a nossa conversa nos céus.

Rogo a Nosso Senhor que nos decidamos a alimentar nas nossas almas a única ambição nobre, a única que merece a pena: ir ter com Jesus Cristo, como fizeram a sua Bendita Mãe e o Santo Patriarca, com ânsia, com abnegação, sem descuidos. Participaremos na dita da amizade divina – num recolhimento interior, compatível com os nossos deveres profissionais e sociais – e agradecer-Lhe-emos a delicadeza e a caridade com que Ele nos ensina a cumprir a Vontade do Nosso Pai que está nos céus.


Seguir Cristo: é este o segredo. Acompanhá-lo tão de perto, que vivamos com Ele, como os primeiros doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos. Se não levantarmos obstáculos à graça, não tardaremos a afirmar que nos revestimos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Senhor reflecte-se na nossa conduta como num espelho. Se o espelho for como deve ser, captará o rosto amabilíssimo do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas: e os outros terão a possibilidade de O admirar, de O seguir. (Amigos de Deus, nn. 299–303)

Evangelho, comentário .L Espiritual (A beleza de ser cristão)



Semana VI da Páscoa

Evangelho: Jo 16 23-28

23 Naquele dia, não Me interrogareis sobre nada. «Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes a Meu Pai alguma coisa em Meu nome, Ele vo-la dará. 24 Até agora não pedistes nada em Meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. 25 «Disse-vos estas coisas em parábolas. Mas vem o tempo em que não vos falarei já por parábolas, mas vos falarei abertamente do Pai. 26 Nesse dia pedireis em Meu nome, e não vos digo que hei-de rogar ao Pai por vós, 27 porque o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que saí do Pai. 28 Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo e vou para o Pai».

Comentário:

A alegria!
Nestes tempos conturbados, nós, filhos de Deus, temos der ter bem presentes estas palavras de Cristo.

Para que a nossa alegria seja completa temos de pedir a Deus o que necessitamos e, Ele, nos dará o que nos fizer falta e, sobretudo, for para nosso bem.

E não é verdade que quem obtém o que pede fica feliz e contente?

Não deixemos que as dificuldades sejam quais forem condicionem a nossa vida.
Para ser santos, que é o que desejamos, temos de ser alegres porque não há santidade sem alegria.

(ama, comentário sobre Jo 16, 23-28, 2013.05.11)

Leitura espiritual



a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE



xiv -o espírito das bem-aventuranças

…/2

        Por vezes podemos cair na tentação de considerar a em Cristo, o viver com Cristo, como «algo» acrescentado à nossa vida como ma «carga» que enriquece a nossa capacidade humana natural ou como uma «limitação» que Deus pôs sobre nós.

        Uma «carga» que ainda que sendo suave e ligeira, supõe para o homem principalmente uma obrigação nem sempre fácil de levar a cabo e por vezes até carente de um sentido segundo o nosso ponto de vista.
E uma «limitação» da qual não se compreende o sentido como se Deus pretendesse evitar o desenvolvimento natural da natureza humana como se a vida Graça fosse uma limitação à vida da natureza.

        Nenhuma dessas considerações corresponde à realidade.
A vida da Graça que já sabemos em que consiste, está enxertada na vida natural do homem e ao enxertar-se não se converte nem numa carga nem numa limitação.
A vida da Graça origina o desenvolvimento da riqueza recebida na natureza humana enriquecida pelo enxerto da participação na natureza divina.
A natureza do homem crescia preparada para receber o enxerto e não poderia culminar do seu desenvolvimento sem a nova seiva.

        A vida das Bem-Aventuranças é a manifestação de o enxero foi eficaz de que produziu fruto.

        As palavras do próprio Cristo depois de enunciar as Bem-Aventuranças abrem outros horizontes para a compreensão das modalidades dessa nova vida de que Ele se vai apresentar-se-nos como exemplo vivo.
A vida que se expressa nas Bem-Aventuranças manifesta que o homem natural se converteu em homem cristão.

        «Vós sois o sal da terra». «Vós sois a luz do mundo», diz o Senhor aos Seus discípulos.
E não se limita a uma simples afirmação antes sublinha a importância de que entendam claramente os que lhes quer dizer.

        «Vós sois o sal da terra». Mas se o sal se desvirtua com que se salgará? Já não serve para mais nada que para ser atirado fora e ser pisado pelos homens» [1].
O Senhor simplesmente sublinha a importância de O seguir, a importância que a nova vida nela deite raízes no espírito dos seus discípulos?

        A perspectiva que Cristo quer abrir na mente e no coração dos homens amplia-se ainda mais se lemos as palavras que a seguir pronuncia reforçando o que disse: «Vós sois a luz do mundo. Uma cidade situada no cimo de um monte não pode estar oculta. Nem tampouco se acende uma lâmpada para a colocar debaixo de um alqueire mas sim sobre o candelabro para que alumie todos os que estão em casa. Brilhe assim a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» [2].

        Jesus Cristo afirmou de Si próprio que «enquanto estou no mundo sou a luz do mundo» [3].
Na realidade Cristo está sempre no mundo portanto nunca deixa de ser a «luz do mundo».
Uma vez ascendido ao Céu continua estando na terra na Eucaristia e em todos os Sacramentos e associa os seus discípulos convertidos pela vida das Bem-Aventuranças à sua missão de desterrar as trevas da terra.

        E fá-lo convertendo-os também em luz do mundo.
Como?
Continua vivendo neles pela acção da Graça nos Sacramentos.
Essa graça move os discípulos a levar a cabo todas as suas acções na terra: piedade, trabalho, vida de família, relações sociais, políticas, culturais, etc., com Cristo, por Cristo, em Cristo vivendo o espírito das Bem-Aventuranças.

        Esse desejo do Senhor de nos associar à sua missão permite-nos afirmar que Deus conta connosco que quis «ter necessidade do homem», para que u «seu» sal jamais falte na terra, para que a «sua» luz não diminua nem se apague no mundo.

        Só a vida das Bem-Aventuranças se converte em vida do cristão, ou melhor, só se o cristão se converte na vida das Bem-Aventuranças poderá ser realidade na pessoa de cada cristão audacíssima – e tão recordada – afirmação de São Paulo «vivo mas já não sou eu que vive mas Cristo que vive em mim» [4].

        Ao longo da história da Igreja entre os diferentes escritores espirituais e comentadores bíblicos abundaram as diferentes interpretações sobre o sentido real de cada uma das Bem-Aventuranças.
Nem todos entenderam da mesma forma o significado de «pobre de espírito». O que implica ser «manso», a quem se refere o Senhor quando fala de «os que têm fome e sede de justiça», et.
Esta variedade enriqueceu a compreensão de cada Bem-Aventurança.

        Por outro lado alguns autores trataram, e tratam, estabelecer relações entre as Bem-Aventuranças e os Dons do Espírito Santo.
Somente por curiosidade assinalamos os vínculos eu Santo Agostinho sugere entre umas e outros:

        A Bem-Aventurança dos pobres de espírito com o Dom do Temor de Deus;
        A dos mansos com o dom de piedade;
        A dos que choram e dom de ciência,
        A dos que têm fome e sede de justiça com o dom de fortaleza;
        A dos misericordiosos e o dom de conselho;
        A dos limpos de coração e o dom de entendimento;
A dos pacíficos com o dom de sabedoria.
A oitava Bem-Aventurança vem a ser a consumação e a perfeição das outras sete.

Por tudo quanto temos vindo a assinalar nestas páginas e nos capítulos anteriores podemos agora afirmar que cada uma das Bem-Aventuranças é fruto da Graça e da acção do Espírito Santo na alma do crente.
E isto de tal forma que chegar a viver a vida das Bem-Aventuranças é a consequência do crescimento da acção conjunta da Fé, da Esperança e da Caridade.

        A Fé, a Esperança e a Caridade constituem e manifestam – como já consideramos – a dimensão cristã da pessoa, dimensão sempre sustentada pelas capacidades da natureza humana: inteligência, memória e vontade.
As chamadas três virtudes teologais verificam-se amorosamente entrelaçadas em cada acto humano-cristão, com predomínio de uma e de outra segundo os casos, como acontece no obrar humano-natural, que requer o concurso,
 Nem sempre proporcionalmente igual, da inteligência, da memória e da vontade.

        De forma semelhante também podemos assinalar que todos os Dons do Espírito Santo influem e cada acção do cristão, fortificando e enriquecendo a Fé, a Esperança e a Caridade.

o sentido de cada bem-aventurança

        Com estes pressupostos e esclarecimentos, temos de entrar agora na breve exposição do sentido de cada Bem-Aventurança para tratar de conseguir uma visão mais precisa na medida parcial que cada um de nós, da vida que a «nova criatura em Cristo Jesus» está chamada a viver, pode alcançar.

        Na esperança que possam constituir ajuda para uma melhor compreensão assinalo algumas passagens do Evangelho em que Cristo nos dá exemplo da cada Bem-Aventurança.
E ao mesmo tempo sublinharemos a acção de uma das três Virtudes Teologais em viver cada Bem-Aventurança sem esquecer a acção conjunta das três.

        Em concreto quem podemos considerar como pobres de espírito?
Os que são conscientes das limitações que a sua condição de criaturas e de que a vida e todas as qualidades de que se vêm enriquecidos são dons gratuitos de Deus.
E com essa consciência que se manifesta num coração contrito e humilde, reza confiadamente a Cristo pedindo-lhe pelas suas necessidades e alegrando-se ao dirigirem-se ao seu Pai Deus.

        Cristo dá-nos exemplo deste viver «pobre de espírito» quando reza e agradece ao Pai que o escute: «Pei dou-te graças porque me escutaste, eu sei que me escutas sempre» [5].
Também quando sublinha a sua «dependência» do Pai: «porque não falei por mim mas sim pelo Pai que me enviou, mandou-me o que tenho de dizer e falar e eu sei que o seu mandamento é vida eterna. Por isso, as palavras que digo, digo-as como o Pai as disse a mim» [6].

        Nesta Bem-Aventurança podemos sublinhar o predomínio da acção da Fé.


(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[1] Mt 5, 13
[2] Mt 5, 14-16
[3] Jo 9, 5
[4] Ga 2, 20
[5] Jo 11, 41-42
[6] Jo 12, 49-50

Meditações de Maio 16

Salve Rainha, Mãe de misericórdia, Vida e doçura, Esperança nossa, A vós bradamos, Degredados filhos de Eva, A vós suspiramos, Gemendo e chorando, Neste vale de lágrimas.
Eia pois advogada nossa, Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, E depois deste desterro, Mostrai-nos Jesus, Bendito fruto do vosso ventre, Ó clemente,

Ó piedosa

Incute em nós essa virtude de piedade filial que nos conduza por um entranhado amor que nunca se deixe subverter.



(ama, meditações de Maio, Salve Rainha, 2015)

Pequena agenda do cristão


SÁBADO


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Tratado da vida de Cristo 1

Tratado da vida de Cristo

Questão 27: Da santificação da Virgem Maria
Questão 28: Da virgindade da Santa Virgem Maria
Questão 29: Dos desposórios da Mãe de Deus
Questão 30: Da Anunciação da Santa Virgem
Questão 31: Da concepção do Salvador quanto à matéria de que o Seu corpo foi concebido
Questão 32: Do princípio ativo na concepção de Cristo
Questão 33: Do modo e da ordem da concepção de Cristo
Questão 34: Da perfeição do filho concebido
Questão 35: Da natividade de Cristo
Questão 36: Da manifestação de Cristo nascido
Questão 37: Da circuncisão de Cristo
Questão 38: Do baptismo de João
Questão 39: Do baptizado de Cristo
Questão 40: Do género de vida que levou Cristo
Questão 41: Da tentação de Cristo
Questão 42: Da doutrina de Cristo
Questão 43: Dos milagres feitos por Cristo em geral
Questão 44: De cada uma das espécies de milagres.
Questão 45: Da transfiguração de Cristo
Questão 46: Da Paixão de Cristo
Questão 47: Da causa eficiente da paixão de Cristo
Questão 48: Do modo da paixão de Cristo
Questão 49: Dos efeitos da paixão de Cristo
Questão 50: A morte de Cristo
Questão 51: Da sepultura de Cristo
Questão 52: Da descida de Cristo aos infernos
Questão 53: Da ressurreição de Cristo
Questão 54: Da qualidade de Cristo ressurrecto
Questão 55: Da manifestação da ressurreição
Questão 56: Da causalidade da ressurreição de Cristo
Questão 57: Da Ascensão de Cristo
Questão 58: De Cristo sentado à direita do Pai
Questão 59: Do poder judiciário de Cristo
Questão 27: Da santificação da Virgem Maria

Depois de termos tratado da união de Deus e do homem e do que resulta dessa união, resta tratarmos do que fez ou sofreu o Filho de Deus encarnado na natureza humana a que se uniu. Cujo tratado é quadripartido. Assim, primeiro, consideraremos o pertinente ao seu ingresso no mundo. Segundo, o pertinente ao desenrolar-se da sua vida neste mundo. Terceiro, a sua partida deste mundo. Quarto, do relativo à sua exaltação, depois desta vida.

No primeiro tratado, quatro pontos devem ser considerados. Primeiro, a concepção de Cristo. Segundo, a sua natividade. Terceiro, a sua circuncisão. Quarto, o seu baptismo. Sobre a sua concepção, devemos, primeiro, tratar de certos pontos relativos à conceição de sua mãe. Segundo, do modo da conceição. Terceiro, da perfeição do filho concebido. Quanto à mãe, quatro questões se oferecem ao nosso exame. Primeiro, a sua santificação. Segundo, a sua virgindade. Terceiro, os seus desposórios. Quarto, a sua anunciação. Quinto, a sua preparação para conceber.

Na primeira questão discutem-se seis artigos:

Art. 1 — Se a Santa Virgem foi santificada antes de nascer, no ventre materno.
Art. 2 — Se a Santa Virgem foi santificada antes de ser animada.
Art. 3 — Se a Santa Virgem foi purificada do contágio do gérmen da concupiscência.
Art. 4 — Se pela santificação no ventre materno a Santa Virgem foi preservada de todo pecado actual.
Art. 5 — Se a Santa Virgem, pela santificação no ventre materno, obteve a plenitude ou a perfeição da graça.
Art. 6 — Se ser santificada no ventre materno foi, depois de Cristo, próprio à Santa Virgem.

Art. 1 — Se a Santa Virgem foi santificada antes de nascer, no ventre materno.

 O primeiro discute-se assim. — Parece que a Santa Virgem não foi santificada antes de nascer, no ventre materno.

1 — Pois, diz o Apóstolo: Não primeiro o que é espiritual, senão o que é animal, depois o que é espiritual. Ora, pela graça da santificação o homem nasce espiritualmente filho de Deus, segundo o Evangelho: Nasceram de Deus. Mas, a natividade, do ventre, é uma natividade corpórea. Logo, a Santa Virgem não foi santificada, antes de nascer do ventre materno.

2 — Demais. Agostinho diz: A santificação, que nos torna templos de Deus, só é a dos renascidos. Ora, ninguém renasce senão depois de nascer. Logo, a Santa Virgem não foi santificada, antes de nascida do ventre materno.

3 — Demais. Todo santificado pela graça é purificado do pecado original e do actual. Se, pois, a Santa Virgem foi santificada antes da natividade no ventre materno, foi então, por consequência purificada do pecado original. Ora, só o pecado original podia impedir-lhe a entrada no reino celeste. Se, portanto, tivesse morrido, então, teria transposto as portas do reino celeste. O que contudo não podia dar-se, antes da paixão de Cristo; pois, como diz o Apóstolo, temos confiança de entrar no santuário, pelo sangue de Cristo. Donde se conclui, portanto, que a Santa Virgem não foi santificada antes de nascida do ventre materno.

4 — Demais. O pecado original é o que vem de origem, assim como o pecado actual, o que pressupõe um acto. Ora, enquanto praticamos o acto de pecar não podemos ser purificados do pecado. Logo, também a Beata Virgem não podia ser purificada do pecado original, enquanto existia original e actualmente no ventre materno.

Mas, em contrário, a Igreja celebra a natividade da Santa Virgem; ora, a Igreja não celebra nenhuma festa senão por algum santo. Logo, a Santa Virgem, na sua própria natividade, não foi santa. Logo, foi santificada no ventre materno.

Sobre se a Santa Virgem foi santificada no ventre materno, nada nos ensina a Escritura canónica, a qual também não faz menção da sua actividade. Mas, assim como Agostinho prova com razões que a Virgem foi assumpta ao céu em corpo, o que contudo não o diz a Escritura, assim também podemos pensar racionalmente que foi santificada no ventre materno. Pois, é racional crermos, que aquela que gerou o Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade, recebeu maiores privilégios de graça que as demais mulheres. E por isso diz o Evangelho, que o Anjo lhe anunciou: Ave, cheia de graça. Pois, sabemos que a alguns foi concedido esse privilégio da santificação no ventre materno; assim, a Jeremias, a quem foi dito – Antes que tu saísses da clausura do ventre materno, te santifiquei. E a João Batista, de quem foi dito. Já desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo. Donde e racionalmente, cremos que a Santa Virgem foi santificada, antes de nascer, no ventre materno.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Também na Santa Virgem primeiro existiu o corpo e depois, o espírito; pois, foi primeiro concebida carnalmente e depois, santificada no seu espírito.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Agostinho exprime-se segundo a lei comum, pela qual ninguém se regenera pelos sacramentos senão depois de ter nascido. Mas Deus não sujeitou o seu poder a essa lei dos sacramentos, que não pudesse conferir a sua graça, por um especial privilégio, a alguns, mesmo antes de nascidos do ventre materno.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A Santa Virgem foi purificada, no ventre materno, do pecado original, quanto à mácula pessoal; mas não ficou isenta do reato, a que toda natureza estava sujeita, não podendo por isso entrar no paraíso, senão mediante o sacrifício de Cristo; como também se deu com os santos Patriarcas que existiram antes de Cristo.

RESPOSTA À QUARTA. — O pecado original foi contraído na origem, pois é pela origem que se comunica a natureza humana, a que propriamente respeita o pecado original. O que se dá quando a criatura concebida recebe a alma. E por isso nada impede que ela seja purificada, depois de recebida a alma; pois, depois disso, se ainda continua no ventre materno, é para receber, não a natureza humana, mas uma certa perfeição da natureza já recebida.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.