19/05/2015

O que pode ver em NUNC COEPI em 19 de Maio

São Josemaria – Textos

AMA - Meditações de Maio – 2015

A beleza de ser cristão (Ernesto Juliá), Ernesto Juliá Diaz

Bento XVI - Pensamentos espirituais

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 27- Art 2,São Tomás de Aquino


Agenda Terça-Feira

Segui-lo-ás em tudo o que te pedir

Se de verdade desejas que o teu coração reaja de um modo seguro, aconselho-te que te metas numa Chaga de Nosso Senhor: assim terás intimidade com Ele, pegar-te-ás a Ele, sentirás palpitar o seu Coração... e segui-lo-ás em tudo o que te pedir. (Forja, 755)

Quem cultiva uma teologia incerta e uma moral relaxada, sem freios; quem pratica, a seu capricho, uma liturgia duvidosa, com uma disciplina de hippies e um governo irresponsável, não é de admirar que propague contra os que só falam de Jesus Cristo invejas, suspeitas, acusações falsas, ofensas, maus tratos, humilhações, intrigas e vexames de todo o género.

Quando admiramos e amamos deveras a Santíssima Humanidade de Jesus, descobrimos, uma a uma, as suas Chagas. E nesses tempos de expiação passiva, penosos, fortes, de lágrimas doces e amargas que procuramos esconder, sentiremos necessidade de nos meter dentro de cada uma daquelas Feridas Santíssimas: para nos purificarmos, para nos enchermos de alegria com esse Sangue redentor, para nos fortalecermos. Recorreremos a elas como as pombas que, no dizer da Escritura, se escondem nos buracos das rochas na hora da tempestade. Escondemo-nos nesse refúgio, para encontrar a intimidade de Cristo: e veremos que o seu modo de conversar é aprazível e o seu rosto formoso, porque os que sabem que a sua voz é suave e grata, são os que receberam a graça do Evangelho, que os faz dizer: Tu tens palavras de vida eterna.


Não pensemos que, nesta senda da contemplação, as paixões se calam definitivamente. Enganar-nos-íamos se supuséssemos que a ânsia de procurar Cristo, a realidade do seu encontro e do seu convívio e a doçura do seu amor nos tornavam pessoas impecáveis. Embora não lhes falte experiência disso, deixem-me, no entanto, recordá-lo. O inimigo de Deus e do homem, Satanás, não se dá por vencido, não descansa. E assedia-nos, mesmo quando a alma arde inflamada no amor de Deus. Sabe que nessa altura a queda é mais difícil, mas que – se conseguir que a criatura ofenda o seu Senhor, ainda que seja em pouco – poderá lançar naquela consciência a grave tentação do desespero. (Amigos de Deus, nn. 301–303)

Evangelho, comentário .L Espiritual (A beleza de ser cristão)



Semana VII da Páscoa

Evangelho: Jo 17 1-11

1 Assim falou Jesus; depois, levantando os olhos ao céu, disse: «Pai, chegou a hora: Glorifica o Teu Filho, para que Teu Filho Te glorifique a Ti 2 e, pelo poder que Lhe deste sobre toda a criatura, dê a vida eterna a todos os que lhe deste. 3 Ora a vida eterna é esta: Que Te conheçam a Ti como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a Quem enviaste. 4 Glorifiquei-Te sobre a terra; acabei a obra que Me deste a fazer. 5 E agora, Pai, glorifica-Me junto de Ti mesmo, com aquela glória que tinha em Ti antes que houvesse mundo. 6 «Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do meio do mundo. Eram Teus e Tu Mos deste; e guardaram a Tua palavra. 7 Agora sabem que todas as coisas que Me deste vêm de Ti, 8 porque lhes comuniquei as palavras que Me confiaste; eles as receberam, e conheceram verdadeiramente que Eu saí de Ti e creram que Me enviaste. 9 «É por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são Teus. 10 Todas as Minhas coisas são Tuas e todas as Tuas coisas são Minhas; e neles sou glorificado. 11 Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para Ti. Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste para que sejam um, assim como Nós.

Comentário:

Fica muito claro, pelas palavras de Jesus Cristo, que todos os homens pertencem a Deus. De facto, Ele é o Criador de todas as coisas, de tudo quanto existe.
Sendo uma Verdade de Fé, quem acredita sabe seguramente que veio de Deus e para Ele irá depois da sua passagem, breve ou não, pela vida terrena.

E é esta a “preocupação” de Deus Filho: que todos acreditemos que é assim!

E, também, de Deus Espírito Santo: Dar a todos as luzes suficientes e indispensáveis para tal!

(ama, meditação sobre Jo 17, 1-11, 2014.06.03)

Leitura espiritual



a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE



xiv -o espírito das bem-aventuranças

…/5

xv os frutos do espírito santo

       
        A presença dos Frutos do Espírito Santo confirma que a acção da Graça se consolidou no homem.
Esse enraizamento manifestra-se como os efeitos da acção do Espírito Santo no homem e ao mesmo tempo – a outra face da mesma moeda – como uma expressão da vida eterna já operante na alma do homem redimido.

        «Convém que Ele cresça e eu diminua».
Palavras de São João Baptista que revelam claramente o sentido da nossa conversão pela acção da graça.
Cristo há-de crescer em nós dikinuimos quendo Ele cresce ao ter sido enxertados nele.
A pessoa humana diminui verdadeiramente como desenvolvimento da vida de Cristo nela?
Ao aplicar essas palavras à nossa conversão não devemos esquecer o contexto em que o Predecessor as pronunciou.

        São João é consciente que o seu ministério a missão para a qual foi enviado chega ao seu fim com a vinda de Jesus Cristo.
Ele, portanto, há-de dar lugar à acção do Messias e é Cristo ante os seus discípulos quem há-de crescer no mundo.
Ele, or sua vez, há-de abandonar a sua tarefa.

        No cristão esse abandono e «diminuição» da vida do «eu» vão unidos ao crescimento de Cristo no seu espírito, do «crescimento» em Cristo na alma porque para isso foi enviado.
Portanto mais que um «diminuir» do «eu» pode falar-se de um «realizar-se» de um «encontrar-se» do homem consigo próprio no «crescimento» da vida de Cristo no seu espírito, do «crescimento» em Cristo que que enche de sentido o «ser» do homem.

        O «eu» humano ao viver com Cristo e em Cristo não diminui, transforma-se.
O «eu» do homem encontra o seu verdadeiro sentido no «Eu» de Cristo.
O homem sem Cristo chega a tornar-se estranho a si próprio.

        Este é o mesmo significado que encontramos nas palavras do Senhor a propósito do seu seguimento: «Se alguém quer vir a pós mim negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e sega-me. Porque quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á mas quem perde a sua alma por mim encontrá-la-á» ([1]).

        Com esta perspectiva estamos em condições de nos darmos conta que os Frutos do Espírito Santo não são uma espécie de apêndice na vida espiritual de um cristão como se costuma considera-los nos estudos mais alargados sobre a espiritualidade.
Na realidade, estes Frutos manifestam o rosto da nova criatura em Cristo, e estão germinando no homem desde os seus primeiros passos como cristão.


        Podemos resumir dizendo que os Frutos manifestam a conversão de uma alma que guiada pelo Espírito Santo vai vivendo os Mandamentos com o espírito das Bem-Aventuranças.
E torna possível que todo o seu ser de criatura se vá convertendo em filho de Deus em Cristo Jesus sem em nenhum momento deixar de ser criatura.

        Quais são esses Frutos?
São Paulo escreve: «Os Frutos do Espírito são: Caridade, gozo, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fé, mansidão, continência. Contra tais Frutos não há lei» ([2]).

        Nalgumas versões antigas o número era de doze.
Nessa relação apareciam também a paciência, a modéstia e a castidade que, na realidade, estão incluídos nos Frutos da mansidão e da continência.
Não obstante o Catecismo recolhe a enumeração tradicional de doze: «caridade, gozo, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» ([3]).
A nova Vulgata todavia volta a lista de nove.

        Há que ter em conta que esta lista dos Frutos que a acção de Espírito Santo origina na alma é simplesmente indicativa da transformação em «nova criatura» e nunca, nem agora nem ao longo da tradição na Igreja se considerou como uma relação com carácter exaustivo e muito menos excludente.
Com toda a verdade pode dizer-se que qualquer bem  que o homem alcance ao realizar é fruto da acção do Espírito Santo na sua alma.

        É praticamente impossível de catalogar com precisão até nos seus últimos detalhes o desenvolvimento da vida de Cristo no homem, entre outras razões, porque o objectivo desse crescimento não é alcançar uma meta determinada, um modelo de ser humano já fixado em todos os seus detalhes mas de tornar possível que Cristo viva em cada crente de uma forma sempre nova, diferente, única e por caminhos irrepetíveis em qualquer criatura.

        Todavia no seu conjunto a enumeração de São Paulo dos Frutos do Espírito Santo ajudam-nos a compreender com clareza e perspectiva a actuação da Grça na alma cristã.

        Para entender com mais plenitude de significado o sentido da «nova criatura» que se manifesta nos Frutos do Espírito Santo parece oportuno fazer um breve esclarecimento asntes de começar a expposição de cada um dos Frutos.

        O capítulo 5 da Carta aos Gálatas começa com umas palavras muito significativas: «Cristo libertou-nos para sermos livres, Mantendo-vos pois firmes e não vos deixeis oprimir novamente sob o jugo da escravidão».
E pouco mais adiante o Apóstolo insite de novo na mesma chamada à «liberdade» desta vez assinalando os perigos de não receber convenientemente os dons de Deus: «porque, irmãos,  fostes chamados à liberdade só que não tomeis dessa liberdade pretexto para a carne antes pelo contrário servi-vos por amor uns dos outros» ([4]).

        São Paulo passa depois a enumerar as «obras da carne», que são: «fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódios, discórdia, ciúmes, iras, disputas, divisões, invejas, embriaguez, orgias e coisas semelhantes sobre as quais vos previno como já vos preveni que os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus» ([5]).

        Alguns autores interpretaram em sentido estritamente literal – e portanto redutor – a oposição que o Apóstolo faz à comparação entre estas obras e os Frutos do Espírito Santo  e entenderam a carne no sentido mais realista e óbvio possível.
Esta interpretação manteve-se mais ou menos viva entre um bom número de autores chegando em alguns a tomar um certo ar de maniqueísmo nada concordante com o Evangelho.

        Parece-nos mais lógico e mais próximo do sentido da Escritura seguir o parecer dos que consideram que a contraposição real não está entre o espírito e a carne do ser humano mas sim entre os frutos da graça de Deus e as consequência do pecado no homem.
«Car e Espírito» ressaltam entre o viver do «homem velho» submetido à lei do pecado e pelo pecado e a vida que germina no «homem novo», vida que culmina na «liberdade da glória de Filhos de Deus» ([6]) precisamente pela acção do Espírito Santo na alma do crente, acção que se manifesta na consolidação dos frutos do Espírito Santo na pessoa do «homem novo».

        Ainda que seja voltar a algo já assinalado não podemos deixar de insistir que a análise que faremos em seguida é necessariamente muito breve.
Levá-la-ei a cabo, todavia, na esperança que sirva para uma melhor compreensão da vida cristã.

breve exposição sobre os frutos

        Como já vimos, alguns autores estabelecem uma relação entre as Bem-Aventuranças  e os dons do Espírito Santo talvez no desejo de tornar mais compreensível o entramado da vida sobrenatural no homem.

        Também foi comum estabelecer um vínculo entre os frutos e os dons atribuindo a cada dom a origem de uns determinados frutos.
Somente como exemplo recolhemos uma dessas qualificações que a lista de doze frutos utiliza e estabelece as seguintes correlações entre dons e frutos.

        Aio dom de temor: os frutos da modéstia, a continência e a castidade.
        Ao dom de piedade: os frutos da bondade, da benignidade e da mansidão.
Ao dom de fortaleza: os frutos da paciência e da longanimidade.
Ao dom de ciência: os frutos da fé e gozo espiritual.
Ao dom de conselho: os frutos da bondade e da benignidade.
Ao dom de entendimento: também os frutos da fé e gozo espiritual.
Ao dom de sabedoria: os frutos da caridade, o gozo e a paz.

Nós e tendo em conta o que assinalámos ao longo destas páginas a propósito da Fé, da Esperança e da Caridade virtudes nas quais vimos as raízes  e os canais da vida da Graça, limitar-nos-emos ao fazer a breve exposição de cada Fruto a assinalar a sua relação com uma destas virtudes sobrenaturais.

Lembramos que o fruto final e conclusivo da acção do Espírito Santo nas almas e compêndio de todos e cada um dos Frutos, é a renovação do homem e de toda a criação.
Assim o expressa a Liturgia «Evia o Teu Espírito e renovarás a face da terra».
O homem novo e a nova terra serão o resultado da missão e da acção do Espírito Santo.
       

(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[1] Mt 16, 24-35
[2] Ga 5 22-23
[3] Catecismo n. 1832
[4] Ga 5 1 e 13
[5] Ga 5 19-21
[6] Ro 8, 21

Meditações de Maio 19

Salve Rainha, Mãe de misericórdia, Vida e doçura, Esperança nossa, A vós bradamos, Degredados filhos de Eva, A vós suspiramos, Gemendo e chorando, Neste vale de lágrimas.
Eia pois advogada nossa, Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, E depois deste desterro, Mostrai-nos Jesus, Bendito fruto do vosso ventre, Ó clemente, Ó piedosa, Ó doce, Sempre Virgem Maria.

Rogai por nós Santa mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.


Nós não somos nem dignos nem capazes de alcançar as magnificas promessas do teu Divino Filho.
Leva-nos pela tua mão de Mãe por um caminho seguro para que o consigamos.

(ama, meditações de Maio, Salve Rainha, 2015)

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Bento VXI – Pensamentos espirituais 51

Água e vinho



A água dá a fertilidade à terra: ela é o dom fundamenta], que torna a vida possível. O vinho, por sua vez, exprime a excelência da criação, dá-nos a festa pela qual ultrapassamos os limites do quotidiano: o vinho «alegra o coração».

Homilia na abertura do sínodo dos bispos, (2.Out.05)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)


Tratado da vida de Cristo 2

Questão 27: Da santificação da Virgem Maria

Art. 2 — Se a Santa Virgem foi santificada antes de ser animada.

O segundo discute-se assim. — Parece que a Santa Virgem foi santificada antes de ser animada.

1 - Pois, como se disse, mais graças foram conferidas à Virgem Mãe de Deus, que a qualquer santo. Ora, a alguns foi concedido o serem santificados antes da animação. Pois, diz a Escritura: Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; ora, a alma não é infundida antes da formação do corpo. Semelhantemente diz, de João Batista, Ambrósio: Ainda não tinha o espírito da vida e já nele existia o Espírito da graça. Logo, com muito maior razão, a Santa Virgem podia ser santificada, antes da animação.

2. Demais. — Era conveniente, como diz Anselmo, que a Santa Virgem resplendesse pela maior pureza possível, logo abaixo de Deus. Donde o dizer a Escritura: Toda tu és formosa, amiga minha, e em ti não há mácula. Ora, maior seria a pureza da Santa Virgem se nunca a sua alma tivesse sido inquinada do contágio do pecado original. Logo, foi-lhe concedida a santificação da carne, antes de animada.

3. Demais. — Como se disse, não se celebra festa senão de quem é santo. Ora, alguns celebram a festa da Conceição da Santa Virgem. Logo, parece que foi santa na sua própria concepção. E assim foi santificada antes da animação.

4. Demais. — O Apóstolo diz: Se a raiz é Santa, também os ramos. Ora, a raiz dos filhos são os seus pais. Logo, a Santa Virgem também podia ser santificada nos seus pais antes da animação.

Mas, em contrário, as coisas do Antigo Testamento são as figuras do Novo, conforme o Apóstolo: Todas estas coisas lhes aconteciam a eles em figura. Ora, parece que a santificação do tabernáculo, do qual diz a Escritura — santificou o seu tabernáculo o Altíssimo — significa a santificação da Mãe de Deus, chamada também pela Escritura, tabernáculo de Deus, como se lê: No sol pôs o seu tabernáculo. E do tabernáculo foi ainda dito: Depois de acabadas todas estas coisas, cobriu uma nuvem o tabernáculo do testemunho e a glória do Senhor o encheu. Logo, também a Santa Virgem não foi santificada, senão depois de perfeitas todas as suas partes, isto é, o corpo e a alma.

Podemos dar dupla razão da santificação da Santa Virgem, antes de animada. A primeira é que, a santificação, de que tratamos não é mais que a purificação do pecado original; pois, a santidade é a pureza perfeita, como diz Dionísio. Ora, a culpa só pode ser delida pela graça, cujo sujeito só é a criatura racional. E por isso, antes, da infusão da alma racional, a Santa Virgem não foi purificada. — Segundo, porque, sendo susceptível de culpa só a criatura racional o ser concebido não é contaminado pela culpa senão depois da infusão da alma racional. Assim, de qualquer modo que a Santa Virgem fosse santificada, antes da animação, não teria nunca incorrido na mácula da culpa original; e, portanto, não teria precisado da redenção e da salvação, operada por Cristo, de quem diz o Evangelho: Ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, é inadmissível que Cristo não seja o Salvador de todos os homens, como diz o Apóstolo. - Donde se conclui, que a santificação da Santa Virgem se deu depois da sua animação.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Quando o Senhor diz que conheceu Jeremias, antes de formado no ventre materno, isso entende-se, pela ciência de predestinação; mas diz que o santificou, não antes de formado, mas antes de saído do ventre materno. — Quanto ao dizer Ambrósio, que João Batista ainda não tinha o espírito da vida e já tinha o Espírito da graça, não se deve entender como significando o espírito da vida a alma vivificante, mas significando espírito o ar exterior respirado. Ou podemos dizer, que ainda não tinha o espírito da vida, isto é, a alma, nas suas operações manifestas e completas.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O não ter sido nunca a alma da Santa Virgem inquinada do contágio do pecado original, opor-se-ia à dignidade de Cristo, como Salvador universal de todos. Por isso, logo abaixo de Cristo, que não precisava ser salvo, como Salvador universal, a máxima pureza foi a de Santa. Virgem. Pois, Cristo de nenhum modo contraiu o pecado original, mas foi santo desde a sua conceição, segundo o Evangelho: O santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. Mas, a Santa Virgem contraiu por certo o pecado original, sendo contudo purificada dele, antes de nascida do ventre materno. E é o que significa a Escritura quando diz, referindo-se à noite do pecado original. Espere a luz, isto é, Cristo, e não a veja – porque nada mais manchado cai nela; nem o nascimento da aurora quando raia, isto é, da Santa Virgem, que, no seu nascimento, foi imune do pecado original.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora a Igreja Romana não celebre a Conceição da Santa Virgem, tolera contudo o costume de certas igrejas celebrarem essa festividade.[i] Por isso, não deve essa celebração ser totalmente reprovada. Nem o facto, porém, de ser celebrada a festa da Conceição, significa que a Virgem foi santa na sua Conceição. Mas sim, que por se lhe ignorar o tempo da santificação, celebram-lhe a festa da santificação, antes que a da conceição, no dia da conceição.

RESPOSTA À QUARTA. — Há duas espécies de santificação. — Uma, de toda a natureza, isto é, enquanto toda a natureza é liberada totalmente da corrupção da culpa e da pena. O que se dará na ressurreição. — Outra é a santificação pessoal, que não se transmite à prole carnalmente gerada, porque não diz respeito a essa santificação à carne, mas, ao espírito. Donde, se os pais da Santa Virgem foram purificados do pecado original, contudo a Santa Virgem não deixou de contrair o pecado original, por ter sido concebida na concupiscência da carne e pela conjunção do homem e da mulher. Assim, diz Agostinho: Tudo o nascido do concúbito é carne de pecado.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.





[i] Nota: Parece em contradição com o Dogma da Imaculada Conceição… ama.