22/06/2015

Reflectindo - 97

Olhar e ver


O que quer dizer o título desta reflexão?

Será um contrassenso porque parece que olhar e ver serão uma e a mesma coisa?

De facto não são porque enquanto é impossível ver sem olhar o contrário é possível.

O que quero dizer é que "olhar" consistirá em demorar o "ver" como que reparando em detalhes ou apreciando o que se vê enquanto "ver" é um acto simples, natural e automático já que não andamos de olhos fechados.

Chamemos, portanto, a este "olhar": reparar.

Reparar tende a deixar rasto na memória enquanto ver deixará apenas lembrança.

Este pode ser um acto mecânico, natural o simples uso de uma faculdade que possuímos.

Aquele será sempre um acto específico da vontade.

Nisto se contém a importância do "guardar a vista" sabendo que os olhos são as janelas da alma e as portas do coração.
Ter ambas escancaradas é caminho para que entre o que se não deseja porque ou não tem interesse ou pode fazer mal.

Se não tem interesse o resultado é vão e perdeu-se tempo; se faz mal pode deixar, como disse, rasto que poderá ser caminho de queda, de pecado.

Mas, seja como for, é sempre uma satisfação da curiosidade, um defeito portanto a perda de uma oportunidade de praticar virtudes como a contenção, moderação, modéstia, temperança.


(cont)

O que pode ver em NUNC COEPI em Jun 22

O que pode ver em NUNC COEPI em Jun 22

São Josemaria - Textos

AMA - Reflexão - Querer e desejar

AMA – Comentário sobre JMt 7 1-5, C Ruiz, Oração mental


Agenda Segunda-Feira

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Evangelho, comentário, L. Espiritual




Tempo comum XII Semana


Evangelho: Mt 7, 1-5

«Não julgueis, para que não sejais julgados; 2 pois, segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós.3 Porque olhas tu para a palha que está no olho de teu irmão, e não notas a trave no teu olho? 4 Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar-te do olho uma palha, tendo tu uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás para tirar a palha do olho de teu irmão.

Comentário:

É tão difícil resistir à tentação de julgar os outros! Podemos conter-nos e fazer um esforço para, em público, nos abstermos mas… e no nosso íntimo?

Apliquemos um “truque”: quando essa tentação nos assaltar e subir dentro de nós esse desejo quase irreprimível de avaliar, julgar, criticar, rezemos antes uma breve Avé Maria por esse que ocupa o nosso pensamento.

(ama, comentário sobre Mt 7, 1-5, 2014.06.23)

Leitura espiritual




Temas para leitura espiritual

Oração Mental

Oração: diálogo do homem com Deus, de coração a coração. Uma relação na qual o homem pode pôr cada vez mais empenho, como se sugere neste texto.

«Se o cristianismo – dizia João Paulo II – se há-de distinguir no nosso tempo, sobretudo, pela “arte da oração”, como não sentir uma renovada necessidade de estar longos tempos em conversa espiritual, em adoração silenciosa, em atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência e nela encontrei força, consolo e apoio!» [1].

COM TODA A TUA ALMA

Queremos amar a Deus Pai com todas as nossas forças, pôr a alma na oração, com todas as suas potências: a inteligência e a vontade, a memória, a imaginação e os sentimentos. O Senhor serve-se delas, sucessiva ou simultaneamente, como vias para entrar em diálogo connosco.

Não há dois tempos de oração iguais. O Espírito Santo, fonte de contínua novidade, toma a iniciativa, atua e espera. Às vezes espera uma luta a secas, quando parece que não vem nenhuma resposta: nota-se então mais o esforço da vontade, sereno e tenaz, por fazer atos de fé e de amor, por Lhe contar coisas, por aplicar a inteligência e a imaginação à Sagrada Escritura, a textos da liturgia ou de autores espirituais; procurando-O com palavras ou apenas olhando-O. A atitude de procura é já diálogo que transforma, embora às vezes pareça que não encontra eco.

Outras vezes irrompem ideias ou afetos que dão fluidez aos tempos de oração e ajudam a apercebermo-nos da presença de Deus. Nuns e noutros casos – com afetos, ideias, com vontade, ou sem ela – trata-se de que ponhamos as nossas potências nas mãos do Espírito Santo. Somos seus e Ele disse: Não posso Eu fazer o que quero com o que é meu? [2] Oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui para dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária. [3]

A única regra que Deus quis seguir é a que Se impôs ao criar-nos livres, esperar a nossa filial colaboração. Ao dispormo-nos para a oração, fá-lo-emos como filhos, lutando por manter a atenção neste Pai que quer falar connosco. Ao fim e ao cabo, o que se espera da nossa parte não é que haja facilidade na inteligência, ou que se inflame o coração com afectos. O importante é a determinação por manter a abertura ao diálogo, sem deixar que essa atitude decaia por rotina ou desalento.

ORAÇÃO E PLENITUDE

Deus fala de muitas maneiras; a oração é sobretudo escuta e resposta. Fala na Escritura, na liturgia, na direção espiritual, através do mundo e nas circunstâncias da vida: no trabalho, nas vicissitudes do dia ou no convívio com os outros. Para aprender esta linguagem divina convém dedicar algum tempo a estar a sós com Deus.

Falar com Deus é deixar que Ele vá ganhando protagonismo no nosso ser. Meditar a vida de Cristo permite entender a nossa história pessoal, para a abrir à graça. Queremos que entre, para que transforme a nossa vida em reflexo fiel da Sua. Deus Pai predestinou-nos para sermos conformes com a imagem do Seu Filho [4], e quer ver Cristo formado em nós [5], para que possamos exclamar: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim [6].

Especialmente no Novo Testamento, o melhor livro de meditação, contemplamos os mistérios de Cristo: revivemos o Nascimento em Belém, a vida escondida em Nazaré, as angústias da Paixão... Esta assimilação ao Filho realiza-a o Espírito Santo com eficácia; mas não é um processo mecânico diante do qual o baptizado seria apenas um espectador assombrado; podemos colaborar filialmente com a acção divina, dispondo bem a vontade, aplicando a imaginação e a inteligência, dando largas aos bons afectos.

Era isto que fazia São Josemaria, quando entendia os seus próprios sofrimentos, ao considerar a agonia de Cristo: E eu, que também quero cumprir a Santíssima Vontade de Deus, seguindo os passos do Mestre, poderei queixar-me, se encontro por companheiro de caminho o sofrimento?

Constituirá um sinal certo da minha filiação, porque me trata como ao Seu Divino Filho. E, então, como Ele, poderei gemer e chorar sozinho no meu Getsémani; mas, prostrado por terra, reconhecendo O meu nada, subirá ao Senhor um grito saído do íntimo da minha alma: Pater mi, Abba, Pater, ... fiat! [7]

Falamos com Deus quando oramos, e a Ele ouvimos quando lemos as palavras divinas [8]; «a oração deve acompanhar a leitura da Sagrada Escritura para que se realize o diálogo de Deus com o homem» [9], um diálogo no qual o Pai nos fala do Filho, para que sejamos outros Cristos, o próprio Cristo. Vale a pena mobilizar as nossas potências à hora de rezar com o Evangelho. Primeiro, imaginas a cena ou o mistério, que te servirá para te recolheres e meditares. Depois, aplicas o entendimento, para considerar aquele traço da vida do Mestre (…). Conta-lhe então o que te costuma suceder nestes assuntos, o que se passa contigo, o que te está a acontecer. Mantém-te atento, porque talvez Ele queira indicar-te alguma coisa: surgirão essas moções interiores, o caíres em ti, as admoestações. [10].

Trata-se, em resumo, de rezar sobre a nossa vida para a viver como Deus espera. É muito necessário, especialmente para os que procuram santificar-se no trabalho. Que obras serão as tuas, se não as meditaste na presença do Senhor, para as ordenares? Sem essa conversa com Deus, como poderás acabar com perfeição a actividade do dia? [11]

Ao contemplar, por um lado, os mistérios de Jesus e, por outro, os acontecimentos da nossa existência, aprendemos a rezar como Cristo, cuja oração estava toda «nesta adesão amorosa do seu coração de homem ao “mistério da vontade” do Pai [12]» [13]; aprendemos a rezar como um filho de Deus, seguindo o exemplo de São Josemaria. A minha oração, diante de qualquer circunstância, tem sido a mesma, com tonalidades diferentes. Tenho-lhe dito: Senhor, Tu colocaste-me aqui; Tu confiaste-me isto ou aquilo, e eu confio em Ti. Sei que és meu Pai e tenho visto sempre que as crianças confiam absolutamente nos pais. A minha experiência sacerdotal confirmou-me que este abandono nas mãos de Deus leva as almas a adquirir uma piedade forte, profunda e serena, que impele a trabalhar constantemente com rectidão de intenção. [14].

A oração é o meio privilegiado para amadurecer. É parte imprescindível desse processo pelo qual o centro de gravidade se transfere do amor próprio para o amor a Deus e aos outros por Ele. A personalidade madura tem peso, consistência, continuidade, traços bem definidos que dão um modo, peculiar em cada pessoa, de refletir Cristo.

A pessoa madura é como um piano bem afinado. Não procura a genialidade de emitir sons imprevistos, de surpreender. O surpreendente é que dá a nota certa e o genial é que, graças à sua estabilidade, permite interpretar as melhores melodias; é fiável, responde de modo previsível e, por isso, serve. Atingir essa estabilidade e firmeza que dá a maturidade é todo um desafio.

Contemplar a Humanidade do Senhor é o melhor caminho para a plenitude. Ele ajuda a descobrir e a corrigir as teclas que não respondem bem. Para alguns será uma vontade que resiste a pôr em prática o que Deus espera deles. Outros podem notar que lhes falta calor humano, tão necessário para a convivência e para o apostolado. Alguns, talvez enérgicos, têm tendência, no entanto, para a precipitação e para a desordem, levados pelos sentimentos.

É uma tarefa que não acaba nunca. Implica detetar os desequilíbrios, as notas que desafinam, com uma atitude humilde e decidida a melhorar, sem impaciências nem desânimos, porque o Senhor nos olha com imenso carinho e compreensão. Que importante é aprender a meditar a nossa vida com os olhos do Senhor! Falando com Ele desperta-se a paixão pela verdade, em contacto com ela; perde-se o medo a conhecer o que realmente somos, sem evasões da imaginação ou deformações da soberba.

Ao contemplar a realidade a partir do diálogo com Deus, aprende-se também a ler nas pessoas e nos factos, sem o filtro flutuante de uma apreciação exclusivamente sentimental ou de utilidade imediata. É também onde aprendemos a admirar a grandeza de um Deus que ama a nossa pequenez, ao contemplar tantos mistérios que nos superam.

A VERDADEIRA ORAÇÃO

Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim [15]. Assim se lamenta o Senhor na Escritura, porque sabe que cada alma tem que pôr n’Ele o seu coração para atingir a felicidade. Por isso, na oração, a disposição da vontade para encontrar, amar e pôr em prática o querer de Deus, tem uma certa preeminência sobre as outras capacidades da alma: «O aproveitamento da alma não está em pensar muito, mas em amar muito» [16].

Muitas vezes, rezar amando exigirá esforços, frequentemente vividos sem consolos nem frutos aparentes. A oração não é problema de falar ou de sentir, mas de amar. E amamos quando nos esforçamos por dizer alguma coisa ao Senhor, mesmo que não se diga nada. [17]. Temos a confiança filial de que Deus outorga a cada um os dons de que mais necessita, quando mais os necessita. A oração – recorda-o – não consiste em fazer discursos bonitos, frases grandiloquentes ou que consolem...

Oração é, às vezes, um olhar a uma imagem de Nosso Senhor ou de Sua Mãe; outras, um pedido com palavras; outras, o oferecimento das boas obras, dos resultados da fidelidade...

Como o soldado que está de guarda, assim temos de estar nós à porta de Deus Nosso Senhor: e isso é oração. Ou como se deita o cãozinho aos pés do seu dono.

Não te importes de lho dizer: Senhor, aqui me tens como um cão fiel; ou melhor, como um burrinho que não dá coices a quem lhe quer bem. [18].

Esta experiência também acontece na amizade humana. Quando nos encontramos com outras pessoas pode suceder que não saibamos o que dizer, porque a cabeça não responde apesar das tentativas para entabular a conversa. Procuramos então outros meios para que não se crie um ambiente de frieza: um olhar amável, um gesto de cortesia, uma atitude de escuta atenta, um pequeno detalhe de preocupação pelas suas coisas. Toda a experiência verdadeiramente humana abre possibilidades de convívio com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem.

Como fidelidade e perseverança são outros nomes do amor, saberemos avançar, também quando a inteligência, a imaginação ou a sensibilidade escapem ao nosso controlo. Nesses momentos, o amor pode encontrar outras vias para se expandir. A tua inteligência está entorpecida, inactiva. Fazes esforços inúteis para coordenar as ideias, na presença do Senhor; um verdadeiro atordoamento!
Não te esforces nem te preocupes. - Escuta-me: é a hora do coração. [19]

À hora de falar com Deus, ainda que a cabeça não responda, não se interrompe o diálogo. Inclusivamente quando verificamos que, apesar de uma luta autêntica, há distração e entorpecimento, temos a segurança de ter agradado com os nossos bons desejos a Deus Pai, que olha com amor para os nossos esforços.

ORAÇÃO E OBRAS

Atrevo-me a assegurar, sem temor de me enganar, que há muitas, infinitas maneiras de orar. Mas eu preferia para todos nós a autêntica oração dos filhos de Deus, não o palavreado dos hipócritas que hão-de ouvir de Jesus: nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus. (…) Que o nosso clamor – Senhor! - vá unido ao desejo eficaz de converter em realidade essas moções interiores, que o Espírito Santo desperta na nossa alma [20].

E para converter em realidade essas moções recebidas na oração, convém formular frequentemente propósitos. O fim da reflexão sobre as prescrições do Céu é a acção, para pôr em prática as prescrições divinas [21]. Não se trata apenas de que a nossa inteligência navegue em ideias piedosas, mas de escutar a voz do Senhor e de cumprir a Sua vontade. A tua oração não pode ficar em meras palavras: há-de ter realidades e consequências práticas [22].

A oração dos filhos de Deus há-de ter consequências apostólicas. O apostolado revela-nos outra faceta do amor na oração. Queremos voltar a aprender a rezar, também para poder ajudar os outros. Aí encontraremos a força para levar muitas pessoas por caminhos de diálogo com Deus.

Não rezamos sozinhos porque não vivemos nem queremos viver sós. Quando pomos a nossa vida diante de Deus, necessariamente temos de falar daquilo que mais nos interessa, dos nossos irmãos na fé, dos nossos familiares, amigos e conhecidos; dos que nos ajudam ou daqueles que não nos entendem ou nos fazem sofrer. Se a vontade tem boas disposições, sem medo de complicar a vida, poderemos escutar na oração sugestões divinas, novos horizontes apostólicos e modos criativos de ajudar os outros.

O Senhor, a partir do interior da nossa alma, ajudar-nos-á a compreender os outros, a saber como lhes exigir, como levá-los até Ele; dará luzes à nossa inteligência para ler nas almas; aperfeiçoará os afetos; ajudar-nos-á a amar com um amor mais forte e mais limpo. A nossa vida de apóstolos vale o que valer a nossa oração.

c. ruiz, 2012/09/20

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama
___________________________________




[1] João Paulo II, Litt. Enc. Ecclesia de Eucaristia, 17-IV-2004, n. 25.
[2] Mt 20, 15.
[3] São Josemaria, Cristo que passa, n. 119.
[4] Ro 8, 29.
[5] Cfr. Gal 4, 19.
[6] Gal 2, 20.
[7] São Josemaria, Via Sacra, I, 1.
[8] Cfr. Santo Ambrósio, De officiis ministrorum, I, 20, 88.
[9] Conc. Vaticano II, Const. dogm. Dei Verbum, n. 25.
[10] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 253.
[11] São Josemaria, Sulco, n. 448.
[12] Ef 1, 9
[13] Catecismo da Igreja Católica, n. 2603.
[14] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 143.
[15] Is 29, 13; cfr. Mt 15, 8.
[16] Santa Teresa de Jesus, Fundações, cap. 5, n. 2.
[17] São Josemaria, Sulco, n. 464.
[18] São Josemaria, Forja, n. 73.
[19] São Josemaria, Caminho, n. 102.
[20] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 243.
[21] Cfr. Santo Ambrósio: Expositio in Psalmum CXVIII, 6, 35.
[22] São Josemaria, Forja, n. 75

Reflectindo - 87

Querer e desejar


É possível querer e desejar?
Quer dizer: é a mesma coisa?


Não, não è a mesma coisa.



Querer é um acto da vontade ao passo que desejar é um sentimento do coração.

Podem coincidir mas também podem divergir e muito.
Querer, em princípio, é algo fruto de reflexão; desejar emana de algo superficial e transitório.



O que se deseja agora pode não interessar passado algum tempo.



Claro que o desejo pode transformar-se em querer quando o raciocínio determina que o que se deseja de facto nos convém e é necessário.


No fim e ao cabo estamos perante uma situação de critério.

(ama, Reflexões, Lapa, 201.02.14)


Senhor, com o teu auxílio lutarei.

O canto humilde e gozoso de Maria, no "Magnificat", recorda-nos a infinita generosidade de Nosso Senhor com os que se fazem como crianças, com os que se abaixam e sabem sinceramente que não são nada. (Forja, 608)

Não esqueçais que santo não é o que não cai, mas o que se levanta sempre, com humildade e com santa persistência. Se no livro dos Provérbios se comenta que o justo cai sete vezes ao dia, tu e eu – pobres criaturas – não nos devemos estranhar nem desalentar perante as misérias pessoais, perante os nossos tropeços, porque continuaremos em frente, se procurarmos a fortaleza n'Aquele que nos prometeu: Vinde a mim todos os que andais cansados e oprimidos, que eu vos aliviarei. Obrigado, Senhor, quia tu es, Deus, fortitudo mea, porque foste sempre Tu, e só Tu, meu Deus, a minha fortaleza, o meu refúgio, o meu apoio.

Se verdadeiramente desejas progredir na vida interior, sê humilde. Recorre constantemente, confiadamente, à ajuda do Senhor e de sua Mãe bendita, que é também a tua Mãe. Com serenidade, tranquilo, por muito que te doa a ferida ainda não sarada da tua última queda, abraça de novo a cruz e diz: Senhor, com o teu auxílio lutarei para não parar, responderei fielmente aos teus convites, sem temer as encostas íngremes, nem a aparente monotonia do trabalho habitual, nem os cardos e pedras do caminho. Sei que a tua misericórdia me assiste e que, no fim, acharei a felicidade eterna, a alegria e o amor pelos séculos sem fim. (Amigos de Deus, 131)