24/10/2015

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São Josemaria – Textos

Deus é a resposta, Fidelidade, Hom (São João Paulo II), São João Paulo II, Virtudes

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 13 1-9, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 36 - Art 1, São Tomás de Aquino


Agenda Sábado

Tratado da vida de Cristo 45

Questão 36: Da manifestação de Cristo nascido

Em seguida devemos tratar da manifestação de Cristo nascido.


E nesta questão discutem-se oito artigos:


Art. 1 — Se a natividade de Cristo devia ser manifesta a todos.
Art. 2 — Se a natividade de Cristo devia manifestar-se a alguns.
Art. 3 — Se foram bem escolhidos aqueles a quem foi manifestada a natividade de Cristo.
Art. 4 — Se Cristo devia por si mesmo manifestar a sua natividade.
Art. 5 — Se a natividade de Cristo devia manifestar-se pelos anjos e pela estrela.
Art. 6 — Se a natividade de Cristo foi manifestada na ordem conveniente.
Art. 7 — Se a estrela, que apareceu aos Magos era uma das estrelas do céu.
Art. 8 — Se era conveniente que os Magos viessem adorar e venerar a Cristo

Art. 1 — Se a natividade de Cristo devia ser manifesta a todos.

O primeiro discute-se assim. — Parece que a natividade de Cristo devia ser manifesta a todos. 

1. — Pois, uma promessa deve ser cumprida. Ora, da promessa do advento de Cristo diz a Escritura: Deus virá manifestamente. Ora, veio pela natividade da carne. Logo, parece que a sua natividade devia ser manifesta a todos.

2. Demais. — O Apóstolo diz: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores. Ora, isso só se dá por se lhes manifestar a graça de Cristo, segundo ainda o Apóstolo: A Graça de Deus nosso Salvador apareceu a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos neste século sóbria, justa e piamente. Logo, parece que a natividade de Cristo devia ser manifesta a todos.

3. Demais. — Deus é, por excelência, inclinado à compaixão, segundo a Escritura: As suas misericórdias são sobre todas as suas obras. Ora, no seu segundo advento, quando julgar as justiças, virá de um modo manifesto a todos, segundo o dito do Evangelho: Como um relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim há-de ser também a vida do Filho do Homem. Logo, com muito maior razão, a sua primeira ainda, quando nasceu neste mundo, segundo a carne, devia ser manifesta a todos.

Mas, em contrário, a Escritura: Tu verdadeiramente és um Deus escondido, o Deus de Israel, o salvador. E noutro lugar: O seu rosto se achava como encoberto e parecia desprezível.

A natividade de Cristo não devia ser, em geral, manifesta a todos. - Primeiro, porque teria assim ficado impedida a redenção humana, que havia de realizar-se pela sua cruz; pois, como diz o Apóstolo, se eles a conheceram, não crucificaram nunca ao Senhor da glória. - Segundo, por que ficaria diminuído o mérito da fé, pela qual viera justificar os homens, segundo o Apóstolo: A justiça de Deus é infundida pela fé de Jesus Cristo. Se, pois, por indícios manifestos, a natividade de Cristo fosse, na ocasião do seu nascimento, manifesta a todos, desapareceria a razão de ser da fé, que é um argumento das coisas que não aparecem. - Terceiro, porque lançaria dúvidas sobre a verdade da sua humanidade. Por isso diz Agostinho: Se não mudasse de idade, passando da infância para a juventude: se não tomasse nenhum alimento nem o repouso do sono, não confirmaria assim uma opinião errônea e não daria a crer que de nenhum modo assumiu verdadeiramente a humanidade? E depois de ter feito tantos milagres iria privar-nos das riquezas da sua misericórdia?

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O lugar citado entende-se do advento de Cristo no dia do juízo, como o expõe a Glosa a esse lugar.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Todos os homens deviam, para se salvarem, ser instruídos na graça de Deus Salvador. Não porém logo, no princípio da sua natividade, mas num tempo mais avançado, quando obrou a salvação no meio da terra. Por isso, depois da sua paixão e ressurreição, disse aos seus discípulos: Ide e ensinai a todas as gentes.

RESPOSTA À TERCEIRA. — O juízo implica no conhecimento da autoridade do juiz; e por isso é necessário que seja manifesto o advento de Cristo quando vier julgar. Ora, o seu primeiro advento foi para a salvação de todos, que se operam pela fé; e esta tem por argumento as coisas que não aparecem. Por isso o primeiro advento de Cristo devia ser oculto.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Põe tudo nas mãos de Deus

Além da sua graça abundante e eficaz, Nosso Senhor deu-te a cabeça, as mãos, as faculdades intelectuais, para que faças frutificar os teus talentos. Deus quer realizar milagres constantes – ressuscitar mortos, dar ouvido aos surdos, vista aos cegos, possibilidades de andar aos coxos... –, através da tua actuação profissional santificada, convertida em holocausto grato a Deus e útil às almas. (Forja, 984)


A tua barca – os teus talentos, as tuas aspirações, os teus êxitos – não vale para nada, a não ser que a ponhas à disposição de Jesus Cristo, que permitas que Ele possa entrar nela com liberdade, que não a convertas num ídolo. Sozinho, com a tua barca, se prescindires do Mestre, sobrenaturalmente falando, encaminhas-te directamente para o naufrágio. Só se admitires, se procurares a presença e o governo de Nosso Senhor, estarás a salvo das tempestades e dos reveses da vida. Põe tudo nas mãos de Deus: que os teus pensamentos, as aventuras boas da tua imaginação, as tuas ambições humanas nobres, os teus amores limpos, passem pelo coração de Cristo. De outra forma, mais tarde ou mais cedo, irão a pique com o teu egoísmo. (Amigos de Deus, 21)

Temas para meditar - 526

Fidelidade



Não haverá fidelidade se não houver na raiz esta busca ardente, paciente e generosa, se não estiver alojada no coração do homem uma pergunta para a qual só Deus tem a resposta, ou melhor, só Deus é a resposta.



(são joão paulo ii, Homília, 1979.06.01)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXIX Semana


Evangelho: Lc 13, 1-9

1 Neste mesmo tempo chegaram alguns a dar-Lhe a notícia de certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com o dos sacrifícios deles. 2 Jesus respondeu-lhes: «Vós julgais que aqueles galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem sofrido tal sorte? 3 Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo. 4 Assim como também aqueles dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou; julgais que eles também foram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5 Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo». 6 Dizia também esta parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi buscar fruto e não o encontrou. 7 Então disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho buscar fruto a esta figueira e não o encontro; corta-a; para que está ela inutilmente a ocupar terreno? 8 Ele, porém, respondeu-lhe: Senhor, deixa-a ainda este ano, enquanto eu a cavo em volta e lhe deito estrume; 9 se com isto der fruto, bem está; senão, cortá-la-ás depois».

Comentário:

Na verdade, Deus, nunca desiste de nós. Mesmo quando não encontra o fruto que legitimamente poderia esperar que déssemos. Frutos de boas obras, de caridade de amor de Deus. Quando permanecemos impassíveis perante o próximo que tem necessidades; quando o centro da nossa vida somos nós próprios… Deus continua à nossa espera. Vai enviando mensagens ao nosso coração, inspirações à nossa alma, pessoas que nos chamam a atenção, nos acarinham e guiam pelo caminho certo.
O Senhor é aquele vinhateiro que não quer dar por concluída a tarefa que se impôs.
A figueira foi plantada para dar figos, nós fomos criados para louvar a Deus.

(ama, comentário sobre Lc 13,1-9, 2010-02-08)


Leitura espiritual

São Josemaria Escrivá



Temas actuais do cristianismo

60 (cont)

O Opus Dei tem como missão específica e exclusiva a difusão desta mensagem - que é uma mensagem evangélica - entre todas as pessoas que vivem e trabalham no mundo, em qualquer ambiente ou profissão.
E àqueles que entendem este ideal de santidade a Obra proporciona os meios espirituais e a formação doutrinal, ascética e apostólica, necessários para o realizar na própria vida.

Os sócios do Opus Dei não actuam em grupo; actuam individualmente, com liberdade e responsabilidade pessoais.
Por isso, o Opus Dei não é uma organização fechada, ou que de algum modo reúna os seus sócios para os isolar dos outros homens. As actividades corporativas, que são as únicas que a Obra dirige, estão abertas a toda a espécie de pessoas, sem discriminação de espécie alguma: nem social, nem cultural, nem religiosa.
E os sócios, precisamente porque devem santificar-se no mundo, colaboram sempre com todas as pessoas com quem estão em relação pelo seu trabalho e pela sua participação na vida cívica.

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Faz parte essencial do espírito cristão não só viver em união com a Hierarquia ordinária - o Romano Pontífice e o Episcopado - como também sentir a unidade com os outros irmãos na fé.
Há muito tempo que penso que um dos maiores males da Igreja nestes tempos é o desconhecimento que muitos católicos têm do que fazem e pensam os católicos de outros países ou de outros ambientes sociais.
É necessário actualizar essa fraternidade que os primeiros cristãos viviam tão profundamente.
Assim nos sentiremos unidos, amando ao mesmo tempo a variedade das vocações pessoais, evitando-se não poucos juízos injustos e ofensivos, que determinados pequenos grupos propagam - em nome do catolicismo - contra os seus irmãos na fé, que na realidade actuam rectamente e com sacrifício, dadas as circunstâncias particulares do seu país.

É importante que cada um procure ser fiel à sua vocação divina, de tal maneira que não deixe de trazer à Igreja aquilo que leva consigo o carisma recebido de Deus.
O que é próprio dos sócios do Opus Dei - cristãos correntes - é santificar o mundo a partir de dentro, participando nas mais diversas actividades humanas.
Como o facto de pertencerem à Obra não altera em nada a sua posição no mundo, colaboram, da maneira adequada em cada caso, nas celebrações religiosas colectivas, na vida paroquial, etc.
Também neste sentido são cidadãos correntes, que querem ser bons católicos.

Todavia, os sócios do Opus Dei não se costumam dedicar, geralmente, a trabalhar em actividades confessionais.
Só em casos excepcionais, quando a Hierarquia expressamente o pede, algum membro da Obra colabora em actividades eclesiásticas. Nessa atitude não há qualquer desejo de se singularizar, e menos ainda de desconsideração pelas actividades confessionais, mas tão somente a decisão de se ocupar do que é próprio da vocação para o Opus Dei.
Há já muitos religiosos e clérigos, e também muitos leigos cheios de zelo, que levam para a frente essas actividades, dedicando-lhes os seus melhores esforços.

O que é próprio dos sócios da Obra, a tarefa a que se sabem chamados por Deus, é outra.
Dentro da chamada universal à santidade, o sócio do Opus Dei recebe, além disso, uma chamada especial para se dedicar, livre e responsavelmente, a procurar a santidade e a fazer o apostolado no meio do mundo, comprometendo-se a viver um espírito específico e a receber, ao longo de toda a sua vida, uma formação peculiar.
Se descurassem o seu trabalho no mundo, para se ocuparem das actividades eclesiásticas, tornariam ineficazes os dons divinos recebidos, e pelo entusiasmo de uma eficácia pastoral imediata, causariam um real dano à Igreja: porque não haveria tantos cristãos dedicados a santificarem-se em todas as profissões e ofícios da sociedade civil, no campo imenso do trabalho secular.

Além disso, a exigente necessidade da contínua formação profissional e da formação religiosa, juntamente com o tempo dedicado pessoalmente à piedade, à oração e ao cumprimento sacrificado dos deveres de estado, consome toda a vida: não há horas livres.

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pergunta:

Sabemos que pertencem ao Opus Dei homens e mulheres de todas as condições sociais, solteiros ou casados.
Qual é, pois, o elemento comum que caracteriza a vocação para a Obra?
Que compromissos assume cada sócio para realizar os fins do Opus Dei?

resposta:

Vou dizer-lho em poucas palavras: procurar a santidade no meio do mundo, no meio da rua.
Quem recebe de Deus a vocação específica para o Opus Dei sabe e vive que deve alcançar a santidade no seu próprio estado, no exercício do seu trabalho, manual ou intelectual.
Disse sabe e vive, porque não se trata de aceitar um simples postulado teórico, mas de o realizar dia a dia, na vida ordinária.

Querer alcançar a santidade - apesar dos erros e das misérias pessoais, que durarão enquanto vivermos - significa esforçar-se, com a graça de Deus, por viver a caridade, plenitude da lei e vínculo da perfeição.
A caridade não é algo de abstracto; quer dizer entrega real e total ao serviço de Deus e de todos os homens: desse Deus que nos fala no silêncio da oração e no rumor do mundo; desses homens, cuja existência se cruza com a nossa.

Vivendo a caridade - o Amor -, vivem-se todas as virtudes humanas e sobrenaturais do cristão, que formam uma unidade e que não se podem reduzir a enumerações exaustivas.
A caridade exige que se viva a justiça, a solidariedade, a responsabilidade familiar e social, a pobreza, a alegria, a castidade, a amizade...

Vê-se imediatamente que a prática destas virtudes conduz ao apostolado.
Mais, é já apostolado.
Porque, ao procurar viver assim, no meio do trabalho diário, a conduta cristã torna-se bom exemplo, testemunho, ajuda concreta e eficaz: aprende-se a seguir as pisadas de Cristo, que coepit facere et docere [i], que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra.
Por isso, chamei a este trabalho, há já quarenta anos, apostolado de amizade e confidência.

Todos os sócios do Opus Dei têm este mesmo afã de santidade e de apostolado.
Por isso, na Obra não há graus ou categorias de membros.
O que há é uma multiplicidade de situações pessoais - a situação que cada um tem no mundo - a que se adapta a mesma e única vocação específica e divina: a chamada a entregar-se, a empenhar-se pessoalmente, livremente e responsavelmente, no cumprimento da vontade de Deus manifestada para cada um de nós.

Como pode ver, o fenómeno pastoral do Opus Dei é algo que nasce de baixo, quer dizer, da vida corrente do cristão que vive e trabalha junto dos outros homens.
Não está na linha de uma mundanização - dessacralização - da vida monástica ou religiosa: não é o último estádio de aproximação dos religiosos ao mundo.

Aquele que recebe a vocação para o Opus Dei adquire uma nova visão das coisas que tem à sua volta: luzes novas nas suas relações sociais, na sua profissão, nas suas preocupações, nas suas tristezas e nas suas alegrias; mas nem por um momento deixa de viver no meio de tudo isso.
E não se pode de modo algum falar de adaptação ao mundo, ou à sociedade moderna: ninguém se adapta àquilo que tem como próprio; naquilo que se tem como próprio está-se.
A vocação recebida é igual à que surgia na alma daqueles pescadores, camponeses, comerciantes ou soldados que, sentados ao pé de Jesus Cristo na Galileia, O ouviam dizer: sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito [ii].

Repito que esta perfeição - que os sócios do Opus Dei procuram - é a perfeição própria do cristão, sem mais: quer dizer, aquela a que são chamados todos os cristãos e que implica viver integralmente as exigências da fé.
Não nos interessa a perfeição evangélica, que se considera própria dos religiosos e de algumas instituições assimiladas aos religiosos; e ainda menos nos interessa a chamada vida de perfeição evangélica, que se refere canonicamente ao estado religioso.

O caminho da vocação religiosa parece-me bendito e necessário na Igreja, e quem não o estimasse não teria o espírito da Obra.
Mas esse caminho não é o meu nem o dos sócios do Opus Dei.
Pode-se dizer que, ao virem ao Opus Dei, todos e cada um dos seus sócios o fizeram com a condição explícita de não mudar de estado.
A nossa característica específica é santificar o próprio estado no mundo, e procurar que cada um dos sócios se santifique no lugar do seu encontro com Cristo: este é o compromisso que cada sócio assume para realizar os fins do Opus Dei.

Entrevista realizada por Enrico Zuppi e António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do Vaticano) nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968

(cont)






[i] (Act. 1, 1)
[ii] (Mt. 5, 48)