31/03/2016

Publicações Mar 31

Publicações Mar 31

São Josemaria – Textos

AMA - Reflectindo - Sobre a morte

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 24 35-48, Confissões - Santo Agostinho

CIC – Compêndio

AT - Salmos – 150


Agenda Quinta-Feira

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Lc 24, 35-48

35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto falavam nisto, apresentou-Se Jesus no meio deles e disse-lhes: «A paz seja convosco!». 37 Mas eles, turbados e espantados, julgavam ver algum espírito.38 Jesus disse-lhes: «Porque estais turbados, e porque se levantaram dúvidas nos vossos corações? 39 Olhai para as Minhas mãos e os Meus pés, porque sou Eu mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que Eu tenho». 40 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefactos, disse-lhes: «Tendes aqui alguma coisa que se coma?». 42 Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado.43 Tendo-o tomado comeu-o à vista deles. 44 Depois disse-lhes: «Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». 45 Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras, 46 e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas.

Comentário:

O grande mistério dos corpos ressuscitados aparece aqui de forma evidente.

O corpo adquire uma qualidade que se chama "corpo glorioso" que continuando a ser o mesmo corpo que vivia adquire qualidades absolutamente diferentes a primeira das quais é a imortalidade, não pode voltar a morrer, o que é absolutamente lógico.

(ama, comentário sobre Lc 24 35-48 2015.04.09)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO OITAVO

CAPÍTULO VIII

Luta espiritual

Então, no meio daquela luta interior que eu travava violentamente contra mim mesmo no recesso do meu coração, perturbado no rosto e no espírito, volto-me para Alípio exclamando:

“Que tanto nos aflige? O que significa isto que ouviste? Levantam-se os ignorantes e arrebatam o céu, e nós, com todo nosso saber insensato, nos revolvemos na carne e no sangue! Acaso temos vergonha de segui-los porque se nos adiantaram, e não temos vergonha de não os seguir?”

Foi mais ou menos o que eu lhe disse, e dele me afastei sob forte emoção. Alípio olhava-me atónito em silêncio. Eu não falava como de costume, e muito mais que as palavras, a minha fronte, as minhas fazes, os meus olhos, a minha cor e o tom da minha voz denunciavam o meu estado de espírito.

A nossa casa tinha um pequeno jardim, que usávamos, assim como o restante da casa, que o nosso hóspede não habitava. Para ali me levara a tormenta de meu coração, onde ninguém pudesse interferir no ardente combate que eu travava comigo mesmo, até que se resolvesse o assunto conforme tu sabias e eu ignorava. Mas eu delirava para reencontrar a razão, e morria para reviver; conhecia o meu mal, mas desconhecia o bem que depois haveria de sobrevir.

Retirei-me, pois, para o jardim, e Alípio seguiu-me passo a passo; mas, apesar de sua presença, eu não estava menos só. E como haveria ele de me deixar naquele estado? Sentamo-nos o mais longe possível da casa. Eu tremia pela violenta indignação, me enraivecia por não poder seguir o teu agrado e aliança, ó meu Deus, aliança pela qual clamavam todos os meus ossos, que te elevavam louvores até o céu. E para ir a ti não há necessidade de navios nem de carros, nem mesmo de dar aqueles poucos passos que separavam a casa do jardim onde estávamos.

Não somente ir, mas chegar junto de ti, nada mais é do que querer ir, mas com querer enérgico e pleno, e não com vontade tíbia, que se dispersa em todos os sentidos, e se agita incerta, dividida, ora levantando-se, ora voltando a cair.

Enfim, naquela angustiante hesitação, fazia mil gestos, como soem fazer os homens que querem e não podem, ou porque não têm membros, ou porque os têm atados em cadeias, debilitados pela fraqueza ou paralisados de qualquer outro modo. Se puxei os cabelos, se feri a fronte, se apertei os joelhos entre os dedos entrelaçados, eu o fiz porque quis. Poderia porém querer fazê-lo e não o fazer, se a flexibilidade dos meus membros não me obedecesse. Portanto, fiz muitas coisas, nas quais o querer não era o mesmo que o poder.

Contudo, eu não fazia aquilo que desejava acima de tudo o mais, e que eu poderia fazer desde que o quisesse, porque se o tivesse efectivamente querido, bastava que o quisesse sinceramente; nisto o poder é o mesmo que o querer, e querer já seria agir.

Contudo não o fazia, e meu corpo obedecia mais facilmente ao mais leve comando da minha alma, movendo os membros segundo a sua vontade, do que a própria alma obedecer a si mesma para realizar o seu grande desejo com a vontade.

CAPÍTULO XI

A desobediência da vontade

Mas, de onde vinha este prodígio? Qual a sua causa? Brilhe a tua misericórdia, e perguntarei – se é que me podem responder – aos sombrios castigos infligidos aos homens, e às tenebrosas misérias dos filhos de Adão. De onde vem este prodígio? E qual sua causa?

A alma dá ordens ao corpo, e este obedece imediatamente; a alma dá ordens a si mesma, e resiste. Ordena a alma à mão que se mova, e é tal sua presteza, que mal se pode distinguir a ordem da execução; não obstante, a alma é espírito e a mão é corpo. A alma dá a si mesma a ordem de querer, uma não se distingue da outra, e contudo, ela não obedece. De onde este prodígio? E qual sua causa?

Manda a alma que queira – e não mandaria se não quisesse – e, não obstante, não faz o que manda. Logo, não quer totalmente, e por isso não manda de modo total. A alma manda na proporção do querer, e enquanto não quiser, as suas ordens não são executadas, porque é a vontade que dá a ordem de ser a uma vontade que nada mais é que ela própria. Logo, não manda plenamente, e esta é a razão por que não faz o que manda. Porque, se estivesse na sua plenitude, não mandaria que fosse, porque já seria.

Não há, portanto, prodígio algum em querer em parte e em parte não querer; é uma enfermidade da alma. Esta, sustentada pela verdade, não se ergue de todo, pois está oprimida pelo peso do hábito. Há, portanto, duas vontades, ambas incompletas, e o que uma possui falta à outra.

CAPÍTULO X

Contra os maniqueus

Desapareçam da tua presença, ó meu Deus, como os vãos faladores e sedutores do espírito, aqueles que, ao observarem a dupla deliberação da vontade, concluem que temos duas almas de naturezas opostas, uma boa, outra má.

Eles é que são de facto maus, que seguem tais más doutrinas; somente serão bons quando aceitarem a verdade, concordando com os que a possuem. E assim o Apóstolo poderá dizer deles: Outrora fostes trevas, mas agora sois luz no Senhor. Mas esses, querendo ser luz não no Senhor, mas em si mesmos, julgam que a natureza da alma á a mesma que a de Deus; vão-se tornando trevas ainda mais densas, pois na sua terrível arrogância se afastam ainda mais de ti, luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem a este mundo. Atentai para o que dizeis, e enchei-vos de vergonha. Aproximai-vos dele, e sereis iluminados, e os vossos rostos não serão cobertos de confusão.

Quando eu deliberava dedicar-me ao serviço do Senhor meu Deus, como de há muito me tinha proposto, eu era o que eu queria, e lera o que eu não queria. Mas, nem queria plenamente, nem deixar de querer por completo. Por isso lutava comigo mesmo, e me dilacerava a mim mesmo. Essa destruição, embora involuntária, não mostrava, contudo, a presença em mim de uma alma estranha, mas apenas o castigo da minha alma. E por isso já não era eu quem mo infligia, mas o pecado que habitava em mim, como castigo de pecado cometido livremente, por eu ser filho de Adão.

Com efeito, se fossem tantas as naturezas contrárias quantas são as vontades que em nós se contradizem, não deveríamos admitir apenas duas naturezas, mas muitas. Se alguém, com efeito, hesita entre uma reunião dos maniqueístas ou ao teatro, logo eles exclamam: “Eis aí as duas naturezas, uma boa, que o atrai para cá, e outra má, que o arrasta para lá. E de onde mais viria essa hesitação de vontades opostas?”

Da minha parte eu digo que ambas são más, tanto a que leva a eles como a que arrasta ao teatro; mas eles só julgam boa a que leva até eles.

Mas, suponhamos que um dos nossos queira decidir, e confrontando as duas vontades, titubeie entre ir ao teatro ou à nossa igreja; não ficarão indecisos os maniqueístas na resposta que hão-de dar? Porque, ou hão-de confessar o que não querem, que é boa a vontade que o leva à nossa igreja, como vão a ela os que foram iniciados nos seus mistérios e lhe permanecem fiéis, ou terão de reconhecer que num mesmo homem lutam duas naturezas más e duas almas más. E então terão de contradizer o que afirmam, que uma natureza é boa e outra má. Ou então terão de aceitar a verdade e, neste caso, não negarão que, quando alguém escolhe, é uma mesma alma a que hesita entre duas vontades opostas.

Portanto, quando virem duas vontades que se contrapõem ao mesmo homem, não falem mais de luta entre duas almas contrárias, uma boa e outra má, originadas em duas substâncias antagónicas. Porque tu, ó Deus verdadeiro, os confundes, como no caso em que ambas as vontades são más; por exemplo, quando alguém hesita, entre matar a outrem com um punhal ou veneno; entre assaltar esta ou aquela propriedade alheia, quando não pode assaltar a ambas; entre esbanjar na compra do prazer da luxúria, ou guardar dinheiro por avareza; entre ir ao circo ou ao teatro, quando ambos sejam concomitantes; e ainda acrescento uma terceira incerteza: entre roubar ou não a casa do próximo, em havendo a oportunidade, ou ainda, acrescento uma quarta hipótese: entre cometer ou não adultério, se tem possibilidade para isso. Suponhamos que todas essas circunstâncias ocorram simultaneamente; como todas são igualmente desejadas, e irrealizáveis ao mesmo tempo, a alma será dilacerada por um conflito entre quatro vontades, ou mais ainda, tão numerosos são os objectos de desejo! Contudo, os maniqueus não afirmam que existe tão grande número de substâncias diferentes.

O mesmo acontece com as vontades boas. Se eu lhes pergunto se é bom deleitar-se com a leitura do Apóstolo, com a leitura de algum salmo espiritual, ou com o comentar do Evangelho, eles responderão a cada questão: “É bom” – Ora, se as três actividades têm a mesma atracção simultaneamente, não teríamos vontades opostas a dividir o coração do homem, enquanto escolhe qual delas abraçar de preferência?

Todas essas vontades são boas, e lutam entre si, até que se tome uma decisão, que unifique a vontade, antes dividida. Assim também, quando a eternidade agrada à nossa parte superior e o bem temporal nos prende fortemente cá em baixo: é a mesma alma que, sem uma vontade plena, quer um e outro desses bens. Por isso, dilacera-a uma grande dor; a verdade nos faz preferir a eternidade, mas o hábito não quer abandonar os bens temporais.

(Revisão de versão portuguesa por ama)


Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Antigo testamento / Salmos

Salmo 150






1 Aleluia! Louvem a Deus no seu santuário, louvem-no em seu magnífico firmamento.
2 Louvem-no pelos seus feitos poderosos, louvem-no segundo a imensidão de sua grandeza!
3 Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com a lira e a harpa, louvem-no com tamborins e danças, louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas, louvem-no com címbalos sonoros, louvem-no com címbalos ressonantes.

4 Tudo o que tem vida louve o Senhor! Aleluia!

Doutrina - 101

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A SAGRADA ESCRITURA

18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra de Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» [1].



[1] S. Bernardo de Claraval

Amamos apaixonadamente este mundo

O mundo espera-nos. Sim! Amamos apaixonadamente este mundo, porque Deus assim no-lo ensinou: "sic Deus dilexit mundum...", Deus amou assim o mundo; e porque é o lugar do nosso campo de batalha – uma formosíssima guerra de caridade – para que todos alcancemos a paz que Cristo veio instaurar. (Sulco, 290)

Tenho ensinado constantemente com palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom (Cfr. Gen. 1, 7 e ss.). Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.


Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114).

Reflectindo - 168

Sobre a morte!


Penso na morte como uma "comodidade", uma conveniência que resolveria muitos dos meus problemas actuais.

Depois penso: mas que problemas são esses?

Imaginários ou reais?

Importantes ou de escasso relevo?

Posso suportá-los ou excedem a minha capacidade?

Então... sou levado a concluir que, de facto, procuro uma comodidade em vez de tentar com todas as minhas forças e capacidades encontrar um caminho ou vias onde possa ser útil aos outros.

A experiência acumulada ao longo destes setenta e quatro anos, tudo quanto aprendi, as convicções e certezas que tenho - mais fruto da graça de Deus que da minha débil fé - dão-me essa responsabilidade e atribuem-me esse dever.

Ao fazer bem aos outros com espírito de serviço, faço bem a mim próprio e ganho créditos" preciosos para a minha salvação.
Ajuda-me Senhor a ser humilde e serviçal, alegre e disponível, a pôr de lado o meu "eu", as "minhas coisas", os "meus problemas".

Morrer? Sim, Senhor, estou pronto quando quiseres!

Viver? Sim, Senhor, enquanto quiseres e Te possa servir!

(ama, reflexões, 2014.10.20)


30/03/2016

Publicações Mar 30

Publicações Mar 30

São Josemaria – Textos

Matrimónio, São João Crisóstomo, Tratado sobre a virgindade (S. João Crisóstomo), Virgindade

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 24 13-35, Confissões - Santo Agostinho

CIC – Compêndio

AT - Salmos – 149~


Agenda Quarta-Feira

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Lc 24, 13-35

13 No mesmo dia, caminhavam dois deles para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. 14 Iam falando sobre tudo o que se tinha passado. 15 Sucedeu que, quando eles iam conversando e discorrendo entre si, aproximou-Se deles o próprio Jesus e caminhou com eles.16 Os seus olhos, porém, estavam como que fechados, de modo que não O reconheceram. 17 Ele disse-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Eles pararam cheios de tristeza.18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Serás tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que ali se passou nestes dias?». 19 Ele disse-lhes: «Que foi?». Responderam: «Sobre Jesus Nazareno, que foi um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e de todo o povo; 20 e de que maneira os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte, e O crucificaram. 21 Ora nós esperávamos que Ele fosse o que havia de libertar Israel; depois de tudo isto, é já hoje o terceiro dia, depois que estas coisas sucederam. 22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam entre nós, nos sobressaltaram porque, ao amanhecer, foram ao sepulcro 23 e, não tendo encontrado o Seu corpo, voltaram dizendo que tinham tido a aparição de anjos que disseram que Ele está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam que era assim como as mulheres tinham dito; mas a Ele não O encontraram». 25 Então Jesus disse-lhes: «Ó estultos e lentos do coração para crer tudo o que anunciaram os profetas! 26 Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, para entrar na Sua glória?». 27 Em seguida, começando por Moisés e discorrendo por todos os profetas, explicava-lhes o que d'Ele se encontrava dito em todas as Escrituras. 28 Aproximaram-se da aldeia para onde caminhavam. Jesus fez menção de ir para mais longe. 29 Mas os outros insistiram com Ele, dizendo: «Fica connosco, porque faz-se tarde e o dia já declina». Entrou para ficar com eles. 30 Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o, e lho deu. 31 Abriram-se os seus olhos e reconheceram-n'O; mas Ele desapareceu da vista deles. 32 Disseram então um para o outro: «Não é verdade que nós sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». 33 Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém. Encontraram juntos os onze e os que estavam com eles, 34 que diziam: «Na verdade o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». 35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão.

Comentário:

Não podemos estranhar que a Liturgia apresente mais de uma vez os mesmos acontecimentos embora narrados por diferentes Evangelistas.

Neste caso o excelente escritor que sem dúvida é São Lucas narra-nos o acontecimento de Emaús de tal forma que sem qualquer esforço nos sentimos entrosados nas cenas como se as estivéssemos a viver.

E é muito importante esta atitude de “viver” o Evangelho como «um personagem mais» como aconselhava São Josemaria Escrivá, porque sendo o Evangelho a Palavra da Vida é muito conveniente que vivamos intensamente a vida de Jesus Cristo na terra, antes e depois da Ressurreição gloriosa.

(ama, comentário sobre Lc 24, 13-35 2014.05.04)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO OITAVO

CAPÍTULO VI

A narração de Ponticiano

Agora contarei de que modo me arrancaste do vínculo do desejo carnal, que me prendia fortemente, e da servidão dos negócios do mundo, e confessarei o teu nome, ó Senhor, meu auxílio e minha redenção. Levava a minha vida habitual com angústia crescente; todos os dias suspirava por ti, frequentava a tua igreja, quando me deixavam livre os negócios, cujo peso me fazia sofrer.

Comigo estava Alípio, desonerado do cargo de jurisconsulto, depois de ter sido assessor pela terceira vez. Ele aguardava a quem vender de novo os seus conselhos, como eu vendia arte da eloquência, se é que pelo ensino a podemos transmitir.

Nebrídio, por sua vez, acendendo às nossas solicitações amigas, auxiliava na escola a nosso amigo íntimo, Verecundo; este, gramático e cidadão milanês, desejava enormemente, e instava-nos em nome da amizade, que um de nós lhe prestasse uma fiel colaboração, pois dela muito necessitava.

Não foi, pois, o interesse que moveu Nebrídio – que poderia auferir bem mais vantagens se ensinasse as letras – mas, como grande amigo que era, não quis recusar o nosso pedido em obséquio à amizade. Agia, porém, com muita prudência, evitando fazer-se conhecido dos poderosos deste mundo, para evitar as inquietações do espírito que ele queria manter o mais possível livre e desocupado para investigar, ler ou ouvir algo sobre a sabedoria.

Certo dia em que Nebrídio estava ausente, não sei por que motivo, Alípio e eu recebemos a visita de um tal Ponticiano, nosso compatriota da África, que servia em alto cargo do palácio.

Não sei mais o que queria de nós.

Sentamo-nos para conversar, e, por acaso, deu com os olhos num livro que estava sobre a mesa de jogo, à nossa frente. Pegou-o, abriu-o, viu que eram as epístolas de Paulo e ficou surpreso, pois pensava que se tratasse de algum dos livros cujo estudo me preocupava.

Então sorriu para mim e, cumprimentando-me, manifestou-me a sua admiração por ter encontrado aquele livro, e só aquele, ao alcance dos meus olhos. Ponticiano era um cristão fiel, e muitas vezes prostrava-se diante de ti, nosso Deus, na igreja, em frequentes e prolongadas orações.

E quando lhe declarei que aquele livro ocupava o melhor da minha atenção, tomando a palavra, começou a falar-nos de Antão, monge do Egipto, cujo nome era celebrado entre os teus fiéis, mas que nós desconhecíamos até aquela hora. Informado disto, continuou a falar, revelando esse grande homem à nossa ignorância, que ele muito admirou.

Ouvíamos, estupefactos, as tuas autênticas maravilhas, realizadas na verdadeira fé, na Igreja Católica, tão recentes e quase contemporâneas. Todos nos admirávamos; nós, por serem coisas tão grandes; e ele, por nos serem tão desconhecidas.


Depois, passou a falar das multidões que vivem em mosteiros, e dos seus costumes, que trazem o teu doce perfume, e da fecunda solidão do ermo, tudo coisas que desconhecíamos.

Até em Milão havia, fora dos muros, um mosteiro cheio de bons irmãos sob a direcção de Ambrósio, que também desconhecíamos.

Ponticiano prosseguia, e falava sempre mais, e nós ouvíamo-lo atentos e calados. E assim veio a contar-nos que um dia, não sei quando, estando em Tréveris, saiu em companhia de três companheiros, enquanto o imperador se concentrava nos jogos circenses da tarde, para dar um passeio pelos jardins que rodeavam os muros da cidade. Distraidamente passeando dois a dois, um com Ponticiano, e os outros dois juntos, separaram-se e tomaram caminhos diferentes.

Caminhando a esmo, estes últimos deram com uma cabana, habitada por alguns servos teus, pobres de espírito, a quem pertence o reino dos céus. Lá encontraram um exemplar manuscrito da Vida de Santo Antão. Um deles começou a lê-lo, e, admirado e arrebatado cogitou, enquanto lia, em abraçar aquele género de vida, abandonando o serviço do mundo, para te servir unicamente a ti.

Estes dois eram os chamados agentes de negócios do imperador. De repente, tomado de amor santo e casto pudor, irado consigo mesmo, olha para o companheiro, e lhe diz: “Diz-me, peço-te, onde pretendemos chegar com todos estes nossos trabalhos? Que buscamos? Qual a finalidade do nosso labor? Podemos aspirar mais no palácio do que ser amigos do imperador? E mesmo nisto, quanta incerteza, quantos perigos! E quantos perigos teremos de passar para chegar a um perigo ainda maior? E quando chegaremos a isso? Mas, se eu quiser ser amigo de Deus, posso sê-lo agora mesmo”. Disse essas palavras, e exaltado pela gestação da nova vida voltou os olhos para o livro; ao ler, transformava-se interiormente, o que só tu sabias, e o seu espírito despia-se do mundo, como logo se evidenciou.

Enquanto lia, o coração tornou-se-lhe num mar tempestuoso, sentiu um estremecimento e, intuindo o melhor caminho a tomar, resolveu abraçá-lo, dizendo ao amigo:
“Já rompi com nossos sonhos: decidi dedicar-me ao serviço de Deus, e isso quero começar aqui e agora. Se não me queres imitar, ao menos não me contraries”.

O amigo respondeu que desejava ficar com ele, e ser companheiro de tão nobre mercê e de tão grande combate. Ambos já te pertenciam, e começavam a construir, com capital suficiente, uma torre de salvação, a tudo renunciando para te seguir.

Então Ponticiano e seu companheiro, que passeavam noutro local do jardim, procurando-os, deram também com a mesma cabana, e avisaram-nos para que voltassem, pois já entardecia. Mas eles, relataram-lhes a sua determinação e propósito, e o modo como nascera e se fixara neles tal desejo, pediram-lhes que, se não quisessem juntar-se a eles, que não os molestassem. Mas estes, sem se converterem, lamentaram-se a si mesmos, no dizer de Ponticiano, e felicitando-os piedosamente, recomendaram-se às suas orações; depois, arrastando o coração pela terra, voltaram ao palácio, enquanto que os convertidos, fixando o seu coração no céu, ficaram na cabana.

Ambos eram noivos; mas, quando as suas noivas ouviram o sucedido, também te consagraram sua virgindade.

CAPÍTULO VII

A reação de Agostinho

Eis o que Ponticiano nos relatou. E tu, Senhor, enquanto ele falava, fazias-me reflectir, tirando-me da posição de costas, em que me colocara para não me ver a mim mesmo. Tu colocavas-me diante do meu próprio rosto para que visse como estava indigno, disforme, sórdido, manchado e ulceroso.

Eu via-me, e enchia-me de horror, mas não tinha para onde fugir de mim mesmo. Se tentava afastar o olhar de mim mesmo, Ponticiano prosseguia com a narração, e de novo me punhas diante de mim, e me empurravas diante dos meus olhos, para que eu descobrisse minha iniquidade e a odiasse. Eu bem a conhecia, mas dissimulava-a, fingia não ver, esquecia.

E quanto mais ardentemente amava aqueles jovens, cuja salutar decisão ouvia relatar, por se terem entregado completamente a ti para que os curasses, tanto mais acerbamente me odiava ao comparar-me com eles. Com efeito, já tinham decorrido muitos anos – talvez uns doze – desde que, aos dezanove anos, lendo o Hortênsio de Cícero, me sentira atraído para o estudo da sabedoria. Ia adiando a hora de abandonar a felicidade meramente terrena, quando não somente a sua descoberta, mas a sua própria busca, deveria ser preferida aos maiores tesouros do mundo e aos maiores prazeres corporais, que a um aceno, afluíam a meu redor.

Mas eu, jovem miserável, sim, miserável desde o despertar da juventude, já te havia pedido a castidade, dizendo: “Dá-me castidade e continência, mas não agora” – pois temia que me atendesse muito depressa, e que me curasses logo da doença de minha concupiscência, que eu mais queria saciar do que extinguir. E caminhei pelas sendas ruins de uma superstição sacrílega, não porque estivesse certo dela, mas porque a preferia às demais doutrinas, que eu não estudava piedosamente, mas que hostilmente combatia.

Acreditava que o motivo por que adiava dia a dia o desprezo das promessas seculares, para te seguir apenas a ti, era o não ter descoberto uma claridade capaz de dirigir os meus passos.

Veio, então, o dia em que me vi nu, a ouvir as repreensões da minha consciência: “Onde está a tua palavra? Não dizias que a tua indecisão para lançar longe o fardo da tua vaidade se devia à incerteza? Agora tens a certeza, e não obstante, ainda te oprime esse fardo; outros, no entanto, que não se consumiram tanto em procurá-la, nem meditaram dez anos ou mais sobre tais problemas, veem nascer asas nos seus ombros mais livres”.

Assim me roía interiormente, devorado por enorme e terrível vergonha, enquanto Ponticiano contava aquilo tudo. Finda a conversa, e resolvida a questão a que viera, Ponticiano voltou para sua casa, e eu para dentro de mim. Que coisas não disse contra mim? Com que açoite de palavras não flagelei a minha alma, para obrigá-la a seguir-me nos meus esforços para te alcançar! Ela resistia, recusava-se, sem se desculpar. Todos os argumentos já estavam esgotados e refutados. Nada lhe restava, senão uma angústia muda: tinha medo, como da morte, de ser tolhida à corrente do vício, onde se corrompia mortalmente.

(Revisão de versão portuguesa por ama)


Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?