01/02/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Fev 01

nunc coepi – Índice de publicações em Fev 01

São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 5 1-20, Leitura Espiritual - Juan Carlos Sack – Eucaristia

Doutrina (Adorar a Cruz), Idolatria

AT - Salmos – 91

JMA - Reflexões,


Agenda Segunda-Feira

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo Comum
Semana IV

Evangelho: Mc 5, 1-20

1 Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. 2 Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com Ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo. 3 Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e já ninguém conseguia segurá-lo com cadeias. 4 Tendo sido preso muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões e ninguém o podia dominar. 5 E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Ao ver de longe Jesus, correu e prostrou-se diante d'Ele 7 e clamou em alta voz: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus eu Te conjuro que não me atormentes». 8 Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito imundo sai desse homem». 9 Depois perguntou-lhe: «Como te chamas?». Ele respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos». 10 E suplicava-Lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região. 11 Andava ali, próximo do monte, uma grande vara de porcos a pastar. 12 Os espíritos imundos suplicaram-Lhe: «Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles». 13 Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro no mar onde se afogaram. 14 Os guardadores fugiram e contaram o facto pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido. 15 Foram ter com Jesus e viram o que tinha estado possesso do demónio sentado, vestido e são do juízo; ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo. 16 Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos. 17 Então começaram a pedir a Jesus que se retirasse do seu território. 18 Quando Jesus subia para a barca, o que fora possesso do demónio começou a pedir-Lhe que lhe permitisse acompanhá-l'O . 19 Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: «Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve piedade de ti». 20 Ele retirou-se e começou a proclamar pela Decápole que grandes coisas Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.

Comentário:

O Senhor não dorme isto é, nunca se alheia das verdadeiras necessidades dos Seus irmãos os homens.

Muitas vezes parece que Lhe é indiferente mas não!

Está apenas a pôr à prova a nossa fé, a nossa confiança.

(ama, comentário sobre Mc 4, 35-41, 2015.06.21)


Leitura espiritual



Eucaristia


A Presença Real de Cristo na Eucaristia - Parte IV


A Presença Real de Cristo na Eucaristia

- "Cristo apresentou ao Pai, de uma única vez para sempre, o sacrifício de Si mesmo [i] e não em cada Missa, como faz novamente o sacerdote ao apresentar ao Pai um novo sacrifício de Cristo" [ii].

- "Cristo não foi imolado uma única vez em Si mesmo? No entanto, quanto ao Sacramento (da Eucaristia) - que se imola pelos povos não só em todas as solenidades da Páscoa, mas também todos os dias - não mente aquele que responde, caso lhe seja perguntado, que 'há imolação'" [iii].

TRADIÇÃO APOSTÓLICA

Este é um documento de enorme importância para o conhecimento da liturgia celebrada na Igreja dos primeiros séculos. A obra é datada do início do século III [iv].
Junto com a Didaché, são os documentos mais importantes sobre a organização da Igreja primitiva.

Tratando da celebração da Ceia do Senhor, o documento distingue entre "pão bento" (em grego, "eulogia") e "pão eucarístico" (em grego, "eukaristia"), e insiste no cuidado que se deve ter para com este último [v].

- "Cada um tome cuidado para que nenhum infiel prove a Eucaristia, nem algum rato ou outro animal; porque é o corpo de Cristo, que deve ser comido pelos fiéis e não deve ser menosprezado" [vi].

Há uma expressão na Tradição que pode, a primeira vista, parecer (nas traduções) apoiar a opinião simbolista:

- "(O Bispo) dará graças sobre o pão para (que seja) o símbolo do corpo de Cristo; e sobre o cálice de vinho misturado para (que seja) a imagem do sangue que foi derramado por todos os que creram Nele".

A palavra grega original que se encontra sob as palavras "símbolo" e "imagem" no texto acima - trata-se de uma mesma palavra para ambos os casos - é "antítipo" [vii].
A questão é saber o que este termo significa propriamente.

"Tipo" designava, na língua helénica, o mesmo que o molde que modela uma imagem (sentido principal) ou a própria imagem já modelada (sentido secundário).
Uma diferenciação posterior passou a ser usada para estes casos, apontando "tipo" para o molde e "antítipo" para a imagem; deste modo, o "antítipo" é algo que em sua própria razão de ser possui um carácter de referência essencial ao molde de onde procede.
Para São Paulo, todos os acontecimentos do Antigo Testamento são "tipo" dos acontecimentos do Novo [viii]; daí que, obviamente, o Novo Testamento é "antítipo" do Antigo.
Com efeito, resta natural enxergar na Eucaristia um "antítipo" da morte de Cristo, que Ele mesmo ordenou comemorar nela.
No texto acima citado, o pão e o vinho são chamados "antítipos" (imagem, semelhança) do corpo e do sangue de Cristo, porque esses elementos visíveis adquiriram, após a consagração, uma relação essencial com o corpo e o sangue de Cristo, que neles Ele Se nos dá realmente.
Por outras palavras: os elementos eucarísticos são "antítipos" do corpo e do sangue de Cristo não em si mesmos - pois não o são de maneira nenhuma - mas enquanto foram feitos, sacramentalmente, o corpo e o sangue de Cristo.
Longe de negar o realismo da presença real, essa expressão a supõe como fundamento da própria relação que afirma.
Dava-se deste modo uma primeira resposta ao problema da persistência sensível do pão e do vinho apesar da transformação invisível que pela consagração se operou neles.
Com a nova e real presença do corpo e do sangue de Cristo, os elementos do pão e do vinho adquiriram um novo sentido do sinal visível de uma nova realidade invisível, que é o corpo e o sangue do Senhor [ix].

Existem outros monumentos litúrgicos em que a mesma expressão aparece. Cito alguns:

- "Te damos graças também, Pai nosso, pelo sangue precioso de Jesus Cristo derramado por nós, e pelo precioso corpo, cujos 'antítipos' realizamos por Ele nos ter ordenado proclamar a Sua morte" [x].

- "Em lugar do sacrifício de animais, temos o (sacrifício) espiritual, incruento e místico, que é celebrado pelos 'antítipos' do corpo e do sangue do Senhor em memória da sua morte" [xi].

- "A imagem e semelhança do corpo e sangue de Cristo se realizam na celebração dos mistérios" [xii].

- "Aceita, Pai, estes dons (o pão e o vinho consagrados na Eucaristia) para a glória do teu Cristo e envia sobre este sacrifício o teu Santo Espírito, testemunha dos sofrimentos do Senhor Jesus, para que Ele mostre que este pão é o corpo de Cristo e este cálice é o sangue de Cristo, de tal modo que os que dele participam se fortaleçam para a santidade, alcancem a remissão dos seus pecados, sejam afastados do maligno e dos seus enganos, possam se encher do Santo Espírito, possam ser dignos do teu Cristo e possam obter a vida eterna, vida que cresce na reconciliação dos que fizeste partícipes" [xiii].

O sentido destes textos supõe a mudança que sofrem o pão e o vinho na consagração.
Por ela, o que era pão e vinho são agora o corpo e o sangue do Senhor; contudo, ao permanecer igual em seu aspecto visível de pão e vinho, recebem uma nova relação com o corpo e o sangue de Cristo ali realmente presentes e é isso o que expressam os textos com palavras como "figura", "imagem", "semelhança", "antítipo": para os olhos naturais, continuam sendo vistos pão e vinho; estes são uma "imagem" do corpo e sangue de Cristo, porque sobre eles foi pronunciada a "eucaristia" e já não são apenas pão e vinho [xiv].

São João Damasceno (séc. VIII) entendeu o problema de modo diverso e oferecia esta solução:

- "Se alguns chamaram o pão e o vinho de figuras ("antítipos") do corpo e do sangue do Senhor - como disse Basílio, o Portador de Deus (Teóforo) - os chamaram assim não após a consagração, mas antes da consagração, dando este nome à oblação em si" [xv].

Isto indica que a fé da Igreja universal era unânime em dar para a presença do corpo e do sangue do Senhor na Eucaristia um valor real e não meramente simbólico.

Finalmente note-se que os adversários da presença real nem sequer poderiam usar em suas homilias as expressões aqui citadas - que poderiam parecer indicar uma interpretação "simbólica" para o nosso tema - já que as mesmas incluem o conceito de "sacrifício" eucarístico, ou o de "celebração dos mistérios", que jamais são aplicáveis aos cultos que giram em torno da pregação (como os cultos protestantes), sem a existência de um altar e do sacrifício eucarístico. 

ORÍGENES

Nascido em 185, em Alexandria, de família cristã.
O seu pai foi martirizado durante a perseguição de Septimio Severo. Conheceu Hipólito de Roma.
Excelente pregador e catequista.
Morreu em Cesareia, por volta do ano 253, em virtude dos maus tratos provocados pelos perseguidores da Fé.
As suas obras foram abundantes.
Algumas das suas doutrinas ultrapassaram as da Igreja, mas tratam-se de especulações pessoais sobre os mistérios, coisa que o próprio Orígenes se encarregou de assinalar.
O seu desejo de interpretar os textos bíblicos com excesso de alegoria e simbolismo costuma provocar confusão em mais de um de seus ensinamentos.
Apesar de tudo, é considerado como um dos melhores teólogos da Antiguidade.

No caso de Orígenes, deve levar-se em conta o seu sistema interpretativo, para não retirar as expressões eucarísticas do seu contexto natural.
Para compreender o pensamento sacramental de Orígenes, é necessário considerar três factos:

a) A sua concepção tipológica (as instituições do Antigo Testamento são figuras das realidades invisíveis do Novo).
b) A sua preferência em insistir mais na pregação do que na liturgia.
c) O interesse que, por influxo platónico, têm para ele os sinais visíveis do culto como sinais das realidades sobrenaturais.

Tendo isto em vista, Orígenes jamais nega a realidade da Eucaristia e se é verdade que por essa concepção e preferência ele está inclinado a minimizá-la, o seu testemunho - por isso mesmo - tem um valor muito maior [xvi].
Não se trata de uma antinomia entre realismo e simbolismo; afirma-se um simbolismo ulterior ao que previamente se admite como uma realidade.
Há em Orígenes um perfeito paralelismo entre a realidade da Eucaristia e seu ulterior simbolismo em ordem a outras realidades, por um lado, e o sentido literal da Escritura e seu sentido tipológico, por outro.
Ele não nega o sentido literal e nem o realismo eucarístico; estes dois são a base necessária para o simbolismo e a tipologia [xvii].

Há em Orígenes muitos textos em que alude à celebração eucarística; insiste especialmente nas disposições para se receber o corpo do Senhor. Indubitavelmente, ele entende esse corpo do Senhor no sentido literal:

- "Se sobes com Ele para celebrar a Páscoa, te dará o cálice do Novo Testamento e também o pão da bênção; conceder-te-á Seu próprio corpo e Seu próprio sangue" [xviii].

- "Antes, como um enigma, o maná era um alimento; agora, realmente, a carne do Verbo de Deus é o verdadeiro alimento, como Ele diz: 'Minha carne é verdadeira comida e o Meu sangue é verdadeira bebida" [xix].

Porém, esse corpo e sangue do Senhor, que são algo real na Eucaristia, são ao mesmo tempo símbolo de algo diferente, que pode também ser chamado, em sentido espiritual, de corpo e sangue do Senhor.
Por isso, Orígenes chama o corpo de Cristo na Eucaristia de "corpo típico e simbólico"; não porque não seja real, mas porque também é um sinal, um símbolo.

Em outro lugar, Orígenes exorta:

- "Vós que assistis habitualmente os divinos mistérios sabeis como, quando recebeis o corpo do Senhor, o guardais com cuidado e veneração, para que não caia nenhuma só partícula e não desapareça algo do dom consagrado.
Porque se por negligência cai alguma coisa, credes ser réus - e com razão [xx].
Porém, se dedicais tanto cuidado para conservar o corpo - e tens razão em fazê-lo - como podereis pensar que é algo menos ímpio descuidar da Palavra de Deus?" [xxi].

Em outro ponto, comenta Números 23,24, onde se lê: "Não dormirá até que coma a sua presa e beba do sangue dos feridos". O próprio tom da frase - diz Orígenes - faz abandonar a letra (do texto) e buscar a alegoria:

- "Que nos digam: que povo é esse que tem o costume de beber sangue? Isso foi o que, também no Evangelho, os judeus que seguiam o Senhor, ao ouvi-Lo, se escandalizaram (...) Porém, o povo cristão escuta e segue Aquele que diz: 'Se não comerdes a Minha carne e não beberdes o Meu sangue, não tereis vida em vós, porque a Minha carne é verdadeiramente comida e Meu sangue é verdadeiramente bebida'".

E continua e conclui o alexandrino:

- "Verdadeiramente Quem dizia isto foi ferido por nossos pecados, como disse Isaías (...) Porém, é dito que bebemos o sangue de Cristo não apenas no rito dos Sacramentos, como também quando recebemos as palavras de Cristo, em que se encontram a Vida" [xxii].

Com efeito, Orígenes passa do real - que claramente afirma - para um sentido mais místico nas passagens que comenta [xxiii].

DIONÍSIO DE ALEXANDRIA

Discípulo de Orígenes.
Chefe da escola catequética de Alexandria em 231; Bispo de Alexandria em 248.
Morreu em 265. Dele restaram duas cartas inteiras e vários fragmentos citados por outros autores.

Numa carta ao Papa, em que explica o porquê de não reiterar o baptismo dos hereges, diz:

- "É precisamente isto o que não me atrevi a fazer, dizendo (a um ancião que me insistia para que lhe renovasse o batismo), que lhe bastava a comunhão (eucarística) em que era admitido há tanto tempo.
Quem participou da Eucaristia e pronunciou o 'Amém' com os demais, tendo se aproximado do altar e estendido as suas mãos para receber o alimento sagrado, e o tendo recebido e participado do corpo e sangue de Nosso Senhor, a esse eu não me atreveria a refazê-lo desde o início (administrando-lhe novamente o baptismo)" [xxiv].

(cont)

p. juan carlos sack

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Hebreus 9:24-28
[ii] Guillermo Hernández Agüero, evangélico
[iii] Santo Agostinho, Bispo, século IV
[iv] 215, aproximadamente
[v] O "pão bento" é conservado nas celebrações do Rito Bizantino, mas não nas do Rito Romano.
[vi] Espero que esta afirmação da Igreja dos primeiros séculos aplaque o medo de Hernández Agüero, que propõe: "Pensemos agora: se por acaso um rato, por descuido, vier a comer uma hóstia consagrada, falando no bom sentido, poderíamos dizer então que 'comeu Deus'?" Fiquemos apenas com a parte em que o rato não come o pão eucarístico, porque é o Corpo de Cristo e deve ser tratado como tal. Porém, o argumento do "rato comendo Deus" não parece ter debilitado a fé da Igreja primitiva na presença real.
[vii] Neste antigo documento ocorre em outras passagens o uso da palavra "antítipo": o pão do ágape, segundo a Tradição, "é uma 'eulogia', não uma Eucaristia, 'antítipo' do corpo do Senhor" (distinção mais do que importante para não confundir o ágape fraterno com a Eucaristia propriamente dita); e também: "Recebeste o cálice em nome de Deus como o 'antítipo' do sangue de Cristo".
[viii] Romanos 5,14; 1Coríntios 10,6
[ix] O tema foi estudado detalhadamente por A. Wilmart, em seu artigo "Transfigurare", Bulletin d’Ancienne Littérature et d’Archeologie Chrétiennes 1 (1911), pp. 285-288.
[x] Constituições Apostólicas 7,25,4
[xi] Constituições Apostólicas 6,23,5
[xii] Gelásio, Tractatus de Duabus Naturis Adv. Eutychen et Nestorium 14
[xiii] Constituições Apostólicas 8,12,22
[xiv] Não se deve esquecer que a Teologia, isto é, a reflexão sobre os mistérios da fé, vai se desenvolvendo de maneira gradual: a Igreja recebe o mistério e reflete sobre ele, guiada pelo Espírito, sem eliminar os elementos que transcendem sua capacidade intelectiva - os mistérios propriamente ditos - ainda que busque obter deles um conhecimento e uma compreensão cada vez maiores. Neste processo secular, a Teologia avança também na expressão das verdades que recebeu e que transmite de geração a geração, atormentada precisamente por expressões que davam margem à dúvida ou confusão, ou somente imperfeitas em demasia. Assim ocorreu com todos os dogmas da Igreja, não apenas com a Eucaristia; pense-se, por exemplo, na evolução das expressões acerca da humanidade e divindade do Senhor: só com o passar dos séculos e após disputas que muitas vezes se tornaram violentas, a Igreja foi capaz de expressar o mistério de uma maneira mais perfeita, coisa que não exclui uma melhor expressão no futuro. Quando o Concílio Niceno-Constantinopolitano abordou a pessoa divina de Jesus e suas naturezas divina e humana, estava expressando com autoridade o que por séculos foi motivo de debates e lutas de não pequena monta, visto que as Escrituras pareciam dar razão para as duas partes em questão manter posições contrárias; e na pregação do mistério da Encarnação, aqui e acolá soavam expressões que a Igreja, iluminada pelo Espírito da Verdade, foi discernindo, esclarecendo e definindo.
[xv] Da Fé Ortodoxa 4,13
[xvi] Estes pensamentos não são ideias minhas. Podem consultar-se os melhores estudiosos de Orígenes e os Padres do seu tempo; p.ex.: H. U. von Balthasar, “Le Mysterion de Origène”, in: Recherches de Science Religieuse 26 (1936), pp. 513-562; 27 (1937), pp. 38-68; H. de Lubac, "Histoire et Esprit. L’intelligence de l’Écriture d’après Origène" (Paris 1950), pp. 355-358; H. Crouzel, “Origène et la structure du sacrement”, in: Bulletin de Littérature Ecclésiastique 63 (1962), pp. 81-104 ; L. Lies, "Wort und Eucharistie bei Origenes" [Innsbrucker theologishe Studien, 1] (Innsbruck-Wien-München 1978), pp. 97-148 ; J. Daniélou, "Origène" (Paris 1948), p. 74. Todos estes autores são as autoridades mais importantes no estudo de Orígenes em nosso tempo.
[xvii] Sobre a antiga concepção de "símbolo" que não nega a realidade mas a afirma, projetando-a para uma outra realidade superior, veja-se A. von Harnack, "Lehrbuch der Dogmengeschichte", t. 1 (Tübingen 1909), p. 476.
[xviii] Sobre Jeremias, Homilia 19,13
[xix] Sobre Números, Homilia 7,2
[xx] Neste espírito, a Igreja sempre protegeu os sagrados elementos eucarísticos contra toda espécie de profanação, maltrato ou roubo. Daniel Sapia, webmaster do Site batista "Conoceréis la Verdad", quer desacreditar este interesse da Igreja, quando cita ironicamente a preocupação de Mons. Estanislao Karlic, então presidente da Conferência Episcopal Argentina, quando tomou conhecimento do roubo cometido contra uma senhora que levava consigo a eucaristia para um doente. Comentou o webmaster batista: "O Redentor da humanidade era carregado 'na carteira da mulher...'".
[xxi] Sobre Êxodo, Homilia 13,3
[xxii] Sobre Números, Homilia 16,9
[xxiii] Esta última citação de Orígenes confirma o que sugerimos anteriormente: a fé na presença real de Jesus na Eucaristia não exclui um discurso mais amplo, simbólico, que podemos encontrar nos Padres (e também em pregadores católicos atuais); o texto citado, p.ex., nunca poderia ser pronunciado por um "evangélico", pois ele não poderia dizer: "bebemos o sangue de Cristo no rito dos Sacramentos", enquanto um católico poderia, sem nenhum problema, pronunciar a frase inteira: "bebemos o sangue de Cristo não apenas no rito dos Sacramentos, como também quando recebemos as palavras de Cristo".
[xxiv] Carta ao Papa Sisto II; cf. Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica 7,9,4

Não tenhas pena de seres nada

Não te apoquentes por verem as tuas faltas. A ofensa a Deus e a desedificação que podes ocasionar, isso é que te deve doer. – De resto, que saibam como és e te desprezem. – Não tenhas pena de seres nada, porque assim Jesus tem que pôr tudo em ti. (Caminho, 596)

Escreve o evangelista S. João: ninguém jamais viu Deus; o Filho Unigénito que está no seio do Pai é que o deu a conhecer, comparecendo ante o olhar atónito dos homens: primeiro, como um recém-nascido, em Belém; depois, como um menino igual aos outros; mais tarde, no Templo, como um adolescente, inteligente e vivo; e, por fim, com aquela figura amável e atraente do Mestre que movia os corações das multidões que o acompanhavam entusiasmadas.

Bastam algumas provas do Amor de Deus que se encarna para que a sua generosidade nos toque a alma, nos incendeie, nos mova com suavidade a uma dor contrita pelo nosso comportamento, em tantas ocasiões mesquinho e egoísta. Jesus não tem inconveniente em rebaixar-se, para nos elevar da miséria à dignidade de filhos de Deus, de irmãos seus. Pelo contrário, tu e eu muitas vezes enchemo-nos nesciamente de orgulho pelos dons e talentos recebidos, até ao ponto de os converter em pedestal para nos impormos aos outros, como se o mérito de algumas acções, acabadas com relativa perfeição, dependesse exclusivamente de nós: Que possuis tu que não tenhas recebido de Deus? E se o recebeste, porque te glorias como se o não tivesses recebido?


Ao considerar a entrega de Deus e o seu aniquilamento – falo para que o meditemos, pensando cada um em si mesmo –, a vanglória, a presunção do soberbo revela-se um pecado horrendo, precisamente porque coloca a pessoa no extremo oposto ao modelo que Jesus nos assinalou com a sua conduta. Pensai nisto devagar: Ele humilhou-se, sendo Deus. O homem, cheio do seu próprio eu, pretende enaltecer-se a todo o custo, sem reconhecer que está feito de barro e barro de má qualidade. (Amigos de Deus, nn. 111–112)

SOBRE O PERDÃO – 20

5 – Em jeito de conclusão: O PERDÂO, graça de Deus para a vida

Quanto a esta conclusão poderia dizer que estava tudo dito!

Realmente, e sobretudo no contexto cristão católico, tudo o que nos vem de Deus é graça.

Mas permitam-me humanamente dizer que há graças maiores do que outras.
Entre essas maiores, o perdão é sem dúvida uma delas.

Perdoar e pedir perdão é com certeza um acto que sai de nós, que sai da nossa vontade, mas que em toda a sua dimensão se torna praticamente impossível de alcançar apenas pelas nossas capacidades humanas.

Porque não é só o perdoar e o pedir perdão, mas também o olhar para o ofensor ou o ofendido com olhar de compaixão, com sentimentos de amor, com sentimentos de reconciliação, de não desejar mal algum, e isso só é atingível pela graça de Deus, que nos é dada em oração, pela nossa oração persistente pelo ofensor, pelo ofendido e por nós próprios.

E então podemos assistir a coisas maravilhosas, como uma mãe que perdoa ao assassino do seu filho, um judeu do holocausto que perdoa ao seu torturador, uma mulher, ou um filho, que perdoam ao seu marido, ao seu pai, anos de tormento e violência extrema, etc.

Não, não está na capacidade humana este perdão total que deve ser sempre levado ao limite, mas sim na graça de Deus ao homem que se abre ao amor e pelo amor ao perdão.

(cont)


(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

Antigo testamento / Salmos


Salmo 91







1 Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao Senhor: "Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio".
2 Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal.
4 Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protector.
5 Vós não temereis o pavor da noite nem a flecha que voa de dia, 6 nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia.
6 Mil poderão cair ao seu lado; dez mil, à sua direita, mas nada o atingirá.
7 Simplesmente olhará, e verá o castigo dos ímpios.
8 Se fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda.
9 Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que não tropece em alguma pedra.
10 Pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente.
11 "Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome.
12 Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra.

13 Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação."