22/02/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Fev 22

nunc coepi – Índice de publicações em Fev 22

São Josemaria – Textos

AMA (Reflectindo - Coisas pequenas)

Benedickt Baur, Coisas pequenas, En la intimidad con Dios (Benedickt Baur), Imperfeições

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 16 13-19, Leit Espiritual - Doutrina Social da Igreja

JMA – Quaresma

Doutrina - Que acontece no Céu

AT - Salmos – 112

Cultivar a interioridade na era digital, J C Vásconez, Notícias e outros temas - 20, R Valdés


Agenda Segunda-Feira

Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 11ª Reflexão

Hoje, Dia do Senhor, reflicto sobre a minha participação na Missa.
Intimamente, perguntas-me:

Já te apercebeste de quantas vezes “estás” na Missa distraído, pensando em tudo menos em Mim, atento a tudo, menos à Minha presença real, ali, para ti? Já te apercebeste de como quantas vezes é rotineiro o modo como “participas” da Missa?
E, no entanto, se estiveres a celebrar alguém que muito te interessa ou que muito amas, estarás atento a todos os pormenores, comprarás o melhor presente e terás as palavras mais elogiosas para aquele que é objecto dessa celebração.
E, Eu, que me dou inteiramente a Ti em cada sacrifício da Missa, porque te amo com amor eterno, não mereço a tua atenção, a tua presença total em tão escassos momentos no cômputo geral da tua vida?

Arrependido, baixo a cabeça!

E suplico-Te:
Ajuda-me e ensina-me, Senhor, a mais do que “estar” ou “participar” na Missa, a celebrar intimamente ligado com a comunidade celebrante, a Tua Paixão, Morte e Ressurreição, sempre presentes em cada Eucarista celebrada.
Senhor, eu não sou digno, mas dá-me Tu a dignidade necessária para Te receber como Alimento Divino que Tu és em cada Eucaristia.
Senhor, faz com que Eu esteja sempre aos pés da Tua Cruz em cada celebração da Eucaristia, em vez de estar misturado com aqueles que “assistem”, sem nada fazer.
Tudo e sempre para Te servir, para melhor servir os outros.


Joaquim Mexia Alves, Marinha Grande, 21 de Fevereiro de 2016.

O valor do estudo

Cultivar a interioridade na era digital - 3

O valor do estudo

O hábito do estudo, que ordena o desejo de chegar a metas nobres, costuma relacionar-se com a temperança. Santo Tomás caracteriza a virtude da studiositas como um «certo entusiasmante interesse por adquirir o conhecimento das coisas» [i], que implica a superação da comodidade e da preguiça. Quanto mais intensamente a mente se aplicar em algo pelo facto de o ter conhecido, tanto mais se desenvolve regularmente o seu desejo de aprender e de saber.

O desejo de saber é enriquecedor quando se põe ao serviço dos outros e contribui para fomentar um reto amor ao mundo, que nos impulsiona a seguir a evolução das realidades culturais e sociais em que nos movemos e que queremos levar para Deus. Mas isto é diferente de viver para o exterior, dominado por uma curiosidade que se manifestaria, por exemplo, na ânsia de estar informados de tudo ou de não querer perder nada. Essa atitude desordenada acabaria por conduzir à superficialidade, à dispersão intelectual, à dificuldade para cultivar o convívio com Deus, à perda do interesse apostólico.

As novas tecnologias, ao ampliarem as fontes de informação disponíveis, são uma ajuda valiosa no estudo de assuntos tão variados como um projeto académico de investigação, a escolha de um local para as férias familiares, etc. No entanto, existem também várias formas de desordem do apetite ou desejo de conhecimento: uma pessoa pode abandonar um determinado estudo que constitui para ela uma obrigação e começar «outra investigação menos proveitosa» [ii]. Por exemplo, quando a atenção se centra na resposta a uma mensagem ou à última actualização, em vez de se concentrar no estudo ou no trabalho.

A curiosidade desmedida, que São Tomás caracterizava como uma «inquietação errante do espírito» [iii], pode conduzir à acídia: uma tristeza do coração, um peso da alma que não consegue responder à sua vocação que exige pôr atenção e esforço no convívio com o próximo e com Deus. A acídia é compatível com uma certa agitação da mente e do corpo, mas que só reflecte a instabilidade interior. Por outro lado, o hábito do estudo mantém o vigor à hora de trabalhar e de se relacionar com os outros, dá eficácia ao tempo que gasto e, ainda, ajuda a poder apreciar as actividades que exigem um esforço mental.

j.c. vásconez ‒ r. valdés





[i] São Tomás, S. Th.II-II, q. 166, a. 2 ad 3.
[ii] São Tomás, S. Th.II-II, q. 167, a. 1 resp.
[iii] São Tomás, De Malo, q. 11, a. 4.

Evangelho, comentário, L. espiritual


Quaresma
Semana II

Cadeira de São Pedro

Evangelho: Mt 16, 13-19

13 Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». 14 Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». 15 Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». 16 Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». 17 Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. 18 E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».

Comentário:

As Chaves do Reino de Deus!
Nem mais nem menos!

O Senhor entrega a Pedro, um simples Pescador da Galileia, um poder extraordinário sem comparação com qualquer outro.

Poder que se mantém desde então nas mãos da cabeça visível da Igreja, o Papa.

É obrigação dos cristãos apoiar com orações e carinho o Vigário de Cristo ajudando-o a carregar tão enorme responsabilidade.

Dominus conservat eum et vivificat eum et beatum faciat eum in terra et non tradat eum in animam inimicorum eius. [i]

(ama, comentário sobre Mt 16, 13-19, 2015.06.29)

Leitura espiritual


COMPÊNDIO
DA DOUTRINA SOCIAL
DA IGREJA

INTRODUÇÃO


UM HUMANISMO INTEGRAL E SOLIDÁRIO

a) No alvorecer do terceiro milénio

1 A Igreja, povo peregrino, entra no terceiro milénio da era cristã conduzida por Cristo, o «Grande Pastor» [ii]:
Ele é a «Porta Santa» [iii] que transpusemos durante o Grande Jubileu do ano 2000 [iv]. Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida [v]: contemplando o Rosto do Senhor, confirmamos a nossa fé e a nossa esperança n’Ele, único Salvador e fim da história.

A Igreja continua a interpelar todos os povos e todas as nações, porque somente no nome de Cristo a salvação é dada ao homem.
A salvação, que o Senhor Jesus nos conquistou por um “alto preço” [vi], realiza-se na vida nova que espera os justos após a morte, mas abrange também este mundo [vii] nas realidades da economia e do trabalho, da sociedade e da política, da técnica e da comunicação, da comunidade internacional e das relações entre as culturas e os povos.

«Jesus veio trazer a salvação integral, que abrange o homem todo e todos os homens, abrindo-lhes os horizontes admiráveis da filiação divina» [viii].

2 Neste alvorecer do Terceiro Milénio, a Igreja não se cansa de anunciar o Evangelho que propicia salvação e autêntica liberdade, mesmo nas coisas temporais, recordando a solene recomendação dirigida por São Paulo ao discípulo Timóteo:

«Prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir.
Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação.
Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si.
Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.
Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério» [ix].

3 Aos homens e às mulheres do nosso tempo, seus companheiros de viagem, a Igreja oferece também a sua doutrina social.
De facto, quando a Igreja «cumpre a sua missão de anunciar o Evangelho, testemunha ao homem, em nome de Cristo, a sua dignidade própria e sua vocação à comunhão de pessoas, ensina-lhes as exigências da justiça e da paz, de acordo com a sabedoria divina» [x].

Tal doutrina possui uma profunda unidade, que provém da Fé numa salvação integral, da Esperança numa justiça plena, da Caridade que torna todos os homens verdadeiramente irmãos em Cristo.
Ela é expressão do amor de Deus pelo mundo, que Ele amou até dar «o seu Filho único» [xi].
A lei nova do amor abrange a humanidade toda e não conhece confins, pois o anúncio da salvação de Cristo estende-se «até aos confins do mundo» [xii].

4 Ao descobrir-se amado por Deus, o homem compreende a própria dignidade transcendente, aprende a não se contentar de si e a encontrar o outro, numa rede de relações cada vez mais autenticamente humanas.
Feitos novos pelo amor de Deus, os homens são capacitados a transformar as regras e a qualidade das relações, inclusive as estruturas sociais: são pessoas capazes de levar a paz onde há conflitos, de construir e cultivar relações fraternas onde há ódio, de procurar a justiça onde prevalece a exploração do homem pelo homem.
Somente o amor é capaz de transformar de modo radical as relações que os seres humanos têm entre si.
Inserido nesta perspectiva, todo o homem de boa vontade pode entrever os vastos horizontes da justiça e do progresso humano na verdade e no bem.

5 O amor tem diante de si um vasto campo de trabalho e a Igreja, nesse campo, quer estar presente também com a sua doutrina social, que diz respeito ao homem todo e se volve a todos os homens.
Tantos irmãos necessitados estão à espera de ajuda, tantos oprimidos esperam por justiça, tantos desempregados à espera de trabalho, tantos povos esperam por respeito:

«Como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem morra de fome, quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados médicos mais elementares, quem não tenha uma casa onde abrigar-se?
E o cenário da pobreza poderá ampliar-se indefinidamente, se às antigas pobrezas acrescentarmos as novas que frequentemente atingem mesmo os ambientes e categorias dotadas de recursos económicos, mas sujeitos ao desespero da falta de sentido, à tentação da droga, à solidão na velhice ou na doença, à marginalização ou à discriminação social. [...]
E como ficar indiferentes face às perspectivas de um desequilíbrio ecológico que torna inabitáveis e hostis ao homem vastas áreas do planeta?
Ou em face dos problemas da paz, frequentemente ameaçada com o íncubo de guerras catastróficas?
Ou frente ao vilipêndio dos direitos humanos fundamentais de tantas pessoas, especialmente das crianças?» [xiii].

6 O amor cristão move à denúncia, à proposta e ao compromisso de elaboração de projectos em campo cultural e social, a uma operosidade concreta e activa, que impulsione todos os que tomam sinceramente a peito a sorte do homem a oferecer o próprio contributo.
A humanidade compreende cada vez mais claramente estar ligada por um único destino que requer uma comum assunção de responsabilidades, inspirada em um humanismo integral e solidário: vê que esta unidade de destino é frequentemente condicionada e até mesmo imposta pela técnica ou pela economia e adverte a necessidade de uma maior consciência moral, que oriente o caminho comum.
Os homens do nosso tempo estupefactos pelas multíplices inovações tecnológicas, desejam ardentemente que o progresso seja votado ao verdadeiro bem da humanidade de hoje e de amanhã.


b) O significado do documento


7 O cristão sabe poder encontrar na doutrina social da Igreja os princípios de reflexão, os critérios de julgamento e as directrizes de acção donde partir para promover esse humanismo integral e solidário. Difundir tal doutrina constitui, portanto, uma autêntica prioridade pastoral, de modo que as pessoas, por ela iluminadas, se tornem capazes de interpretar a realidade de hoje e de procurar caminhos apropriados para a acção:

«O ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja» [xiv].

Nesta perspectiva, pareceu muito útil a publicação de um documento que ilustrasse as linhas fundamentais da doutrina social da Igreja e a relação que há entre esta doutrina e a nova evangelização [xv]. O Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, que o elaborou e assume plena responsabilidade por ele, se valeu para tal fim de uma ampla consulta, envolvendo os seus Membros e Consultores, alguns Dicastérios da Cúria Romana, Conferências Episcopais de vários países, Bispos e peritos nas questões tratadas.

8 Este Documento entende apresentar de maneira abrangente e orgânica, se bem que sinteticamente, o ensinamento social da Igreja, fruto da sapiente reflexão magisterial e expressão do constante empenho da Igreja na fidelidade à Graça da salvação de Cristo e na amorosa solicitude pela sorte da humanidade. Os aspectos teológicos, filosóficos, morais, culturais e pastorais mais relevantes deste ensinamento são aqui organicamente evocados em relação às questões sociais. Destarte é testemunhada a fecundidade do encontro entre o Evangelho e os problemas com que se depara o homem no seu caminho histórico.

No estudo do Compêndio será importante levar em conta que as citações dos textos do Magistério são extraídas de documentos de vário grau de autoridade.
Ao lado dos documentos conciliares e das encíclicas, figuram também discursos Pontifícios ou documentos elaborados pelos Dicastérios da Santa Sé. Como se sabe, mas é oportuno realçá-lo, o leitor deve estar consciente de que se trata de níveis distintos de ensinamento. O documento, que se limita a oferecer uma exposição das linhas fundamentais da doutrina social, deixa às Conferências Episcopais a responsabilidade de fazer as oportunas aplicações requeridas pelas diversas situações locais [xvi].

9 O documento oferece um quadro abrangente das linhas fundamentais do «corpus» doutrinal do ensinamento social católico.
Tal quadro consente afrontar adequadamente as questões sociais do nosso tempo, que é mister enfrentar com uma adequada visão de conjunto, porque se caracterizam como questões cada vez mais interligadas, que se condicionam reciprocamente e que sempre mais dizem respeito a toda a família humana.
A exposição dos princípios da doutrina social da Igreja entende sugerir um método orgânico na busca de soluções aos problemas, de sorte que o discernimento, o juízo e as opções sejam mais consentâneas com a realidade e a solidariedade e a esperança possam incidir com eficácia também nas complexas situações hodiernas.
Os princípios, efectivamente, se evocam e iluminam uns aos outros, na medida em que exprimem a antropologia cristã [xvii], fruto da Revelação do amor que Deus tem para com a pessoa humana.
Tenha-se, entretanto, na devida consideração que o transcurso do tempo e a mudança dos contextos sociais requererão constantes e actualizadas reflexões sobre os vários argumentos aqui expostos, para interpretar os novos sinais dos tempos.

10 O documento apresenta-se como um instrumento para o discernimento moral e pastoral dos complexos eventos que caracterizam o nosso tempo; como um guia para inspirar, assim no plano individual como no colectivo, comportamentos e opções que permitam a todos os homens olhar para o futuro com confiança e esperança; como um subsídio para os fiéis sobre o ensinamento da moral social.
Dele pode derivar um novo compromisso capaz de responder às exigências do nosso tempo e proporcionado às necessidades e aos recursos do homem, mas sobretudo o anelo de valorizar mediante novas formas a vocação própria dos vários carismas eclesiais com vista à evangelização do social, porque «todos os membros da Igreja participam na sua dimensão secular» [xviii].

O texto é proposto, enfim, como motivo de diálogo com todos aqueles que desejam sinceramente o bem do homem.

(cont)






[i] Deus o conserve e vivifique e o faça santo na terra e não o deixe sucumbir ao ânimo dos seus inimigos
[ii] Hb 13, 20
[iii] cf. Jo 10, 9
[iv] Cf. Cf. João Paulo II, Mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz 2000, 17: AAS 92 (2000) 367 -368.
[v] cf. Jo 14, 6
[vi] cf. 1Cor 6, 20; 1Pd 1, 18-19
[vii] cf. 1Cor 7, 31
[viii] João Paulo II, Carta encicl. Redemptoris missio, 11: AAS 83 (1991) 260.
[ix] 2 Tm 4, 2-5
[x] Catecismo da Igreja Católica, 2419.
[xi] Jo 3, 16
[xii] At 1, 8
[xiii] João Paulo II, Carta apost. Novo millennio ineunte, 50-51: AAS 93 (2001) 303-304.
[xiv] João Paulo II, Carta encicl. Sollicitudo rei socialis, 41: AAS 80 (1988) 571-572.
[xv] Cf. João Paulo II, Exort. apost. Ecclesia in America, 54: AAS 91 (1999) 790.
[xvi] Cf. João Paulo II, Exort. apost. Ecclesia in America, 54: AAS 91 (1999) 790; Catecismo da Igreja Católica, 24.
[xvii] Cf. João Paulo II, Carta encicl. Centesimus annus, 55: AAS 83 (1991) 860.
[xviii] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, 15: AAS 81 (1989) 414.


Antigo testamento / Salmos

Salmo 112








1 Aleluia! Como é feliz o homem que teme o Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos!
2 Seus descendentes serão poderosos na terra, serão uma geração abençoada, de homens íntegros.
3 Grande riqueza há em sua casa, e a sua justiça dura para sempre.
4 A luz raia nas trevas para o íntegro, para quem é misericordioso, compassivo e justo.
5 Feliz é o homem que empresta com generosidade e que com honestidade conduz os seus negócios.
6 O justo jamais será abalado; para sempre se lembrarão dele.
7 Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor.
8 O seu coração está seguro e nada temerá. No final, verá a derrota dos seus adversários.
9 Reparte generosamente com os pobres; a sua justiça dura para sempre; seu poder será exaltado em honra.

10 O ímpio o vê e fica irado, range os dentes e definha. O desejo dos ímpios se frustrará.

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Doutrina - 63

O que acontece no céu?

…/2

O autor, indo além do que se pode dizer sobre uma realidade que nos supera, defende, antes de tudo e correctamente, “a ideia de que no céu cada um de nós conservará sua própria personalidade. A fé cristã, de facto, compreende a ressurreição de cada pessoa como plenitude da própria vida e na unidade do seu ser, que o identifica pessoalmente, em relação à ressurreição de Jesus Cristo”. [i]

Os vínculos terremos serão recuperados

Por outras palavras, “a ressurreição comporta para o homem a recuperação de toda a sua vida, do seu histórico de relações, de vínculos; a ressurreição é o completo amadurecimento, no Corpo de Cristo, da história pessoal de cada um. Trata-se, assim, de uma condição transfigurada e, portanto, não comparável à condição histórica terrena”.

Por isso, Jesus “afirma que as relações no céu não podem ser equiparadas às da terra. Isso não significa, no entanto, que não voltaremos a encontrar nossos vínculos”.

(cont)

j. b. russell

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Giovanni Ancona, professor de Teologia Dogmática e decano da faculdade de teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana