22/03/2016

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S. Josemaria – Textos

Fortaleza, São João Crisóstomo, Vontade de Deus

AMA - Via-Sacra

JMA – Quaresma

AMA - Comentários ao Evangelho Jo 13 21-23 36-38, Confissões - Santo Agostinho

Etiqueta: Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do género de vida que Cristo levou - Quest 43 Art. 4, São Tomás de Aquino

CIC – Compêndio

Celibato eclesiástico, Jesus Cristo e a Igreja

Formação

AT - Salmos – 141


Agenda Terça-Feira

Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 40ª Reflexão

Senhor, entramos hoje na Semana Santa, na Semana Maior, aquela que nos leva e faz viver a Tua Paixão, Morte e Ressurreição.

Muitos de nós, (e talvez cada um de nós em determinados momentos), apenas quer viver a Tua Ressurreição, e outros de nós, (e talvez cada um de nós em determinados momentos), apenas se quer manter na Tua Morte e Ressurreição.
E, no entanto, a Tua Paixão e Morte, carecem de sentido sem a Res­surreição.
E seria preciso o Teu sacrifício e entrega total, Senhor?

A verdade é que desde o Teu Natal que tudo vai levando à Tua entrega na Cruz, que leva à Ressurreição.

Apesar de todos os sinais, de todos os milagres, de todos os prodígios, eles, (aqueles que Te seguiam), continuavam sem entender e mesmo na Última Ceia continuavam a perguntar-se qual deles seria o maior, o mais importante, quando é que farias Tu, Senhor, a Sua vontade e não a vontade de Deus!

E nós que Te seguimos agora, neste tempo, continuamos sem entender também quando nos dizes que temos de “nascer de novo”, que temos de “nascer do Alto”, que temos de “perder a nossa vida para a salvar”, porque continuamos à espera que o Teu Reino seja afinal o reino das nossas vontades.

Temos a verdade à nossa frente, mas, como Pilatos, continuamos a perguntar - “quid est veritas?” – e Tu, Senhor, continuas a responder-nos com a Tua Paixão, Morte e Ressurreição.

Queria, Senhor, quero entrar em mim nesta Semana Santa, fazer si­lêncio de tudo na minha vida, e deixar-me amar por Ti, deixar-me guiar pelo Teu Espírito Santo, envolvido no amor do Pai, e por isso peço-Te:
Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a “nascer de novo”, a “nascer do Alto”, a “perder a minha vida para a salvar”, por Ti, para Ti e em Ti.
Ajuda-me, Senhor, a entender e a viver verdadeiramente a Verdade que és Tu, Senhor.

Nas Tuas mãos, Senhor, me entrego, para contigo morrer e ressusci­tar!



joaquim mexia alves, Marinha Grande, 21 de Março de 2016

VIA - SACRA - 12ª Estação

 xii estação

jesus morre na cruz


  
Nós Vos adoramos e bendizemos oh Jesus!

Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.




Hoje estarás comigo no Paraíso! [1]

Assim Jesus premeia o arrependido de última hora.

Até ao último momento esperas por nós, pelo nosso arrependimento para nos dares o prémio da salvação eterna.

Pudesse eu, Senhor, ter sido crucificado contigo e ser eu o destinatário das Tuas palavras.

Arrependo-me dos meus pecados passados e faço o firme propósito de não voltar a pecar, para que, em qualquer momento que possas chamar-me, mereça encontrar-me contigo, no Paraíso.

Está prestes o fim; o meu Jesus, salva-me definitivamente.

As minhas numerosas faltas passadas e futuras, de que me arrependo sinceramente e de que hei-de arrepender-me sempre, estão perdoadas e resgatadas.

Sou, de pleno direito, um filho de Deus, candidato à vida eterna no seio da Santíssima Trindade, dos Seus Anjos e dos Seus Santos.

Tudo está consumado.

O Senhor, entrega o espírito. Inclina a cabeça e morre.

Sim, tudo está consumado num sacrifício cruento, terrível, doloroso e ensanguentado.

Não ficou gota de sangue no Teu corpo martirizado.

E eu, meu Senhor, olho para essa Cruz donde pendes morto, e alegro-me na minha tristeza profunda porque fui objecto de tal sacrifício, de tamanha doação: O meu Senhor, o meu Jesus, morreu por mim e, na Sua morte, eu alegro-me porque me salvou!

Peço-te perdão por todos os que não acreditam ou não aceitam esta Tua morte, para os que repudiam o Teu amor. Também por eles morreste pois foi toda a humanidade que esteve presente no Teu sacrifício.


  
PN, AVM, GLP.
Senhor: Tem piedade de nós




Nota: A partir de hoje a publicação será diária até 25 Fev.




[1] Lc 23, 43

Evangelho, comentário, L. espiritual


Quaresma

Semana Santa

Evangelho: Jo 13, 21-33. 36-38

21 Tendo Jesus dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam, pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25 Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe: «Quem é, Senhor?». 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa», ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora.».

Comentário:

A solenidade da última reunião íntima com os Doze torna-se de repente em drama indizível.

A angústia e perturbação do Mestre é evidente e todos têm de se dar conta que algo muito grave O perturba.

O anúncio da traição eminente cai como um raio no meio deles.

Não duvidam nem um momento das palavras do Senhor mas duvidam deles próprios porque, no fundo, não têm a certeza da sua fidelidade.

Coitados dos Apóstolos!

Homens tão bons, generosos, disponíveis, que largaram tudo para seguir o Senhor, ficam como que esmagados pelo reconhecimento do pouco que são.

(ama, Comentário a Jo 13, 21-33; 36-38, 2014.04.15)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO - CONFISSÕES

LIVRO SÉTIMO

CAPÍTULO II

Objeção contra o maniqueísmo

Bastava-me, Senhor, para calar aqueles enganados enganadores e muitos charlatães – pois o que se ouvia da sua boca não era a tua palavra – bastava-me, certamente, o argumento que há muito tempo, estando ainda em Cartago, costumava propor-lhes Nebrídio, impressionando a todos os que então o ouvimos.

“Que poderia fazer contra ti – dizia aquela não sei que raça de trevas, que os maniqueus costumam opor-te como massa hostil – se não quisesses lutar contra ela?”

Se respondessem que te podia ser nociva em algo, então serias violável e corruptível. Se dissessem que não te podia prejudicar nada, não haveria razão para luta. Luta essa em que uma parte de ti mesmo, um dos teus membros, produto da tua própria substância, se misturava com as forças adversas, a naturezas não criadas por ti. Assim se corromperia, degradando-se a ponto de mudar a sua felicidade em miséria e de necessitar de auxílio para se libertar e purificar. E essa parte de ti seria a alma que o teu Verbo devia salvar da escravidão, ele que é livre de impurezas, ele que é imaculado da corrupção, ele que é intacto sem ser corruptível, sendo feito de uma só e mesma substância.

E assim, se declara incorruptível tudo o que és, isto é, a substância que te forma, todas essas proposições são erros execráveis; e se eles te consideram corruptível, essa mesma afirmação também é falsa, e abominável logo à primeira vista.

Bastava-me, pois, este argumento contra aqueles que eu queria expulsar de vez do meu peito angustiado. De facto, sentindo e dizendo tais coisas de ti, não tinham outra saída senão um horrível sacrilégio de coração e de língua.

CAPÍTULO III

Deus e o mal

Mas eu, mesmo quando afirmava e cria firmemente que és incorruptível, inalterável, absolutamente imutável, Senhor meu, Deus verdadeiro que não só criaste as nossas almas e os nossos corpos, e não somente as nossas almas e corpos, mas todas as criaturas e todas as coisas. Todavia, faltava-me ainda uma explicação, a solução do problema da causa do mal. Qualquer que ela fosse, estava certo de que deveria buscá-la onde não me visse obrigado, por sua causa, a julgar mutável a um Deus imutável, porque isso seria transformar-me no mal que procurava.

Por isso, buscava-a com segurança, certo de que era falsidade o que diziam os maniqueus; fugia deles com toda a alma, porque via as suas indagações sobre a origem do mal cheias de malícia, preferindo crer que a tua substância era passível de sofrer o mal do que a deles ser susceptível de o cometer.

Esforçava-me por compreender a tese que ouvira professar, de que o livre-arbítrio da vontade é a causa de praticarmos o mal, e do teu recto juízo é a causa do mal que padecemos.

Mas era incapaz de entendê-lo com clareza. E esforçando-me por afastar desse abismo os olhos do meu espírito, nele me precipitava de novo, e tentando reiteradamente fugir dele, sempre voltava a recair.

O facto de eu ter a consciência de possuir uma vontade, como tinha consciência da minha vida, era o que me erguia para a tua luz. Assim, quando queria ou não queria alguma coisa, estava certíssimo de que era eu, e não outro, o que queria ou não queria, e então convencia –me de que ali estava a causa do meu pecado. Quanto ao que fazia contra a vontade, notava que isso mais era padecer do mal do que praticá-lo; julgava que isso não era culpa, mas castigo, que me instava a confessar justamente ferido por ti, considerando tua justiça.

Mas de novo reflectia: “Quem me criou? Não foi o bom Deus, que não só é bom, mas a própria bondade? De onde, então, me vem essa vontade de querer o mal e de não querer o bem?

Seria talvez para que eu sofra as penas merecidas? Quem depositou em mim, e semeou minha alma esta semente de amargura, sendo eu totalmente obra de meu dulcíssimo Deus? Se foi o demónio que me criou, de onde procede ele? E se este, de anjo bom se fez demónio, por decisão da sua vontade perversa, de onde lhe veio essa vontade má que o transformou em diabo, tendo ele sido criado anjo por um Criador boníssimo?”

Tais pensamentos de novo me deprimiam e sufocavam, mas não me arrastavam até aquele abismo de erro, onde ninguém te confessa, e onde se antepõe a tese que tu és sujeito ao mal a considerar o homem capaz de o cometer.

CAPÍTULO IV

A substância de Deus

Empenhava-me então por descobrir as outras verdades, como havia descoberto que o incorruptível é melhor que o corruptível, e por isso confessava que tu, qualquer que fosse a tua natureza, devias ser incorruptível. Porque ninguém pôde nem poderá jamais conceber algo melhor do que tu, que és o sumo bem por excelência. Por isso, sendo certíssimo e inegável que o incorruptível é superior ao corruptível, o que eu já fazia, o meu pensamento já poderia conceber algo melhor do que o meu Deus, se não fosses incorruptível.

Portanto, logo que vi que o incorruptível deve ser preferido ao corruptível, imediatamente deveria buscar-te no incorruptível, para depois indagar a causa do mal, isto é, a origem da corrupção, que de nenhum modo pode afectar a tua substância. É certo que, nem por vontade, nem por necessidade, nem por qualquer acontecimento imprevisto, pode a corrupção afectar o nosso Deus, porque ele é Deus, e não pode querer senão o que é bom, e ele próprio é o sumo bem; e estar sujeito à corrupção não é nenhum bem.

Tampouco poder ser obrigado, contra a tua vontade, seja ao que for, porque a tua vontade não é maior do que teu poder. Seria maior caso se pudesses ser maior do que és, pois a vontade e o poder de Deus são o mesmo Deus. E que pode haver de imprevisto para ti, se conheces todas as coisas, e se todas elas existem porque as conheces?

Mas, porque tantas palavras para demonstrar que a substância de Deus não é corruptível, já que se o fosse não seria Deus?

(Revisão de versão portuguesa por ama)


Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Antigo testamento / Salmos

Salmo 141







1 Clamo a ti, Senhor; vem depressa! Escuta a minha voz quando clamo a ti.
2 Seja a minha oração como incenso diante de ti e o levantar das minhas mãos como a oferta da tarde.
3 Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta de meus lábios.
4 Não permitas que o meu coração se volte para o mal nem que eu me envolva em práticas perversas com os malfeitores. Que eu nunca participe dos seus banquetes!
5 Fira-me o justo com amor leal e me repreenda, mas não perfume a minha cabeça o óleo do ímpio, pois a minha oração é contra as práticas dos malfeitores.
6 Quando eles caírem nas mãos da Rocha, o juiz deles, ouvirão as minhas palavras com apreço.
7 Como a terra é arada e fendida, assim foram espalhados os seus ossos à entrada da sepultura.
8 Mas os meus olhos estão fixos em ti, ó Soberano Senhor; em ti me refugio; não me entregues à morte.
9 Guarda-me das armadilhas que prepararam contra mim, das ciladas dos que praticam o mal.

10 Caiam os ímpios em sua própria rede, enquanto eu escapo ileso.

Doutrina - 92

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A REVELAÇÃO DE DEUS

9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus?

É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está, finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao longo dos séculos.


«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho, que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e duma só vez, e nada mais tem a acrescentar» [1].



[1] S. João da Cruz

Minha filha, o Senhor conta com a tua ajuda

– Minha filha, que formaste um lar, agrada-me recordar-te que vós, as mulheres, – bem o sabes! – tendes muita fortaleza, que sabeis envolver numa doçura especial, para que não se note. E, com essa fortaleza, podeis fazer do marido e dos filhos instrumentos de Deus ou diabos. Tu fá-los-ás sempre instrumentos de Deus: Nosso Senhor conta com a tua ajuda. (Forja, 690)

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que – em geral – a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais. Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for. A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas. Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina. Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo. (Temas Actuais do Cristianismo, 87)


Uma mulher com preparação adequada deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis. Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas. (Temas Actuais do Cristianismo, 90)

Temas para meditar - 602

Vontade de Deus

Em todas as ocasiões eu digo:

Senhor, faça-se a Tua Vontade!

Não o que quer este ou aquele, mas sim o que Tu queres que faça.

Esta é a minha fortaleza, e esta é o meu rochedo inamovível, este é o meu cajado seguro.


(são joão crisóstomo, Homílias, 1-3)

Racional

7. É sempre bom o racional?


A inteligência humana também se pode enganar.

Por isso é importante pedir conselho e saber escutar.


No entanto, ao dizer "o racional" pressupõe-se um pensamento correcto, pois se fosse falso não se chamaria racional.

Tratado da vida de Cristo 87

Questão 43: Dos milagres feitos por Cristo em geral

Art. 4 — Se os milagres que Cristo fez foram suficientes para manifestar a sua divindade.

O quarto discute-se assim. — Parece que os milagres que Cristo fez não eram suficientes para manifestar a sua divindade. 

1. — Pois, ser Deus e homem é propriedade de Cristo. Ora, os milagres que Cristo fez também outros o fizeram. Logo, parece que não eram suficientes para lhe manifestar a divindade.

2. Demais. — Nenhum poder é maior que o da divindade. Ora, houve quem fizesse maiores milagres que Cristo; assim, diz o Evangelho: Aquele que crê em mim, esse fará também as obras que eu faço e fará outras ainda maiores. Logo, parece que os milagres feitos por Cristo não eram suficientes a manifestar-lhe a divindade.

3. Demais. — O universal não se manifesta suficientemente pelo particular. Ora, cada um dos milagres de Cristo foi uma obra particular. Logo, por nenhum deles podia manifestar-se suficientemente a divindade de Cristo, que tem um poder universal sobre todas as coisas.

Mas, em contrário, o Senhor diz: As obras que meu Pai me deu que cumprisse, as mesmas obras que eu faço dão por mim testemunho.

Os milagres que Cristo fez eram suficientes para manifestar-lhe a divindade, num tríplice ponto de vista. — Primeiro, pela mesma espécie dessas obras, que transcendiam todo poder de qualquer virtude criada; e portanto não podiam ser feitas senão por virtude divina. Por isso, o cego que recobrou a vista dizia: Desde que há mundo, nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse Deus não podia ele obrar coisa alguma. — Segundo, pelo modo de fazer os milagres; pois, ele os fazia quase por poder próprio e não depois de ter orado, como os outros. Donde o dizer o Evangelho: Dele saía uma virtude que os curava a todos. O que demonstra, como nota Cirilo, que não dependia de nenhum poder alheio; mas, sendo naturalmente Deus, agia por virtude própria sobre os enfermos. E por isso também jazia inumeráveis milagres. Por isso, ao Evangelho — Com sua palavra expelia os espíritos e curava todos os enfermos — diz Crisóstomo: Notai como os evangelistas retiveram uma multidão de pessoas curadas, sem nomear nenhuma em particular, indicando apenas com uma palavra, a multidão inumerável de milagres. E assim mostrava uma virtude igual à de Deus Pai, conforme o Evangelho: Tudo o que fizer o Pai, também o Filho o faz semelhantemente. E ainda: Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também dá o Filho vida aqueles que quer. — Terceiro, pela própria doutrina em virtude da qual se afirmava Deus, a qual se não fosse verdadeira não fora confirmada por milagres feitos pelo seu poder divino. Por isso se diz no Evangelho: Que nova doutrina é esta? Porque ele põe preceito com império até aos espíritos imundos e obedecem-lhe.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Era essa uma objecção dos gentios. Donde o dizer Agostinho: Cristo, afirmam, não fez milagres que fossem sinais suficientes da sua tão grande majestade. Pois, aquela purificação figurada, pela qual expulsava os demónios, a cura de doentes, a vida restituída aos mortos e outras obras tais são pequenas para Deus. Ao que Agostinho responde assim: Também nós confessamos que os profetas fizeram coisas semelhantes. Mas Moisés e os outros profetas prenunciaram o Senhor Jesus e lhe deram grande glória. E essas mesmas obras também Cristo quis fazer, pois seria absurdo que não as fizesse ele depois de tê-las feito por meio dos profetas. Algumas coisas porém fez, que só ele podia fazer: nascer de uma Virgem, ressurgir dos mortos e subir ao céu. E quem pensar que isso é pouco para Deus, ignoro o que mais espera. Por ventura, depois de assumida a humanidade, devia fazer outro mundo para acreditarmos que foi ele quem fez o mundo? Mas não podia ser feito um mundo nem maior nem igual ao das obras referidas; e então, se fizesse algo menor que elas, também isso seria tido em pouca conta.

Quanto ao que outros fizeram, Cristo o fez mais excelentemente. Por isso, diz o Evangelho — Se eu não tivesse feito entre eles tais obras que nenhum outro fez, etc., diz Agostinho: Nenhuma obra de Cristo é maior que a ressurreição de um morto, da qual sabemos que também os profetas a fizeram. Mas Cristo operou milagres que ninguém mais obrou. Responder-nos-ão, porém, que outros fizeram o que nem ele nem ninguém jamais fez. Contudo, não há nenhuma prova que algum dos antigos fizesse o que ele fez curar tão numerosos vícios, tantas doenças perigosas e tantas vexações dos mortais, com tão grande poder. Pois, não podendo dar o nome de cada um dos que curou com a sua palavra, a medida que se lhe apresentavam, Marcos diz: E onde quer que ele entrava, fosse nas aldeias, ou nos casais, ou nas cidades, punham os enfermos no meio das praças e pediam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu vestido; e todos os que o tocavam ficavam sãos. Ora, essas obras ninguém mais as fez senão Cristo. E nesse sentido devemos entender a expressão do Evangelho, que é — neles — e não entre eles — ou — na presença deles; mas exactamente — neles — porque os curou. E quem quer que tivesse feito neles essas curas, não as fez tais quais; pois, quem quer que as tivesse feito algumas delas, tê-las-ia feito por autoria de Cristo; ao passo que Cristo as realizou por si mesmo e não por autoria de outros

RESPOSTA À SEGUNDA. — Agostinho, interpretando essas palavras de João, indaga quais fossem essas obras maiores, que haviam de fazer os crentes em Cristo. Seriam porventura as de curar os doentes passando a ter simples sombra de lesão? Pois, maior obra é curá-las com a sombra do que Cristo com a fímbria da sua túnica. Contudo, quando assim falava, queria fazer ver os efeitos e as obras da sua palavra. Pois, quando diziaO Pai que está em mim esse é o que faz as obras — a que obras se referia senão às palavras que proferia? E o fruto dessas mesmas palavras era a fé dos discípulos. Contudo pela evangelização dos discípulos, não foram tão poucos os que nele creram, pois também os gentios vieram a ser crentes. Assim, não partiu triste da sua presença, aquele rico que pedia conselhos de vida eterna? E todavia o conselho que ouviu e não praticou, muitos o praticaram quando Cristo o pregava por meio dos discípulos. Eis porque as obras que realizou, pregadas pelos que nele criam, eram maiores que as que ensinou aos seus ouvintes. Mas ainda mais nos move o facto de ter operado essas obras maiores por meio dos Apóstolos. Assim, referindo-se a eles não disse somente: Quem crer em mim. Mas, ouvi o que disse: Quem crer em mim, esse fará também as obras que eu faço. Primeiro as farei eu — diz — depois as farão os que crerem em mim, porque eu o farei fazê-las. E essas obras em que consistem, senão em fazer do ímpio um justo? O que Cristo opera em nós mas não sem nós. E isso eu até mesmo direi que é mais do que criar o céu e a terra. Pois, o céu e a terra passarão; ao passo que a salvação e a justificação dos predestinados permanecerá. — Mas no céu os anjos são as obras de Deus. Porventura também fará maiores obras que essa quem coopera com Cristo na sua própria justificação? Julgue quem puder, se é mais criar os justos, que justificar os ímpios. Por certo, se ambas essas obras supõem o mesmo poder, esta última necessita de maior misericórdia. Mas nenhuma necessidade nos obriga a compreender todas as obras de Cristo, implicadas no seu dito - Fará obras maiores que estas. Pois, talvez dissesse isso das obras que nesse momento fazia; porque então procurava infundir a fé. E por certo, é menos pregar verbalmente a justiça, o que fez por nosso amor; do que justificar os ímpios, o que realiza em nós para também nós o fazermos.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Quando uma determinada obra é uma obra própria de algum agente, então dessa obra deduz-se da virtude total do agente. Assim, raciocinar, sendo uma actividade própria do homem, mostra que é homem quem raciocina qualquer propósito deliberado que tome. E semelhantemente, como só Deus pode fazer milagres por virtude própria, fica suficientemente provado que Cristo é Deus por qualquer dos milagres que fez por virtude própria.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Jesus Cristo e a Igreja – 107

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos
III. Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina

Evolução da questão nos séculos seguintes

Outra disposição que deve ser constantemente recordada e renovada foi a proibição de qualquer clérigo maior para viver sob o mesmo teto com mulheres que não oferecesse plena confiança pelo que se refere à observância da continência.

Para estabelecer um juízo de conjunto sobre a disciplina celibatária na Europa medieval, são muito significativas as disposições relativas à Igreja Insular (Irlanda – Bretanha).
Os Livros Penitenciais, que reflectem fielmente a vida e a disciplina em vigor nesta igreja, em muitos aspectos demonstram inequivocamente a validade para os clérigos maiores insulares previamente casados, das mesmas obrigações que estamos expondo.
O que continuasse usando do matrimónio com a sua esposa era considerado culpado de adultério e castigado convenientemente.
Se essas obrigações onerosas eram exigidas e observadas substancialmente também na Igreja Insular, na qual estavam em vigor rudes costumes entre os seus habitantes, dos quais esses livros nos dão uma prova viva, temos uma óptima demonstração de que o celibato era também possível ali, ainda que, provavelmente, só por uma nobre tradição que ninguém punha em dúvida.

Juntamente com os perigos gerais periódicos que ameaçavam sempre e em toda parte a continência do clero, sempre existiu na história da Igreja momentos, circunstâncias e regiões onde surgiram perigos extraordinários que provocavam de modo muito especial a autoridade da Igreja.
As dificuldades desse tipo eram produzidas por heresias bastante difundidas.
Um exemplo é o arianismo dos visigodos, ainda a operar após a conversão ao catolicismo de seu reino na Península Ibérica.
O Concílio de Toledo de 569 e o de Zaragoza em 592 emanaram normas explícitas neste sentido para os clérigos provenientes do arianismo.

(cont)

alfons m. stickler, Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro

(Revisão da versão portuguesa por ama)