02/04/2016

Publicações Abr 02

Publicações Abr 02

São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 16 9-15

São Tomás de Aquino – Suma Teológica, Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do género de vida que Cristo levou - Quest 44 Art. 3

AT – Génesis

Morte


Agenda Sábado

O que as pessoas sentem ao morrer

Resultado de imagem para morteAs unidades de cuidados paliativos e UTI dos hospitais têm uma íntima relação com a morte, proporcionando numerosas experiências que fogem de qualquer explicação racional: pacientes que intuem o momento exacto em que vão morrer, outros que parecem decidir por si mesmos o dia e a hora, adiantando ou atrasando a sua morte, sonhos premonitórios de familiares ou pressentimentos de terceiras pessoas que, sem sequer saber que alguém está internado ou sofreu um acidente, têm a certeza interior de que faleceram.

Somente os profissionais de saúde que trabalham perto dos pacientes terminais conhecem em primeira pessoa o alcance e variedade destas estranhas experiências. A ciência ainda não foi capaz de oferecer uma resposta a estes fenómenos, razão pela qual costumam ser descritos como paranormais ou sobrenaturais – uma etiqueta “vaga demais para a magnitude destas experiências”, segundo explica a enfermeira britânica penny sartori, que dedicou 20 anos da sua vida a trabalhar na UTI.


A sua trajetória é suficientemente sólida para garantir que ela já viu de tudo, tornando-se capaz de intuir padrões e elaborar hipóteses sobre estes fenómenos. Tanto é assim, que dedicou a sua tese de doutorado a este tema, e cujas principais conclusões compartilha no livro “The Wisdom Of Near-Death Experiences” (Watkins Publishing).


Fonte: ALETEIA



(Revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão


SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Antigo testamento / Génesis

Génesis 2

1 Assim foram concluídos os céus e a terra, e tudo o que neles há.

2 No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou.

3 Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação.

Adão e Eva

4 Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que foram criados:
Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia ho­mem para cultivar o solo.

5 Todavia brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo.

6 Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou nas suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se um ser vivente.

7 Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali colocou o homem que formara.

8 Então o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

9 No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em quatro.

10 O nome do primeiro é Pisom. Ele percorre toda a terra de Havilá, onde existe ouro.

11 O ouro daquela terra é excelente; lá também existem o bdélio e a pedra de ónix.

12 O segundo, que percorre toda a terra de Cuxe, é o Giom.

13 O terceiro, que corre pelo lado leste da Assíria, é o Tigre. E o quarto rio é o Eufrates.

14 O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.

15 E o Senhor Deus ordenou ao homem: "Come livremente de qualquer árvore do jardim, mas não comas da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás".

16 Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda".

17 Depois que formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o Senhor Deus trouxe-os ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome.

18 Assim o homem deu nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais selvagens. Todavia não se encontrou para o homem alguém que o auxiliasse e lhe correspondesse.

19 Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne.

20 Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e levou-a até ele.

22 Disse então o homem: "Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!
Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada".

23 Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.

24 O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Tratado da vida de Cristo 90

Questão 44: De cada uma das espécies de milagres.

Art. 3 — Se Cristo fez milagres por conveniência em relação aos homens.

O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não fez milagres por conveniência em relação aos homens.

1. — Pois, no homem a alma é superior ao corpo. Ora, Cristo fez muitos milagres em relação aos corpos; mas não lemos que fizesse nenhuns sobre as almas. Pois, nem converteu miraculosamente nenhuns incrédulos da fé, mas advertindo-os e mostrando-lhes os milagres exteriores; nem referem os Evangelhos que desse sabedoria a nenhuns fátuos. Logo, parece que não obrou milagres por conveniência em relação aos homens.

2. Demais. — Como se disse, Cristo fazia milagres pelo seu poder divino, ao qual é próprio obrar súbita e perfeitamente e sem o auxílio de ninguém. Ora, Cristo nem sempre curava subitamente o corpo humano. Assim, refere o Evangelho, que tomando o cego pela mão, o tirou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, tendo-lhe imposto as suas mãos, lhe perguntou se via alguma coisa. E levantando ele os olhos disse: Vejo os homens como árvores que andam. Depois tornou-lhe Jesus a pôr as mãos sobre os olhos, e começou ele a ver e ficou de todo curado, de sorte que via distintamente todos os objectos. Donde é claro que não o curou subitamente, mas, primeiro de um modo imperfeito, cuspindo-lhe nos olhos. Logo, parece que não fez milagres por conveniência em relação aos homens.

3. Demais. — Não é necessário eliminarem-se simultaneamente coisas que não resultam uma da outra. Ora, as doenças do corpo nem sempre são causadas pelo pecado, como é claro pelas palavras do Senhor: Não nasceu cego por pecado que ele fizesse, nem seus pais. Logo, não devia perdoar os pecados a quem só lhe vinha pedir a cura do corpo, como lemos no Evangelho que fez com o paralítico. Sobretudo que, sendo a restituição da saúde do corpo menor bem que a remissão dos pecados, não constituía prova suficiente do seu poder de perdoar os pecados.

4. Demais. — Os milagres de Cristo foram feitos em confirmação da sua doutrina e do testemunho da sua divindade, como se disse. Ora, ninguém deve opor obstáculo ao fim da sua própria obra. Logo, parece que Cristo não devia ter ordenado a certos curados milagrosamente não publicarem os milagres de que foram objecto. Assim, sobretudo que a alguns outros mandou proclamarem os milagres que lhes fez; assim, como lemos no Evangelho, disse aquele a quem livraria dos demónios: Vai para a tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez.

Mas, em contrário, o Evangelho: Ele tem bem feito tudo; fez não só que ouvissem os surdos, mas que falassem os mudos.

SOLUÇÃO. — Os meios conducentes a um fim devem ser-lhe proporcionados. Ora, Cristo veio ao mundo ensinar, para salvar os homens, segundo o Evangelho: Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Logo, era conveniente que, em particular, curando milagrosamente os homens, se mostrasse o Salvador universal e espiritual deles.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Os meios conducentes a um fim são distintos destes. Ora, os milagres feitos por Cristo ordenavam-se, como fim, à salvação da parte racional, consistente na iluminação da sabedoria e na justificação dos homens. E desses fins o primeiro pressupõe o segundo; pois, como diz a Escritura, na alma que é maligna não entrará a sabedoria nem habitará no corpo sujeito a pecados. Ora, justificar os homens não era possível sem a cooperação da vontade deles; o contrário se oporia à justiça, que por essência implica a rectidão da vontade, e também à essência da natureza humana, que deve ser conduzida ao bem pelo livre arbítrio e não pela coacção. Ora, Cristo pelo seu poder divino justificava os homens interiormente, mas não contra a vontade deles. Nem isso constituía a essência, mas o fim dos milagres. Semelhantemente, também pelo seu poder divino, infundiu a sabedoria divina em homens simples como eram os discípulos; donde o dizer-lhes: Eu vos darei uma boca e uma sabedoria à qual não poderão resistir nem contradizer todos os vossos inimigos. O que, quanto à iluminação interior, não se enumera entre os milagres visíveis; mas só quanto ao acto exterior, pois viram falar tão sábia e constantemente homens os que eram iletrados e simples. Por isso diz a Escritura: Vendo os judeus a firmeza de Pedro e de João, depois de saberem que eram homens sem letras e idiotas, se admiravam. — E contudo esses efeitos espirituais; embora distintos dos milagres visíveis, são todavia uns testemunhos da doutrina e do poder de Cristo, segundo o Apóstolo: Confirmando-o com maravilhas e sinais e com virtudes diversas e com dons do Espírito Santo. Cristo, porém fez alguns milagres sobre as almas dos homens, sobretudo atinentes a transformações nas potências inferiores delas. Por isso, sobre o que diz o Evangelho. — Levantando-se ele, a seguiu — diz Jerónimo: O próprio resplendor e a majestade da divindade oculta que lhe iluminava mesmo a face humana, podia desde logo atrair para si os que uma vez o contemplavam. E aquele outro lugar do Evangelho — Os príncipes dos sacerdotes, etc., diz o mesmo Jerónimo: Dentre todos os milagres que o Senhor fez parece-me o mais admirável o ter podido ele só, como homem, e desprezível nesse tempo, expulsar uma tão grande multidão aos golpes de um chicote. Os olhos resplendiam-lhe como com raios ígneos de sol e a majestade divina iluminava-lhe a face. E Origines considera esse, maior milagre que o da conversão da água em vinho; pois, neste a matéria subsistia inanimada, ao passo que no primeiro o seu engenho dominou tantos milhares de homens. — E sobre aquele dito do evangelista — Recuaram para trás e caíram por terra - diz Agostinho: Com uma palavra, sem nenhuma arma abateu, repeliu e dispersou uma turba tão feroz pelo ódio quão terrível pelas armas: é que Deus animava aquele corpo. — E a isto também respeita aquele outro passo, que Jesus passando pelo meio deles, se retirou; à cerca do qual diz Crisóstomo, que o estar no meio dos que o buscavam para prender, e não ser preso mostrava a eminência da sua divindade. E ainda há outro passo - Jesus escondeu-se e saiu do templo - que Agostinho explica assim: Não se escondeu num canto do Templo nem se ocultou atrás de uma parede ou de uma coluna, como quem teme, mas tornando-se invisível, por um poder celeste, aos que o buscavam, saiu passando pelo meio deles. — E tudo isso mostra que Cristo, pelo seu poder divino, causou mudanças nas almas dos homens, quando o quis, não só justificando e infundindo a sabedoria — o que constitui a fim dos milagres, mas também exteriormente aliciando, aterrorizando ou estupefazendo - o que constitui a essência própria dos milagres.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo veio salvar o mundo, não só pelo seu poder divino, mas também pelo mistério da sua Encarnação. Por isso frequentemente, ao curar os enfermos, não somente usava esse, fazendo-os sarar por uma simples ordem, mas ainda fazia contribuir para tal a sua humanidade. Por isso, sobre o Evangelho — Pondo as mãos sobre cada um deles, os sarava — diz Cirilo: Embora, como Deus, pudesse curar com uma palavra todas as doenças, contudo toca os doentes, mostrando assim ser o seu próprio corpo capaz de contribuir como um remédio eficaz. E aquele outro lugar — Cuspindo-lhe nos olhos, tendo lhe imposto as mãos, etc. diz Crisóstomo. (Vítor Antíoqueno): Cuspiu-lhe nos olhos e impôs as mãos ao cego, a fim de mostrar que a palavra divina, acompanhada do acto, perfazia os milagres; pois, a mão indica o acto; o cuspir, a palavra proferida pela boca. — E a propósito do outro passo evangélico - Cuspiu no chão e fez lodo do cuspo e untou com o lodo os olhos do cego, diz Agostinho: Com a sua saliva fez o lodo, porque o Verbo se fez carne. Ou também para significar que foi ele quem formou o homem do limo da terra, como diz Crisóstomo.

Também devemos considerar, sobre os milagres de Cristo, que comumente as suas obras eram perfeitíssimas. Por isso, sobre o Evangelho - Todo homem serve primeiro o bom vinho — diz Crisóstomo: Os milagres de Cristo são tais que em muito sobrepujando em utilidade e beleza quanto a natureza pode produzir. — E semelhantemente, num instante restituía aos enfermos a saúde perfeita. Por isso, ao lugar do Evangelho — Tendo chegado Jesus, diz Jerónimo: O Senhor restituía a saúde, total e simultâneamente.

Especialmente, porém, no caso do cego, deu-se o contrário, por causa da infidelidade dele, como diz Crisóstomo (Vítor Antroqueno) Ou, como diz Beda, aquele a quem podia curar total e simultaneamente, a esse o cura aos poucos para mostrar a magnitude da cegueira humana, que aos poucos e como gradualmente é que pode iluminar-se; a fim de nos chamar a atenção sobre a sua graça, com a qual auxilia cada progresso na perfeição.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como dissemos Cristo fazia milagres pelo seu poder divino. Ora, as obras de Deus são perfeitas, como diz a Escritura. Mas, só é perfeito o que atinge o seu fim. E o fim da cura do corpo, operada por Cristo, era a cura da alma. Por isso, Cristo não devia curar o corpo de ninguém, sem lhe curar a alma. Donde, o dito no Evangelho — Em dia de sábado curei a todo um homem — diz Agostinho: Por ter sido curado, para ter a saúde do corpo, também acreditou, para que tivesse a saúde da alma. — Mas especialmente disse ao paralítico — São-te perdoados os pecados: porque, como diz Jerónimo, Deu-nos assim a entender que os pecados causam no nosso corpo muitas enfermidades, e foi essa talvez a razão de Cristo perdoar primeiro os pecados a fim de eliminadas as causas da doença, ser restituída a saúde. Por isso diz o Evangelho: Não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior. O que Crisóstomo explica dizendo: Ficamos assim informados que do pecado é que lhe nasceu a doença. — Embora também, como diz Crisóstomo, quanto mais principal é a alma, que o corpo, tanto mais importante é perdoar os pecados, que restituir a saúde do corpo; mas, como esse perdão não se manifesta exteriormente, Cristo obra o menos importante, mas mais manifesto, para dar a conhecer o mais importante, embora não manifesto.

RESPOSTA À QUARTA. — Sobre o dito Evangelho — Vede lá que o não saiba alguém — diz Crisóstomo: O que aqui diz não é contrário ao que tinha dito ao outro: Vai e anuncia a glória de Deus. Pois, assim nos adverte a impedir de nos louvarem os que o fazem, tendo em vista a nossa pessoa como tal. Mas, se o louvor que nos tributam se referir à glória de Deus, não devemos impedi-los, mas ao contrário, desejar que o façam.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.

Não queiramos esquivar-nos à sua Vontade

Esta é a chave para abrir a porta e entrar no Reino dos Céus: "qui facit voluntatem Patris mei qui in coelis est, ipse intrabit in regnum coelorum" – quem faz a vontade de meu Pai..., esse entrará! (Caminho, 754)


Não te esqueças: muitas coisas grandes dependem de que tu e eu vivamos como Deus quer. (Caminho, 755)

Nós somos pedras, silhares, que se movem, que sentem, que têm uma libérrima vontade. O próprio Deus é o estatuário que nos tira as esquinas, desbastando-nos, modificando-nos, conforme deseja, a golpes de martelo e de cinzel.
Não queiramos afastar-nos, não queiramos esquivar-nos à sua Vontade, porque, de qualquer modo, não poderemos evitar os golpes. – Sofreremos mais e inutilmente, e, em lugar de pedra polida e apta para edificar, seremos um montão informe de cascalho que os homens pisarão com desprezo. (Caminho, 756)

A aceitação rendida da Vontade de Deus traz necessariamente a alegria e a paz; a felicidade na Cruz. – Então se vê que o jugo de Cristo é suave e que o seu peso é leve. (Caminho, 758)

Um raciocínio que conduz à paz e que o Espírito Santo oferece aos que querem a Vontade de Deus: "Dominus regit me, et nihil mihi deerit" – o Senhor é quem me governa; nada me faltará.

Que é que pode inquietar uma alma que repita sinceramente estas palavras? (Caminho, 760)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Mc 16, 9-15

Tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, Jesus apareceu primeiramente a Maria de Magdala, da qual expulsara sete demónios. Ela foi anunciá-lo aos que tinham sido seus companheiros, que viviam em luto e em pranto. Mas eles, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram. Depois disto, Jesus apareceu com um aspecto diferente a dois deles que iam a caminho do campo. Eles voltaram para trás a fim de o anunciar aos restantes. E também não acreditaram neles. Apareceu, finalmente, aos próprios Onze quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração em não acreditarem naqueles que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura.

Comentário:

Não se pode acreditar no que não se conhece.

Chegamos à conclusão, por este trecho de S. Marcos que os onze não conheciam Jesus.

Em mais de uma ocasião é o próprio Jesus que afirma que não conhecem o Pai porque não conhecem o Filho.

E nós, cristãos de hoje bem informados e bem formados, conhecemos, de facto, Jesus? Preocupa-nos conhecê-lo cada vez melhor, mais intimamente?

Lemos o Evangelho diariamente?

Com pausa e atenção metendo-nos nas cenas 'como um personagem mais', como aconselhava São Josemaria?

(ama, comentário sobre Mt 16, 9-15, 2013.04.06)



Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO NONO

CAPÍTULO I

Colóquio

Ó Senhor, sou teu servo e filho de tua serva. Rompeste minhas cadeias: eu te sacrificarei uma vítima de louvor. Louvem-te o meu coração e a minha língua, e que todos os meus ossos te digam: Senhor, quem semelhante a ti? Que eles te digam essas palavras e que me respondas e digas à minha alma: Eu sou tua salvação.

Quem sou eu, e como era? Que males não tive nas minhas obras, ou, se não nas minhas obras, nas minhas palavras, ou, se não nas minhas palavras, na minha vontade! Mas tu, Senhor, bom e misericordioso, puseste os olhos na profundeza da minha morte, e purificaste com a tua destra o abismo de corrupção da minha alma. Tratava-se agora apenas de não querer o que eu queria, e de querer o que tu querias.

Mas, onde esteve o meu livre arbítrio durante tantos anos? De que profundo e misterioso abismo foi ele chamado num instante, para que eu inclinasse a cerviz ao teu jugo suave e o ombro ao teu leve fardo, ó Cristo Jesus, meu auxílio e redenção?

Quão suave foi para mim a privação de doçuras fúteis! Temia então perdê-las, como agora sentia prazer em deixa-las! Porque tu te afastavas de mim, e entravas em seu lugar, mais doce que qualquer prazer, mas não para a carne e o sangue; mais claro que toda luz, mais oculto que qualquer segredo; mais sublime que todas as honras, mas não para os que se exaltam a si mesmos.

Minha alma já estava livre dos devoradores cuidados da ambição, do ganho, e do prurido dos apetites carnais; e falava muito comigo, ó Deus e Senhor meu, minha luz, minha riqueza, minha salvação!

CAPÍTULO II

Adeus ao magistério

Pareceu-me de bom alvitre, na tua presença, não abandonar de modo ostensivo o ministério da minha língua, mas retirá-lo suavemente do mercado da loquacidade, para que dali por diante os jovens, que não se preocupam com tua lei ou paz, mas com as enganosas loucuras e contendas forenses, não comprassem da minha boca armas para o seu furor. Felizmente faltavam pouquíssimos dias para as férias das vindimas (é provável que as férias de Outono dos estudantes coincidissem com as férias dos tribunais, que se iniciavam em 22 de Agosto, e terminavam em 15 de Outubro). Decidi suportá-los até lá. Então me retiraria como de costume, e, resgatado por ti, não tornaria mais a vender os meus ofícios.

Esta minha determinação, era-te conhecida; dos homens, só a conheciam os da minha intimidade. E, mesmo assim, tínhamos combinado nada deixar transpirar. Contudo, quando subíamos do vale de lágrimas, cantando o cântico gradual (série de salmos cantados pelos peregrinos que sobem os degraus do templo de Jerusalém) nos tinhas dado setas agudas e carvões destruidores contra a língua pérfida que contradiz, sob o pretexto de aconselhar e, como quem se alimenta, consome o que ama.

Tinhas alvejado o nosso coração com as setas do teu amor, e levávamos as tuas palavras cravadas nas nossas entranhas; os exemplos dos teus servos, que das trevas trouxeram para a luz, e da morte para a vida, ardiam no fundo do nosso espírito numa espécie de fogueira, que inflamava e consumia o nosso torpor, para que não mais nos inclinássemos para as baixezas.

Estávamos inflamados de tal ardor, que o vento da contradição das línguas dolosas não nos apagaria, antes fazia-nos arder mais e mais.

Contudo, por causa do teu nome, que santificaste em toda terra, a nossa decisão e propósito teriam também quem os louvasse. Pareceria de certo modo jactância não aguardar as férias tão próximas; abandonar antes dessa data uma profissão pública, e exposta a todos, seria atrair sobre a minha conduta todas as atenções, provocando comentários. Diriam que eu me adiantara às férias iminentes por querer parecer grande personagem. E de que me valeria que pensassem ou discutissem sobre as minhas intenções, blasfemando sobre o meu bem?

Além disso, nesse mesmo Verão, devido ao excessivo trabalho didáctico, os meus pulmões começaram a ressentir-se; respirava com dificuldade, e as dores no peito e a minha voz, que não saía clara ou prolongada, revelavam uma lesão. A princípio senti-me angustiado, vendo-me quase obrigado a abandonar o fardo do magistério ou, para me curar e convalescer, teria certamente de o interromper. Mas, quando nasceu em mim e se firmou a vontade plena de repousar e de ver que és o Senhor, então, tu o sabes meu Deus, que cheguei a alegrar-me de encontrar esta desculpa verdadeira para moderar o sentimento das famílias, que por causa de seus filhos nunca me permitiram ser livre.

Cheio dessa consolação, esperava que escoasse aquele tempo – talvez uns vinte dias.

Mas minguara a minha coragem, porque já me abandonara a cobiça de ganho, que me ajudava a carregar este pesado encargo; e teria sucumbido se a paciência não tomasse o lugar da ambição.

Talvez alguns dos teus servos, meus irmãos, dirá que pequei nisso porque, estando com o coração já cheio de desejos de te servir, consenti ficar mais uma hora sentado na cátedra da mentira. Não discutirei. Mas tu, Senhor misericordiosíssimo, acaso não me perdoaste e resgataste também este pecado, juntamente com todos os demais horrendos e mortais na água santa do baptismo?

CAPÍTULO III

Dois amigos

Angustiava-se Verecundo por este nosso bem, porque se via afastado da nossa companhia pelos vínculos matrimoniais que o aprisionavam fortemente. Não era ainda cristão, como a sua mulher, mas justamente nela encontrava o maior obstáculo que o impedia de entrar pelo caminho que havíamos começado a trilhar; não queria ser cristão, dizia ele, senão do modo que justamente lhe era proibido.

Contudo, com a sua grande bondade, pôs à nossa disposição a sua propriedade no campo pelo tempo que nos aprouvesse. Tu, Senhor, haverás de recompensá-lo no dia da retribuição dos justos, pois já concedeste a graça. Porque, estando nós ausentes e já em Roma, atacado de uma enfermidade corporal, Verecundo saiu desta vida depois de se fazer cristão e crente. Assim te compadeceste não apenas dele, mas também de nós, para que quando pensássemos na grande generosidade que teve connosco este amigo, não nos afligíssemos de dor intolerável por não poder contá-lo entre os de tua grei.

Graças te sejam dadas, ó Deus nosso! Somos teus: as tuas exortações e consolos o indicam.

Fiel cumpridor das tuas promessas, concedes a Verecundo a amenidade de teu paraíso sempre florido, por nos ter oferecido a sua propriedade de Cassicíaco, na qual descansamos em ti das angústias do século; lhe perdoaste os pecados sobre a terra, na tua montanha, a montanha da abundância.

Verecundo, como disse, angustiava-se, mas Nebrídio partilhava a nossa alegria, porque, embora não sendo ainda cristão e houvesse caído no erro tão pernicioso de julgar que a carne verdadeira do teu Filho fosse mera aparência, já começava a se desenvencilhar e, sem ter ainda recebido os sacramentos da tua Igreja, buscava ardentemente a verdade.

Não muito depois de nossa conversão e regeneração pelo teu batismo, fez-se por fim católico fiel. Servia-te na África junto aos seus, em castidade e continência perfeitas; toda sua família, sob a sua influência, se fizera cristã. Libertaste-o então dos laços da carne, vivendo agora no seio de Abraão, seja qual for o significado dessa expressão. Ali vive meu Nebrídio, meu doce amigo que, de liberto, se tornou teu filho adoptivo. Ali vive – pois, que outro lugar conviria a uma alma assim? Ali vive, nesse lugar sobre o qual indagava muitas coisas a mim, pobre homem ignorante. Já não aproxima o seu ouvido da boca, mas aproxima a sua boca espiritual da tua fonte, e bebe avidamente da tua sabedoria, numa felicidade sem fim. Mas não creio que se embriague a ponto de se esquecer de mim, enquanto tu, Senhor, que és a sua bebida, te lembras de nós.

Essa era a nossa situação. Consolávamos o Verecundo que, sem que a amizade fenecesse, andava desgostoso com a nossa conversão; nós o exortávamos a manter-se fiel à sua condição conjugal. Quanto a Nebrídio, esperávamos que nos seguisse, pois, facilmente poderia fazê-lo, e já estava a ponto de decidir-se. Enfim, aqueles dias passaram, e pareceram-me tantos e tão longos, tal era o meu desejo de liberdade e descanso, para cantar do fundo do meu ser: A ti meu coração: Procurei teu rosto; teu rosto, Senhor, hei-de buscar.

(Revisão de versão portuguesa por ama)