03/05/2016

Doutrina – 131

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?

São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de Niceia [1] e de Constantinopla [2], e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente.




[1] 325
[2] 381

Antigo testamento / Génesis

Génesis 41

O sonho de Faraó

1 Ao final de dois anos, o faraó teve um sonho. Ele estava em pé junto ao rio Nilo, quando saíram do rio sete vacas belas e gordas, que começaram a pastar entre os juncos.

2 Depois saíram do rio mais sete vacas, feias e magras, que foram para junto das outras, à beira do Nilo.

3 Então as vacas feias e magras comeram as sete vacas belas e gordas. Nisso o faraó acordou.

4 Tornou a adormecer e teve outro sonho. Sete espigas de trigo, graúdas e boas, cresciam no mesmo pé.

5 Depois brotaram outras sete espigas, mirradas e ressequidas pelo vento leste.

6 As espigas mirradas engoliram as sete espigas graúdas e cheias. Então o faraó acordou; era um sonho.

7 Pela manhã, perturbado, mandou chamar todos os magos e sábios do Egipto e contou-lhes os sonhos, mas ninguém foi capaz de os interpretar.

8 Então o chefe dos copeiros disse ao faraó: "Hoje lembro-me das minhas faltas.

9 Certa vez o faraó ficou irado com dois dos seus servos e mandou prender-me juntamente com o chefe dos padeiros, na casa do capitão da guarda.

10 Certa noite cada um de nós teve um sonho, e cada sonho tinha uma interpretação.

11 Pois bem, havia lá connosco um jovem hebreu, servo do capitão da guarda. Contamos-lhe os nossos sonhos, e ele interpretou-os, dando a cada um de nós a interpretação do seu próprio sonho.

12 E tudo aconteceu conforme ele nos dissera: eu fui restaurado na minha posição, e o outro foi enforcado".

13 O faraó mandou chamar José, que foi trazido depressa do calabouço. Depois de se barbear e trocar de roupa, apresentou-se ao faraó.

14 O faraó disse a José: "Tive um sonho que ninguém consegue interpretar. Mas ouvi falar que tu, ao ouvires um sonho, és capaz de interpretá-lo".

15 Respondeu-lhe José: "Isso não depende de mim, mas Deus dará ao faraó uma resposta favorável".

16 Então o faraó contou o sonho a José: "Sonhei que estava em pé, à beira do Nilo, quando saíram do rio sete vacas, belas e gordas, que começaram a pastar entre os juncos.

17 Depois saíram outras sete, raquíticas, muito feias e magras. Nunca vi vacas tão feias em toda a terra do Egipto.

18 As vacas magras e feias comeram as sete vacas gordas que tinham aparecido primeiro.

19 Mesmo depois de tê-las comido, não parecia que o tivessem feito, pois continuavam tão magras como antes. Então acordei.

20 "Depois tive outro sonho. Vi sete espigas de cereal, cheias e boas, que cresciam num mesmo pé.

21 Depois delas, brotaram outras sete, murchas e mirradas, ressequidas pelo vento leste.

22 As espigas magras engoliram as sete espigas boas. Contei isso aos magos, mas ninguém foi capaz de explicá-lo".

23 "O faraó teve um único sonho", disse-lhe José. "Deus revelou ao faraó o que ele está para fazer.

24 As sete vacas boas são sete anos, e as sete espigas boas são também sete anos; trata-se de um único sonho.

25 As sete vacas magras e feias que surgiram depois das outras, e as sete espigas mirradas, queimadas pelo vento leste, são sete anos. Serão sete anos de fome.

26 "É exactamente como eu disse ao faraó: Deus mostrou ao faraó aquilo que ele vai fazer.

27 Sete anos de muita fartura estão para vir sobre toda a terra do Egipto, mas depois virão sete anos de fome. Então todo o tempo de fartura será esquecido, pois a fome arruinará a terra.

28 A fome que virá depois será tão rigorosa que o tempo de fartura não será mais lembrado na terra.

29 O sonho veio ao faraó duas vezes porque a questão já foi decidida por Deus, que se apressa em realizá-la.

30 "Procure agora o faraó um homem criterioso e sábio e ponha-o no comando da terra do Egipto.

31 O faraó também deve estabelecer supervisores para recolher um quinto da colheita do Egipto durante os sete anos de fartura.

32 Eles deverão recolher o que puderem nos anos bons que virão e fazer estoques de trigo que, sob o controle do faraó, serão armazenados nas cidades.

33 Esse estoque servirá de reserva para os sete anos de fome que virão sobre o Egipto, para que a terra não seja arrasada pela fome."

34 O plano pareceu bom ao faraó e a todos os seus conselheiros.

35 Por isso o faraó perguntou-lhes: "Será que vamos achar alguém como este homem, em quem está o espírito divino?"

36 Disse, pois, o faraó a José: "Uma vez que Deus te revelou todas essas coisas, não há ninguém tão criterioso e sábio como tu.

37 Terás o comando do meu palácio, e todo o meu povo se sujeitará às tuas ordens. Somente em relação ao trono serei maior que tu".

José, governador do Egipto

38 E o faraó prosseguiu: "Entrego-te agora o comando de toda a terra do Egipto".

39 Em seguida, o faraó tirou do dedo o seu anel-selo e colocou-o no dedo de José. Mandou-o vestir linho fino e colocou uma corrente de ouro no seu pescoço.

40 Também o fez subir na sua segunda carruagem real, e à frente os arautos iam gritando: "Abram caminho!" Assim José foi posto no comando de toda a terra do Egipto.

41 Disse ainda o faraó a José: "Eu sou o faraó, mas sem a tua palavra ninguém poderá levantar a mão nem o pé em todo o Egipto".

42 O faraó deu a José o nome de Zafenate-Paneia e deu-lhe por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois José foi inspeccionar toda a terra do Egipto.

43 José tinha trinta anos de idade quando começou a servir o faraó, rei do Egipto. Ele ausentou-se da presença do faraó e foi percorrer todo o Egipto.

44 Durante os sete anos de fartura a terra teve grande produção.

45 José recolheu todo o excedente dos sete anos de fartura no Egipto e armazenou-o nas cidades. Em cada cidade ele armazenava o trigo colhido nas lavouras das redondezas.

46 Assim José estocou muito trigo, como a areia do mar. Tal era a quantidade que ele parou de anotar, porque ia além de toda medida.

47 Antes dos anos de fome, Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om, deu a José dois filhos.

48 Ao primeiro, José deu o nome de Manassés, dizendo: "Deus fez-me esquecer todo o meu sofrimento e toda a casa de meu pai".

49 Ao segundo filho, chamou Efraim, dizendo: "Deus fez-me prosperar na terra onde tenho sofrido".

50 Assim chegaram ao fim os sete anos de fartura no Egipto, e começaram os sete anos de fome, como José tinha predito. Houve fome em todas as terras, mas em todo o Egipto havia alimento.

51 Quando todo o Egipto começou a sofrer com a fome, o povo clamou ao faraó por comida, e este respondeu a todos os egípcios: "Dirijam-se a José e façam o que ele disser".

52 Quando a fome já se havia espalhado por toda a terra, José mandou abrir os locais de armazenamento e começou a vender trigo aos egípcios, pois a fome agravava-se em todo o Egipto.

53 E de toda a terra vinha gente ao Egipto para comprar trigo de José, porquanto a fome se agravava em toda parte.

 (Revisão da versão portuguesa por ama)








Maio - Santo Rosário - Segundo Mistério Gozoso


Visitação de Nossa Senhora

Porque o Anjo te disse que tua prima Isabel – aquela quem consideravam estéril - estava esperando um filho, não pensaste em mais nada e puseste-te a caminho para a visitar.

Porque era necessário acompanhá-la nos últimos tempos da gravidez. Isabel já não era jovem e seria bem-vinda a presença de uma jovem dedicada para auxiliar nas complicações de uma gravidez for a de tempo.

Porque era necessário estares presente em tão extraordinário acontecimento noticiado por um Anjo do Senhor. O mesmo Anjo que te tinha anunciado que serias Mãe do Salvador.

Porque talvez conviesse o sacrifício e incómodos de uma viagem longa, para pensar mais profundamente em todas as maravilhas que te tinham acontecido. Sentias já o teu Filho no teu seio e isto era indubitavelmente obra misteriosa e magnifica de Deus.

Talvez quisesses falar com o teu primo Zacarias que, sendo sacerdote, poderia aclarar um pouco todo o misterioso futuro que se descrevia nas Escrituras. Talvez por restes motivos todos mas, estou certo, que não pensaste me mais nada senão em ser útil e prestável a uma família que precisava dos teus préstimos.

E tudo se desvaneceu perante a recepção de Isabel. As palavras que te dirigiu. O estremecimento de João no seio de sua mãe.
Tudo se torna claríssimo como água. A Vontade de Deus é agora mais nítida mais transparente.
E rompes num canto maravilhoso de acção de graças e louvor, de humildade e entrega.
Não pedes nada, não desejas nada. Sabes perfeitamente que não precisarás de coisa alguma, nunca, porque Deus proverá tudo quanto precisares.

E o Senhor ouve da tua boca o Magnificat [1] esplendoroso que para sempre ficará gravado na história do povo de Deus e será repetidamente cantado pela legião enorme dos Seus filhos.

Só tu, Virgem Maria, poderias ter reunido com tanta simplicidade e candura um hino de louvor e submissão ao Criador. Um hino onde se espelham as certezas todas, todos os caminhos que Deus manda trilhar para que a Sua Vontade seja cumprida.

Que coração poderia albergar tais sentimentos?
Que alma saberia elevar-se de tal forma?
Que ser humano poderia alguma vez, louvar e enaltecer o seu Criador de forma tão perfeita?

Sabendo, Senhora, que já eras a Mãe do próprio Deus, sabendo tu, Senhora, que o salvador, Rei dos Reis, habitava já no teu seio, não te exaltas nem envaideces, antes te envaideces exaltas por o Senhor fazer o que quer, como, quando e com quem quer.
Quando dizes que serás aclamada por todas as gerações não o dizes por ti, mas porque sabes que, ao fazê-lo, essas gerações aclamarão a Mãe de Deus.

Dás a Deus o que seria legítimo, humanamente falando, julgar teu.
Sabes que Jesus é realmente o Filho de Deus e que foste apenas o instrumento de que Deus Se serviu para dar corpo substancial à Sua Vontade.
Não te ocorre um momento que tens o mais pequeno mérito em tal maravilha, ou que não o mereces. Não passa tudo da Vontade do Senhor e não te compete saber ou indagar, porquê tu, Maria.

Ah!, minha Senhora, como tua prima deve ter gozado com a tua visita, como devem ter sido extraordinariamente leves e felizes os tempos que ali passaste.

Ajuda-me também a mim a compreender que não tenho que pensar ou discutir ou indagar a Vontade do Senhor. Que sou um instrumento muito rudimentar de que Deus se serve, apenas para ser servido e, ao fazê-lo, saiba eu também louvar e enaltecer o Deus que me criou e me governa, porque a Sua Vontade é a única vontade que reconheço e a minha felicidade será dar-lhe cumprimento total.



[1] Lc 1, 39-55

Antigo testamento / Génesis

Génesis 33

Jacob encontra-se com Esaú

1 Quando Jacob olhou e viu que Esaú estava se aproximando com quatrocentos homens, dividiu as crianças entre Lia, Raquel e as duas servas.

2 Colocou as servas e os seus filhos à frente; Lia e os seus filhos, depois; e Raquel com José, por último.

3 Ele mesmo passou à frente e, ao aproximar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes.

4 Mas Esaú correu ao encontro de Jacob e abraçou-se ao seu pescoço, e beijou-o. E eles choraram.

5 Então Esaú ergueu o olhar e viu as mulheres e as crianças. E perguntou: "Quem são estes?"
Jacob respondeu: "São os filhos que Deus concedeu ao teu servo".

6 Então as servas e os seus filhos aproximaram-se e curvaram-se.

7 Depois, Lia e os seus filhos vieram e curvaram-se. Por último, chegaram José e Raquel, e também se curvaram.

8 Esaú perguntou: "O que pretendes com todos os rebanhos que encontrei pelo caminho?"
"Ser bem recebido por ti, meu senhor", respondeu Jacob.

9 Disse, porém, Esaú: "Eu já tenho muito, meu irmão. Guarda para ti o que é teu".

10 Mas Jacob insistiu: "Não! Se te agradaste de mim, aceita este presente da minha parte, porque ver a tua face é como contemplar a face de Deus; além disso, tu recebeste-me tão bem!

11 Aceita, pois, o presente que te foi trazido, pois Deus tem sido favorável para comigo, e eu já tenho tudo o que necessito". Jacob tanto insistiu que Esaú acabou por aceitar.

12 Então disse Esaú: "Vamos seguir em frente. Eu te acompanharei".

13 Jacob, porém, disse-lhe: "Meu senhor sabes que as crianças são frágeis e que estão sob os meus cuidados ovelhas e vacas que amamentam as suas crias. Se as forçar demais na caminhada, um só dia que seja, todo o rebanho morrerá.

14 Por isso, meu senhor, vai à frente do teu servo, e eu sigo atrás, devagar, no passo dos rebanhos e das crianças, até que eu alcance o meu senhor em Seir".

15 Esaú sugeriu: "Permite-me, então, deixar alguns homens contigo".
Jacob perguntou: "Mas para quê, meu senhor? Ter sido bem recebido já me foi suficiente!"

16 Naquele dia, Esaú voltou para Seir.

17 Jacob, todavia, foi para Sucote, onde construiu uma casa para si e abrigos para o seu gado. Foi por isso que o lugar recebeu o nome de Sucote.

18 Tendo voltado de Padã-Arã, Jacob chegou a salvo à cidade de Siquém, em Canaã, e acampou próximo da cidade.

19 Por cem peças de prata comprou dos filhos de Hamor, pai de Siquém, a parte do campo onde tinha armado acampamento.

20 Ali edificou um altar e chamou-lhe El Elohe Israel.

(Revisão da versão portuguesa por ama)








Doutrina – 132

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ


«CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»?


Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Tratado da vida de Cristo 99

Questão 46: Da Paixão de Cristo

Art. 3 — Se havia outro modo mais conveniente da libertação humana do que pela paixão de Cristo.

O terceiro discute-se assim. — Parece que havia outro modo mais conveniente da libertação humana do que pela paixão de Cristo.

1. — Pois, a natureza nas suas obras imita as obras divinas, como regulada e movida que é por Deus. Ora, a natureza não faz por dois meios o que pode fazer por um só. Logo, como Deus podia libertar o homem só pela sua vontade, parece que não era conveniente que se acrescentasse a paixão de Cristo para a libertação do género humano.

2. Demais. — As obras da natureza realizam-se de maneira mais conveniente que o que se faz por violência; porque a violência é uma como ruína ou destruição do que faz a natureza, segundo o Filósofo. Ora, a paixão de Cristo implicava a morte violenta. Logo, era mais conveniente que Cristo libertasse o homem morrendo de morte natural, do que pela paixão.

3. Demais. — É convenientíssimo que quem retém uma coisa, violenta e injustamente, seja despojado dela por um poder superior. Donde o dito da Escritura: Vós fostes vendidos por nada, e sem prata sereis resgatados. Ora, o diabo não tinha nenhum poder sobre o homem, a quem enganava pela fraude e a quem retinha, por uma como que violência, na escravidão. Logo, parece que teria sido, mais conveniente que Cristo despojasse o diabo, em virtude do seu simples poder, do que pela sua paixão.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Não havia outro meio mais conveniente de curar a miséria do que pela paixão de Cristo.

SOLUÇÃO. — Tanto um meio é mais conveniente para conseguir um fim, quanto mais ele faz concorrerem elementos conducentes ao fim. Ora, o ser o homem libertado pela paixão de Cristo foi causa de concorrerem muitos elementos conducentes à salvação do mesmo, além da libertação do pecado. — Assim, primeiro, desse modo o homem conhece quanto Deus o ama; o que o excita a amá-lo mais, e nisso consiste a perfeição da salvação humana. Donde o dizer o Apóstolo: Deus faz brilhar a sua caridade em nós porque ainda quando éramos pecadores, morreu Cristo por nós. — Segundo, porque por esse meio nos deu o exemplo da obediência, da humildade, da constância, da justiça e das demais virtudes reveladas na paixão de Cristo e que são necessárias à salvação humana. Por isso diz a Escritura: Cristo padeceu por nós, deixando-vos exemplo para que sigais as suas pisadas. — Terceiro, porque Cristo, com a sua paixão, não somente libertou o homem do pecado, mas ainda lhe mereceu a graça justificante e a glória da bem-aventurança como a seguir se dirá. — Quarto, porque, assim, uma necessidade maior impôs ao homem conservar-se imune do pecado, segundo o Apóstolo: Porque vós fostes comprados por um grande preço; glorificai, pois, e trazei a Deus no vosso corpo. — Quinto, porque contribuiu para maior dignidade do homem, de modo que assim como fora vencido e enganado pelo diabo, assim também fosse ele próprio quem vencesse o diabo; e assim como o homem mereceu a morte, assim também, morrendo, a vencesse a ela, conforme o dizer do Apóstolo: Graças a Deus, que nos deu a vitória, por Jesus Cristo. — Por isso foi mais conveniente que, pela paixão de Cristo fossemos libertados, do que só pela vontade de Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Também a natureza, para produzir uma obra de modo mais conveniente, aplica vários meios para um mesmo fim; assim, dois olhos, para ver. E o mesmo faz em casos semelhantes.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz Crisóstomo, Cristo veio destruir não a sua própria morte, pois, sendo a vida não estava sujeito a morrer, mas a dos homens. Por isso não dispôs o seu corpo para uma morte natural, mas quis sofrê-la infligida pelos outros homens. Pois, se no seu corpo tivesse adoecido e na presença de todos, morrido, seria incompreensível que quem veio curar as doenças alheias tivesse o seu próprio corpo sujeito a elas. E se, sem nenhuma doença, se tivesse despojado do corpo, para se mostrar em seguida, não o acreditariam quando falasse da sua ressurreição. Pois, como teria Cristo manifestado a vitória sobre a morte, se não tivesse mostrado, sofrendo-a na presença de todos, que a morte foi vencida pela incorrupção do corpo?

RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora o diabo tivesse atacado o homem injustamente, contudo o homem fora, por causa do pecado, justamente entregue por Deus à escravidão do diabo. Por isso foi conveniente que, pela justiça, o homem fosse libertado da escravidão do diabo. Satisfazendo Cristo por ele, com a sua paixão. - E isso também foi conveniente para vencer a soberba do diabo, inimigo da justiça e amante do poder: de modo que Cristo vencesse o diabo e libertasse o homem, não pelo só poder da divindade, mas também pela justificação e pela humilhação da paixão, como diz Agostinho.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Ela abre-nos o caminho até ao Reino

Torna o teu amor a Nossa Senhora mais vivo, mais sobrenatural. Não vás ter com Santa Maria só para pedir. Vai também para dar!: dar-lhe afecto; dar-lhe amor para o seu divino Filho; manifestar-lhe esse carinho com obras ao serviço dos outros, que são também seus filhos. (Forja, 137)

Voltemos mais uma vez à experiência de cada dia, ao modo de tratar com as nossas mães na terra. Acima de tudo, que desejam dos seus filhos, que são carne da sua carne e sangue do seu sangue? O seu maior desejo é tê-los perto. Quando os filhos crescem e não é possível continuarem a seu lado, aguardam com impaciência as suas notícias, emocionam-se com tudo o que lhes acontece, desde uma ligeira doença até aos acontecimentos mais importantes.


Olhai: para a nossa Mãe, Santa Maria, jamais deixamos de ser pequenos, porque Ela nos abre o caminho até ao Reino dos Céus, que será dado aos que se tornam meninos. De Nossa Senhora nunca nos devemos afastar. Como a honraremos? Tendo intimidade com Ela, falando com Ela, manifestando-lhe o nosso carinho, ponderando no nosso coração os episódios da sua vida na terra, contando-lhes as nossas lutas, os nossos êxitos e os nossos fracassos. (Amigos de Deus, 289–290)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Jo 14, 16-14

6 Jesus disse-lhe: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim. 7 Se Me conhecesseis, também certamente conheceríeis Meu Pai; mas desde agora O conheceis e já O vistes». 8 Filipe disse-Lhe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta». 9 Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu também o Pai. Como dizes, pois: Mostra-nos o Pai? 10 Não acreditais que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo. O Pai, que está em Mim, Esse é que faz as obras. 11 Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. 12 Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. «Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço. Fará outras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. 13 Tudo o que pedirdes em Meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu a farei.

Comentário:

Uma vez mais Jesus Cristo assegura que atenderá aos pedidos feitos em Seu Nome.

Não tenhamos, pois, receio de não ser atendidos.

Se o que pedimos não for conveniente ou mal endereçado Ele fará com que seja satisfeito da forma mais justa para nós.

(ama, comentário sobre Jo 14, 6-14, 2014.05.03)



Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES


LIVRO DÉCIMO-TERCEIRO

CAPÍTULO XIX

Ainda a terra seca

Mas antes, lavai-vos, purificai-vos, arrancai a iniquidade dos vossos corações e dos meus olhos, para que apareça a terra seca. Aprendei a fazer o bem, sede justos para com o órfão e defendei a viúva, para que a terra produza a erva tenra e árvores cheias de frutos. Vinde e dialoguemos, diz o Senhor, e assim no firmamento do céu se acenderão luminares que brilharão por sobre a terra.

Aquele rico perguntava ao bom Mestre o que deveria fazer para ganhar a vida eterna. E o bom Mestre, que é bom porque é Deus, e não um homem como o rico o considerava, declarou-lhe: “O que deseja conseguir a vida deve observar os mandamentos, afastar de si a amargura da malícia e da iniquidade, não matar, não cometer adultério, não roubar, não prestar falso testemunho, a fim de que se mostre a terra seca, geradora do respeito do pai e da mãe e do amor ao próximo.

– Tudo isto já fiz – diz o rico. – De onde vêm pois tantos espinhos, se a terra é fértil? – Vai, arranca os espessos emaranhados da avareza, vende os teus bens, enriquece-te dando tudo aos pobres, e possuirás um tesouro no céu; segue o Senhor se queres ser perfeito, junta-te aos que ele instrui nas palavras de sabedoria, ele que sabe o que se deve dar ao dia e à noite. Também tu o saberás, e eles se tornarão para ti luminares no firmamento do céu. Mas isso não se realizará se ali não estiver o teu coração, e o teu coração, não estará onde não estiver o teu tesouro – Assim falou o teu bom Mestre. Mas a terra estéril entristeceu, e os espinhos sufocaram a Palavra divina.

Mas vós, geração escolhida, fracos aos olhos do mundo, que tudo deixaste-te para seguir o Senhor, caminhais após ele, confundi os fortes; segui-o com os vossos pés resplandecentes, e brilhai no firmamento para que os céus cantem as suas glórias, distinguindo a luz dos perfeitos, que ainda não são semelhantes aos anjos, e as trevas dos pequenos, que ainda não perderam a esperança. Brilhai sobre toda a terra! Que o dia resplandecente de sol transmita ao dia seguinte a palavra de Sabedoria, e que a noite, iluminada pela lua, transmita à noite a palavra de Ciência. A lua e as estrelas brilham na noite, mas a noite não as obscurece, porque são elas que iluminam a noite, de acordo com a sua capacidade.

Como se Deus tivesse dito: Façam-se luminares no firmamento, e logo se fez ouvir um ruído vindo do céu, semelhante ao de um vento violento, e foram vistas línguas de fogo, que se dividiram e se colocaram sobre cada um deles. E apareceram luminares no céu, que possuíam a palavra de vida. Correi por toda parte, chamas sagradas, fogos admiráveis. Vós sois a luz do mundo, e não estais debaixo do alqueire. Aquele a quem vos unistes foi exaltado e ele vos exaltou. Correi e dai-vos a conhecer a todas as nações.

CAPÍTULO XX

Os répteis e as aves

Que o mar também conceba e dê à luz às tuas obras; que as águas produzam répteis dotados de almas vivas. De facto, separando o precioso do vil, tornastes-vos a boca de Deus, pela qual ele diz: “Produzam as águas...” não a alma viva, filha da terra, mas répteis dotados de almas vivas, e pássaros que voam sobre a terra. Assim como esses répteis, os teus sacramentos, ó meu Deus, deslizaram, graças às obras dos teus santos, por entre as ondas das tentações do século para regenerarem os povos com o teu nome, no teu baptismo.

Então operaram-se grandes maravilhas, semelhantes a enormes cetáceos, e as palavras dos teus mensageiros percorreram a terra, sob o firmamento do teu Livro, que com a tua autoridade deveria proteger o seu voo para onde quer que fossem. Não há língua nem palavras em que não se ouçam as suas vozes; o seu som espalhou-se por toda a terra, e as suas palavras até os confins do mundo, porque tu, Senhor, abençoando-os, os multiplicaste.

Estaria eu mentindo? Ou confundindo a questão, não distinguindo as claras noções das coisas do firmamento das obras corpóreas que se realizam no mar agitado e sob o firmamento?

Por certo que não. Há coisas cuja ideia é completa, acabada, que não se multiplicam no curso das gerações, tais como as luzes da sabedoria e da ciência. Mas esses seres são o objecto de operações materiais múltiplas e variadas e, crescendo umas de outras, multiplicam-se sob a tua bênção, meu Deus. É assim que refreias a impertinência dos nossos sentidos, dando a uma verdade única o meio de se exprimir de varias maneiras, por movimentos do corpo. Eis o que produziram as tuas águas, pela omnipotência do teu Verbo. Tudo isto se originou das necessidades de povos afastados da tua verdade eterna, por meio do teu Evangelho. De facto foram essas águas que fizeram brotar essas coisas, e a sua amargura estagnante foi a causa de que o teu Verbo as criasse.

Todas as tuas obras são belas, mas és indizivelmente mais belo tu, que criaste tudo o que existe. Se Adão não se tivesse separado de ti, na sua queda, do seu seio não teria saído o oceano amargo do género humano, com a sua profunda curiosidade, o seu orgulho cheio de tempestades, as suas ondas instáveis. E os dispensadores das tuas palavras não teriam a necessidade de representar, no meio de tantas águas, por meio de sinais físicos e sensíveis, os teus actos e palavras místicas. Foi nesse sentido que entendi esses répteis e essas aves. Mas até os homens iniciados nesses sinais e deles imbuídos, não avançariam no conhecimento desses mistérios, aos quais estão sujeitos, se a sua alma não se elevasse à vida do espírito, e, após a palavra inicial, não aspirasse à perfeição.

CAPÍTULO XXI

A alma viva

E assim não foi a profundeza do mar, mas a terra livre do amargor das águas que, impelida pelo teu Verbo gerou não mais os répteis dotados de almas vivas e os pássaros, mas a alma viva.

E esta não tem mais necessidade de baptismo (necessário para os gentios), como tinha necessidade enquanto as cobriam. Pois não se entra de outro modo no reino dos céus, desde que assim o determinaste. Para ter fé, ela já não exige grandes maravilhas. Ela crê sem ter visto sinais e prodígios, porque é terra fiel, já distinta das águas do mar que a incredulidade torna amargas: e as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis.

A terra que estendeste acima das águas não tem necessidade dessa espécie de aves que as águas produziram por ordem do teu Verbo. Envia-lhe, pois, o teu Verbo, por meio dos teus mensageiros. Nós falamos das suas obras, mas quem age por seu intermédio, para que produzam uma alma viva, és tu. A terra a germina porque é a causa dos fenómenos que ocorrem na superfície, assim como o mar foi causa da produção dos répteis dotados de almas vivas, e das aves sob o firmamento do céu. A terra já não necessita destas criaturas, embora ela se alimente de peixes pescados nas profundezas do mar, nessa mesa que preparaste na presença dos crentes; porque eles foram pescados nas profundezas do mar para alimentar a terra árida.

Também as aves, ainda que nascidas no mar, se multiplicam sobre a terra. As primeiras gerações evangélicas foram motivadas pela incredulidade dos homens, mas os também fiéis nela encontram diariamente copiosas exortações e bênçãos. Todavia, a alma viva, extrai da terra a sua origem, porque somente aos fiéis é meritório abster-se de amar este mundo, para que a sua alma viva por ti, essa alma que estava morta quando vivia em delícias mortíferas. Ó Senhor, só tu fazes as delicias de um coração puro.

Que os teus ministros trabalhem na terra, não como nas águas da incredulidade, quando pregavam e falavam utilizando-se de milagres, de sinais misteriosos, de termos místicos, para capturar atenção da ignorância, mãe da admiração, pelo medo desses sinais secretos. Por esta porta, de facto, os filhos de Adão têm acesso à fé, esquecidos de ti enquanto se escondem da tua face e se tornam abismos. Que os teus ministros trabalhem como em terra seca, separada das fauces do abismo; e que sejam modelo para os fiéis, vivendo sob os teus olhares e incitando-os à imitação. E assim ouve não só para ouvir, mas também para praticar. “Procurai a Deus, e a vossa alma viverá, e a terra dará nascimento a uma alma viva. Não vos conformeis com este mundo em que vivemos, abstendo-vos dele. A alma vive evitando as coisas cujo desejo lhe causa a morte.

Abstende-vos das violências selvagens da soberba, das ociosas voluptuosidades da luxúria, da falsidade que engana em nome da ciência, para que os animais ferozes sejam domesticados, os brutos domados e para que as serpentes sejam inofensivas: todos representam alegoricamente os movimentos da alma humana. O fastio do orgulho, as delícias da luxúria, o veneno da curiosidade, são movimentos da alma morta, mas não morta a ponto de carecer de todo movimento; é afastando-se da fonte da vida que ela morre, o mundo a arrebata ao passar, e a este se amolda.

Mas a tua palavra, meu Deus, é a fonte da vida eterna, e não passa. Ela mesma nos proíbe que nos afastemos de ti por essas palavras: “Não vos conformeis com o mundo em que vivemos, para que a terra, fertilizada pela fonte da vida, produza uma alma viva, uma alma que busque na tua palavra, transmitida pelos teus evangelistas, se fortificar, imitando os imitadores do teu Cristo”.

Eis o sentido da expressão “segundo a sua espécie”, porque o homem imita a quem ama. “Sede como eu” – diz o Apostolo, - porque sou como vós. – Assim haverá na alma viva apenas feras sem maldade, agindo com doçura. Pois nos deste este mandamento: “Fazei as vossas obras com mansidão, e sereis amados por todos” – Também os animais domésticos serão bons: se comerem, não sofrerão fastio e, se não comerem, não terão fome. As serpentes, tornando-se boas, serão incapazes de causar danos, mas continuarão astutas e cautelosas; não investigarão a natureza temporal, senão na medida necessária para compreender e contemplar a eternidade através das coisas criadas. Esses animais, as paixões, obedecem à razão, quando refreados nos seus caminhos mortais, vivem e tornam-se bons.

(Revisão de versão portuguesa por ama)