12/05/2016

Os demónios do apostolado 6

Reduzir a esperança

Este demónio seculariza o anúncio da esperança cristã. Ora, esta se funda-se nas promessas de Cristo: a ressurreição depois da morte, a vida eterna, a certeza do seu amor e da sua graça nesta vida que tornam possível o ser humano ser santo em qualquer circunstância, viver com dignidade e ser capaz de superar o mal moral e a tentação em todas as suas formas. Esta é a esperança que essencialmente alimenta o apostolado.

Neste caso, a tentação consiste em transmitir uma mensagem de esperanças humanas em detrimento da esperança cristã fundamental. O apóstolo prega e promove a confiança em relação a um futuro social e político melhor, a superação de uma enfermidade, de um problema humano ou da pobreza, ou promete ainda o êxito das libertações que a humanidade busca nos dias de hoje… Entretanto, ainda que estas esperanças humanas sejam legítimas e se deva lutar por elas, não estão garantidas por Cristo para esta terra. Não sabemos com certeza se elas se realizarão. Anunciá-las como esperança cristã seria enganar as pessoas e reduzir o Evangelho a uma mensagem de libertações humanas legítimas ou de otimismo no porvir, o que não é alheio ao apostolado, mas que não tem a certeza da esperança cristã.

Reduzir a esperança é esvaziar o anúncio da vocação do ser humano à vida eterna, à santidade, à fé e á caridade como o motor e o valor supremo das libertações humanas. É converter o apostolado em inspiração de expectativas humanas e de empenho para um mundo melhor, coisas boas e que desafiam o cristianismo, mas que não deveriam reduzir sua essência, que é a proclamação de Cristo como a verdadeira esperança do ser humano.

Fonte: presbíteros

(revisão da versão portuguesa por ama)


Este texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo galilea, Tentación y Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.

Antigo testamento / Génesis 50

Génesis 50

Jacob é sepultado

1 José atirou-se sobre o seu pai, chorou sobre ele e beijou-o.

2 Em seguida, deu ordens aos médicos, que estavam ao seu serviço, que embalsamassem o seu pai Israel. E eles embalsamaram-no.

3 Levaram quarenta dias completos, pois esse era o tempo para o embalsamamento. E os egípcios choraram a sua morte setenta dias.

4 Passados os dias de luto, José disse à corte do faraó: "Se posso contar com a vossa bondade, falem com o faraó em meu favor. Digam-lhe que o meu pai me fez prestar-lhe o seguinte juramento: 'Estou à beira da morte; sepulta-me no túmulo que preparei para mim na terra de Canaã'. Agora, pois, peçam-lhe que me permita partir e sepultar o meu pai; logo depois voltarei".

5 Respondeu o faraó: "Vai e faz o sepultamento do teu pai como este te fez jurar".

6 Então José partiu para sepultar o seu pai. Com ele foram todos os conselheiros do faraó, as autoridades da sua corte e todas as autoridades do Egipto, e, além deles, todos os da família de José, os seus irmãos e todos os da casa de seu pai. Somente as crianças, as ovelhas e os bois foram deixados em Gósen.

7 Carruagens e cavaleiros também o acompanharam. A comitiva era imensa.

8 Chegando à eira de Atade, perto do Jordão, lamentaram-se em alta voz, com grande amargura; e ali José guardou sete dias de pranto pela morte do seu pai.

9 Quando os cananeus que lá habitavam viram aquele pranto na eira de Atade, disseram: "Os egípcios estão celebrando uma cerimónia de luto solene". Por essa razão, aquele lugar, próximo ao Jordão, foi chamado Abel-Mizraim.

10 Assim fizeram os filhos de Jacob o que este lhes havia ordenado:

11 Levaram-no à terra de Canaã e o sepultaram na caverna do campo de Macpela, perto de Manre, que, com o campo, Abraão tinha comprado de Efrom, o hitita, para que lhe servisse de propriedade para sepultura.

12 Depois de sepultar o seu pai, José voltou ao Egipto, com os seus irmãos e com todos os demais que o tinham acompanhado.

13 Vendo os irmãos de José que o seu pai tinha morrido, disseram: "E se José tiver rancor contra nós e resolver retribuir todo o mal que lhe causamos?"

14 Então mandaram um recado a José, dizendo: "Antes de morrer, o teu pai ordenou-nos que te disséssemos o seguinte: 'Peço-te que perdoe os erros e pecados dos teus irmãos que te trataram com tanta maldade!' Agora, pois, perdoa os pecados dos servos do Deus do teu pai". Quando recebeu o recado, José chorou.

15 Depois vieram os seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: "Aqui estamos. Somos teus escravos!"

16 José, porém, disse-lhes: "Não tenham medo. Estaria eu no lugar de Deus?

18 Vós planejastes o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos.

19 Por isso, não tenham medo. Eu vos sustentarei e os vossas filhos". E assim os tranquilizou e lhes falou amavelmente.

A morte de José

20 José permaneceu no Egipto, com toda a família do seu pai. Viveu cento e dez anos e viu a terceira geração dos filhos de Efraim. Além disso, recebeu como seus os filhos de Maquir, filho de Manassés.

21 Antes de morrer José disse aos seus irmãos: "Estou à beira da morte. Mas Deus certamente virá em vosso auxílio e vos tirará desta terra, levando-os para a terra que prometeu com juramento a Abraão, a Isaac e a Jacob".

22 E José fez que os filhos de Israel lhe prestassem um juramento, dizendo-lhes: "Quando Deus intervier em vosso favor, levem os meus ossos daqui".

26 Morreu José com a idade de cento e dez anos. E, depois de embalsamado, foi colocado num sarcófago no Egipto.

(Revisão da versão portuguesa por ama)









Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Jo 17, 20-26

20 «Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que hão-de acreditar em Mim por meio da sua palavra, 21 para que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós, a fim de que o mundo acredite que Me enviaste. 22 Dei-lhes a glória que Me deste, para que sejam um, como também Nós somos um: 23 Eu neles e Tu em Mim, para que a sua unidade seja perfeita e para que o mundo conheça que Me enviaste e que os amaste como Me amaste. 24 Pai, quero que, onde Eu estou, estejam também comigo aqueles que Me deste, para que contemplem a Minha glória, a glória que Me deste, porque Me amaste antes da criação do mundo. 25 Pai justo, o mundo não Te conheceu, mas Eu conheci-Te e estes conheceram que Me enviaste. 26 Dei-lhes e dar-lhes-ei a conhecer o Teu nome, a fim de que o amor com que Me amaste, esteja neles e Eu neles».

Comentário:

Termina o grande discurso de Jesus Cristo, a Oração Sacerdotal!

Registamos – graças ao rigor do Apóstolo e Evangelista – o que o Senhor considera como mais importante:

O AMOR!

Dirige-se a todos os homens de todos os tempos, porque todos, absolutamente, somos filhos de Deus Criador e Senhor de quanto existe.


É sem qualquer dúvida a confirmação testamentária do nosso Salvador, clara, iniludível sem qualquer possibilidade de várias interpretações.

Que felizes nos devemos sentir com tal herança!

(ama comentário sobre Jo 17, 20-26, 2014.06.05)

Leitura espiritual



INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO

“CREIO – AMÉM”

CAPÍTULO PRIMEIRO

Fé no Mundo Hodierno

  1. Dúvida e Fé Situação do homem frente ao problema "Deus”

…/4

4. Limite da moderna compreensão da realidade e topografia da Fé

Graças aos conhecimentos históricos de que hoje dispomos, estamos em condições de abarcar o caminho do espírito humano, até onde alcança o olhar; com o que podemos constatar que, nos vários períodos da evolução do espírito, houve diversas maneiras de colocar-se frente à realidade, por exemplo, a mentalidade mágica ou a metafísica ou, finalmente, hoje em dia, a científica (tendo por parâmetros as ciências naturais). Cada uma dessas tendências humanas básicas tem relação com a fé, de um ou de outro modo, e cada uma delas também, à sua maneira, lhe causa estorvos. Nenhuma delas se acoberta com a fé, mas também nenhuma se conserva neutra face à fé; cada uma delas é capaz de servir a fé ou de causar-lhe percalços. Para a mentalidade hodierna fundamentalmente científica que plasma, sem ser perguntada, o sentimento existencial de todos e marca-nos a nós todos o lugar dentro da realidade, é característica a limitação aos fenómenos, àquilo que aparece e ao que deve ser manipulado. Já desistimos de procurar o que são as coisas em si; de mergulhar na essência do próprio ser; parece-nos infrutífera uma tal empresa; o fundo do ser apresenta-se-nos inatingível. Acomoda-nos à nossa perspectiva, ao visível no sentido mais amplo do termo, àquilo que cabe sob os nossos instrumentos de medir e de pesar. A metodologia da ciência natural baseia-se nessa delimitação ao fenómeno. É o que parece bastar-nos. Sentimo-nos aptos a manejar tais meios, criando para nós um mundo em que possamos viver como homens. Desta forma desenvolveu-se, paulatinamente, no pensamento e no viver modernos, um conceito novo de verdade e realidade, que domina como hipótese do nosso pensamento e da nossa expressão, em geral sem que o percebamos, conceito, porém, que só poderá ser dominado, se for, por sua vez, exposto ao exame da consciência. Aqui se torna patente a função do pensamento não científico-natural, a saber, a função de analisar o aceite ou imposto sem consideração, e de colocar, frente à consciência, a problemática humana de uma tal orientação.

a) O primeiro estádio: origem do historicismo. Tentemos densenvolver, como se chegou à mentalidade acima descrita. Constataremos, se vejo bem, dois estágios de mudança espiritual. O primeiro, preparado por Descartes, recebeu forma em Kant e já anteriormente, em formulação um tanto diversa, no filósofo italiano Giambattista Vico [1] que, provavelmente, foi o primeiro a apresentar um conceito completamente novo de verdade e de conhecimento, tornando-se o ousado antecessor da típica fórmula do espírito moderno, quanto ao problema da verdade e da realidade. À equação escolástica Verum est ens – o ente é a verdade – Vico contrapôs a sua fórmula: Verum quia factum. O que significa: reconhecível como verdadeiro só pode ser aquilo que nós mesmos fazemos. Essa fórmula parece-me representar o fim da velha metafísica e o início do espírito especificamente moderno. A revolução do pensamento moderno contra todo o passado está presente aqui com uma precisão inimitável. Para a Antiguidade e a Idade Média o próprio ente é verdadeiro, isto é, reconhecível, porque Deus, o puro intelecto, o criou; e criou-o, pensando-o. Pensar e fazer são uma única coisa para o Espírito Criador, o Creator Spiritus. O seu pensar é um criar. As coisas existem porque são pensadas. Por isso, para a Antiguidade e a Idade Média, todo o ser é um ser-pensado, um pensamento do Espírito absoluto. E vice-versa: porque todo ser é pensamento, todo ser é sentido, Logos, verdade. Portanto o pensamento humano é um "pensar-depois", uma reflexão sobre o pensamento que é o próprio Ente. Mas, o homem pode pensar na esteira do Logos, do sentido do ser, porque o seu próprio logos, a sua própria razão é logos do único Logos, pensamento do pensamento primitivo e original, do Espírito Criador que dispõe o ser até o fundo das suas raízes.

Em contraste com isto, a obra do homem é considerada pela antiguidade e pela Idade Média como ocasional e contingente. O ser é pensamento, portanto é pensável, objecto do pensamento e da ciência que aspira à sabedoria. A obra humana, pelo contrário, é uma mistura de logos e de falta de lógica que, além disto, com o passar do tempo, recai no passado. Não admite uma compreensão completa, por lhe faltar algo do presente, base da intuição, e algo do logos, ou seja, do sentido duradouro. Por esta razão, o impulso científico antigo e medieval estava convencido de que o saber sobre as coisas humanas não passava de techne, de técnica, de capacidade artesanal, jamais podendo alcançar o nível de uma ciência real. Por esta razão as artes, na universidade medieval, figuravam como preliminar à ciência propriamente dita, isto é, àquela ciência que reflecte sobre o ser, ponto de vista este ainda firmemente defendido por Descartes, ao negar à história o carácter de ciência. O historiador convencido de conhecer a história romana antiga, afinal de contas saberia menos a respeito dela do que qualquer cozinheiro romano, e saber latim não conota mais do que o saber de qualquer doméstica de Cícero. Exactamente cem anos mais tarde Vico inverterá as normas da verdade medieval, ainda claramente expressas por Descartes, abrindo assim a porta à reversão fundamental do espírito moderno. Começa agora aquela atitude que traz consigo a idade "científica" – em cuja esteira ainda nos encontramos.

Pela sua importância fundamental para o nosso problema, tentemos analisá-lo um pouco mais a fundo. Descartes considera ainda, como certeza real, a certeza racional formal, purificada das incertezas do factível. Contudo, já se notam prenúncios da refersão para a época moderna, quando Descartes compreende essa certeza real essencialmente sob o enfoque do modelo da certeza matemática, elevando a matemática à forma básica de todo o pensamento racional. Enquanto, porém, em Descartes os factos devem ser postos em parêntesis, isto é, abstraídos, se se quer ter certeza, Vico levanta a tese diametralmente oposta. Formalmente, apoiando-se em Aristóteles, declara que o saber real se cifra no saber das causas. Conheço uma coisa, conhecendo-lhe a causa; compreendo o motivado, se souber o motivo. Mas, desse aforisma antigo tira-se e afirma-se algo completamente novo: se, para o saber factivo se requer o conhecimento das causas, então podemos saber verdadeiramente somente aquilo que nós mesmos fizemos, pois só nos conhecemos a nós mesmos. O que, por conseguinte, vem a ser que, em lugar da antiga equação "verdade – ser", entra a nova: "verdade – facticidade"; só é reconhecível o feito, isto é, aquilo que nós mesmos fazemos. Tarefa e possibilidade do espírito humano não é reflectir sobre o ser, mas sobre o facto, o feito, o mundo peculiar do homem, único objecto que estamos em condições de compreender verdadeiramente. O homem não produziu o cosmos, que, por isso, lhe permanece impenetrável nas suas derradeiras profundezas. Só lhe é acessível um saber perfeito, comprovado, no âmbito das ficções matemáticas e da história que representa a esfera do que o homem mesmo fez, sendo por esta razão acessível ao seu conhecimento. No meio do oceano de dúvidas que ameaça a humanidade após a derrocada da velha metafísica, nos alvores do tempo moderno, redescobre-se no facto a terra firme sobre a qual o homem pode tentar uma nova existência. Principia o reinado do "facto", isto é, a volta radical do homem para sua própria obra, como o único elemento de que tem a certeza.

Com isto está ligada aquela inversão de todos os valores, que transforma a história em época realmente "nova", em contraposição à antiga. O que antes havia sido desprezado como não científico – a história – resta, ao lado da matemática, como a única ciência verdadeira. O que antes parecia a única tarefa digna de espírito livre, a reflexão sobre o sentido do ser, surge agora como esforço vão e sem saída, ao qual não corresponde nenhuma possibilidade científica autêntica. Assim, matemática e história arvoram-se em disciplinas dominantes, chegando a história a absorver, por assim dizer, o mundo inteiro das ciências, modificando-as fundamentalmente. A Filosofia torna-se um problema da história em Hegel, e, de outro modo, em Comte, problema onde o mesmo ser é sufocado como processo histórico; em F. Chr. Baur, a teologia torna-se história; o seu caminho, a pesquisa rigorosamente histórica que examina os eventos passados, esperando assim alcançar o fundo das questões; Marx repensa historicamente a economia nacional, e até as ciências naturais são afectadas por esta tendência geral para a história: Darwin concebe o sistema dos seres vivos como uma história da vida; em lugar da constância das coisas criadas entra uma doutrina evolucionista, na qual todas as coisas vêm umas das outras, permanecendo relacionadas com as do passado. Assim o mundo acaba por não mais parecer uma estrutura do ser, mas um processo cuja contínua propagação se identifica com o movimento do mesmo ser. Ou seja: o mundo é cognoscível, é sabível meramente como feito pelo homem. O homem tornou-se incapaz de olhar acima de si, a não ser, novamente, no âmbito do "facto", onde é obrigado a identificar-se com o produto ocasional de evoluções imemoriais. Deste modo surge uma situação muito estranha. No instante em que principia um antropocentrismo radical, o homem não é capaz de reconhecer nada mais, além da sua própria obra, vendo-se simultaneamente compelido a aceitar-se a si mesmo como produto ocasional, como simples "facto". E o céu, do qual o homem parecia ter vindo, desaba, ficando-lhe entre as mãos a terra, o pó dos factos, terra, pó, em que tenta decifrar, com a pá, a laboriosa história do seu devir.

b) O segundo estádio: virada para o pensamento técnico. Verum quia factum: este axioma que encaminha o homem para a história como sendo morada da verdade, certamente não poderia ser suficiente em si mesmo. Alcançou a sua eficiência completa ao ligar-se a um outro motivo que, novamente cem anos depois, Karl Marx formulou no seu axioma clássico: "Até agora os filósofos contemplaram o mundo; agora devem por-se a modificá-lo". Com o que torna a ser completamente reformulada a tarefa da filosofia. Trocada em termos filosóficos tradicionais, esta máxima diria que, em lugar do verum quia factum – é reconhecível, é veraz o que o homem fez e pode contemplar – entra um programa novo: verum quia faciendum – a verdade, da qual de agora em diante se há de tratar, é a facticidade, a capacidade de ser feito. Ou, expresso ainda de outro modo: a verdade que ao homem cumpre manipular, não é nem a verdade do ser, nem, em última análise, a dos seres realizados, feitos, mas a verdade da alteração do mundo, da formação do mundo – uma verdade dirigida para o futuro e para a acção.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

Revisão da versão portuguesa por ama





[1] 1688-1744

Doutrina – 141

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?


Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Fazei o que Ele vos disser


No meio do júbilo da festa, em Caná, só Maria nota a falta de vinho... Até aos mais pequenos pormenores de serviço chega a alma quando vive, como Ela, apaixonadamente atenta ao próximo, por Deus. (Sulco, 631)

Entre tantos convidados de uma ruidosa boda rural a que vêm pessoas de muitos lugares, Maria dá pela falta de vinho. Repara nisso imediatamente – e só Ela. Que familiares se nos apresentam as cenas da vida de Cristo! Porque a grandeza de Deus convive com o humano – com o normal e corrente. Realmente, é próprio de uma mulher, de uma atenta dona de casa, reparar num descuido, estar presente nesses pequenos pormenores que tornam agradável a existência humana; e assim aconteceu com Maria.

– Fazei o que Ele vos disser (Jo 2, 5).

Implete hydrias (Jo 2, 7), – enchei as vasilhas! –, e dá-se o milagre. Assim mesmo, com toda a simplicidade. Tudo normal: eles cumpriam o seu ofício, e a água estava ao seu alcance… E foi esta a primeira manifestação da divindade do Senhor! O que há de mais vulgar converte-se em extraordinário, em sobrenatural, quando temos a boa vontade de fazer o que Deus nos pede.

Quero, Senhor, abandonar todos os meus cuidados nas Tuas mãos generosas. A nossa Mãe – a Tua Mãe! – a estas horas, como em Caná, já fez soar aos Teus ouvidos: não têm!…

Se a nossa fé é débil, recorramos a Maria. Devido ao milagre das bodas de Caná que Cristo realizou a pedido de sua Mãe, acreditaram n´Ele os discípulos (Jo 2, 11). A nossa Mãe intercede sempre diante de seu Filho para que nos atenda e se nos mostre de tal modo que possamos confessar: – Tu és o Filho de Deus.


– Dá-me, ó Jesus, essa fé que de verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz com que eu creia! (Santo Rosário, 2º mistério luminoso).

Reflectindo - 180

Sou boa pessoa?

…/4

Há tantas pessoas no mundo que têm o coração prestes a estourar porque não têm - ou não vêm - ninguém com quem se abrir ou partilhar uma alegria ou uma tristeza e se fecham em si mesmas hermeticamente e, evidentemente, sofrem com isso.

O ser humano é um ser social isto é se forçado ao isolamento não vive como deveria logo, não pode ser feliz.

Procura-se por vezes a felicidade de forma frenética e atabalhoada quando a felicidade está realmente no convívio com os outros.

Ninguém pode ser feliz se não partilha o que tem seja bens, virtudes, necessidades, preocupações, o que for. Este partilhar tem sempre um retorno porque se recebe sempre algo em troca.

É exactamente este dar e receber - como de resto já noutro local se falou - que reside a felicidade do homem porque cumpre o seu papel, completa o seu perfil, preenche a sua vida.

Mas dar o quê?

Naturalmente o que se puder mas, atenção, dar verdadeiramente, isto é, com mérito acrescido.

Dar do que nos sobra tem mérito sem dúvida mas o verdadeiramente meritório está em partilhar, repartir, abdicar de algo em favor de outro.

É verdade, o Senhor disse que um simples copo de água dado por Seu amor não ficará sem recompensa.

Imaginemos o que não nos dará se esse "copo de água" for dado com algum sacrifício!

(cont)


(ama, Reflexões, Algarve, Setembro 2015)