19/05/2016

Os demónios do apostolado 12

Perder o gosto pelo apostolado

Este demónio transforma a evangelização em rotina e num dever, quando deveria ser a principal fonte de alegria para a apóstolo. A alegria e a plenitude interior de colaborar com a vinda do Reino de Deus e de trabalhar na vinha do Senhor devem ser para o apóstolo uma experiência constante.

Esta tentação está ilustrada precisamente na parábola dos operários contratados para a vinha, em que alguns chegam cedo e outros mais tarde [1]. Os que tinham trabalhado o dia inteiro queixam-se de que o seu salário é igual ao daqueles que haviam trabalhado só uma hora. Ora, o que eles não tinham compreendido, é que o salário não era importante, nem era a verdadeira gratificação pelo seu trabalho. O seu prémio e gratificação era o próprio facto de terem dedicado o dia inteiro à vinha do Senhor, com a satisfação e a alegria que isso lhes poderia ter ocasionado.

O apóstolo que sucumbe a esta tentação fará de seu apostolado um trabalho a mais, como outros, limitado pelo peso do dever e da rotina. Como os operários que trabalharam o dia todo, trabalhará bem e com dedicação, mas perderá de vista o sentido último do que faz: um trabalho para a eternidade, pelo qual Deus age nele, para libertar a condição humana e semear vida de fé, de esperança e de amor a Deus e aos outros, que é o Reino de Deus que se antecipa.

É no apostolado que o apóstolo encontra a sua alegria e o sentido da sua vida. É parte da sua alegria comprovar o bem que Deus faz através dele, e dar graças a Deus, sem vanglória, porque Cristo o elegeu como seu instrumento livre e responsável, para “dar fruto que permaneça” [2]. O que não dispensa o apóstolo de, sem perder a paz e sua entrega alegre, também pedir perdão com humildade, pois devido às suas falhas pessoais e falta de santidade, Deus não pôde fazer através dele todo o bem que ele queria. Pedir perdão porque, por ele não ter sido melhor, muitos não se tornaram melhores, nem se converteram e nem recuperaram a esperança.

O gosto e a gratuidade por trabalhar na vinha do Senhor não deve fazer-nos complacentes. Há muito que mudar e de que nos arrepender no apostolado. Pela nossa falta de santidade, os seus frutos, reais pela graça de Deus, são, às vezes, medíocres.

Fonte: presbíteros

(revisão da versão portuguesa por ama)

Este texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo galilea, Tentación y Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.


[1] Mt 20,lss
[2] Jo 15,16

Antigo testamento / Êxodo 8

Êxodo 8

A praga das rãs

1 O Senhor falou a Moisés: "Vai ao faraó e diz-lhe que assim diz o Senhor: Deixa o meu povo ir para que me preste culto.

2 Se não quiseres deixá-lo ir, mandarei sobre todo o teu território uma praga de rãs.

3 O Nilo ficará infestado de rãs. Elas subirão e entrarão no teu palácio, no teu quarto, e até na tua cama; estarão também nas casas dos teus conselheiros e do teu povo, dentro dos seus fornos e nas suas amassadeiras.

4 As rãs subirão em ti, no teus conselheiros e em teu povo".

5 Depois o Senhor disse a Moisés: "Diz a Arão que estenda a mão com a vara sobre os rios, sobre os canais e sobre os açudes, e faça subir deles rãs sobre a terra do Egipto".

6 Assim Arão estendeu a mão sobre as águas do Egipto, e as rãs subiram e cobriram a terra do Egipto.

7 Mas os magos fizeram a mesma coisa por meio das suas ciências ocultas: fizeram subir rãs sobre a terra do Egipto.

8 O faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse: "Orem ao Senhor para que ele tire estas rãs de mim e do meu povo; então deixarei o povo ir e oferecer sacrifícios ao Senhor".

9 Moisés disse ao faraó: "Tua é a honra de dizer-me quando devo orar por ti, por teus conselheiros e por teu povo, para que tu e as tuas casas fiquem livres das rãs e sobrem apenas as que estão no rio".

10 "Amanhã", disse o faraó.
Moisés respondeu: "Será como tu dizes, para que saibas que não há ninguém como o Senhor, o nosso Deus.

11 As rãs te deixarão a ti, as tuas casas, aos teus conselheiros e ao teu povo; sobrarão apenas as que estão no rio".

12 Depois que Moisés e Arão saíram da presença do faraó, Moisés clamou ao Senhor por causa das rãs que enviara sobre o faraó.

13 E o Senhor atendeu o pedido de Moisés; morreram as rãs que estavam nas casas, nos pátios e nos campos.

14 Foram juntadas em montões e, por isso, a terra cheirou mal.

15 Mas, quando o faraó percebeu que houve alívio, obstinou-se no seu coração e não deu mais ouvidos a Moisés e a Arão, conforme o Senhor tinha dito.

A praga dos piolhos

16 Então o Senhor disse a Moisés: "Diz a Arão que estenda a sua vara e fira o pó da terra, e o pó se transformará em piolhos por toda a terra do Egipto".

17 Assim fizeram e, quando Arão estendeu a mão e com a vara feriu o pó da terra, surgiram piolhos nos homens e nos animais. Todo o pó de toda a terra do Egipto se transformou em piolhos.

18 Mas, quando os magos tentaram fazer surgir piolhos por meio das suas ciências ocultas, não conseguiram. E os piolhos infestavam os homens e os animais.

19 Os magos disseram ao faraó: "Isso é o dedo de Deus". Mas o coração do faraó permaneceu endurecido, e ele não quis ouvi-los, conforme o Senhor tinha dito.

A praga das moscas

20 Depois o Senhor disse a Moisés: "Levanta -te bem cedo e apresenta-te ao faraó, quando ele estiver indo às águas. Diz-lhe que assim diz o Senhor: Deixa o meu povo ir para que me preste culto.

21 Se não deixares o meu povo ir, enviarei enxames de moscas para te atacar, os teus conselheiros, o teu povo e as suas casas. As casas dos egípcios e o chão em que pisam se encherão de moscas.

22 "Mas naquele dia tratarei de maneira diferente a terra de Gósen, onde habita o meu povo; nenhum enxame de moscas se achará ali, para que saibas que eu, o Senhor, estou nessa terra.

23 Farei distinção entre o meu povo e o teu. Este sinal milagroso acontecerá amanhã".

24 E assim fez o Senhor. Grandes enxames de moscas invadiram o palácio do faraó e as casas dos seus conselheiros, e em todo o Egipto a terra foi arruinada pelas moscas.

25 Então o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse: "Vão oferecer sacrifícios ao vosso Deus, mas não saiam do país".

26 "Isso não seria sensato", respondeu Moisés; "os sacrifícios que oferecemos ao Senhor, o nosso Deus, são um sacrilégio para os egípcios. Se oferecermos sacrifícios que lhes pareçam sacrilégio, isso não os levará a apedrejar-nos?

27 Fare­mos três dias de viagem no deserto, e oferecere­mos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus, como ele nos ordena."

28 Disse o faraó: "Eu os deixarei ir e oferecer sacrifícios ao Senhor, o vosso Deus, no deserto, mas não se afastem muito e orem por mim também".

29 Moisés respondeu: "Assim que sair da tua presença, orarei ao Senhor, e amanhã os enxames de moscas deixarão o faraó, os teus conselheiros e o teu povo. Mas que o faraó não volte a agir com falsidade, impedindo que o povo vá oferecer sacrifícios ao Senhor".

30 Então Moisés saiu da presença do faraó e orou ao Senhor, e o Senhor atendeu o seu pedido: as moscas deixaram o faraó, os seus conselheiros o e seu povo; não restou uma só mosca.

31 Mas também dessa vez o faraó se obstinou no seu coração e não deixou que o povo saísse.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Maio - Santo Rosário - Quinto Mistério Glorioso


Coroação de Nossa Senhora Rainha dos Anjos e dos Santos

Qualquer tentativa de descrever este momento ficará sempre muitíssimo aquém da realidade!

Como seria o “ar de espanto” dos “habitantes” do Céu ao contemplar a magnificência da soleníssima festa celeste.

A humilde mulher de Nazaré da Galileia revestida da mais alta dignidade que se pode supor: Rainha dos Céus e da Terra, dos Anjos e Santos, na maior e mais elevada posição da hierarquia celeste logo a seguir à Santíssima Trindade!

E, no entanto, continua a apresentar-se aos homens como sempre foi: humilde e simples.

Assim apareceu aos Pastorinhos em Fátima – “Uma Senhora vestida de branco” [1] - ou em Lourdes como em muitos outros locais da terra e a diferentes pessoas.

Nós também a coroamos Rainha de Portugal e muitos outros títulos semelhantes lhe têm sido atribuídos ao longo dos séculos.

De facto, nós cristãos, temos uma linhagem de altíssimo calibre!

Um dia, no Céu, poderemos extasiar-nos ante esse resplendor e pasmar com a beleza, a dignidade, a maravilha de tão extraordinária Senhora.

Mas, eu, pobre de mim, não me considero príncipe – como é comum aos filhos de Reis – preferindo, antes, considerar-me filho.

Quero, desejo do mais fundo da minha alma, que ela seja a Rainha do meu coração, mas quero e desejo ainda mais que seja a minha Queridíssima Mãe do Céu!



[1] Descrição de Lúcia

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo ComumPáscoa

Evangelho: Mc 9, 41-50

41 «Quem vos der um copo de água, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. 42 «Quem escandalizar um destes pequeninos que creem em Mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem ao mar. 43 Se a tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; melhor te é entrar na vida eterna mutilado, do que, tendo as duas mãos, ir para a Geena, para o fogo inextinguível. 44 Omitido pela Neo-Vulgata. 45 Se o teu pé é para ti ocasião de pecado, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo os dois pés, ser lançado na Geena.46 Omitido pela Neo-Vulgata. 47 Se o teu olho é para ti ocasião de pecado, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho do que, tendo dois, ser lançado na Geena, 48 “onde o seu verme não morre e o seu fogo não se apaga”.49 Todo o homem será salgado no fogo. 50 O sal é uma coisa boa; porém, se se tornar insípido, com que haveis de lhe dar o sabor? Tende sal em vós, e tende paz uns com os outros».

Comentário:

Literalmente, Jesus Cristo dá-nos uma dimensão da realidade mais evidente: o que temos que fazer para ganhar a Vida Eterna.

Nada pode ser admitido que constitua obstáculo no nosso caminhar de cristãos em busca da salvação e, esses obstáculos, combatem-se com as boas obras por mais pequenas ou insignificantes que possam considerar-se: como dar um simples copo de água.


(ama, comentário sobre Mc 9, 41-50, 2014.02.27)


Leitura espiritual



INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO

“CREIO – AMÉM”

CAPÍTULO SEGUNDO

PRIMEIRA PARTE

DEUS

«Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra"

CAPÍTULO SEGUNDO

A Fé em Deus na Bíblia

Para compreender a fé bíblica em Deus é preciso seguir-lhe a evolução histórica, desde as origens nos patriarcas de Israel até aos escritos do Novo Testamento. O Antigo Testamento, com o qual logicamente devemos começar, põe-nos nas mãos um fio condutor que orienta os nossos esforços: com efeito, o Antigo Testamento formulou a sua ideia de Deus essencialmente em dois nomes: Elohim e Iahvé. Nestas duas denominações revela-se a segregação e a escolha feita por Israel no seu mundo religioso e, simultaneamente, torna-se visível a opção positiva realizada numa tal escolha e na subsequente conversão do eleito.

1.   O problema histórico da sarça-ardente

Como texto central do conhecimento de Deus no Antigo Testamento certamente deve ser apontada a narrativa da sarça-ardente [1] em que, juntamente com a revelação do nome de Deus a Moisés, se coloca a base decisiva do deus que, a partir dali, dominará a Israel. O texto descreve a vocação de Moisés para chefe de Israel pelo Deus oculto-revelante na chama da sarça, e a hesitação de Moisés que exige um conhecimento claro do seu comitente e uma clara prova da sua autoridade. Neste contexto desenvolve-se o diálogo em torno do qual jamais cessarão as especulações:

"E Moisés disse a Deus: "Eis que eu me apresentarei aos filhos de Israel e lhes direi: O Deus dos vossos pais enviou-me a vós. Mas se me perguntarem: "Como se chama?" Que lhes responderei?" E Deus disse a Moisés: "SOU AQUELE QUE SOU". E acrescentou: "Assim falarás aos filhos de Israel: EU SOU mandou-me a vós". E Deus disse ainda a Moisés: "Assim falarás aos filhos de Israel: Jahvé, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob enviou-me a vós. Esse é o meu nome para a eternidade, e essa é a minha denominação para todos os séculos" [2], [3] .

Dentro do sentido do texto é evidente a intenção de fundamentar o nome "Iahvé" como nome decisivo de deus em Israel, primeiro fixando-o historicamente na origem da génese do povo israelita e no acontecimento da aliança, e, em seguida, dando-lhe uma explicação do conteúdo. Este último sucede pela redução do incompreensível vocábulo "Iahvé" à raiz "haia" (= ser). Isto é possível dentro do resíduo consonantal hebraico. Mas, ao menos é problemático que tal explicação corresponda filologicamente à real procedência do termo "Iahvé": trata-se – como tantas vezes no Antigo Testamento – de uma etimologia teológica e não filológica. Não é o caso de pesquisar um sentido primitivo dentro da gramática histórica, mas de realizar um sentido, em concreto. A etimologia realmente torna-se instrumento de um comportamento que cria um sentido. A este esclarecimento do nome "Iahvé" pela palavra "ser" acrescenta-se então uma segunda tentativa de esclarecer: quando se diz que lahvé é o Deus dos pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob. Ou seja: a compreensão da palavra deve ser alargada e aprofundada pela equiparação do Deus assim denominado ao Deus dos patriarcas de Israel, que era invocado com "El" ou "Elohim".

Tentemos ver a imagem de Deus assim surgida. Primeiro, que significa essa ideia do "ser" trazida à colacção como explicação de Deus? Para os Padres vindos da filosofia grega havia aí uma inesperada e ousada confirmação do seu próprio passado filosófico, pois a filosofia grega considerava decisiva a sua descoberta do ter averiguado a presença omni-abarcante da ideia do ser por trás das inumeráveis coisas com que o homem diariamente se tinha de haver, ideia esta em que viam a mais adequada expressão da divindade. E a Bíblia parecia afirmar exactamente o mesmo no seu texto central sobre a imagem de Deus. Não era o caso de ver aí uma espantosa confirmação da unidade de fé e filosofia? Com efeito, a patrística viu revelar-se aí a mais profunda unidade de pensamento e fé, de Platão e Moisés, do espírito grego e bíblico. Sentiu tão completamente a identidade entre a busca filosófica e a aceitação do que se lhe oferecia na fé de Israel, que chegou a defender a tese de que Platão não seria capaz de chegar a semelhante conhecimento pelos seus próprios recursos, tendo seguramente conhecido o Antigo Testamento donde haurira as suas ideias. Assim o cerne da filosofia platónica viu-se reduzido indirectamente à Revelação – já que não se ousava derivar das forças do espírito humano uma concepção de profundeza tão radical como o platonismo.

Na realidade, o texto do Antigo Testamento ao alcance dos Padres favorecia o desabrochar da ideia de identidade entre Platão e Moisés, aliás com a dependência colocada, antes, do outro lado: os tradutores do Antigo Testamento para o grego estavam sob a influência da filosofia grega, tendo lido e interpretado o texto original à luz desta filosofia. Deve tê-los impressionado o pensamento de que o espírita helénico e a fé bíblica se entrosavam; os tradutores construíram, por assim dizer, a ponte a ligar o conceito bíblico de Deus com o pensamento grego, ao traduzir o versículo 14: "Sou aquele que sou" com a frase: "Sou o existente". Assim identifica-se o nome bíblico com o conceito filosófico. O escândalo do nome, do Deus que se nomeia, fica diluído no oceano do pensamento ontológico; a fé casa-se com a ontologia. Com efeito, constitui escândalo para o pensamento o facto de o Deus bíblico ter nome. Será este facto mais do que uma lembrança do mundo politeísta em que a fé bíblica começou a germinar? Num mundo que formigava de deuses, era impossível Moisés dizer: Deus manda-me. Nem mesmo: O Deus dos pais envia-me. Ele sabia que isto não significava nada e que iriam perguntar-lhe: Que Deus? Mas a questão é a seguinte: ter-se-ia podido dar ao "Ente" platónico um nome, manifestando-o como indivíduo? Ou, o facto de poder denominar-se esse Deus não seria expressão de uma ideia fundamentalmente diversa? E, acrescentando-se que, para o texto, é de importância a ideia de que só se pode chamar pelo nome a Deus, porque ele mesmo se chamou, aprofunda-se o fosso para a ideia platónica, para o ser como ponto final do pensamento ontológico que não é nomeado e, muito menos, se nomeia.

Então a versão grega e as conclusões patrísticas dela tiradas basear-se-iam num equívoco? A respeito disto não são só os exegetas de hoje que têm o mesmo parecer, como também os sistemáticos acentuam-no com muita força e com a exactidão que esta questão merece, acima de todos os problemas exegéticos. Assim Emil Brunner afirma com toda a firmeza que o sinal de identidade entre o Deus da fé e o Deus dos filósofos, aqui colocado, significa a conversão da ideia bíblica de Deus no seu oposto. Em lugar do nome põe-se aqui o conceito, em lugar do indefinível entra a definição. Com o que se coloca em discussão a exegese patrística inteira, a fé em Deus da Igreja antiga, a profissão e a imagem do Deus do símbolo. Trata-se de uma queda na helenização, da apostasia do Deus ao qual o Novo Testamento chama Pai de Jesus Cristo, ou estará expresso aqui, sob novos pressupostos, o que é sempre de afirmar-se?

Antes de mais, cumpre, embora muito ao de leve, pesquisar o estado real exegético da situação. Que significa o nome "Iahvé" e o que quer dizer a sua interpretação pela palavra "ser"? As duas perguntas dependem uma da outra, sem que sejam idênticas. Tentemos primeiro focalizar mais de perto a primeira delas. Ainda estamos em condições de estipular alguma coisa sobre significado o primitivo do nome Iahvé, partindo de sua origem linguística? Isto é quase impossível, porque exactamente a respeito desta origem tateamos no escuro. Sem dúvida uma coisa pode afirmar-se claramente: falta uma comprovação segura do nome Iahvé, antes de Moisés, fora de Israel; e nenhuma das tentativas de descobrir as raízes pré-israelitas do nome convence. Sem dúvida conhecem-se, já antes, partículas como iha, ia, iahv, contudo o pleno desdobramento do nome Iahvé realizou-se primeiramente em Israel, enquanto o podemos constatar hoje; parece ser obra da fé de Israel que, não sem relação com o resto, refundiu de modo criativo, para si, o seu próprio nome divino e desenvolveu nele a sua própria imagem de Deus.

Mas hoje existem indícios de que a formação desse nome realmente foi obra de Moisés, que, mediante ele, carreou nova esperança aos seus compatriotas escravizados: a formação definitiva de um nome divino próprio e, com ele, a ideia própria de Deus parecem ter sido o ponto de partida da génese étnica dos israelitas. Também sob o enfoque meramente histórico pode afirmar-se que Israel se tornou povo a partir de Deus, e exclusivamente a partir da vocação para a esperança que o nome divino significava, é que chegou a ser o que é. Entre as numerosas indicações e pontos de referências para a época pré-israelita do nome Iahvé, que dispensam um debate neste lugar, a mais bem fundamentada e, ao mesmo tempo, objectivamente de uma fertilidade peculiar, parece-me a observação de H. Cazelles que chama a atenção para os nomes teofóricos (nomes de pessoas com uma referência a Deus) no reino da Babilónia, nomes formados com a partícula "yaun", respectivamente encerrando o elemento "yau" ou "ya", que conota aproximadamente "o meu", "meu Deus". Na confusão de tipos divinos com que tinha de haver-se, essa forma aponta para o Deus pessoal, isto é, para o Deus que, voltado para o homem, é pessoal e tem relação com as pessoas. É o Deus que, existindo pessoalmente, tem a ver com o homem como homem. Esta observação é digna de nota, enquanto se cruza com um elemento central da fé pré-mosaica, a saber, com a imagem de Deus que costumamos chamar "o Deus, dos nossos pais", com apoio na Bíblia. A etimologia proposta cobrir-se-ia assim com o que narra a história da sarça-ardente, como suposição interna da fé em Iahvé, ou seja com a fé do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob. Portanto, voltemos a atenção para esta figura sem a qual não é possível desvendar o sentido da mensagem de Iahvé.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[1] Ex 3
[2] Ex 3,13-15
[3] Texto da Bíblia Sagrada Ed. Paulinas, 1967

Doutrina – 148

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

52. Quem criou o mundo?


O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Magnificat anima mea Dominum!”

 Como seria o olhar alegre de Jesus! O mesmo que brilharia nos olhos de sua Mãe, que não pôde conter a alegria: – "Magnificat anima mea Dominum!", a sua alma glorifica o Senhor, desde que O traz dentro de si e a seu lado. Ó Mãe!: que a nossa alegria seja como a tua – a de estar com Ele e de O possuir! (Sulco, 95)

A nossa fé não é uma carga, nem uma limitação. Que pobre ideia da verdade cristã manifestaria quem assim pensasse! Ao decidirmo-nos por Deus não perdemos nada; ganhamos tudo. Quem, à custa da sua alma, conserva a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de Mim, voltará a achá-la .


Tirámos a carta que ganha, conseguimos o primeiro prémio. Quando alguma coisa nos impedir de ver isto com clareza, examinemos o interior da nossa alma. Talvez haja pouca fé, pouca intimidade pessoal com Deus, pouca vida de oração. Temos de pedir a Nosso Senhor – através de sua Mãe e nossa Mãe – que aumente em nós o seu amor, que nos conceda saborear a doçura da sua presença; porque só quando se ama se chega à mais plena liberdade: a de jamais querer abandonar, por toda a eternidade, o objecto dos nossos amores. (Amigos de Deus, 38)

Reflectindo - 182

Sobre a esperança

"A última a morrer" diz-se e parece-me bem.
Até ao último sopro de vida consciente o homem aspira à Vida eterna no gozo da visão de Deus.

Para isso foi criado e por isso lutou incessantemente durante toda a sua vida combatendo os defeitos, cultivando as virtudes, em esforços de melhoria pessoal tentando vencer nas tentações e vencer-se na sua concupiscência.

Nalguns casos talvez tenha sido uma luta árdua e até violenta, noutros as coisas correram melhor e sem incidentes.

Com avanços e recuos, vitórias e derrotas foi vivendo como deve viver um ser humano: tentando fazer o melhor em qualquer circunstância ou situação e, como sabemos, fazer o melhor é sempre fazer a Vontade de Deus.


E quem não é cristão ou abandonou a Fé ou recusou Deus?

Terá esperança?

Sendo uma das três Virtudes Teologais, isto é, dadas por Deus, parece óbvio que não a terá.
Considero algo terrível não ter  esperança, tal como não ter fé ou caridade (amor).
Esta criatura poderá ser um homem, uma mulher mas vive e acaba por morrer como um irracional.
São dignos de pena e devemos rezar por, eles.

Julgo que a recomendação da Senhora em Fátima: rezar pelos pecadores se prende muito com a esperança de salvação, isto é, um pecador que se arrepende e converte tem “acesso” à esperança de salvação.

(ama, reflexões, Dez 2015)