28/07/2016

Primeira condição: trabalhar, e trabalhar bem!

Se queremos de verdade santificar o trabalho, é preciso cumprir iniludivelmente a primeira condição: trabalhar, e trabalhar bem!, com seriedade humana e sobrenatural. (Forja, 698)

Na vossa ocupação profissional, corrente e ordinária, encontrareis a matéria – real, consciente, valiosa – para realizar toda a vida cristã, para corresponder à graça que nos vem de Cristo.

Nas vossas ocupações profissionais, realizadas face a Deus, pôr-se-ão em jogo a Fé, a Esperança e a Caridade. Os incidentes, as relações e os problemas que o vosso trabalho traz consigo alimentarão a vossa oração. O esforço por cumprirdes os vossos deveres correntes será o modo de viverdes a Cruz, que é essencial para o Cristão. A experiência da vossa debilidade e os fracassos que existem sempre em todo o esforço humano dar-vos-ão mais realismo, mais humildade, mais compreensão com os outros. Os êxitos e as alegrias convidar-vos-ão a dar graças e a pensar que não viveis para vós mesmos, mas para o serviço dos outros e de Deus.


Para viver assim, para santificar a profissão, é necessário, primeiro que tudo, trabalhar bem, com seriedade humana e sobrenatural. (…) O milagre que o Senhor vos pede é a perseverança na nossa vocação cristã e divina, a santificação do trabalho de cada dia: o milagre de converter a prosa diária em decassílabos, em verso heróico, pelo amor com que realizais a vossa ocupação habitual. Aí vos espera Deus para que sejais almas com sentido de responsabilidade, com zelo apostólico, com competência profissional. (Cristo que passa, nn. 49–50)

Temas para meditar - 652

Pureza

Com toda a razão se promete aos limpos de coração a bem-aventurança da visão divina.

Nunca uma vida manchada poderá contemplar o esplendor da luz verdadeira, pois mesmo aquilo que constituirá o gozo das almas limpas será o castigo das que estejam manchadas.


(S. leão magno, sobre as bem-aventuranças sermão 8)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Mt 13, 47-53

47 «O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda a espécie de peixes. 48 Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus. 49 Será assim no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus do meio dos justos, 50 e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 51 Compreendestes tudo isto?». Eles responderam: «Sim». 52 Ele disse-lhes: «Por isso todo o escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas». 53 Quando Jesus acabou de dizer estas parábolas partiu dali.

Comentário:

Ficamos com uma imagem muito completa do Reino dos Céus.

Graças às revelações de Cristo é simples e acessível como o grão de mostarda ou um pouco de fermento, ou de grande valor e decidido como um tesouro ou uma pérola de alto preço.

Requerem o nosso trabalho pessoal seja semear ou colocar na massa previamente preparada quer escavando o campo ou negociar a pérola.

Nos primeiros casos os resultados são espectaculares, uma pequena semente que se converte em árvore grandiosa, um pedacinho de fermento que leveda uma grande quantidade de massa.

São resultados directos do apostolado.

Nos outros dois é a nossa vida pessoal que se altera radicalmente com a posse de bens de enorme valor.

Mas parece lógico que os segundos dependam dos primeiros, isto é, primeiro semear e levedar e, depois aproveitar a todo o custo os tesouros que encontramos.

(ama, comentário sobre Mt 13, 47-53 2015.07.30)











Leitura espiritual

Leitura Espiritual

Temas actuais do cristianismo 



São Josemaria Escrivá
78   
       
pergunta:

Quais são, em sua opinião, as funções que competem às associações ou sindicatos de estudantes?
Como devem ser as suas relações com as autoridades académicas?

resposta:

Pede-se-me um juízo sobre uma questão muito ampla.
Não vou, por isso, descer a pormenores; só algumas ideias gerais. Penso que as associações de estudantes devem intervir nas tarefas universitárias específicas.
Há-de haver representantes - eleitos livremente pelos seus colegas - que entrem em relação com as autoridades académicas, conscientes de que têm de trabalhar em uníssono, numa actividade comum.
É outra boa oportunidade de prestar um verdadeiro serviço.

É necessário um estudo que estabeleça as regras a seguir para que esta actividade se realize com eficácia, com justiça e de forma racional.
Os assuntos devem ser bem trabalhados, bem pensados; se as soluções que se propõem forem bem estudadas, nascidas do desejo de construir e não do afã de criar conflitos, adquirem uma autoridade interna que faz com que se imponham por si sós.

Para tudo isto é preciso que os representantes das associações tenham uma formação séria: que amem a liberdade dos outros em primeiro lugar e a sua própria liberdade, com a consequente responsabilidade; que não desejem o brilho pessoal nem se atribuam faculdades que não têm, mas busquem o bem da Universidade, que é o bem dos seus companheiros de estudo.
E que os eleitores escolham os seus representantes por essas qualidades e não por razões alheias à eficácia da sua Alma Mater: só assim a Universidade será o lugar de paz, remanso de serena e nobre inquietação, que facilita o estudo e a formação de todos.

79            

pergunta:

Em que sentido entende o senhor a liberdade de ensino e em que condições a considera necessária? Neste sentido, que atribuições se devem reservar ao Estado em matéria de ensino superior? Considera que a autonomia é um princípio básico para a organização da Universidade?
Poder-nos-ia indicar as linhas mestras nas quais se deve fundar o sistema de autonomia?

resposta:

A liberdade de ensino é apenas um aspecto da liberdade em geral. Considero a liberdade pessoal necessária para todos e em tudo o que é moralmente lícito.
Liberdade de ensino, portanto, em todos os níveis e para todas as pessoas!
Quer isto dizer que toda a pessoa ou associação com capacidade para tal deve ter a possibilidade de fundar centros de ensino em igualdade de condições e sem impedimentos desnecessários.

A função do Estado depende da situação social: é diferente na Alemanha ou na Inglaterra, no Japão ou nos Estados Unidos, para citar países com estruturas educacionais muito diversas.
O Estado tem evidentemente funções de promoção, de controlo, de vigilância.
E isso exige igualdade de oportunidades entre a iniciativa privada e a do Estado: vigiar não é pôr obstáculos, nem impedir ou coarctar a liberdade.

Por isso considero necessária a autonomia docente: autonomia é outra forma de dizer liberdade de ensino.
A Universidade como corporação deve ter a independência dum órgão num corpo vivo, liberdade na sua tarefa específica em favor do bem comum.

Alguns passos a dar para a efectiva realização desta autonomia podem ser: liberdade de escolha do professorado e dos administradores; liberdade para o estabelecimento dos planos de estudo; possibilidade de constituir o seu património e de o administrar. Enfim, todas as condições necessárias para que a Universidade goze de vida própria.
Tendo esta vida própria, saberá dá-la, para bem de toda a sociedade.

80   
       
pergunta:

Descobre-se na opinião estudantil uma crítica cada vez mais intensa ao sistema de cátedra universitária vitalícia.
Parece-lhe acertada esta corrente de opinião?

resposta:

Parece.
Se bem que reconheça o alto nível científico e humano do professorado espanhol, prefiro o sistema de contratar livremente os professores.
Penso que este sistema não prejudica economicamente o professor e constitui um incentivo para que o catedrático não deixe nunca de investigar e de progredir na sua especialidade.
Evita também que as cátedras sejam tidas como feudos em vez de lugares de serviço.

Não excluo que o sistema de cátedra vitalícia possa dar bons resultados nalgum país, nem que com esse sistema se verifiquem casos de catedráticos muito competentes, que fazem da sua cátedra um verdadeiro serviço à Universidade.
Mas parece-me que o sistema de contratação livre permite que estes casos sejam em maior número, até conseguir o ideal de que o sejam praticamente todos.

81
                
pergunta:

Não é de opinião que, depois do Vaticano II, ficaram antiquados os conceitos de "colégios da Igreja", "colégios católicos", "Universidades da igreja", etc.?
Não lhe parece que tais conceitos comprometem indevidamente a Igreja ou soam a privilégio?

resposta:

Não, não me parece, se por colégios da Igreja, colégios católicos, etc., se entender o resultado do direito que a Igreja e as Ordens e Congregações religiosas têm de criar centros de ensino.
Montar um colégio ou uma universidade não é um privilégio, mas um encargo, quando se procura que seja um centro para todos, e não apenas para os que dispõem de recursos económicos.

O Concílio não pretendeu declarar superadas as instituições docentes confessionais: só quis fazer ver que há outra forma - inclusivamente mais necessária e universal, vivida há tantos anos pelos sócios do Opus Dei - de presença cristã no ensino, que é a livre iniciativa dos cidadãos católicos que têm profissões ligadas à educação, dentro e fora dos centros criados pelo Estado.
É mais uma manifestação da plena consciência que a Igreja tem, nestes tempos, da fecundidade do apostolado dos leigos.

Tenho de confessar, por outro lado, que não simpatizo com as expressões escola católica, colégios da Igreja, etc., ainda que respeite todos aqueles que pensam o contrário.
Prefiro que as realidades se distingam pelos seus frutos, não pelos seus nomes.
Um colégio será efectivamente cristão quando, sendo como os restantes e esmerando-se por progredir, realizar um trabalho de formação completa - também cristã - respeitando a liberdade pessoal e promovendo a urgente justiça social. Se faz isto realmente, o nome é de somenos.
Pessoalmente, repito, prefiro evitar esses adjectivos.


82
                
pergunta:

Como Grão-Chanceler da Universidade de Navarra, desejaríamos que nos falasse dos princípios que a inspiraram ao fundá-la e do seu significado actual no âmbito da Universidade espanhola.

resposta:

A Universidade de Navarra surgiu em 1952 - depois de rezar durante anos e anos, sinto alegria ao dizê-lo - com a aspiração de dar vida a uma instituição universitária na qual se plasmassem os ideais culturais e apostólicos de um grupo de professores profundamente interessados na missão docente.
Desejou então - e deseja agora - contribuir, lado a lado com as outras universidades, para resolver os graves problemas educativos da Espanha e de muitos outros países que necessitam de homens bem preparados para constituírem uma sociedade mais justa.

Quando foi fundada, aqueles que a iniciaram não eram estranhos à Universidade espanhola: eram professores que se tinham formado e exercido o seu magistério em Madrid, Barcelona, Sevilha, Santiago, Granada e em várias outras universidades.
Esta colaboração estreita - atrever-me-ia a dizer que mais estreita que a que mantêm entre si universidades inclusivamente vizinhas - tem continuado, mediante frequentes intercâmbios e visitas de professores, congressos nacionais nos quais se trabalha em conjunto, etc.
O mesmo contacto se tem mantido com as melhores universidades de outros países, como foi confirmado pelo recente doutoramento honoris causa de professores da Sorbonne, Harvard, Coimbra, Munique e Lovaina.

A Universidade de Navarra tem servido também para orientar a ajuda de tantas pessoas que vêem nos estudos universitários uma base fundamental do progresso do país, quando estão abertos a todos aqueles que merecem estudar, sejam quais forem os seus recursos económicos.
É uma realidade a Associação de Amigos da Universidade de Navarra que, com a sua contribuição generosa, já conseguiu distribuir um elevado número de bolsas de estudo.
Este número aumentará cada vez mais, como aumentará a afluência de estudantes afro-asiáticos e latino-americanos.

Entrevista realizada por Andrés Garrigó, publicada em "Gaceta Universitaria" (Madrid, 5 de Outubro de 1967).

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