31/03/2017

Fátima: Centenário - Oração jubilar de consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador

Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, 14 de Março de 2016

9. Não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre. O sofrimento pode ser eliminado ou debelado com os cuidados paliativos, não com a morte. E hoje, as técnicas analgésicas conseguem preservar de um sofrimento físico intolerável. Desta forma, pode afirmar-se que a eutanásia é uma forma fácil e ilusória de encarar o sofrimento, o qual só se enfrenta verdadeiramente através da medicina paliativa e do amor concreto para com quem sofre.

Como afirma Bento XVI, «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre»[6].

Para além do círculo afectivo dos seus familiares e amigos, a dignidade de quem sofre reclama o cuidado médico proporcionado, mesmo que os actos terapêuticos e os analgésicos possam, pelo efeito secundário inerente a muitos deles, contribuir para algum encurtamento da vida. Neste caso, não se trata de eutanásia, pois o objectivo não é dar a morte, mas preservar a dignidade humana e a «santidade de vida», minimizando o sofrimento e criando as condições para a «qualidade de vida» possível.


(cont)

Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS


Vol. 2

LIVRO XI

CAPÍTULO X

Trindade simples e imutável de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo que são um só Deus, em quem as qualidades outra coisa não são que a substância.

Não há, pois, senão um bem simples e, consequentemente, senão um bem imutável — Deus. E este bem criou todos os bens que, não sendo simples, são, portanto, mutáveis. Digo, precisamente, criou, isto é, fez, e não gerou. É que o que é gerado de um ser simples é simples como ele e é o mesmo que aquele que o gerou. A estes dois seres chamamos Pai e Filho e um e outro com o seu Santo Espírito são um só Deus. A este Espírito do Pai e do Filho se chama nas Sagradas Escrituras Espírito Santo por uma espécie de apropriação deste nome. E, porém, distinto do Pai e do Filho, pois não é nem o Pai nem o Filho. Disse que é distinto mas não outra coisa, porque também Ele é igualmente simples, igualmente imutável e coeterno. E esta Trindade é um só Deus e não deixa de ser simples por ser Trindade. Não dizemos que esta natureza do bem é simples porque nela está só o Pai, só o Filho, só o EspíritoSanto; ou ainda porque a Trindade é apenas um ser sem nenhuma subsistência de Pessoas, com o julgaram os herejes sabelianos
[i];

mas chama-se simples porque o que ela tem isso é salvo que cada pessoa se diz pessoa em relação a cada um a das outras duas. Pois, com certeza que o Pai tem um Filho, mas não é o Filho; o Filho tem um Pai, mas não é o Pai. Assim, pois, considerado em si mesmo e não em relação com o outro, Deus é o que tem: com o se diz vivo em relação a si mesmo porque tem evidentemente a vida e essa vida é Ele próprio.

É por isso que se chama simples a natureza que nada tem que possa perder; ou é simples a natureza em que aquele que tem se identifica com aquilo que tem. Assim, o vaso tem o licor, o corpo a cor, o ar a luz ou o calor, a alma a sabedoria. Mas nenhum a destas coisas é o que tem. Nem o vaso é o licor, nem o corpo é a cor, nem o ar é a luz ou o calor, nem a alma é a sabedoria. Por conseguinte, podemser privados das coisas que têm: podem mudar e podem transformar-se em outras disposições ou qualidades: o vaso pode ficar vazio do líquido de que estava cheio, o corpo pode perder a cor, o ar pode escurecer ou arrefecer, a alma pode tresloucar-se. Embora o corpo seja, após a ressurreição, incorruptível, com o foi prometido aos santos,mantendo, na verdade, a qualidade duma inamissível incorruptibilidade — o certo é que, mantendo-se a substância corporal, o corpo e a incorruptibilidade não são a mesma coisa.

Na realidade, a incorruptibilidade está toda em cada uma das partes do corpo — nem maior aqui, nem menor ali —, porque nenhum a parte é mais incorruptível do que a outra. Na verdade, o corpo é maior no todo do que a parte; e se um a parte é maior e a outra é menor, nem por isso a maior é mais incorruptível. Um a coisa é o corpo que, em si, não está todo inteiro em qualquer das suas partes, outra coisa a incorruptibilidade que em qualquer das partes está inteiram ente. Porque toda a parte incorruptível do corpo, ainda que desigual às demais, eigualmente incorruptível. O dedo, por exemplo, é mais pequeno do que a mão toda. Todavia, a mão não é mais incorruptível do que o dedo. Embora sejam desiguais a mão e o dedo, é, todavia, igual a incorruptibilidade da mão e do dedo. Por isso, em bora a incorruptibilidade seja inseparável de um corpo incorruptível, uma coisa é a substância que o faz chamar corpo, outra é a qualidade que o faz chamar incorruptível. E, por isso, mesmo nesse estado, ele não é o que tem.

A própria alma, mesmo que fosse sempre sábia — como quando for libertada para a eternidade — será sábia pela participação da imutável sabedoria que não é ela pró­pria. Pelo facto de, na realidade, o ar se não ver quando privado da luz que o penetra, nem por isso se poderá negar que um a coisa é o ar e outra a luz que o ilumina. Com isto não pretendo dizer que a alma é um a espécie de ar, como pretenderam alguns, incapazes de conceber uma natureza incorpórea. A alma e o ar, todavia, apesar da sua grande diferença, têm uma certa semelhança e é permitido dizer que a alma incopórea é iluminada pela luz incorpórea da Sabedoria simples de Deus, como o ar corporal é iluminado pela luz corporal. E como o ar privado da luz escurece (porque o que chamamos trevas, seja em que lugar corporal for, nada mais é do que o ar privado de luz), assim obscurece a alma privada da luz da Sabedoria.

Portanto, nesta ordem de ideias, chamam-se simples as perfeições que, por excelência e na verdade, constituem a natureza divina: porque nelas não é a substância uma coisa e a qualidade outra coisa — nem é pela participação em qualquer outra coisa que elas são a divindade, a sabedoria ou a beatitude. É certo que nas Sagradas Escrituras se diz múltiplo o Espírito de Sabedoria — mas isso é porque Ele encerra em si muitas coisas: mas Ele é o que tem e tudo o que tem é apenas Ele. A Sabedoria não é múltipla, mas una, e nela existem tesouros infinitos — para ela finitos — de coisas inteligíveis contendo todas as razões invisíveis e imutáveis dos seres, mesmo visíveis e mutáveis que por ela foram feitos. Porque Deus nada fez sem disso Se aperceber — o que, na verdade, de nenhum artífice hum ano se pode dizer. Mas se tudo fez conscientemente Ele não fez, evidentemente, senão o que já antes tinha conhecido. Daí ocorrer ao nosso espírito algo de maravilhoso, mas realmente verdadeiro: para nós este Mundo não poderia ser conhecido se não existisse — mas para Deus, se não fosse conhecido, não poderia existir.

CAPÍTULO XI

Deveremos acreditar que mesmo os espíritos que se não mantiveram na verdade participaram da beatitude de que sempre gozaram os santos anjos desde o começo da sua existência?

Sendo isto assim, os espíritos a que chamam os anjos de maneira nenhum a começaram por ser durante certo tempo espíritos das trevas, mas, no momento em que foram feitos, foram feitos luz. Não foram criados simplesmente para existir e viver de qualquer maneira, mas foram iluminados para viver na sabedoria e na felicidade. Alguns destes anjos que se desviaram desta iluminação não obtiveram a excelência dessa vida sábia e feliz que, sem sombra de dúvida, só poderia ser eterna com a perfeita garantia da sua eternidade. Mas possuem a vida racional, embora insensata, e de tal forma que não a podem perder mesmo que o quisessem. Mas quem poderá definir com o foram participantes dessa sabedoria antes de terem pecado? Como é que poderem os dizer que nessa participação foram iguais aos que são verdadeira e plenamente felizes precisamente porque não se enganaram acerca da eternidade da sua felicidade? Realmente, se tivessem tido essa igualdade de felicidade, permaneceriam também na sua eterna posse, igualmente felizes porque igualmente certos. E que, na verdade, a vida, por mais longa que seja, não se poderá chamar eterna se tiver que ter um fim. Com efeito, a vida tem este nome apenas por se viver e chama-se eterna por não ter fim. Não há dúvida de que o que é eterno não é, só por isso, feliz (também o fogo do castigo se chama eterno). Todavia, a vida perfeita e verdadeiramente feliz só pode ser eterna. De facto, tal não era a dos anjos maus pois que, destinada a cessar, não era eterna, quer eles o soubessem quer o ignorassem e supusessem outra coisa. Porque o temor — se o soubessem — ou o erro — se o ignorassem — impedia-os, com certeza, de serem felizes. E se isto ignoravam de forma que não confiavam nem no falso nem no certo, mas não podiam dar o seu assentimento acerca da eternidade ou temporalidade desse seu bem, a própria hesitação acerca de felicidade tão grande não admitia a plenitude da vida feliz que cremos existir nos santos anjos. Não é que nós restrinjamos o significado de vida feliz ao ponto de dizermos que só Deus é feliz; Ele é, de certo, verdadeiramente feliz ao ponto de ser impossível conceber felicidade maior. E em comparação desta felicidade, a dos anjos tem toda a elevação e toda a grandeza que lhes convém, mas — em que consiste ela (quid est) e qual é a sua medida (quantum est)?

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i][i] Segundo os Sabelianos, as três pessoas da SS. Trindade mais não eram que aspectos diferentes de um ser uno — Deus — ou nomes diferentes a este dados, conforme o ponto de vista por que era encarado. A igreja, porém, ensina que as três pessoas são subsistentes sem deixarem de ser consubstanciais.

Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Jo 7, 1-2. 10. 25-30

1 Depois disto, andava Jesus pela Galileia; não queria andar pela Judeia, visto que os judeus O queriam matar. 2 Estava próxima a festa dos judeus chamada dos Tabernáculos.
10 Mas, quando Seus irmãos já tinham partido, então foi Ele também à festa, não publicamente, mas como que em segredo.
25 Diziam então alguns de Jerusalém: «Não é Este Aquele que procuram matar? 26 Eis que fala com toda a liberdade e não Lhe dizem nada. Terão os chefes do povo verdadeiramente reconhecido que Este é o Messias? 27 Nós, porém, sabemos donde Este é; e o Messias, quando vier, ninguém saberá donde Ele seja». 28 Jesus, que ensinava no templo, exclamou: «Vós Me conheceis, e sabeis donde Eu sou. Eu não vim de Mim mesmo, mas é verdadeiro Aquele que Me enviou, a Quem vós não conheceis. 29 Mas Eu conheço-O, porque procedo d'Ele, e Ele Me enviou». 30 Procuraram então prendê-l'O; mas ninguém Lhe lançou as mãos, porque não tinha ainda chegado a Sua hora.

Comentário:

Não se pode comentar textos do Evangelho escrito por São João sem ter como que uma visão de conjunto porque, de facto, o Evangelista, dedica todo um capítulo à última viagem de Jesus a Jerusalém antes da Sua Paixão e Morte.

Os discursos de Jesus como que se entrelaçam nas perguntas e respostas que se vão sucedendo, sempre com o objectivo claro de afirmar a Sua origem, a Sua Divindade.

Os argumentos - muitas vezes acompanhados de milagres -  sucedem-se num ritmo cada vez mais forte e incisivo como se o Senhor estivesse a oferecer uma "última oportunidade" aos que não O aceitam ou se fecham em preconceitos e falhas premissas.



(ama, comentário sobre Jo 7, 1-2; 10, 25-30, 2016.03.11)

Doutrina - 255

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?

São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» [1], as verdades de fé neles professadas estão articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.




[1] Mt 28,19

Reflectindo - 238

Regras morais

…/4

Pode também definir-se moral como o comportamento correcto e impecável do homem nas diversas actividades que desenvolve na sua vida. A correção e impecabilidade não oferecem várias interpretações, estão ao abrigo de qualquer reparo, crítica ou correção por parte de outros.
Tem, além do mais, uma característica muito própria: a moral é a base do comportamento, por isso é comum dizer-se de alguém cujos actos se caracterizam pela sua maldade ou irregularidade, fora dos padrões considerados aceitáveis pela sociedade em geral, que tal pessoa é amoral, isto é, não tem moral.

(cont)


(ama, Reflexões, Garrão, 2015.09.19)

Amamos apaixonadamente este mundo

O mundo espera-nos. Sim! Amamos apaixonadamente este mundo, porque Deus assim no-lo ensinou: "sic Deus dilexit mundum...", Deus amou assim o mundo; e porque é o lugar do nosso campo de batalha – uma formosíssima guerra de caridade – para que todos alcancemos a paz que Cristo veio instaurar. (Sulco, 290)

Tenho ensinado constantemente com palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom (Cfr. Gen. 1, 7 e ss.). Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.


Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114).

Epístolas de São Paulo – 31

1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

V. OS CARISMAS (12,1-14,40)

Capítulo 13

Cântico do amor

1Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine.
2Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou.
3Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita.
4O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, 5nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento.
6Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.
7Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil.
9Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia.
10Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança.
Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança.
12Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face.
Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido.
13Agora permanecem estas três coisas:

a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





30/03/2017

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Recorramos ao bom pastor

Tu, pensas, tens muita personalidade: os teus estudos (os teus trabalhos de investigação, as tuas publicações), a tua posição social (os teus apelidos), as tuas actividades políticas (os cargos que ocupas), o teu património..., a tua idade – já não és nenhuma criança!... Precisamente por tudo isso, necessitas, mais do que outros, de um Director para a tua alma. (Caminho, 63)

A santidade da esposa de Cristo sempre se provou – e continua a provar-se actualmente – pela abundância de bons pastores. Mas a fé cristã, que nos ensina a ser simples, não nos leva a ser ingénuos. Há mercenários que se calam e há mercenários que pregam uma doutrina que não é de Cristo. Por isso, se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, inclusivamente em coisas de pormenor, se sentimos falta de firmeza na fé, recorramos ao bom pastor, àquele que – dando a vida pelos outros – quer ser, na palavra e na conduta, uma alma movida pelo amor – àquele que talvez seja também um pecador, mas que confia sempre no perdão e na misericórdia de Cristo.


Se a vossa consciência vos reprova por alguma falta – embora não vos pareça uma falta grave – se tendes uma dúvida a esse respeito, recorrei ao sacramento da Penitência. Ide ao sacerdote que vos atende, ao que sabe exigir de vós firmeza na fé, delicadeza de alma, verdadeira fortaleza cristã. Na Igreja existe a mais completa liberdade para nos confessarmos com qualquer sacerdote que possua as necessárias licenças eclesiásticas; mas um cristão de vida limpa recorrerá – com liberdade! – àquele que reconhece como bom pastor, que o pode ajudar a erguer a vista para voltar a ver no céu a estrela do Senhor. (Cristo que passa, 34)

Reflectindo - 229

Arte inspiradora

Por todo o mundo - mas especialmente na Europa - abundam as obras de arte, principalmente pintura e escultura, cujos artistas se inspiraram em factos, pessoas ou acontecimentos de alguma forma ligados à religião católica.

Talvez que estas manifestações venham na sequência da certeza que temos acerca da importância da igreja fundada por Cristo e da autêntica revolução que a instauração do seu treino entre os homens significou.

Ele é a charneira história porque de facto todos se referem ao tempo como antes e depois de Cristo.

O artista expressa o que lhe vai no íntimo, seja algo que o impressiona ou um sentimento íntimo de louvor ou admiração.

A arte sacra é uma forma de oração pública que, curiosamente, mesmo os que não crêem nem rezam, gostam de admirar e até de possuir.

Ao contemplar obras de arte como por exemplo as pinturas de Caravaggio expostas na sala a ele dedicada na Co-Cathedral de La Valleta em Malta - que parece não ter sido cristão exemplar - ficamos extasiados como é possível tal forma de expressão por parte de um ser humano, dotado sem dúvida, mas com certeza inspirado.

Um dia saberemos quanto "valem" aos olhos de Deus estas obras, mas não me espantaria de – por assim dizer - as ver expostas no céu.

(ama, reflexões, 2016.11.09)


Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Jo 5, 31-47

31«Se dou testemunho de Mim mesmo, o Meu testemunho não é verdadeiro. 32 Outro é o que dá testemunho de Mim; e sei que é verdadeiro o testemunho que dá de Mim. 33 Vós enviastes mensageiros a João e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu, porém, não recebo o testemunho dum homem, mas digo-vos estas coisas a fim de que sejais salvos. 35 João era uma lâmpada ardente e luminosa. E vós, por uns momentos, quisestes alegrar-vos com a sua luz. 36 «Mas tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai Me deu que cumprisse, estas mesmas obras que Eu faço dão testemunho de Mim, de que o Pai Me enviou. 37 E o Pai que Me enviou, Esse mesmo deu testemunho de Mim. Vós nunca ouvistes a Sua voz nem vistes a Sua face 38 e não tendes em vós, de modo permanente, a Sua palavra, porque não acreditais n'Aquele que Ele enviou. 39 «Examinai as Escrituras, visto que julgais ter nelas a vida eterna: elas são as que dão testemunho de Mim. 40 E não quereis vir a Mim, para terdes vida. 41 A glória, não a recebo dos homens, 42 mas sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43 Vim em nome de Meu Pai e vós não Me recebeis; se vier outro em seu próprio nome, recebê-lo-eis. 44 Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros e não buscais a glória que só de Deus vem? 45 Não julgueis que sou Eu que vos hei-de acusar diante do Pai; Moisés, em quem confiais, é que vos acusará. 46 Se acreditásseis em Moisés, certamente acreditaríeis também em Mim, porque ele escreveu de Mim. 47 Porém, se não dais crédito aos seus escritos, como haveis de dar crédito às Minhas palavras?».

Comentário:

É bastante difícil para quem não tem fé aceitar as palavras de Cristo quando fala de Si próprio e da Santíssima Trindade.

Mais que difícil diria que é impossível, porque, para aceitar, é fundamental ter o coração disponível e sem preconceitos e, sobretudo, querer ouvir, desejar entender.

Ter a noção clara de que há as barreiras próprias que os mistérios levantam e que não é possível ultrapassar sem a ajuda da fé.

Pedir a fé será, pois, o recurso lógico de quem deseja compreender as palavras de Jesus Cristo.

(ama, comentário sobre Jo 5, 31-47 2016.03.10)


Epístolas de São Paulo – 30

1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

V. OS CARISMAS (12,1-14,40)

Capítulo 12

Os carismas e o seu uso

1A respeito dos dons do Espírito, irmãos, não quero que fiqueis na ignorância. 2Sabeis que, quando éreis pagãos, vos deixáveis arrastar, irresistivelmente, para os ídolos mudos. 3Por isso, quero que saibais que ninguém, falando sob a acção do Espírito Santo, pode dizer: «Jesus seja anátema», e ninguém pode dizer: «Jesus é Senhor», senão pelo Espírito Santo.
4Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; 5há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; 6há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. 7A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum. 8A um é dada, pela acção do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; 9a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, no único Espírito; 10a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. 11Tudo isto, porém, o realiza o único e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz.

A imagem do corpo

12Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. 13De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito.
14O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. 15Se o pé dissesse: «Uma vez que não sou mão, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. 16E se o ouvido dissesse: «Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. 17Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto?
18Deus, porém, dispôs os membros no corpo, cada um conforme lhe pareceu melhor. 19Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. 21Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» 22Pelo contrário, quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo, tanto mais são necessários, 23e aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra, e aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com mais decoro; 24os que são decentes, não têm necessidade disso.
Mas Deus dispôs o corpo, de modo a dar maior honra ao que dela carecia, 25para não haver divisão no corpo e os membros terem a mesma solicitude uns para com os outros. 26Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria.
27Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro. 28E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. 29Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? 30Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? 31Aspirai, porém, aos melhores dons.

Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros.

Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador

Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, 14 de Março de 2016

8. Invocam os partidários da legalização da eutanásia e do suicídio assistido que, com essa legalização, se respeita, apenas, a vontade e as conceções sobre o sentido da vida e da morte, de quem solicita tais pedidos, sem tomar partido. Mas não é assim. O Estado e a ordem jurídica, ao autorizarem tal prática, estão a tomar partido, estão a confirmar que a vida permeada pelo sofrimento, ou em situações de total dependência dos outros, deixa de ter sentido e perde dignidade, pois só nessas situações seria lícito suprimi-la.

Quando um doente pede para morrer porque acha que a sua vida não tem sentido ou perdeu dignidade, ou porque lhe parece que é um peso para os outros, a resposta que os serviços de saúde, a sociedade e o Estado devem dar a esse pedido não é: «Sim, a tua vida não tem sentido, a tua vida perdeu dignidade, és um peso para os outros». Mas a resposta deve ser outra: «Não, a tua vida não perdeu sentido, não perdeu dignidade, tem valor até ao fim, tu não és peso para os outros, continuas a ter valor incomensurável para todos nós». Esta é a resposta de quem coloca todas as suas energias ao serviço dos doentes mais vulneráveis e sofredores e, por isso, mais carecidos de amor e cuidado; a primeira é a atitude simplista e anti-humana de quem não pretende implicar-se na questão do sentido da verdadeira «qualidade de vida» do próximo e embarca na solução fácil da eutanásia ou do suicídio assistido.


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Temas para meditar - 696

Caminhos

Fé, evitai o derrotismo e as lamentações estéreis sobre a situação religiosa dos vossos países, e ponde-vos a trabalhar com empenho, movendo a muitas outras pessoas. 
Esperança: «Deus não perde batalhas (S. Josemaria) (...) Se os obstáculos são grandes, também é mais abundante a graça divina, será Ele Quem os removerá, servindo-Se de cada um como de uma alavanca. 
Caridade: trabalhai como muita rectidão, por amor a Deus e às almas. 
Tende carinho e paciência com o próximo, procurai novos modos, iniciativas novas: o amor aguça o engenho. 
Aproveitai todos os caminhos (...) para esta tarefa de edificar uma sociedade mais cristã e mais humana.



(Beato álvaro del portillo Carta 1985.12.25)

Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO XI

CAPÍTULO VIII

Com o compreender a existência e a natureza do repouso de Deus no sétimo dia, depois de seis de trabalho.

Que Deus descansou de todos os seus trabalhos ao sétimo dia e que o santificou — é facto que não deve ser compreendido puerilmente no sentido de que Deus se fatigou com o trabalho. A palavra

falou e as coisas se fizeram. [i]

deve ser entendida com o um a palavra inteligível e eterna, não sonora nem temporal. Mas o repouso de Deus significa o repouso dos que nele descansam, com o a alegria de uma casa significa a alegria dos que nela se alegram, mesmo que não seja a casa, mas um outro objecto que torne alegres. Quanto mais se a própria casa pela sua beleza torna felizes os que nela habitam! Neste caso chama-se alegre, não por essa figura de linguagem em que o continente é tom ado pelo conteúdo (como se diz: o teatro aplaudiu, os prados mugem, quando num os espectadores aplaudem e nos outros mugem os bois), — mas pela figura em que se toma o efeito pela causa (como se diz: uma carta alegre, para significar a alegria que ela comunica aos leitores). É por isso que com muita propriedade, quando a autoridade profética nos conta que Deus descansou, se quer significar o repouso dos que descansam n’Ele, a quem Ele próprio faz descansar. Refere-se também aos homens a quem se dirige e para quem foi escrita a profecia: esta promete-lhes, a eles também, o repouso eterno em Deus depois das boas obras que Deus opera neles e por eles, se antes, nesta vida, se aproximaram, por assim dizer, d’Ele pela fé. Este repouso é ainda figurado pelo do sabbat prescrito pela lei ao antigo Povo de Deus. Mas disto é minha intenção tratar mais pormenorizadamente no seu lugar
próprio.

CAPÍTULO IX

Segundo os testemunhos divinos, que pensar da criação dos anjos?

E agora — já que empreendi falar da origem da Cidade Santa, e, em primeiro lugar, do que toca aos santos anjos que dela formam uma parte considerável e tanto mais feliz quanto ela jam ais foi peregrina — vou, com a ajuda de Deus e na medida em que me parecer necessário, explicar os testemunhos divinos referentes ao assunto.

Quando falam da criação do Mundo as Sagradas Escrituras não referem claramente se os anjos foram criados, nem por que ordem. Mas, se não foram esquecidos, é a palavra Céu, na passagem em que está escrito

no princípio fez Deus o Céu e a Terra,[ii]

ou antes a luz, de que acabo de falar, que os designa. Aliás, eu não creio que eles tenham sido omitidos porque, está escrito, no sétimo dia Deus descansou de todos os seus trabalhos. Mas o livro começa assim:

No princípio fez Deus o Céu e a Terra

de maneira que, parece, Deus mais nada fez antes do Céu e da Terra. Se, então, começou pelo Céu e pela Terra; se a Terra, a primeira coisa- que fez, era, com o a seguir refere a Escritura, invisível e desorganizada; se, por falta de luz, as trevas se estendiam sobre o abismo, isto é, sobre a confusão da massa indistinta de terra e água (porque sem luz não pode haver senão trevas); se, finalmente, foram criadas e organizadas todas as coisas que se descrevem como acabadas em seis dias — como é que os anjos iam ser omitidos entre as obras de Deus que descansou ao sétimo dia?

Não há dúvida de que os anjos são obra de Deus. Embora isso não esteja claramente expresso, não foi, porém, omitido. Testemunha-o com toda a clareza, noutro lugar, a Escritura Sagrada. No hino dos três homens na fornalha, depois de ter dito:

Todas as obras do Senhor bendizei ao Senhor,[iii]

nomeia também os anjos entre as suas obras — e canta-se no Salmo:

Louvai ao Senhor no alto dos céus louvai-o nas alturas;
Louvai-os, vós, todos os seus anjos louvai-o todas as
suas Virtudes;
Louvai-o, Sol e Lua louvai-o, luz e todas as estrelas;
Louvai-o, vós, céus dos céus, e as águas que estão
acima dos céus louvem o nome do Senhor;
Porque ele falou e as coisas se fizeram;
Ele ordenou e as coisas foram criadas.[iv]

Ainda aqui o declara abertamente a palavra divina: os anjos foram feitos por Deus pois que, depois de os ter nomeado entre as outras realidades celestes, a todos encerra nestas palavras:

Ele falou e as coisas se fizeram.[v]

Quem ousará, então, sustentar que os anjos foram feitos depois de todas as obras enumeradas no decurso dos seis dias? Mas se alguém chegar a este ponto de insensatez, tão vã opinião ficará refutada pela autoridade da mesma Escritura onde Deus diz:

Quando os astros foram feitos, todos os meus anjos me louvaram com a sua poderosa voz.[vi]

Portanto, os anjos já existiam quando foram criados os astros. Ora estes foram-no ao quarto dia. Diremos, então, que foram criados ao terceiro? Claro que não. Sabemos muito bem o que nesse dia foi feito: a terra foi separada das águas, cada um destes elementos recebeu as espécies que lhes convinham e a terra produziu tudo o que nela cria raízes. Seria, porventura, no segundo? Também não. Nesse dia foi feito o firmam ente entre as águas do alto e de baixo, dando-se-lhe o nome de Céu; e no firmamento foram criados os astros ao quarto dia. É, pois, claro que se eles se encontram entre as obras que Deus fez em seis
dias, os anjos são essa luz que recebeu o nome de dia; e foi para marcar a unidade que se não disse o primeiro dia, mas sim um dia. Porque o segundo, o terceiro e os seguintes não são outros, mas o mesmo dia único repetido para constituir o número seis ou sete, em vista de um conhecimento senário ou septenário — o senário relativo às obras que Deus fez e o septenário relativo ao repouso de Deus.

Quando, relam ente, Deus disse:
Faça-se a luz e a luz fez-se.[vii]

— se é justo ver nesta luz a criação dos anjos, é porque certamente eles foram feitos participantes da luz eterna que é a sabedoria imutável do próprio Deus por quem tudo foi feito e a quem chamam os o Filho único de Deus. Assim, eles foram iluminados por esta luz que os criou e desde então eles tornaram -se luz e chamaram-se dia por causa da sua participação na luz e dia imutável que é o Verbo de Deus por quem eles e todas as coisas foram criadas. Porque

a verdadeira luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo [viii]

ilumina também todo o anjo puro para que seja luz não em si próprio, mas em Deus. E se o anjo se afasta de Deus, torna-se impuro, com o são todos os espíritos chamados impuros que já não são luz no Senhor, mas eles próprios trevas, privados da participação da eterna luz. O mal, com efeito, não é um a natureza: a perda do bem é que recebe o nome do mal.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Salmo CXLVII, 5,
[ii] Gen., I, 1.
[iii] Dan. III,57.
[iv] Salmo CXLVIII, 1-3.
[v] Ib.
[vi] Job XXXVII, 7.
[vii] Gen., I, 2.
[viii] Jo I, 9.