24/01/2017

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)


Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!

Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Temas para meditar - 687

Jesus Cristo


Eu querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado. 

Cristo é para mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos vossos corações. 

Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao falar d’Ele. 

Porquê? 

Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o Seu Sangue.


(Stº agostinho In Ioannem Evangelium 47 2 3)

Evangelho e comentário

Tempo comum

São Francisco de Sales – Doutor da Igreja

Evangelho: Mc 3, 31-35

31 Nisto chegaram Sua mãe e Seus irmãos, os quais, ficando fora, O mandaram chamar .32 Estava muita gente sentada à volta d'Ele. Disseram-Lhe: «Eis que Tua mãe e Teus irmãos estão lá fora e procuram-Te». 33 Ele respondeu-lhes: «Quem é Minha mãe e quem são Meus irmãos?». 34 E, olhando para os que estavam sentados à volta d'Ele, disse: «Eis Minha mãe e Meus irmãos .35 Porque quem fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe».

Comentário:

Talvez que nem sempre nos demos conta da extraordinária importância – poderia dizer nobreza – da nossa condição humana:
Termos Jesus Cristo como amigo íntimo porque assim nos quer em máximo grau: deu a vida por todos e cada um de nós; mas, mais que isso, que já é muito, sermos da Sua Família como Sua Santíssima Mãe.
Ela gerou-O no seu seio virginal e, a nós, no seu incomensurável amor.

(ama, comentário sobre Mc 3, 31-35, Malta, 2015.01.28)






Leitura espiritual


Leitura espiritual


A Cidade de Deus 


Vol. 1

LIVRO IV

CAPÍTULO XXII

Culto dos deuses: Varrão gaba-se de ter trazido aos Romanos esta ciência.

Como é então que Varrão se gaba de ter prestado aos seus concidadãos um ingente serviço, não só por lhes ter lembrado quais os deuses que os Romanos deviam venerar, mas também por referir a função a atri­buir a cada um deles? «De nada serve, diz ele, conhecer de nome e de vista um médico se não se sabe que é médico. Da mesma forma, de nada te serve saber que Esculápio é um deus se não sabes que ele alivia os doentes e, portanto, porque é que deves suplicar-lhe». Confirma isto com outra comparação quando diz: «Não só ninguém pode viver bem, mas nem sequer viver pode, se ignora quem é ferreiro, quem é padeiro, quem é estucador, a quem é que se pode pedir tal utensílio, a quem se pode tom ar como ajuda, como guia, como mestre. Deste modo, declara ele, ninguém pode duvidar de quão útil é o conhecimento dos deuses se souber qual a força, qual a competência e quais os poderes que cada um possui sobre cada coisa. Deste modo, diz ele, podemos saber por que causa e a que deus devemos invocar para nossa ajuda ou nossa defesa, para que não procedamos como costumam os histriões e peçamos água a Libero e vinho às Ninfas».

Que grande serviço, não há dúvida! Quem não lhe agradeceria se ele tivesse mostrado a verdade e ensinado aos homens a adorar o único verdadeiro Deus, do qual provêm todos os bens!

CAPÍTULO XXIII

A Felicidade, à qual os Romanos, adoradores de muitos deuses, durante muito tempo não prestaram honras divinas, bastaria ela sozinha com exclusão de todos os demais.

Mas, (voltando ao assunto) se os seus livros e o seu culto são verda­deiros e se a Felicidade é uma deusa, porque é que se não resolveram a venerá-la a ela apenas, pois que ela sozinha poderia tudo conceder e sem delongas tom ar o homem feliz? Efectivamente, quem é que não deseja acima de tudo o que o pode tom ar feliz? Porque é que só tão tarde e depois de tantos romanos ilustres é que Luculo construiu um templo a uma tão grande deusa? Porque é que o próprio Rómulo, que desejava fundar uma cidade feliz, não começou por levantar um templo a esta deusa, nada tendo que pedir aos outros, uma vez que nada lhe faltaria se lhe assistisse a Felicidade? É que, se esta deusa lhe não tivesse sido propícia, nem ele começaria por ser rei nem mais tarde se tom aria, como julgam, um deus. Para quê, pois, estabelecer como deuses dos Romanos a Juno, Júpiter, Marte, Pico, Fauno, Tiberino, Hércules e outros mais? Para que é que Tito Tácio lhes acrescentou Saturno, Ope, o Sol, a Lua, Vulcano, a Luz e alguns mais, entre os quais a deusa Cluacina, esquecendo-se da Felicidade? Para que é que Numa trouxe tantos deuses e tantas deusas sem aquela? Será que não a conseguiu ver no meio de tão grande multidão? Com certeza que o próprio rei Hostílio não introduziria deuses novos, como o Pavor e o Palor, para que lhe fossem propícios, se tivesse conhecido esta deusa e a adorasse. É que todo o pavor e todo o palor não só se retirariam depois de venerados, mas até fugiriam repelidos pela simples presença da Felicidade.

Depois — como é que o Império Romano já se alargava e dilatava tanto, quando ainda ninguém venerava a Felicidade? Será que ele era maior do que feliz? Como é que, na verdade, se podia encontrar a verdadeira felicidade onde não estava a verdadeira piedade? É que a piedade é o culto autêntico do verdadeiro Deus, não o culto de tantos falsos deuses quantos são os demónios. Mas, posteriormente, quando a Felicidade já tinha sido recebida no grémio das divindades, é que se seguiu a grande infelicidade das guerras civis. Acaso será que a Felicidade se sentiu justamente indignada por tão tardiamente ter sido convidada a partilhar, não para ser honrada, mas humilhada, o culto de Priapo, de Cluacina, de Pavor, de Palor, da Febre e de outras que não são divindades que se devam adorar, mas antes crimes dos seus adoradores?

Finalmente, se pareceu que se devia prestar culto a tão eminente deusa juntam ente com esta indigníssima turba, porque é que, pelo menos, não foi venerada com mais brilho do que os outros? Quem su­portará que não tenha a Felicidade sido colocada entre os deuses Consentes, membros, segundo se diz, do Conselho de Júpiter, nem entre os chamados deuses Selectos? Deviam ter-lhe levantado um templo que se impusesse pela proeminência do local e pela dignidade da construção. Porque é que não se fez para ela coisa melhor do que para o próprio Júpiter? Pois quem concedeu a Júpiter a própria realeza se não a Felicidade — se é que foi feliz no seu reinado? E mais que o reinado vale a felicidade. Ninguém de facto duvida de que é fácil encontrar um homem que receie tornar-se rei; mas não se encontra ninguém que não queira ser feliz. Suponhamos que se consultam os próprios deuses sobre este assunto, por meio de áugures ou por qualquer outro modo, e se lhes pergunta se consentiriam em ceder o lugar à Felicidade: se por acaso os templos e os altares dos outros deuses ocupavam todo o sítio indicado para construir um templo maior e mais belo à Felicidade, — o próprio Júpiter se afastaria para que o cume da colina do Capitólio fosse antes destinado à Felicidade. Ninguém, na verdade, resistiria à Felicidade, a não ser (o que não pode acontecer) quem quisesse ser infeliz. Se fosse consultado, de forma nenhuma Júpiter faria o que a ele lhe fizeram os três deuses — Marte, Término e Juventas — que de modo nenhum quiseram ceder o lugar ao seu superior e rei. Efectivamente, referem os seus livros, quando o rei Tarquínio pretendeu construir o Capitólio, notou que esse lugar, que lhe pareceu o mais digno e o mais apropriado, já estava ocupado por outros deuses. Não se atreveu a fazer fosse o que fosse contra a determinação deles, julgando que eles se afastariam voluntariamente perante tão alta divindade e chefe seu. Porque eram muitos os que se encontravam na colina do Capitólio, perguntou-lhes por intermédio dos áugures se queriam ceder o lugar a Júpiter. Todos quiseram ceder-lho menos aqueles que citei — Marte, Término e Juventas. E por isso o Capitólio foi edificado de" maneira a manter estes três deuses no seu interior, mas sob representações tão obscuras que apenas os mais doutos sabiam disso. O próprio Júpiter não teria, pois, desprezado a Felicidade como ele foi desprezado por Término, Marte e Juventas. E até estes deuses que não cederam o lugar a Júpiter com certeza o cederiam à Felicidade, que fizera de Júpiter seu rei. Ou então, se não cedessem, não o fariam por desprezo, mas por preferirem manter-se obscuros na casa da Felicidade a brilhar sem ela em locais próprios.

Assim, uma vez instalada a Felicidade num local espaçoso e elevado, os cidadãos ficariam a saber onde deviam ir implorar auxílio para todas as suas legítimas aspirações; e assim, por imposição da própria natu­reza, teriam abandonado a supérflua multidão dos outros deuses e prestado culto apenas à Felicidade; só a ela teriam orado; só o seu templo teria sido frequentado pelos cidadãos que quisessem ser felizes — e ninguém há que não o queira; e assim seria a ela própria que a pediriam em vez de a pedirem a todos os outros. Que é, de facto, que se pretende obter de um deus senão a felicidade, ou pelo menos o que parece referir-se-lhe? Se, portanto, a Felicidade tem o poder (e tem-no se é deusa) de se dar a qualquer um, que loucura solicitar de um outro deus o que dela própria pode obter? Esta deusa, portanto, devia ser venerada acima de todos os deuses, mesmo pela dignidade do lugar. De facto, como se lê nos seus próprios escritores, os antigos Romanos veneraram a um não sei que Sumano, ao qual atribuíam os trovões nocturnos, mais do que a Júpiter, ao qual pertencem os trovões diurnos. Mas, depois da construção de um esplêndido e eminente templo a Júpiter, as multidões a ele de tal modo afluíram por causa da dignidade do edifício, que dificilmente se encontraria quem se lembrasse de ter lido ao menos o nome de Sumano, pois já não era possível sequer ouvi-lo. Se, portanto, a felicidade não é uma deusa, pois que, esta é que é a verdade, é antes um dom de Deus, procure-se então esse Deus que a pode dar, e abandone-se essa maléfica multidão de falsos deuses que uma vã multidão de homens estultos segue, fazendo deuses dos dons de Deus e ofendendo, com a contumácia duma vontade orgulhosa, Aquele de quem esses dons são. Efectivamente, não pode deixar de ter infelicidade quem adora a felicidade, como se fosse um deus, e abandona o Deus dador de felicidade; como não pode deixar de ter fome quem lambe pão em pintura e não o pede a quem o tem de verdade.

CAPÍTULO XXIV

Com que argumentos defendem os pagãos que se devem adorar os dons divinos tal como os próprios deuses.

Convém, porém, examinar as suas razões. Até que ponto, dizem eles, se deve crer que os nossos antepassados eram tão tolos que não sa­biam que os dons divinos não são deuses? Sabiam que tais dons a ninguém são concedidos a não ser por concessão de um deus. Mas como não descobriam o nome desses deuses, deram-lhes o nome das coisas que julgavam que por eles eram concedidas: alguns faziam-no por meio duma derivação da palavra — assim de bellum (guerra) formaram Bellona e não Bellum; de cuna (berço) formaram Cunina e não Cuna; de seges (seara) formaram Segetia e não Seges; de bos (boi) tiraram Bubona e não Bos; de poma (fruto) tiraram Pomona e não Poma. Mas às vezes, sem qualquer alteração da palavra, davam aos deuses o nome das coisas. Assim chamaram Pecunia à deusa que concede dinheiro {pecunia) sem, todavia, se considerar pecunia (= dinheiro) uma deusa; Virtus a que dá a virtude, Honor, a deusa que confere a honra; Concordia a deusa que concede a concórdia, Victoria a que dá a vitória. Assim, dizem eles, quando se diz que a Felicidade é uma deusa, entende- -se, não a própria felicidade, que é dada, mas a divindade por quem a felicidade é dada.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)


Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 14

1.ª Viagem Missionária: [ii]

Paulo e Barnabé em Icónio

1Em Icónio, Paulo e Barnabé entraram igualmente na sinagoga dos judeus e falaram de tal maneira que uma grande multidão de judeus e de gregos abraçou a fé. 2Mas os judeus que não acreditaram instigaram e indispuseram os pagãos contra os irmãos. 3Apesar disso, Paulo e Barnabé demoraram-se por lá bastante tempo, absolutamente confiados no Senhor, que dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que se fizessem milagres e prodígios pelas mãos deles. 4A população da cidade dividiu-se: uns eram pelos judeus e outros pelos Apóstolos.

5Entre os pagãos e os judeus, conduzidos pelos respectivos chefes, levantou-se um movimento para os maltratar e apedrejar. 6Logo que tiveram conhecimento disso, refugiaram-se nas cidades da Licaónia, Listra e Derbe, e arredores, 7onde começaram a anunciar a Boa-Nova.



[i] (13,1-28,31)
[ii] 13,1-14,28

Segredos para envelhecer - 3

Envelhecer na resignação

A vida de resignação não é necessariamente triste.

É algo completamente natural: conformar-se humilde e simplesmente à evolução pessoal normal.

Vejo-a encarnada na simples espera dos idosos.

À espera de quê?

Da eternidade!


Fonte: LA FAMILIA

(tradução por ama)

Jesus Cristo e a Igreja – 142

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

IV. O CELIBATO NA DISCIPLINA DAS IGREJAS ORIENTAIS

A fragmentação do sistema disciplinar no Oriente

…/23

A Legislação do II Concílio Trullano.

…/17


Ao que se refere às inovações oficialmente introduzidas pelo Concílio Trullano na questão da continência dos clérigos, que reconduzem o conceito neo-testamentário do ministro sagrado ao conceito levítico do Antigo Testamento, devemos nos perguntar como se podia continuar fazendo isso quando o serviço efetivo do altar se estendeu, também na Igreja Oriental, a todos os dias da semana.
Se fossem consideradas as razões adotadas para o uso do matrimónio por parte dos sacerdotes vetero-testamentário, deveria ter voltado à completa continência dos sacerdotes, diáconos e subdiáconos tal como se praticava no Ocidente, em atenção às disposições do mesmo Concílio Trullano.
Mas isso não se fez em nenhuma parte e desse modo o serviço do altar e o ministério do Santo Sacrifício foram desligados da continência, apesar de que sempre haviam estado unidos a ela, pois eram considerados seu motivo último.


Nas Igrejas particulares unidas à Bizantina, que aceitaram a disciplina trullana, não se verificou nos séculos seguintes nenhuma mudança na práxis do celibato dos ministros sagrados. Às comunidades orientais que se uniram a Roma foi concedido po­der de continuar na sua tradição celibatária diferente.
Mas o retorno dos “uniatas” à práxis latina de continência completa não só não encontrou oposição, mas também foi positiva e favoravelmen­te aceita.

O reconhecimento da diversidade de disciplina conce­dido pelas autoridades centrais de Roma pode ser considerado como um nobre respeito, mas dificilmente como aprovação oficial da mudança da antiga disciplina da continência. Essa opinião pa­rece estar sustentada pela reação oficial que teve a Santa Sé frente ao Concílio Trullano II, como já assinalamos anteriormente.



(Cont)

Pequena agenda do cristão




TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?