25/01/2017

Que vos saibais perdoar

Com quanta insistência o Apóstolo S. João pregava o "mandatum novum"! "Amai-vos uns aos outros!". Pôr-me-ia de joelhos, sem fazer teatro – grita-mo o coração –, para vos pedir, por amor de Deus, que vos estimeis, que vos ajudeis, que vos deis a mão, que vos saibais perdoar. Portanto, vamos banir a soberba, ser compassivos, ter caridade; prestar-nos mutuamente o auxílio da oração e da amizade sincera. (Forja, 454)


Jesus Cristo, Nosso Senhor, encarnou e tomou a nossa natureza, para se mostrar à humanidade como modelo de todas as virtudes. Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, convida-nos Ele.

Mais tarde, quando explica aos Apóstolos o sinal pelo qual os reconhecerão como cristãos, não diz: porque sois humildes. Ele é a pureza mais sublime, o Cordeiro imaculado. Nada podia manchar a sua santidade perfeita, sem mácula. Mas também não diz: saberão que se encontram diante de discípulos meus, porque sois castos e limpos.

Passou por este mundo com o mais completo desprendimento dos bens da terra. Sendo Criador e Senhor de todo o universo, faltava-lhe até um sítio onde pudesse reclinar a cabeça. No entanto, não comenta: saberão que sois dos meus porque não vos apegastes às riquezas. Permanece quarenta dias e quarenta noites no deserto em jejum rigoroso, antes de se dedicar à pregação do Evangelho. E também não afirma aos seus: compreenderão que servis a Deus, porque não sois comilões nem bebedores.


A característica que distinguirá os apóstolos, os cristãos autênticos de todos os tempos, já a ouvimos: nisto – precisamente nisto – conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Amigos de Deus, 224)

Evangelho e comentário

Tempo comum

Conversão de São Paulo – Apóstolo

Evangelho: Mc 16, 15-18

15 E disse-lhes: «Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda a criatura. 16 Quem crer e for baptizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado .17 Eis os milagres que acompanharão os que crerem: Expulsarão os demónios em Meu nome, falarão novas línguas, 18 pegarão em serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os doentes, e serão curados».

Comentário:

Acreditar em Jesus Cristo tem sempre um prémio e quem for baptizado terá um prémio ainda maior.

Ao contrário de nós, humanos, que tentamos muitas vezes Deus com as chamadas “promessas” - se me fizeres isto eu faço aquilo – Jesus é muito claro e objectivo:

Os simples factos de acreditar e ser baptizado traz consigo benefícios incalculáveis e para sempre.

Sobretudo, naqueles primeiros tempos, os privilégios prometidos seriam de extraordinário valor para a missão que esperava os convertidos ao Reino de Deus.

(ama, comentário sobre Mc 16, 15-18, 201611.04)





Leitura espiritual


Leitura espiritual


A Cidade de Deus 

Vol. 1

LIVRO IV

CAPÍTULO XXV

Deve-se adorar um só Deus de quem, embora se ignore o nome, todavia se tem o sentimento de que é Ele o dispensador da fe­licidade.

Dada esta explicação, ser-nos-á talvez muito mais fácil convencer do que pretendemos aqueles cujo coração não esteja demasiado endurecido. Se, na verdade, a debilidade humana já sentiu que um só Deus é que pode dar a felicidade, — e se tal é o sentimento de homens que veneravam tantos deuses, entre eles o próprio Júpiter, rei dos deuses — é porque ignoravam o nome d ’Aquele por quem a felicidade é concedida e por isso pretenderam chamá-lo pelo nome da coisa que julgavam que era por ele concedida. Pensaram, pois, com bastante justeza que a felicidade não lhes podia ter sido concedida nem pelo próprio Júpiter, que já veneravam, mas antes por Aquele que julgavam que deviam venerar sob o nome de Felicidade. Afirmo, sem dúvidas, que eles acreditavam que a felicidade era concedida por um certo deus que ignoravam. Pois então que o procurem, que o venerem, e isso bastará. Repudiem o alarido dos inúmeros demónios. Não se satisfaça com este Deus o que se não satisfaz com os seus dons. Não baste este Deus dispensador de felicidade como objecto de culto àquele a quem não basta como dádiva a própria felicidade. Mas àquele a quem ela basta (e de facto o homem não tem por que mais deva aspirar), sirva o Deus único que concede a felicidade. Não é aquele a quem chamam Júpiter. Se realmente vissem nele o dispensador de felicidade, não teriam procurado sob o nome de Felicidade um outro deus ou deusa que lhes desse a felicidade. Nem julgariam que deveriam venerar o próprio Júpiter com tantas infâmias. Diz-se que ele foi adúltero com mulheres de outros, diz-se que ele foi o raptor e impudico amante de um jovem formoso.

CAPÍTULO XXVI

Jogos cénicos. Os deuses exigiram dos seus adoradores que os celebrassem em sua homenagem.

Mas, diz Túlio «tudo isto são ficções de Homero que transferia para os deuses as fraquezas humanas. Eu teria preferido que ele transferisse para nós as virtudes divinas» [i]. Com razão desagradava a um homem sério este poeta inventor dos crimes dos deuses. Porque é que, então, os jogos cénicos, em que estas coisas são repetidamente contadas, cantadas, representadas, exibidas em honra dos deuses, foram inscri­tos pelos mais doutos no número das coisas divinas? Clame aqui Cícero, não contra as ficções dos poetas, mas contra as instituições dos antepassados — não suceda que sejam eles a clamar «Que é que nós fizemos? Foram os próprios deuses que reclamaram a exibição dos jogos em sua honra, foram eles que os impuseram ameaçadoramente, foram eles que anunciaram calamidades se lhes fossem recusados, foram eles que castigaram severissimamente os que os negligenciaram, foram eles que, depois da reparação, se declararam aplacados». Vou relatar o que se conta de entre os factos extraordinários do seu poder: a Tito Latino, camponês romano, pai de família, foi ordenado em sonho que informasse o Senado de que se tornava necessário recomeçar os jogos romanos, e que no primeiro dia da sua celebração se ordenasse a execução de um criminoso perante todo o povo — triste ordem que teria desagradado aos deuses que nestes jogos só procuravam evidentemente o folguedo. Como aquele que em sonho fora avisado não se atreveu a cumprir a ordem no dia seguinte, o mesmo lhe foi ordenado de novo e mais severamente na noite seguinte; porque o não fez, perdeu um filho. Na terceira noite, foi dito ao homem que recairia sobre ele castigo mais grave se não cumprisse. Como nem assim se atreveu — caiu numa dolorosa e horrível doença. Então, a conselho de amigos, expôs o caso aos magistrados e foi transportado numa liteira ao Senado — e logo que contou o sonho recuperou imediatamente a saúde e regressou são, por seu pé. Estupefacto com tamanho prodígio, o Senado quadruplicou o dinheiro e determinou que recomeçassem os jogos.

Quem, dotado de são juízo, não verá que os homens sujeitos aos maus demónios — sujeição de que só a graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor os poderá libertar — foram forçados a oferecer a tais deuses o que, em recto conselho, se pode considerar vergonhoso? Com certeza, naqueles jogos instaurados por ordem do Senado sob pressão dos deu­ses, o que foi celebrado foram os crimes dos deuses contados pelos poetas. Nesses jogos, os mais torpes histriões cantavam, imitavam e deleitavam a Júpiter, o corruptor da pudicícia. Se aquilo era fingido — ele deveria indignar-se; mas, se se deleitava com os seus crimes, fingidos embora, como venerá-lo sem servir ao Diabo? Será este Júpiter quem fundou, dilatou e conservou o Império Romano — ele que é mais abjecto do que qualquer homem a quem tais actos causariam repulsa? É este deus, — a quem se presta um tão infeliz culto e que, se tal culto lhe não é prestado, mais infelizmente ainda se enfurece —, é este quem concede a felicidade?

CAPÍTULO XXVII

As três categorias de deuses acerca dos quais discorreu o pontífice Cévola.

Conta-se em alguns escritos que o doutíssimo pontífice Cévola distinguiu três categorias de deuses — uma introduzida pelos poetas, outra pelos filósofos e a terceira pelos chefes do Estado. Diz ele que a primeira categoria é uma trapaça, porque inventa muitas coisas indignas acerca dos deuses. A segunda não convém aos Estados porque compreende coisas supérfluas e até outras cujo conhecimento é prejudicial aos povos. Quanto às supérfluas, o caso é sem importância; os juristas costumam dizer que o supérfluo não prejudica [ii] . Quais são então as coisas cujo conhecimento é prejudicial ao povo? São estas, diz ele: «Hércules, Esculápio, Castor e Pólux não são deuses; ensinam os sábios, efectivamente, que estes foram homens e que, segundo a natureza humana, morreram». Que mais? Isto: «que as cidades não possuem representações verdadeiras dos que são realmente deuses porque um verdadeiro deus não tem sexo, nem idade, nem um corpo bem individualizado». É isto que esse pontífice não quer que o povo saiba. Não é que tenha isto por falso; mas parece-lhe conveniente que os Estados se mantenham enganados em matéria de religião. O próprio Varrão não tem dúvidas em dizê-lo nos seus li­vros acerca das coisas divinas. Maravilhosa religião de que se socorre o débil que deseja libertar-se: quando para se salvar busca a verdade, são de parecer que o que lhe convém é que seja enganado. Nos mesmos escritos não se esconde porque é que Cévola repudia as categorias dos deuses dos poetas: porque deformam a tal ponto os deuses, que nem sequer podem ser comparados a pessoas decentes. A este fazem-no ladrão, àquele fazem-no adúltero; ou então às vezes fazem-lhes dizer e fazer inépcias e torpezas. Três deusas disputam entre si o prémio da beleza: as duas vencidas por Vénus destroem Tróia! O próprio Júpiter se disfarça de boi ou de cisne para copular com uma mulher; uma deusa desposa um homem; Saturno devora os filhos; não é possível imaginar prodígios ou vícios que lá não se encontrem — o que é coisa que está muito longe da natureza dos deuses.

Ó Cévola, pontífice máximo, suprime os jogos se és capaz! Ordena que aos deuses imortais não prestem honras tais os povos que se comprazem em admirar os crimes dos deuses e em imitá-los na medida em que puderem. Mas, se o povo te responder: «Fostes vós, os pontífices, que os introduzistes entre nós», roga aos próprios deuses por cuja instigação vós os prescrevestes que proíbam tais exibições! Se eles são maus e, portanto, devem ser considerados absolutamente indignos da majestade divina, maior é ainda a ofensa dos deuses acerca dos quais se criam impunemente ficções.

Mas eles não te ouvirão: são demónios, ensinam a depravação, comprazem-se nas coisas torpes. Não consideram como injúrias que deles se inventem essas coisas. Para eles, seria antes injúria — que não poderiam suportar — se nas suas solenidades não as representassem.

Mas, se contra os jogos apelardes para Júpiter, principalmente porque neles é a este deus que se atribuem mais crimes — ainda mesmo que lhe chameis o deus Júpiter que administra e governa todo este mundo, não lhe fareis a maior das injúrias julgando que ele tem que ser venerado na companhia desses deuses e representando-o como rei deles?

CAPÍTULO XXVIII

O culto dos deuses serviu aos Romanos para obterem e dilata­rem o seu Império?

De forma nenhuma para dilatarem e conservarem o Império Romano tiveram poder esses deuses que com tais honras se aplacam, ou melhor, se incriminam — cujo crime em se comprazerem com mentiras é maior do que se fosse verdade o que deles se diz. De facto, se tal poder tivessem, tão grande dom tê-lo-iam outorgado antes aos Gregos, que lhes tributaram culto com mais honra e mais dignidade nesta categoria de coisas divinas, isto é, nos jogos cénicos.

De facto não quiseram subtrair-se à mordacidade dos poetas pelos quais, — bem viam —, os deuses eram despedaçados; deram-lhes permissão para maltratarem também os homens que lhes apetecesse; não consideraram torpes os próprios histriões, mas, ao contrário, jul­garam-nos dignos das mais altas honras. Mas os Romanos, assim como puderam ter moeda de ouro sem adorarem Aurino e ter moeda de prata e de bronze sem adorarem Argentino ou seu pai Esculano, também poderiam ter da mesma forma todos os demais deuses que seria enfadonho relembrar. Consequentemente, de maneira nenhuma poderiam ter um império se contra eles tivessem o verdadeiro Deus. Mas, em compensação, se tivessem ignorado e desprezado essa multidão de falsos deuses e conhecessem e adorassem com fé sincera e costumes puros o Deus único, teriam tido cá, qualquer que fosse a sua grandeza, um império melhor; receberiam depois um sempiterno.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Cícero, Tusculanas, I, 25.
[ii] Cod. Justiniano, VI, 23; I, 17.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 14

1.ª Viagem Missionária: [ii]

Em Listra. Cura de um coxo

8Havia em Listra um homem aleijado dos pés, coxo de nascença e que nunca tinha andado. 9Um dia, ouviu Paulo falar. Este, fitando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, 10disse-lhe em voz alta: «Ergue-te, direito sobre os teus pés!» Ele deu um salto e começou a andar.

11Ao ver o que Paulo acabava de fazer, a multidão gritou em licaónio: «Os deuses tomaram forma humana e desceram até nós!» 12E chamavam Zeus a Barnabé, e Hermes a Paulo, pois este é que lhes dirigia a palavra. 13Então, o sacerdote do templo de Zeus, venerado junto da cidade, trazendo touros e grinaldas para as portas da cidade, pretendia, juntamente com a multidão, oferecer-lhes um sacrifício. 14Ao terem conhecimento disso, os Apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram as vestes e precipitaram-se para a multidão, gritando:

15«Amigos, que fazeis? Também nós somos homens da mesma condição que vós, homens que vos anunciam a Boa-Nova de que deveis abandonar os ídolos vãos e voltar-vos para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles se encontra. 16Nas gerações passadas, permitiu que todos os povos seguissem os seus próprios caminhos, 17mas nem por isso deixou de dar testemunho da sua generosidade, dispensando-vos do céu chuvas e estações de fertilidade, enchendo os vossos corações de alimento e de felicidade.»

18Mesmo depois de terem assim falado, foi a custo que impediram a multidão de lhes oferecer um sacrifício. 19Apareceram, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejaram Paulo e, julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade. 20Mas, como os discípulos o tivessem rodeado, ele ergueu-se e voltou para a cidade. No dia seguinte, partiu para Derbe com Barnabé.



[i] (13,1-28,31)
[ii] 13,1-14,28

Segredos para envelhecer - 4

Envelhecer na penumbra humana

Esta é uma boa forma de envelhecer, mas com um ponto de vazio triste.
O arquétipo é um profissional culto, educado, racionalista. Pretende explicar tudo e vai atrás das descobertas científicas e técnicas ao seu alcance e nível.

Limitado pela sua idade e problemas de saúde, vive uma vida racional de cuidados médicos discretamente, sem ocultar nem exibir as dores e sofrimentos que suporta com toda paciência.
É rigoroso ao seguir os tratamentos e a medicação indicados, em conexão com um centro hospitalar e científico.

A penumbra é que esta pessoa já vislumbra o fim (nunca fala da morte) sem encontrar sentido para a vida.

Não se conforma e, em sua inquietude, geralmente se aproxima cada vez mais de Deus, não por medo, mas por conversão.

Fonte: LA FAMILIA

(tradução por ama)

Pequena agenda do cristão




Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?