03/02/2017

Apoiar-vos-eis uns aos outros

Se souberes querer aos outros e difundir, entre todos, esse carinho – caridade de Cristo, fina, delicada –, apoiar-vos-eis uns aos outros, e o que for a cair sentir-se-á amparado – e urgido – com essa fortaleza fraterna, para ser fiel a Deus. (Forja, 148)

Chega a plenitude dos tempos e, para cumprir essa missão, não aparece um génio filosófico, como Sócrates ou Platão; não se instala na terra um conquistador poderoso, como Alexandre Magno. Nasce um Menino em Belém. É o Redentor do mundo; mas, antes de começar a falar, demonstra o seu amor com obras. Não é portador de nenhuma fórmula mágica, porque sabe que a salvação que nos traz há-de passar pelo coração do homem. As suas primeiras acções são risos e choros de criança, o sono inerme de um Deus humanado; para que fiquemos tomados de amor, para que saibamos acolhê-Lo nos nossos braços.

Uma vez mais consciencializamos que isto é que é o Cristianismo. Se o cristão não ama com obras, fracassa como cristão, o que significa fracassar também como pessoa. Não podes pensar nos outros homens como se fossem números, ou degraus para tu subires; como se fossem massa, para ser exaltada ou humilhada, adulada ou desprezada, conforme os casos. Tens de pensar nos outros – antes de mais, nos que estão ao teu lado – vendo neles o que na verdade são: filhos de Deus, com toda a dignidade que esse título maravilhoso lhes confere.


Com os filhos de Deus, temos de comportar-nos como filhos de Deus: o nosso amor há-de ser abnegado, diário, tecido de mil e um pormenores de compreensão, de sacrifício calado, de entrega silenciosa. Este é o bonus odor Christi que arrancava uma exclamação aos que conviviam com os primeiros cristãos: Vede como se amam! (Cristo que passa, 36)

Reflectindo - 222

O Senhor quer que viva

Julgo que esta conclusão - a que chego ajudado na direcção espiritual - é lógica e, mais, inevitável.


Em primeiro lugar Ele criou-me para viver, não para morrer.


Em segundo porque só vivendo posso tentar merecer todas as graças que ao longo da vida fui e vou recebendo; morto não poderei merecer nada.


Em terceiro porque o meu lugar na sociedade só pode ser ocupado mim, não porque seja importante, mas porque Deus tem planos a meu respeito. Que só a mim dizem respeito - e, sendo assim, como de facto é, ninguém poderá fazer o que me compete.


E finalmente em quarto lugar porque, sinto, "ainda não estou pronto", como diria a Fernandinha.


Sim, o Senhor quer que viva plenamente, não me arrastando numa inevitabilidade penosa e desgastante mas activo, actuante, fazendo e desfazendo projectos e ideias, comunicando com os outros, sobretudo a família, tentando ser exemplo de alegria e confiança.

É assim que quero viver!


(AMA, reflexões, 14.10.2016)


Reflectindo - 221

Amor

É natural, acho, que escreva repetidamente sobre este tema.

Não que tenha algo novo a dizer que seja como que uma “descoberta recente”, mas porque a verdade é que o amor verdadeiro está em constante evolução, renovando-se e ganhando volume, profundidade e dimensão cada vez maiores.

Ou seja, o amor não é estático, final, definitivo - pobre de quem pensa assim a respeito do amor - e o seu exemplo é o amor de Deus que é imenso, total, sem condições.

Amar como Deus?

Quem dera, mas não é possível igualar o amor humano ao amor divino.

Mas pode e deve-se tentar, degrau a degrau, pouco a pouco, num esforço contínuo feito de progressos e passos atrás.

O amor assim é e permanece vivo, vibrante enformado toda a nossa vida.

Quando chegar o derradeiro momento, mesmo que o Senhor não encontre em nós actos e obras de grande monta ou mérito, nem prática de virtudes excepcionais, se encontrar só o amor, estaremos salvos.


(ama, reflexões, 2016.10.21)


Evangelho e comentário

Tempo comum

Evangelho: Mc 6, 14-29

14 Ora o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado célebre. Uns diziam: «João Baptista ressuscitou de entre os mortos; é por isso que o poder de fazer milagres se manifesta n'Ele.»15 Outros, porém, diziam: «É Elias». E outros afirmavam: «É um profeta, como um dos antigos profetas».16 Herodes, porém, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou».17 Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o a ferros numa prisão por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado.18 Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter a mulher de teu irmão».19 Herodíades odiava-o e queria fazê-lo morrer; porém, não podia,20 porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o e quando o ouvia ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado.21 Chegou, porém, um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia.22 Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e aos seus convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei».23 E jurou-lhe: «Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino».24 Ela, tendo saído, perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?». Ela respondeu-lhe: «A cabeça de João Baptista».25 Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: «Quero que me dês imediatamente num prato a cabeça de João Baptista».26 O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis desgostá-la.27 Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi degolá-lo no cárcere,28 levou a sua cabeça num prato, deu-a à jovem, e esta deu-a à mãe.29 Tendo sabido isto os seus discípulos, foram, tomaram o corpo e o depuseram num sepulcro.

Comentário:

Este sinistro episódio de violência sem explicação, de juramentos que se justifiquem, de total desprezo pela dignidade da vida humana que o Evangelista nos relata, poderia muito bem ser uma notícia de um jornal de hoje.

Leríamos, ficaríamos indignados, mas… seguiríamos em frente…

Sim, é verdade, estamos de tal forma habituados a estas barbaridades que se verificam diariamente um pouco por todo o mundo que já nem sequer nos detemos muito a pensar no muito que temos de agradecer a Deus por nos poupara tais horrores.

Mas, os cristãos, têm o dever de rezar por todos estes – e são muitos milhares – que sofrem às mãos de autênticos facínoras, loucos da pior espécie para quem a vida humana não merece qualquer respeito.

E rezar também por esses que são mais desgraçados e dignos de dó que as suas vítimas.

(ama, comentário sobre Mc 6, 14-29, 2016.11.15)







Leitura espiritual

A CIDADE DE DEUS

Vol. 1

LIVRO V

CAPÍTULO XIII

O amor da glória, embora seja um vício, é considerado como unia virtude porque impede vícios maiores.

Os impérios do Oriente brilharam durante muito tempo. Por isso quis Deus que houvesse um no Ocidente que, embora posterior no tempo, fosse ainda mais brilhante pela extensão e poderio. Foi uma concessão que Deus fez a tais homens para reprimirem graves males de muitos povos, a eles que, por causa da honra, do louvor e da glória se votaram ao serviço da pátria, nela procuraram esta mesma glória e não hesita­ram em antepor a salvação, abafando a cupidez do dinheiro e muitos outros vícios a esse vício único, isto é, do amor da glória.

Vê com justeza quem reconhece que o amor do louvor é um vício, o que não escapa ao poeta Horácio, que diz:

Inchas com o amor do louvor? Há ritos expiatórios capazes de te aliviarem, infalíveis remédios num livrito: se o leres três vezes com atenção, sentir-te-ás aliviado [i].

E o mesmo, num dos seus poemas líricos, para reprimir a paixão de domínio, canta assim:

Mais vasto será o teu império se dominares o teu espí­rito ambicioso, do que se reunires a Líbia aos longínquos povos de Cádis e se os dois púnicos se te renderem [ii].

Certamente, porém, que aqueles que não refreiam as suas torpes paixões invocando o Espírito Santo com piedosa fé e enamorando-se da beleza inteligível, pelo menos tornam-se melhores pelo desejo de glória e de louvor humano. Não é que se tornem santos, mas menos torpes.

O próprio Túlio nos livros que escreveu acerca da República, onde fala da formação do chefe do Estado, não pôde deixar de dizer que é preciso alimentá-lo de glória e, consequentemente, recordar-lhe como é que os seus antepassados realizaram tantas proezas admiráveis e gloriosas pela paixão de glória.

Não resistiam a tal vício, mas até achavam que deviam excitá-lo e in­flamá-lo, julgando-o útil à Repú­blica. Nem mesmo nas suas obras de filosofia Túlio se afasta desta peste e presta-lhe um testemunho mais claro que a própria luz. Ao falar dos estudos que é preciso prosseguir sobretudo na mira do verdadeiro bem e não dum vão louvor humano, proferiu esta máxima geral e universal:

E a honra que alimenta as artes; é a glória que inflama os homens para o estudo; e jazem sempre por terra as coisas que no ânimo de cada um se encontram desprestigiadas [iii].

CAPÍTULO XIV

É preciso reprimir o amor do louvor humano porque toda a glória dos justos está em Deus.

Sem dúvida que é melhor resistir do que ceder a esta paixão. Realmente, cada um é tanto mais semelhante a Deus quanto mais puro está desta imundície. Embora durante esta vida ela não possa ser arrancada do fundo do coração, porque não cessa de tentar mesmo as almas em bom progresso — seja pelo menos a paixão da glória superada pelo amor da justiça, de maneira que, se em alguma parte «jazem por terra as coisas que no ân:’mo de cada um se encontram desprestigiadas», — se essas coisas são boas, se são justas, o próprio amor da glória se cubra de vergonha e ceda ao amor da verdade! Chega a ser tão contrário à fé religiosa este vício, quando a paixão da glória é no coração maior que o temor e o amor de Deus, que o Senhor diria:

Como podereis crer, vós que esperais a glória uns dos outros e não procurais a glória que só de Deus vem? [iv].

Da mesma forma, a propósito de certos que n’Ele tinham acreditado, mas tinham medo de o confessar publicamente, diz o Evangelista:

Amaram a glória dos homens mais que a de Deus [v].

Não foi isto que fizeram os santos apóstolos. Estes pregaram o nome de Cristo nos lugares onde não somente eram desprestigiados, con­forme aquele que disse:

E jazem sempre por terra as coisas que no ânimo de cada um se encontram desprestigiadas [vi],
mas onde até eram objecto de profunda aversão;

— retiveram estas palavras que ouviram ao bom Mestre que também é médico das almas:

Se alguém me negar perante os homens, também eu o negarei perante meu Pai que está nos Céus e perante os anjos de Deus [vii];

— entre as maldições e os opróbrios, entre as mais duras perseguições e os mais cruéis suplícios, todo este enorme bramido da perseguição humana não foi capaz de os desviar da pregação da salvação dos homens.

Realizaram obras divinas; proferiram palavras divinas; viveram uma vida divina; de certa maneira destruíram corações endurecidos; introduziram no mundo a paz da justiça; conseguiram para a Igreja uma ingente glória — e nem por isso descansaram nela como um fim alcançado da sua própria virtude, mas referiram-na sempre à glória de Deus por cuja graça eram o que eram. E com este mesmo fogo procuravam inflamar os que guiavam no amor d’Aquele que os havia de tornar a Ele semelhantes.

Para que não fossem bons por razões de glória humana, deu-lhes seu Mestre este ensinamento:

Tende cuidado em não praticar a vossa justiça perante os ho­mens para por eles serdes vistos: senão, não tereis recompensa junto do vosso Pai que está nos Céus [viii].

Mas para que, compreendendo mal estas palavras, eles não receassem agradar aos homens e se não tornassem menos úteis escondendo-se, mostrou-lhes até que ponto deviam mostrar que eram bons, dizendo:

Brilhem as vossas obras diante dos homens, para que vejam as vossas boas acções e glorifiquem vosso Pai que está nos Céus [ix].

Não diz «para que sejais vistos por eles», isto é, com a intenção de os verdes voltarem-se para vós, porque vós por vós próprios nada sois, mas diz:

Para que glorifiquem vosso Pai que está nos Céus [x], e, voltados para Ele, se tornem como vós sois.

A estes (aos apóstolos) seguiram-se os mártires que ultrapassaram pela sua inúmera multidão, os Cévolas, os Cúrcios, os Décios, não por se infligirem a si mesmos torturas mas por suportarem com verdadeira fortaleza e com verdadeira piedade religiosa, as que lhes infligiam.

Mas porque eram cidadãos da Cidade Terrena, e tinham proposto, como fim de todas as suas obrigações, mantê-la a salvo e vê-la reinar não no céu, mas na terra, não na vida eterna, mas no lugar de partida dos que morrem e no lugar de chegada dos que hão-de morrer — que outra coisa poderiam amar senão a glória pela qual pretendiam viver, mesmo depois da morte, na boca dos que os louvam?

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Horácio, Epist., I, 1, 36-37.
[ii] Horácio, Odes, II, 2, 9-12.
[iii] Cícero. Tuscul., I. 2, 4.
[iv] João, V, 44.
[v] João, V, 44.
[vi] Cícero, Tuscul., I, 4.
[vii] Mat., X , 33; Luc., XII, 9.
[viii] Mat., V, 1.
[ix] Mt., V, 16.
[x] Mt., V, 16.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 16

2.ª Viagem Missionária: [ii]

A escrava bruxa

16Um dia, quando íamos à oração, encontrámos uma serva que tinha um espírito pitónico e dava muito lucro aos seus senhores, exercendo a adivinhação. 17Começou a seguir Paulo e a nós, bradando: «Estes homens são servos do Deus Altíssimo e anunciam-vos o caminho da salvação.»
18Isto repetiu-se durante vários dias seguidos. Por fim, já agastado, Paulo voltou-se e disse ao espírito: «Ordeno-te, em nome de Jesus Cristo, que saias desta mulher.» E o espírito saiu imediatamente.



[i] (13,1-28,31)
[ii] 15,35-18,22

Paulo Coelho, de vender su alma al diablo a ser un gran difusor de la Nueva Era y el ocultismo

Paulo Coelho, el famoso escritor brasileño vuelve a estar de actualidad al estrenarse una película titulada El joven Paulo Coelho, que pretende profundizar en la biografía de uno de los escritores más afamados del mundo, con más de 140 millones de libros vendidos en 150 países, y traducidos a 80 idiomas.

Una biografía muy convulsa
El autor de libros tan difundidos como El alquimista, Manual del guerrero de la luz, Aleph o La quinta montaña, repasa su historia vital dando a conocer cómo en 1972 vendió su alma al Diablo, a través de un pacto firmado, o el intento de crear una secta ocultista llamada Sociedad Alternativa, con el músico músico Raúl Seixas.

El sacerdote zamorano Luis Santamaría, miembro del RIIES, ha escrito un interesante reportaje para el portal Aleteia, sobre el itinerario vital de Paulo Coelho, y la filosofía que emana su obra, con una mezcla de cristianismo, esoterismo y ocultismo. Religión en Libertad, por su gran interés, lo reproduce íntegro:

Así es la verdadera historia de Paulo Coelho
“La historia de Paulo Coelho ya es de por sí una historia muy fuerte”, declaró en verano de 2013 Daniel Augusto, director de la película El joven Paulo Coelho, título que finalmente se le ha dado a la versión española, recién estrenada en los cines el pasado 23 de diciembre de 2016, para coincidir con la temporada navideña.

Del papel a la gran pantalla
Si la cinta fue un fracaso al ser proyectada en Brasil, su país natal, y en otros lugares, lo mismo ocurre en España. Las críticas están siendo muy duras con un producto que se considera de baja calidad.

Alberto Bermejo ha escrito en El Mundo: “Un torrente caótico rodado con unas pretendidas enjundia y solemnidad que no coinciden con lo que muestran las desangeladas imágenes, orquestadas en general con el espíritu arrítmico de un mediocre videoclip”.

Por su parte, Jordi Costa, crítico de El País, afirma que “la película deja la duda de hasta qué punto el escritor es consciente de las sólidas sospechas sobre su integridad creativa que levanta tan psicotrónico biopic”.

El escritor brasileño Paulo Coelho es, sin duda alguna, uno de los más leídos en la época actual, con millones de ejemplares vendidos en más de 80 idiomas.

11 millones de seguidores en Twitter
Su fama es innegable y cada vez que lanza una novedad editorial al mercado consigue que permanezca en las listas de best sellers durante una larga temporada en muchos países a la vez. Su narrativa hace que el autor sea influyente, algo que se puede ver en los más de 11 millones de seguidores que tiene en Twitter.

Un escritor tan famoso como Paulo Coelho no podía quedar sin sus biografías, publicadas ya durante su vida. Las principales son, por orden cronológico, Las confesiones del peregrino, un libro-entrevista realizado por el periodista español Juan Arias, corresponsal en Brasil del diario madrileño El País, y la extensa obra El Mago, del periodista brasileño Fernando Morais, que tiene aún más interés por basarse en los diarios del protagonista.

Entre el marxismo y el movimiento hippy
En estos dos libros, sobre todo, vamos a basarnos, para este resumen biográfico de Coelho, necesariamente sintético, y para un acercamiento más detallado a sus aspectos más oscuros, tal como él mismo los ha revelado.

Paulo Coelho nació en 1947 en Río de Janeiro y estudió en el colegio de la Compañía de Jesús en aquella ciudad, San Ignacio. De los jesuitas de su infancia afirma: “me dieron excelentes bases para la disciplina, pero me provocaron también horror a la religión, de la que acabé alejándome”.

Su adolescencia vino marcada por la rebeldía, que se plasmó no sólo en el alejamiento de la fe católica de su familia, sino también en la búsqueda de las ideologías de izquierdas, por lo que durante un breve período de tiempo leyó fundamentalmente obras marxistas y se consideró ateo. El paso siguiente fue su incursión en el movimiento hippy, a la vez que entraba en el mundo del teatro.

Espiritualidad… camino del ocultismo
Más tarde, explica él mismo, “cuando volví a interesarme por una búsqueda espiritual, yo ya estaba convencido de que la última cosa que iba a buscar era el catolicismo, porque le tenía horror; estaba harto y totalmente convencido de que aquel no era el camino, era un Dios de la derecha, que no tenía una cara femenina, era un Dios del rigor, sin misericordia, sin compasión, sin misterio, y al mismo tiempo empecé a experimentar todas las otras religiones y sectas, sobre todo las de origen oriental”.

Una búsqueda espiritual un tanto curiosa...
Pero, más allá de estos movimientos, buscaba alguien que lo iniciara, y quería, además de ser distinto a los demás, poder seducir e impresionar a las mujeres con sus conocimientos ocultos, y así “llegó un momento en que mi carácter extremista me llevó a buscar lo más fuerte, lo que estaba a la izquierda de la izquierda de la búsqueda espiritual […], la sociedad secreta considerada la oveja negra, la más dura”. En sus diarios reflejó la posesión de poderes sobre los elementos de la naturaleza.

El satanista Aleister Crowley y la secta Ordo Templi Orientis (OTO)
Fue entonces cuando se acercó a la secta Ordo Templi Orientis (OTO), y sobre todo a la figura del ocultista y satanista británico Aleister Crowley. Le atraía, sobre todo, la total libertad de pensamiento y de comportamiento sexual, además del poder que podía ejercer sobre los demás. A pesar de la resistencia interior que encontraba –por su pasado religioso– a los rituales, los realizaba.

Experimentó la realidad del demonio
Llegó a vender su alma al Diablo a través de un pacto firmado. Sin embargo, tras dos años en la secta, pocos días después de su ingreso formal con el nombre mágico de Staars o Luz Eterna, en 1974 vivió un acontecimiento que cambió el rumbo de su vida. Encontrándose solo en su casa, comenzó a ver una mancha negra a su alrededor, como un humo oscuro y ruidoso, y sintió que iba a morir.

Sintió la presencia del mal
Supo en aquel momento que estaba presente el Mal que tantas veces había invocado para conseguir poder, y pudo contrastar esta experiencia con otra persona que vivió lo mismo y en el mismo momento. Lo que hizo a continuación fue abrir la Biblia al azar y, a partir del pasaje evangélico que halló (Mc 9, 24), decidió terminar con su participación en aquel grupo ocultista, aunque nunca dejaría de sentirse atraído por lo esotérico en lo sucesivo.

Éxito como compositor de canciones
Hay que subrayar que después de una nada positiva carrera como dramaturgo, actor de teatro y periodista, consiguió un éxito profesional y económico considerable al asociarse con el músico Raúl Seixas para escribir canciones.

Con él intentó crear una secta ocultista llamada Sociedad Alternativa, afirmando que “el individuo nunca dejará de disfrutar de Satán, que es algo realmente fascinante”. Sin embargo, el gran objetivo de toda su vida siempre fue convertirse en un escritor de fama mundial.

De forma simultánea, la biografía de Coelho trazada a partir de sus diarios nos muestra toda clase de excesos y extravagancias que llevaron incluso a que fuera ingresado varias ocasiones en un manicomio a petición de sus padres, preocupados por la deriva vital de su hijo.

Consumo de drogas, promiscuidad sexual...
Encontramos episodios sucesivos de consumo de drogas (que iría abandonando por decisión personal paulatinamente, desde la cocaína hasta la marihuana, pasando por el LSD), promiscuidad sexual (incluyendo la relación con varias novias a la vez o la “experimentación” homosexual, entre otras cosas), divulgación de prácticas esotéricas en el sistema de enseñanza de Brasil bajo la capa de talleres de teatro para escolares, iniciación en el chamanismo de Carlos Castaneda, etc.

¿Vuelta al cristianismo?
Después de su experiencia satánica de 1974 interpreta su trayecto biográfico como una reconversión al cristianismo, al ir introduciendo diversos elementos católicos en su vida, aunque seguía simultaneando esto con actitudes esotéricas como la consulta del I Ching (el oráculo chino milenario de “las mutaciones”) antes de cada decisión importante, la profundización en el mundo del vampirismo o la importancia de los presagios y signos.

En 1980 se casó con su esposa actual, Christina Oiticica, que ha influido también en su perfil espiritual, ya que ella era especialista en el tarot antes de unir sus vidas, consultaba el I Ching y, a partir de las lecturas espiritistas de Coelho, hicieron prácticas como médiums en pareja.

En diciembre de 1981 emprendieron un largo viaje por Europa en el que tuvieron lugar varios acontecimientos que, leídos desde lo sobrenatural por su protagonista, cambiaron el rumbo de su vida y determinaron lo que es hoy. El primero de ellos, aparentemente menor, fue la visita a la imagen del Niño Jesús de Praga, al que pidió explícitamente el éxito tan deseado.

El momento más importante fue su visita al campo de concentración nazi de Dachau, en 1982. Unos días antes, en Praga, había tenido una experiencia muy desagradable al visitar un calabozo medieval, lo que “despertó recuerdos que amenazaban con empujarlo a una crisis depresiva de proporciones alarmantes”.

Y esto se repitió, con más intensidad, al entrar solo en la cámara de gas de Dachau. Allí se estremeció, y salió aterrorizado del crematorio justo en el momento en el que las campanas de la capilla católica del lugar anunciaban el mediodía. Entró en ella buscando paz, pero se dio cuenta de que la barbarie antihumana continuaba en su tiempo en otras formas, y según su diario “en ese momento entendí la señal: sentí que las campanas de la capilla estaban doblando por mí. Entonces tuve la aparición”.

Esta aparición consistió en una figura de apariencia humana hablándole sin palabras, de alma a alma, bajo un haz de luz, diciéndole que se reencontrarían dos meses después.

El ingreso en una orden católica “oculta”
Cuando transcurrió ese tiempo, se encontró con un hombre al que identificó con la aparición. Éste le reveló que se trataba de un maestro de la orden católica oculta denominada RAM, siglas que responden a dos significados, tal como explica Coelho: por un lado, Regnum, Agnum, Mundi; por otro, Rigor, Amor y Misericordia.

Siempre subraya el carácter pretendidamente católico de esta sociedad secreta de la que, fuera de la obra del autor, no se conoce nada.

Vuelta a la Iglesia católica de la mano de RAM...
“Y allí empezó un nuevo tramo de mi vida, con mi vuelta a la Iglesia católica. Porque aquel individuo pertenecía a la orden católica RAM (rigor, amor, misericordia), que tiene más de quinientos años. Él fue quien me habló de toda la tradición, del anclaje simbólico dentro de una Iglesia. Él había estado en el Vaticano mucho tiempo. Y desde entonces empecé a interesarme por aquella vieja tradición católica, por la tradición de la serpiente, hasta que un día me llevó a Noruega y allí me dio este anillo, que todavía llevo, con las dos cabezas de serpiente. Y entonces empecé a aprender el lenguaje simbólico, que no es el esoterismo cristiano, sino la simbología cristiana”.

De esta manera, Paulo Coelho afirma que retoma su trayectoria vital mágica, de una forma pretendidamente positiva ahora, sin referencias a lo satánico, aunque se consideraba todavía unido emocionalmente a todo aquello de lo que sólo habría abjurado racionalmente y le continuaba fascinando.

A su regreso a Brasil, para su iniciación en la orden RAM tuvo que cumplir diversos desafíos, ritos u ordalías que le encargaba su Maestro, a quien llama siempre J. o Jean.

En 1986, el Maestro de RAM que supervisaba el itinerario iniciático de Paulo Coelho lo había citado para la ceremonia secreta en la que iba a recibir su espada, momento ritual a partir del cual sería considerado Mago o Maestro de la orden, y que tendría lugar en una montaña brasileña.

El Camino de Santiago
En presencia de muy pocos testigos, llevó su espada vieja, la que hasta entonces había utilizado en sus ejercicios esotéricos privados, y llegó el momento en el que Jean pronunció las palabras mágicas: “¡Que ante la Sagrada Faz de RAM toques con tus manos la Palabra de la Vida, y recibas tanta fuerza que te convierta en su testigo hasta los confines de la Tierra!”.

Después de esto, enterró su vieja espada y cuando se disponía a tomar del suelo la nueva, la de su ordenación ritual, su Maestro le pisó la mano diciéndole que no era digno con las siguientes palabras: “Si fueras más humilde habrías rechazado la espada. Si lo hubieras hecho te la entregaría, porque tu corazón sería puro. Pero como me temía, en el momento sublime resbalaste y caíste. Por culpa de tu avidez tendrás que caminar nuevamente en busca de tu espada. Y por culpa de tu soberbia y de tu fascinación por los prodigios, tendrás que luchar mucho para conseguir de nuevo aquello que tan generosamente te iba a ser entregado”.

Para conseguir su ansiada arma mágica, Coelho tendría que buscarla y hallarla finalmente como el resultado de un proceso de conversión interior. El lugar no sería otro que el Camino de Santiago, que el escritor tendría que recorrer para conseguirla. Lo que, por otra parte, daría lugar a su primer libro, a su primer éxito, precisamente en torno a la ruta de peregrinación jacobea.

¿Un gurú de la New Age?
Después de repasar así su biografía, se entiende mucho mejor lo que escribí hace tiempo: que estamos ante uno de los mayores difusores contemporáneos de la Nueva Era, con claras raíces en el ocultismo.

Paulo Coelho se declara católico, pero su vida y obra revelan (o más bien velan) una estrategia de resignificación de la fe cristiana. Y repito lo ya dicho antes: no sólo estamos ante un hábil escritor que ha sabido aprovechar la sed espiritual de muchas personas para hacer el marketing de sus libros. Sus raíces ocultistas y las líneas principales de sus obras lo sitúan directamente en la estela de la Nueva Era.

ReL7 enero 2017


Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?