05/02/2017

A família: santificar o lar dia a dia

Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida. (Cristo que passa, 22, 4)

É verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza trata os seus filhos. Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia, escola de santidade.
Os pais são cooperadores de Deus. Daí nasce o amável dever de veneração, que corresponde aos filhos. Com razão, o quarto mandamento pode chamar-se - escrevi-o há tantos anos - o dulcíssimo preceito do Decálogo. Se se vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz, luminoso e alegre. (Cristo que passa, 78, 6)

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30, 5)

Comove-me que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como «sacramentum magnum», sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos pais de família é importantíssimo.
Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração, à qual Nosso Senhor, na sua providência amorosa, quer que outros livremente renunciemos.
Cada filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina: não tenhais medo aos filhos! (Forja, 691)

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida. (Cristo que passa, 22, 4)

Santificar o lar no dia-a-dia, criar, com carinho, um autêntico ambiente de família: é disso precisamente que se trata. Para santificar cada um dos dias, é necessário exercitar muitas virtudes cristãs; em primeiro lugar, as teologais e, depois, todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, o trabalho, a alegria... (Cristo que passa, 23, 4) 


[i]

[i] Homília pronunciada em 1970

Evangelho e comentário

Tempo comum


Evangelho: Mt 5, 13-16

13 «Vós sois o sal da terra. Porém, se o sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e ser calcado pelos homens.14 Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte;15 nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro, a fim de que dê luz a todos os que estão em casa.16 Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.

Comentário:

Jesus Cristo declara sem qualquer margem para dúvidas a importância do cristão na sociedade.

Uma importância que lhe vem directamente da sua Categoria de Filho de Deus em Cristo.


Como do sal ou da luz muitos dependerão dele como necessidade con­creta para melhor "temperarem" as suas vidas e verem com nitidez o caminho a seguir.


As palavras de Jesus Cristo cumprem-se sempre.

Em mais de dois séculos de história a Igreja que Ele fundou e de que é a Cabeça não alterou, absolutamente, nenhum princípio básico das leis que a regem.

Houve tempos, é verdade, que foi dirigida por homens de pouca virtude ou, até, de muito má conduta e, no entanto, nem estes o fizeram.

Mesmo que alguém o quisesse fazer tal não seria possível porque o Senhor não o consentiria.

Tudo quanto o Magistério faz, comanda, sugere ou impõe fá-lo sob a luz e inspiração do Espírito Santo.

(ama, comentário sobre Mt 5, 13-16, 2016.11.16)


Leitura espiritual

A CIDADE DE DEUS

Vol. 1

LIVRO V

CAPÍTULO XVIII

…/2

— Se os Décios, entendendo que deveriam consagrar-se em obediência a alguns oráculos, ofereceram as suas vidas em sacrifício para que salvassem o exército romano — será que se irão de algum modo orgulhar os nossos santos mártires, como se tivessem feito alguma coisa de grande para merecerem a participação nesta pátria onde reina a verdadeira e eterna felicidade, quando, fiéis ao preceito, amaram, até derramarem o seu sangue, não apenas os irmãos por quem o derramaram mas também os inimigos por quem ele foi derramado, lutando com a fé da caridade e com a caridade da fé?
— Se Marco Pulvilo, que dedicava um templo a Júpiter, Juno e Minerva, quando lhe foi anunciada por invejosos a falsa notícia da morte de seu filho, para que, perturbado com esta mensagem, se retirasse e deixasse ao seu colega a glória da dedicação, se incomodou tão pouco com isso que até deu ordem para abandonarem o cadáver sem sepultura (triunfando no seu coração o desejo de gló­ria sobre a dor desta perda) será a declarar que fez uma grande coisa pela pregação do Santo Evangelho, pela qual são libertados de muitos erros e congregados os cidadãos da pátria celeste, aquele a quem o Senhor diz, quando ele se preocupava com a sepultura de seu pai:

Segue-me e deixa que mortos sepultem os seus mortos [i]?

— Se M. Régulo, para não quebrar a fé jurada a crudelíssimos inimigos, voltou de Roma para junto deles respondendo, conforme consta, aos Romanos que pretendiam retê-lo, que, depois de ter sido escravo dos Africanos, não podia conservar lá a dignidade de um honesto cidadão; e se os Cartagineses o sujeitaram com gravíssimos suplícios à morte porque ele contra eles procedeu no Senado Romano — que suplícios se não devem desprezar para guardar a fé naquela pátria a cuja felicidade a mesma fé nos conduz? Ou

        que retribuirá ao Senhor pelos bens que dele recebeu [ii],
o homem que, pela fé que lhe é devida, sofrer tormentos semelhantes aos que sofreu Régulo pela fé que devia a ferozes inimigos?
— Como é que um cristão se atreverá a gabar-se da sua pobreza voluntária, abraçada para caminhar cá, mais à vontade, na peregrinação que conduz à Pátria em que Deus é a verdadeira riqueza.
— quando ouve ou lê que Lúcio Valério, falecido durante, o seu consulado, era tão pobre que foi preciso pedir ao povo ofertas para assegurar a sua sepultura? Ou quando ouve ou lê que Quíncio Cincinato, dono de quatro geiras, que cultivava com as suas próprias mãos, foi afastado do arado para ser feito ditador, dignidade superior ao consulado, e que, depois de ter alcançado vitória sobre os inimigos, permaneceu na mesma pobreza?
— Será que ele virá a gabar-se de ter feito alguma coisa de grande por não se deixar separar por nenhuma recompensa terrestre da sua comunhão com a pátria eterna — quando aprendeu que Fabrício não pôde ser retirado à Cidade Romana pelos enormes presentes oferecidos por Pirro, rei do Epiro, nem mesmo pela promessa de lhe dar a quarta parte do seu reino, e preferiu continuar pobre e simples cidadão na sua pátria?

Com efeito, enquanto a república (res publica), isto é, a empresa do povo (res populi), a empresa da pátria (res patriae), a empresa comum (res communis), era opulentíssima, eram eles em suas casas de tal modo pobres que um deles, depois de ter sido duas vezes cônsul, foi expulso daquele senado de pobres sob a acusação censória de que lhe tinham sido encontradas dez libras de prata nuns vasos; eles próprios eram pobres, mas os seus triunfos enriqueciam o erário público; todos os cristãos que, num desígnio ainda mais elevado, põem as suas riquezas em comum, conforme o que está escrito nos Actos dos Apóstolos — «que se distribua a cada um conforme as suas necessidades e que ninguém diga que alguma coisa lhe pertence, mas que tudo lhes seja comum» — será que não compreendem que não devem dar-se ares arrogantes ao praticarem esse preceito para obterem a sociedade dos Anjos quando aqueles homens fizeram quase outro tanto para conservarem a glória dos Romanos?

Estes factos e outros que tais que se podem achar na sua literatura, teriam adquirido semelhante notoriedade, seriam celebrados com tal renome, se o Império Romano, que se estendeu em todas as direcções, não se tivesse desenvolvido devido a sucessos magníficos? Desta forma esse império, tão vasto, tão duradouro, célebre e glorioso pelas virtudes de tão grandes homens, foi para eles a recompensa a que aspiravam os seus esforços e oferece-nos a nós uma tão exemplar e necessária lição que sentiremos o espinho da vergonha se não praticarmos pela gloriosíssima Cidade de Deus as virtudes que eles praticaram, de forma um tanto semelhante, pela glória da cidade terrestre; e, se as praticarmos, não nos empertiguemos de soberba porque, como diz o Apóstolo,

os sofrimentos do tempo presente são de nada comparados com a glória futura que em nós será revelada [iii].

Mas para alcançar a glória humana, no tempo presente, considera-se bastante digna a vida deles.

Daí que, à luz do Novo Testamento, oculto no véu do Antigo (que nos sugere a adoração do único verdadeiro Deus, não para obtermos benefícios temporais e terrenos, concedidos pela divina Providência ao mesmo tempo a bons e a maus, mas sim para a vida eterna, para as recompensas perpétuas e para vivermos associados à Cidade Celeste), — à luz, repito, do Novo Testamento, os Judeus, que mataram Cristo, com toda a justiça foram submetidos para glória dos Romanos. Era justo, na verdade, que aqueles que procuraram e conseguiram a glória terrena pelas suas virtudes, sejam elas quais forem, triunfassem dos que pelos seus grandes vícios rejeitaram e mataram o dador da verdadeira glória e da cidade eterna.

CAPÍTULO XIX

Diferem entre si a paixão da glória e a paixão de domínio.

É evidente que há diferença entre a paixão da glória humana e a paixão de domínio. Com certeza que quem põe todas as suas complacências na glória humana está inclinado a também desejar ardentemente o domínio; todavia, os que aspiram à verdadeira glória, mesmo que seja a dos louvores humanos, põem todo o cuidado em não desagradar aos bons julgadores. Há efectivamente muitos aspectos bons do comportamento que muitos avaliam correctamente embora deles careçam. E por esses bons aspectos que aspiram à glória, ao poder e ao domínio aqueles de quem fala Salústio:

Segue o verdadeiro caminho [iv].

Mas aquele que, sem ter ambições de glória que provoca o temor de desagradar aos bons julgadores, deseja o poder e o domínio, procura quase sempre obter o que ama mesmo por meio de crimes evidentes. Por isso o que deseja a glória, ou «segue o verdadeiro caminho» ou pelo menos procura-o com manhas e mentiras, querendo parecer o homem de bem que não é. Assim, para o que tem virtudes é uma grande virtude desprezar a glória, porque este desprezo Deus o vê mas escapa ao juízo dos homens.

Na verdade, tudo o que fizer aos olhos dos homens para que vejam que despreza a glória, pode ser que por alguns suspeitosos seja isso tomado como maneira de procurar louvores, isto é, uma glória maior — sem poder mostrar-lhes que é diferente do que dele suspeitam. Mas o que despreza o juízo dos que o louvam, despreza também os juízos temerários dos que suspeitam; mas, se é verdadeiramente bom, não se desinteressa da salvação deles. É que, na realidade, é tão grande a justiça daquele cujas virtudes são um dom do Espírito de Deus, que ele até aos seus inimigos ama e ama-os de tal forma que chega a querer para os que o odeiam e o caluniam a sua emenda e a sua companhia, não na pátria terrestre mas na suprema. Quanto aos aduladores, embora não faça caso dos seus elogios, nem por isso despreza a sua afeição, nem quer enganar os que o louvam, não vá decepcionar os que lhe querem bem. Por isso é que faz ardentes esforços por que seja antes louvado Aquele que concede ao homem tudo o que nele merece ser louvado.

Mas o que, desprezando embora a glória, é ávido de domínio, supera as bestas, quer pela crueldade quer pela luxúria. Tais foram certos Romanos. Tendo deixado de se preocupar com a reputação, não lhes faltou a paixão de domínio. A história nos refere que muitos disso foram exemplo. Mas foi Nero o primeiro César que atingiu o cume e como que o cúmulo deste vício: tamanha foi a sua luxúria, que dele parece nada havia de viril a recear — e tamanha foi a sua crueldade, que, se não fosse conhecido, pareceria que nada tinha de efeminado. Mas mesmo a tais homens o poder do mundo não é dado senão pela providência de Deus Supremo quando julga que as empresas humanas são dignas de tais senhores. E claramente acerca desta questão que a voz divina se faz ouvir pela voz da Sabedoria de Deus:

Por mim reinam os reis, por mim dominam a Terra os tiranos [v].

Mas não se julgue que tiranos foram reis perversos e déspotas, mas homens poderosos, conforme o antigo significado. Daí o que diz Vergílio:

Será para mim um penhor de paz ter apertado a mão direita do tirano [vi].

E noutra passagem se diz claramente de Deus:

Por causa da perversidade do povo é que ele faz reinar o homem hipócrita [vii].

Expliquei suficientemente, tanto quanto me foi possível, quais foram as razões por que Deus uno, verdadeiro e justo ajudou os Romanos, que eram bons à maneira da cidade terrestre, a obterem a glória dum tão grande império. Talvez haja também uma outra razão mais secreta — a dos méritos diversos do género humano, melhor conhecidos de Deus do que de nós. De facto, entre as pessoas verdadeiramente religiosas é ponto assente que sem a verdadeira piedade, isto é, sem o verdadeiro culto do verdadeiro Deus, ninguém poderá possuir a verdadeira virtude e que a virtude não é verdadeira quando se põe ao serviço da glória humana — todavia os que não são cidadãos da Cidade Eterna, chamada pelas Sagradas Escrituras a Cidade de Deus, são mais úteis à cidade da Terra, quando possuem mesmo uma tal virtude, do que quando nem essa possuem.

Mas aqueles que, dotados de verdadeira piedade, levam uma vida impoluta, se possuem a ciência de governar os povos, — nada há de mais feliz para as empresas humanas do que se por misericórdia divina detêm o poder. Mas tais homens, por maiores que sejam as virtudes que possam ter nesta vida, atribuem-nas unicamente à graça de Deus que as concedeu aos seus desejos, à sua fé, às suas. orações — e ao mesmo tempo, compreendem quanto lhes falta para chegarem à perfeição da justiça, tal como ela é na sociedade dos santos Anjos na qual se esforçam por entrar. E, por muito que louve e apregoe a virtude que, privada da verdadeira piedade, se põe ao serviço da glória humana, de forma nenhuma ela se poderá comparar aos débeis começos dos santos, cuja esperança está firmada na graça e na misericórdia do verdadeiro Deus.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Mc., VIII, 22.
[ii] Salmo C X V , 3.
[iii] Rom., VIII, 18.
[iv] Salústio, Catii, XI, 2.
[v] Prov., VIII, 15.
[vi] Vergílio, Eneida, VIII, 266.
[vii] Job, XXXIV , 30.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 16

2.ª Viagem Missionária: [ii]

Conversão do carcereiro

25Cerca da meia-noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus, e os presos escutavam-nos. 26De repente, sentiu-se um violento tremor de terra que abalou os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as cadeias de todos se desprenderam.

27Acordando em sobressalto, o carcereiro viu as portas da prisão abertas e puxou da espada para se matar, pensando que os presos se tinham evadido. 28Paulo, então, bradou com voz forte: «Não faças nenhum mal a ti mesmo, porque nós estamos todos aqui.» 29O carcereiro pediu luz, correu para dentro da masmorra e lançou-se a tremer, aos pés de Paulo e de Silas.

30Depois, trouxe-os para fora e perguntou: «Senhores, que devo fazer para ser salvo?» 31Eles responderam: «Acredita no Senhor Jesus e serás salvo tu e os teus.» 32E anunciaram-lhe a palavra do Senhor, assim como aos que estavam na sua casa.

33O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. 34Depois, levando-os para cima, para a sua casa, pôs-lhes a mesa e entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus.



[i] (13,1-28,31)
[ii] 15,35-18,22

Doutrina – 222

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»

Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?



A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.

Tratado da vida de Cristo 146

Questão 51: Da sepultura de Cristo

Art. 2 — Se Cristo foi sepultado de modo conveniente.

O segundo discute-se assim. — Parece que Cristo não foi sepultado de modo conveniente.

1. — Pois, a sua sepultura lhe correspondia à morte. Ora, Cristo sofreu morte objectíssima, segundo a Escritura: Condenêmo-lo a uma morte a mais infame. Logo, parece inconveniente o ter sido dada a Cristo uma sepultura honrosa, pelo facto de ter sido enterrado por homens ricos, isto é, por José de Arimateia um decurião nobre, e por Nicodemos, senhor entre os judeus, como lemos no Evangelho.

2. Demais. — Com Cristo não devia ter-se dado nada que fosse exemplo de superfluidade. Ora, parece ter sido superfluidade que, para sepultá-lo, Nicodemos viesse trazendo uma composição de quase cem libras de mirra e de aloés; sobretudo que uma mulher foi embalsamar-lhe antecipadamente o corpo para a sepultura, segundo lemos no Evangelho. Logo, isso não se fez com Cristo, de maneira conveniente.

3. Demais. — Não pode estar uma coisa em dissonância consigo mesma. Ora, a sepultura de Cristo foi simples, de um lado, pois, José amortalhou-o num lençol asseado, como refere o Evangelho; não, porém com ouro ou gemas ou seda, como explica Jerónimo. Mas, de outro lado, parece que esse sepultamento foi faustoso, pois o sepultaram com aromas. Logo, parece que não foi conveniente o modo do sepultamento de Cristo.

4. Demais. — Tudo quanto está escrito, e, sobretudo de Cristo, para nosso ensino está escrito, no dizer do Apóstolo. Ora, certas coisas estão escritas no Evangelho sobre o sepultamento, que em nada parecem contribuir para o nosso ensino. Assim, que foi sepultado numa horta, num sepulcro que lhe não pertencia, que ainda não tinha servido e aberto numa rocha. Logo, foi inconveniente o modo do sepultamento de Cristo.

Mas, em contrário, a Escritura: E será glorioso o seu sepulcro.
 
O modo do sepultamento de Cristo prova-se que foi conveniente por três razões. - Primeiro, para confirmar a nossa fé na sua morte e ressurreição. - Segundo para celebrar a piedade dos que o sepultaram. E por isso diz Agostinho: O Evangelho celebra com razão os que, tirando-lhe o corpo da cruz, cuidaram em envolvê-lo e sepultá-lo diligente e honrosamente. Terceiro, para representar o mistério que envolve os que são sepultados com Cristo para morrer.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. – Na morte, que Cristo sofreu, celebra-lhe a paciência e a constância; e tanto mais quanto mais abjecta foi essa morte. Ao passo que no seu honorífico sepultamento se considera a virtude de quem, contra a intenção dos que o mataram, mesmo depois de morto foi sepultado honorificamente; e se prefigura a devoção dos fieis, que haviam de servir a Cristo morto.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O dito do Evangelista, que o sepultam como costumam os judeus sepultar, adverte, conforme o explica Agostinho, que nesses deveres prestados aos mortos devem-se observar os costumes de cada povo. Ora, o costume do povo judeu era embalsamar o corpo do morto com vários aromas, para mais diuturnamente se conservar incorrupto. Por isso ele mesmo ainda diz, que em dados os casos semelhantes, não é o uso das coisas que é culpável, mas o deleite que nele se põe. E a seguir acrescenta: O que de ordinário é culposo, em relação às outras pessoas, é sinal de algo de grande quando se trata de uma pessoa divina ou de um profeta. Quanto à mirra e ao aloés, pela sua amargura, significam a penitência, pela qual conservamos a Cristo em nós sem a corrupção do pecado. E o odor dos aromas simboliza a boa fama.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A mirra e o aloés foram depositados no corpo de Cristo, para que fosse conservado imune da corrupção, o que era pois exigido por essa necessidade. E serve-nos de exemplo, que podemos licitamente usar de certas coisas preciosas, como remédio exigido pela necessidade de conservar o nosso corpo. Quanto ao envolvimento do corpo só tinha de certo modo por fim a conveniência da honestidade. E, em tais casos, devemos contentar-nos com a simplicidade. Mas, isso significa como adverte Jerónimo, que aquele envolveu a Jesus num lençol asseado, que o tomou com mente pura. Daí o dizer Beda: O costume da Igreja estabeleceu que o sacrifício do Altar fosse celebrado sobre uma toalha, não de seda nem de pano tingido, senão de linho puro, assim como o corpo do Senhor foi sepulto num lençol asseado.

RESPOSTA À QUARTA. — Cristo foi sepultado num jardim, para signi-ficar que pela sua morte e sepultamento somos livrados da morte em que incorremos pelo pecado de Adão cometido no Jardim do Paraíso. - E, depois, o Salvador foi sepultado num sepulcro que lhe não pertencia, porque, como diz Agostinho num Sermão, morreu pela salvação dos outros; ora, o sepulcro é o habitáculo da morte. E isso também pode nos fazer considerar a extrema pobreza que Cristo abraçou por nós. Pois, aquele que durante a vida não teve uma habitação, depois da morte foi ainda sepultado em sepulcro alheio, sendo, por estar nu coberto por José. Foi deposto num monumento novo, como adverte Jerónimo, afim de que, se outros mortos tivessem repousado no túmulo, não se dissesse, depois da sua ressurreição, que foi outro o ressuscitado. E também pode o sepulcro novo simbolizar o ventre virginal de Maria. E ainda nos dá a entender que pela sepultura de Cristo todos somos renovados, destruída a morte e a corrupção. - Foi encerrado num sepulcro aberto numa rocha, como explica Jerónimo, a fim de que, se fosse construído com pedras destacadas, não se pudesse dizer que lhe tiraram furtivamente o corpo por uma abertura, praticada nos fundamentos. Por isso, a grande pedra que lhe foi aposta mostra que o sepulcro não podia ser aberto senão com a cooperação de muitos. E também, se tivesse sido sepulto na terra poderiam dizer: Cavaram a terra e o furtaram, como ensina Agostinho. - A significação mística do corpo de Cristo é como diz Hilário, que os Apóstolos, para introduzirem Cristo no coração da rude gentilidade, tiveram de abri-lo, de certo modo, pelo esforço da doutrina, como se sulca um terreno novo e inculto, impermeável até então ao ingresso do temor de Deus. E como nada além de Cristo deve ter entrada em nosso coração, ao sepulcro se apôs uma pedra. - E, como diz Orígenes, não foi fortuitamente que se escreveu que José envolveu o corpo de Cristo num lençol asseado e o depôs num monumento que ainda não tinha servido e que lhe apôs uma grande pedra: porque tudo o respeitante ao corpo de Jesus é puro, novo e excepcionalmente grande.

Nota: Revisão da versão portuguesa por AMA.




Bruce Springsteen desvela que sigue siendo católico y cree «en la capacidad de Jesús para salvarnos»

Bruce Springsteen cuenta por primera vez su vida en un libro de más de 500 páginas. No es un ajuste de cuentas, tampoco una biografía al uso... más bien parece una reconciliación con sus raíces, su familia y, también, con sus creencias católicas.

Ahora con 67 años, tras vender la friolera de 120 millones de discos por todo el mundo y de acaparar un total de diez discos números uno; registro solo superado por The Beatles y Jay-Z, ha decidido explicar a sus incondicionales de dónde viene su música.

"Born to run" es el título de la biografía que ha publicado en España Literatura Ramdom House.

Mostrar al lector la mente del escritor...
"Escribir sobre uno mismo es algo muy curioso. (...) Pero en un proyecto como este el escritor hace una promesa: mostrarle su mente al lector. Y eso es lo que he intentado hacer en estas páginas".

Una larga conversación con la audiencia
“Toda mi vida ha sido una larga conversación con la audiencia, y por el momento no tengo la inclinación de ponerle fin –afirma Bruce Springsteen–. Una charla un poco abstracta si se quiere, que me ha ayudado a entender cómo mi música toca emocionalmente a los demás y me afecta a mí mismo, cómo inspira tristeza y alegría, la búsqueda de un mundo lleno de posibilidades. El libro es una continuación de ese proceso”.

Volver a los orígenes
Con la atalaya que suponen esos 67 años de vida, Bruce escribe con cierta nostalgía sobre infancia. Su familia, en especial su madre, el clan de los irlandeses en New Jersey, el colegio de las monjas dominicas de santa Rosa de Lima... “He vuelto a mis orígenes, al lugar donde crecí, tengo familia y conozco a los vecinos. He conocido el mundo, he viajado, he vivido en California y he regresado a New Jersey, donde están mis raíces”, señala The Boss (El jefe), el apodo con el que es conocido por sus fans, en la presentación de su libro en Londres y que recoge La Vanguardia.

The Boss se sigue considerando católico
Bruce también escribe sobre sus creencias, sin complejos, después de haberlo meditado durante más de 50 años, y lo plasma en su libro a modo de reconciliación con la Iglesia: "No soy un practicante asiduo de mi religión, pero sé que en algún lugar muy adentro... sigo formando parte del equipo".

"Un católico lo es para siempre"
Posiblemente a Bruce le pasó como a tantos niños de la época. Después de vivir una formación religiosa con una carga excesiva de moralismo, unido a una escasa experiencia espiritual, decidió, llegado a la adolescencia, romper con la Iglesia y decir: "Nunca más"...

"Con los años, como alumno de Santa Rosa, llegué a sentir la fatiga emocional y corporal del catolicismo -escribe Springsteen-. El día de mi graduación del octavo curso, salí de todo aquello, harto, diciéndome a mí mismo `Nunca más´. Era libre, por fin libre... Y me lo creí... durante bastante tiempo. Sin embargo, conforme me hacía mayor, fui detectando ciertas cosas en mi forma de pensar, reaccionar y comportarme. Y llegué a entender, con perplejidad y tristeza, que un católico lo es para siempre. Y dejé de engañarme. No soy un practicante asiduo de mi religión, pero sé que en algún lugar muy adentro... sigo formando parte del equipo".

"Creo en la capacidad de Jesús en salvarnos"
En "Born to run" Springsteen desnuda su alma para mostrar sus secretos más íntimos y desvelar que "tengo una relación `personal´ con Jesucristo (...) creo profundamente en su amor y en su capacidad de salvarnos".

No es de extrañar que muchas de sus letras que hablan de la redención, condena, paraíso, pecado o salvación, sean una expresión de sus propias vivencias y, como dice Bruce: “Mi lenguaje procede de la Biblia”.

"Tengo una relación `personal´con Jesús"
"Ese era el mundo en el que encontré los orígenes de mi canción. En el catolicismo existían la poesía, el peligro y la oscuridad que reflejaban mi imaginación y mi yo interior. Descubrí una tierra de gran y escabrosa belleza, historias fantásticas, castigos inimaginables y recompensa infinita. Era un lugar glorioso y patético en el que encajas o te hacen encajar. Ha estado junto a mí como un sueño en vigilia durante toda mi vida. Y ya de joven adulto, traté de darle sentido. Intenté enfrentarme al desafío por la misma razón de que hay almas que se pierden y un reino de amor que conquistar. Expuse lo que había absorbido a través de las duras y desgraciadas vidas de mi familia, mis amigos y vecinos. Lo transformé en algo a lo que pudiese aferrarme, comprender, algo en lo que incluso pudiese tener fe. Por divertido que pueda parecer, tengo una relación `personal´ con Jesucristo (...) creo profundamente en su amor y en su capacidad de salvarnos".

El Padrenuestro de reconciliación...
En una de las páginas más bellas de la biografía, ese muchacho adolescente que soñaba que Mick Jagger se ponía enfermo, y le llamaban para ocupar su lugar en los Rolling, y lo hacía tan bien que le fichaban para reemplazarlo... escribe el momento en que se sintió reconciliado con su propio pasado, su familia, el colegio de Santa Rosa... asumiendo esa etapa con la oración del Padrenuestro y recibiendo así una bendición.

"Una vez más bajo la sombra del campanario, allí de pie sintiendo sobre mis espaldas el alma vieja de mi árbol, de mi pueblo, regresaron a mí unas palabras y una bendición. Las había caturreado sin pensar, una y otra vez, vestido con mi chaqueta verde, mi camisa color marfil y mi corbata verde de todos los discípulos reacios de Santa Rosa. Esa noche acudieron a mí y fluyeron de un modo distinto. Padre nuestro que estás en los cielos, santificado sea tu nombre...".

Álex Rosal / ReL8 enero 2017


Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?