12/03/2017

NUNC COEPI: Publicações em 12.03.2017

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Tratado da vida de Cristo 151

Questão 52: Da descida de Cristo aos infernos

Art. 3 — Se Cristo esteve todo no inferno.

O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não esteve todo no inferno.

1. — Pois, o corpo de Cristo é uma das suas partes. Ora, o corpo de Cristo não esteve no inferno. Logo, Cristo não esteve todo no inferno.

2. Demais. — Não pode ser considerado um todo o ser cujas partes estão separadas. Ora, o corpo e a alma, partes da natureza humana, separaram-se um do outro depois da morte, como se disse. Mas, Cristo desceu ao inferno, quando o seu corpo estava no sepulcro. Logo, não esteve todo no inferno.

3. Demais. — Dizemos que está todo num lugar o ser que não tem parte nenhuma fora desse lugar. Ora, algo de Cristo estava fora do inferno, porque o corpo estava no sepulcro e a divindade, em toda parte. Logo Cristo não esteve todo no inferno.

Mas em contrário, diz Agostinho: O Filho está todo junto ao Pai, todo no céu, todo na terra; esteve todo no ventre da Virgem, todo na cruz, todo no inferno, e está todo no paraíso, onde introduziu o ladrão.

Como se colhe do que dissemos na Primeira Parte, o género masculino refere-se à hipóstase ou à pessoa; e o género neutro, à natureza. Ora, na morte de Cristo, embora a alma estivesse separada do corpo, nem este nem naquela, porém estavam separados da pessoa do Filho de Deus, como dissemos. Donde, durante o tríduo da morte de Cristo, devemos admitir que Cristo esteve todo inteiro no sepulcro; pois a sua pessoa aí esteve toda, mediante o corpo que lhe estava unido. E semelhantemente, esteve todo no inferno, porque nele esteve toda a pessoa de Cristo, em razão da alma que lhe estava unida. E também Cristo estava então todo em toda parte, em razão da natureza divina.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O corpo que então esteve no sepulcro, não era parte da pessoa incriada, mas da natureza assumida. Donde, o facto de o corpo de Cristo não ter descido ao inferno, não impedia o Cristo de nele ter estado todo; mas mostra que nele não esteve o todo constitutivo da natureza humana.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Da alma e do corpo unidos constitui-se a totalidade da natureza humana, mas não a totalidade da pessoa divina. Donde, separada a alma do corpo pela morte, permaneceu Cristo íntegro; mas não permaneceu a natureza humana em sua totalidade.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A pessoa de Cristo está toda em qualquer lugar, mas não totalmente por não ser circunscrita por nenhum lugar. Mas, nem todos os lugares tomados simultaneamente podem compreender-lhe a imensidade; ao contrário, é a sua imensidade que os abrange a todos. O que a objecção diz é exacto, quando se trata de seres que estão corporal e circunscritos num lugar; pois, estando um corpo num lugar, nenhuma parte dele está fora desse lugar. Ora, tal não se dá com Deus. Donde o dizer Agostinho: Não afirmamos que Cristo está todo nos diversos tempos ou nos diversos lugares, de maneira que esteja todo num lugar, durante um certo tempo, e todo em outro, noutro tempo; mas que sempre está todo em toda parte.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Hoy el reto del amor es ir al mejor spa para el alma: un Sagrario

SPA PARA EL ALMA

El otro día, en una visita, una persona dijo: "Esto de venir al convento es como un spa para el alma". Fue lo que dijo el Papa Benedicto, pero con otras palabras: "Que los monasterios sean oasis para el espíritu".

Cuántas veces sentimos que vamos a explotar en cualquier momento, se te van acumulando las cosas, los trabajos, tareas pendientes... y, si le añadimos problemas, más todavía. La vida nos empieza a exasperar, nos sentimos irritables con los de alrededor, no pasamos ni una, contestamos mal, la paciencia se nos agota. Al final, esto va minando tu corazón y poco a poco va dejando de amar, se pone una coraza para hacerse el fuerte y que nada le importe, pero tú te vuelves triste.

Y esto es totalmente normal, somos humanos y tenemos un límite. Cuando llegamos a este punto tenemos que dar gracias al Señor, pues nos permite ver que no somos dioses, que no podemos con todo, ¡que necesitamos un Salvador! ¡Le necesitamos a Él!

A lo largo del día, vamos llenándonos de todas estas cosas y, al final, como nos acostemos con ellas, al día siguiente nos levantamos peor. Cristo vino por cada una de esas cosas que tienes acumuladas, y Él las quiere todas. Quiere hacerte feliz, quiere quitarte ese peso del corazón, quiere darte paz y alegría, pero, como no le dejes, Él no va a poder.

Si alguna vez has ido a un spa, habrás podido relajar la espalda con diferentes sistemas de agua; eso está muy bien, pero, ¿y tu corazón? Deja que Cristo te quite las contracturas que tiene.

Tu corazón va a descansar, como esa sensación que tienes al llegar a tu habitación después de un día muy largo, quitarte los zapatos que te aprietan y tumbarte en la cama. Así es como va a descansar tu corazón. Empezarás a vivir desde la alegría, tendrás paz en tu corazón; los hermanos ya no son enemigos; disfrutarás de cada momento, de cada sonrisa; tendrás paciencia con tus compañeros de trabajo, tus hijos, tus amigos; tu corazón, que estaba acorazado, volverá a latir, volverá a amar.

Hoy el reto del amor es ir al mejor spa para el alma: un Sagrario. Descarga en Él todas esas cosas que te agobian, con las que no puedes, las que eliminarías de tu vida. Él sí que puede con ello, no dejes que se acumulen las preocupaciones, Él te va a devolver la Paz que tu corazón tanto ansía.


VIVE DE CRISTO

Doutrina - 237

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério?


De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente, cada um a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a salvação dos homens.

Epístolas de São Paulo – 12

Epístola de São Paulo aos Romanos

I . O EVANGELHO QUE NOS DÁ A SALVAÇÃO (1,18-11,36)

Capítulo 11

Um resto de Israel já é cristão

1Pergunto então: terá Deus rejeitado o seu povo? De maneira nenhuma! Pois também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. 2Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão escolheu. Não sabeis, porventura, o que diz a Escritura na passagem onde Elias apresenta a Deus esta queixa contra Israel: 3Senhor, mataram os teus profetas, derrubaram os teus altares; só eu fiquei e andam a procurar tirar-me a vida! 4Mas, qual foi a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, aqueles que não dobraram o joelho diante de Baal. 5Pois bem, assim também no tempo presente existe um resto, cuja eleição se deve à graça de Deus. 6Mas se o é pela graça, deixa de ser pelas obras; caso contrário a graça deixaria de ser graça.
7Que conclusão tirar daí? Aquilo que Israel procura, não o conseguiu; só os eleitos o conseguiram. Quanto aos restantes, ficaram endurecidos, 8foram de acordo com o que está escrito:
Deus lhes deu um espírito entorpecido, olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje.
9E David diz:
Que a sua mesa lhes sirva de laço e de rede, de ocasião para caírem e para serem castigados. 10Que se obscureçam os seus olhos, de modo a não verem; e faz que as suas costas se curvem para sempre.

Papel dos cristãos na salvação de Israel

11Agora eu pergunto: terão eles tropeçado só para cair? De modo nenhum! Pelo contrário, foi devido à sua queda que a salvação chegou aos gentios, e isso aconteceu para que Israel sentisse ciúme deles. 12Ora, se a sua queda reverteu em riqueza para o mundo e a sua perda em riqueza para os gentios, quanto mais não será na plenitude da sua conversão!
13É a vós, os gentios, que eu digo isto: exactamente como Apóstolo dos gentios que sou, enalteço este meu ministério, 14para ver se provoco o ciúme dos que são da minha carne e salvo alguns deles. 15Porque, se a sua rejeição serviu para a reconciliação do mundo, que irá ser a sua admissão senão uma passagem da morte à vida?
16Ora bem, se as primícias são santas, também o é toda a massa; e se a raiz é santa, também o são os ramos. 17Mas, se alguns ramos foram cortados, enquanto tu, que eras de oliveira brava, foste enxertado entre os outros, para com eles ficares a participar da raiz donde vem a seiva da oliveira, 18não te faças arrogante perante aqueles ramos. E se te quiseres orgulhar, lembra-te que não és tu quem sustenta a raiz, mas a raiz é que te sustenta a ti.
19Dir-me-ás: "Foram cortados ramos, para que eu fosse enxertado". 20Muito bem. Foi por falta de fé que eles foram cortados; mas tu, é pela fé que estás seguro. Não sejas soberbo, mas toma cuidado. 21Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, também não te poupará a ti.
22Portanto, olha bem para a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para contigo, bondade, desde que permaneças fiel à sua bondade. De contrário, também tu serás cortado.
23Quanto a eles, se não permanecerem na incredulidade, também hão-de ser enxertados. Pois Deus tem poder para os enxertar de novo. 24Se tu foste cortado de uma oliveira brava, a que pertencias por natureza, e foste, contrariamente à tua natureza, enxertado numa oliveira boa, quanto mais eles hão-de ser enxertados na sua própria oliveira, a que pertencem por natureza.

Todo o Israel será salvo

25Eu não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que vos não julgueis sábios: deu-se o endurecimento de uma parte de Israel, até que a totalidade dos gentios tenha entrado. 26E é assim que todo o Israel será salvo, de acordo com o que está escrito:
Virá de Sião o libertador, que afastará as impiedades do meio de Jacob. 27Esta é a aliança que Eu farei com eles, quando lhes tiver tirado os seus pecados.
28No que diz respeito ao Evangelho, eles são inimigos, para proveito vosso; mas em relação à eleição, são amados, devido aos seus antepassados. 29É que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.
30Outrora vós desobedecestes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência deles; 31do mesmo modo, também eles desobedeceram agora, em favor da misericórdia que alcançastes, para que também eles venham agora a alcançar misericórdia. 32Porque Deus encerrou a todos na desobediência, para com todos usar de misericórdia.

Glória a Deus para sempre!

33Oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus! Como são insondáveis as suas decisões e impenetráveis os seus caminhos! 34Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem lhe serviu de conselheiro? 35Quem antes lhe deu a Ele, para que lhe seja retribuído? 36Porque é dele, por Ele e para Ele que tudo existe.

Glória a Ele pelos séculos! Ámen.

Leitura espiritual

A CIDADE DE DEUS 

Vol. 2

Livro XI

CAPÍTULO XXII

Em que difere a ciência dos demónios da dos santos anjos.

Para os anjos bons, toda a ciência das coisas corporais e temporais é, portanto, vil, não porque delas sejam ignaros, mas porque a caridade de Deus, que as santifica, é que lhes é cara. Efectivamente, a sua beleza, não apenas incorpórea, mas imutável e inefável, inflamando-os de um santo amor, faz-lhes desprezar tudo o que está abaixo dela, tudo o que não é ela, sem a si próprios se exceptuarem, gozam, enquanto são bons, do bem que os torna bons! E conhecem com mais certeza as coisas temporais porque percebem as causas principais no Verbo de Deus por quem o m undo foi feito. Nessas causas, algumas coisas são aprovadas, reprovadas outras, e ordenadas todas.

Os demónios, esses é que não contemplam na sabedoria de Deus as causas eternas e, de certo modo, principais dos sucessos temporais; mas, por experiência de certos sinais, para nós ocultos, prevêem muito mais coisas futuras do que os homens; e às vezes também dão a saber antecipadamente as suas intenções. Enfim — os homens enganam-
-se muitas vezes, mas os anjos bons, nunca. Um a coisa é de
facto conjecturar o temporal pelo temporal, o mutável pelo mutável e introduzir formas mutáveis e temporais de vontade e de poder nessas previsões — o que em certa medida é permitido aos demónios; outra coisa é prever, nas leis eternas e imutáveis de Deus, que «vivem» na sua sabedoria, a sequência mutável dos acontecimentos, e conhecer,  pela participação do espírito de Deus, a sua vontade tão absolutamente certa como universalmente poderosa — privilégio justamente concedido aos santos anjos. É por isso que eles são, não somente eternos, mas também bem-aventurados. E o bem que os torna felizes é Deus, seu criador: gozam indefectivelmente da sua participação e contemplação.


CAPÍTULO XXIII

O nome de deuses é falsamente atribuído aos deuses dos gentios, mas, segundo a autoridade das Sagradas Escrituras, convém tanto aos santos anjos como aos homens justos.

Se os platónicos preferem chamar-lhes deuses em vez de demónios e contá-los entre aqueles deuses que, segundo Platão, seu chefe e mestre, foram formados pelo Deus supremo — pois, como queiram: não vamos discutir com eles por causa de palavras. De facto, se dizem que são imortais, mas produzidos pelo Deus supremo e bem-aventurados, não por si próprios, mas por se unirem àquele que
os fez, — dizem o mesmo que nós, chamem-lhes eles
como chamarem. Que é esta a opinião dos platónicos, senão de todos pelo menos dos melhores, pode ver-se nos seus escritos.
E, mesmo a propósito do nome e deste jeito de se chamar deuses às criaturas imortais e bem-aventuradas, quase não há entre eles e nós qualquer divergência, pois lê-se também nas Sagradas Escrituras:

Deus, senhor dos deuses, falou
[i];
e noutra passagem:
Dai graças ao Deus dos deuses [ii];
e ainda noutra passagem:
O grande Rei está acima de todos os deuses [iii].
Mas aquele dito

Ele é terrível acima de todos os deuses
[iv],
tem uma sequência que mostra o significado das palavras; lê-se, efectivamente:
Porque todos os deuses das nações são demónios, mas o
Senhor fez os céus
[v].

Portanto, a frase:

Ele é terrível acima de todos os deuses [vi],

designa os deuses das Nações, isto é, aqueles que as nações
(gentes) têm por deuses e que são demónios. Precisamente porque Ele é terrível (terribilis) é que eles, sob o domínio do temor ao Senhor, diziam:

Vieste para nos destruir?
[vii]

Mas a expressão o Deus dos deuses (Deus deorum) não significa «o Deus dos demónios»; e a frase ele é o grande rei acima
de todos os deuses (Rex magnus super omnes deos) não se traduz
por ele é o grande Rei acima de todos os demónios! Nas Escrituras, até os homens do povo de Deus se chamam deuses:

Eu disse-vos: sois deuses, todos filhos do Altíssimo [viii].

Assim se pode entender com o Deus destes deuses o que foi
chamado o grande Rei acima de todos os deuses.

Todavia, quando nos perguntam: — Se aos homens se chama deuses por pertencerem ao povo de Deus, — a esse povo ao qual Deus fala por intermédio dos anjos ou dos homens —, não serão bem mais dignos deste nome os imortais que gozam da beatitude a que os homens aspiram chegar adorando Deus? — A isto só teremos que responder:
«Não é em vão que a Escritura Sagrada chama aos homens
deuses mais expressam ente do que a esses seres imortais e
bem-aventurados aos quais temos a promessa de nos tornarmos iguais ao ressuscitarmos — isto para que a nossa debilidade falha de fé não se atrevesse a divinizar algum deles devido à sua proeminência. No caso de um homem, isto é mais fácil de evitar. Mas convinha chamar mais claramente deuses aos homens do povo de Deus, para incutir neles a firme confiança de que o seu Deus é bem aquele do qual foi dito o Deus dos deuses, porque, embora se chame imortais e bem -aventurados a seres que estão no Céu, não se lhes chama, todavia, deuses dos deuses, isto é, deuses dos homens estabelecidos em povo de Deus, aos quais se disse:

Eu disse-vos: sois deuses, todos filhos do Altíssimo
[ix].

Foi a este propósito que o Apóstolo disse:

Embora haja os que se chamam deuses, quer no céu quer na terra, e de facto há muitos deuses e muitos senhores para nós, todavia, só há um Deus Pai, do qual provêm todas as coisas e no qual nós somos, e um só Senhor Jesus Cristo, por quem todas as coisas são e por quem nós somos
[x].

Não temos, portanto, de prosseguir na discussão acerca do nom e, pois, a questão está tão clara que exclui todo o escrúpulo da dúvida. É certo que lhes não agrada a nossa afirmação de que, do número dos seus imortais bem-aventurados, Deus enviou os anjos para anunciarem a vontade divina aos homens. Na opinião deles, este ministério é desempenhado, não por aqueles aos quais chamam
deuses, isto é, por seres imortais e bem-aventurados, mas por demónios, sem dúvida imortais, mas aos quais não ousam chamar bem-aventurados; ou, no máximo, imortais e felizes só no sentido de que são demónios bons, e não deuses colocados nas alturas ao abrigo de todo o contacto humano. Mesmo que isto pareça apenas uma questão de nome, é tão detestável o nom e de demónio, que temos o
dever de, por todos os meios, rejeitá-lo quando se trata dos santos anjos.

Agora, ao terminarmos este livro, fique bem assente o seguinte: seres imortais e bem-aventurados, qualquer que seja o seu nom e, mas, que foram feitos e criados, não são os intermediários úteis para conduzirem à imortal beatitude os infelizes mortais dos quais estão duplamente
separados. É que aos intermediários, pela sua imortalidade em com unhão com os superiores e pela sua miséria em comunhão com os inferiores — sendo desgraçados (miseri) precisam ente devido à sua malícia, é-lhes mais possível invejarem-nos esta felicidade (beatitudinem) que não possuem do que conseguirem-na para nós; também os amigos dos demónios não têm nenhuma razão para nos fazerem honrar com os deuses aqueles que devemos evitar como
enganadores.

Mas os bons, portanto, não apenas imortais, mas também bem-aventurados, que os pagãos julgam dignos de, com o nome de deuses, serem honrados com ritos e sacrifícios para se obter, após a morte, a vida bem-aventurada, — esses, qualquer que seja a sua natureza ou o seu nome, não aceitam tal homenagem religiosa senão em honra do
Deus único que os criou e os torna felizes (beati) pela participação do seu ser. É esta a questão que, com a sua ajuda, iremos examinar mais atentam ente no livro seguinte.



(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Salmo XXXV, 2.
[ii] Salmo XCIV, 3.
[iii] Salmo XCIV, 3.
[iv] Salmo XCIV, 4.
[v] Salmo XCIV, 5.
[vi] Salmo XCIV, 4.
[vii] Mc 1, 24.
[viii] Salmo LXXXI, 6.
[ix] Salmo LXXXI, 6.
[x] I Cor, VIII,5-6.

Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Mt 17, 1-9

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. Então Jesus aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».

Comentário:

Transfigurar-me em Ti, Senhor, ser como Tu, outro Cristo, Ipse Crhistus, é o meu desejo, a minha meta.

E é também a Tua Vontade que seja santo como o Pai é santo!

Mas Tu mesmo disseste que 'sem Ti nada podemos fazer' e, então, sendo assim como de facto é, tens de dar-me o que me falta e embora seja muito - muitíssimo - sei que para Ti é possível.

(ama, comentário sobre Mt 17, 1-9,06.08.2016)


Orar é falar com Deus. Mas de quê?

Escreveste-me: "Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho, 91)


Uma oração ao Deus da minha vida. Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de oração. Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona logo a seguir. O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso. Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.


(...) A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária.


Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo louvor a Deus. Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas acções – inclusivamente as mais pequenas – encher-se-ão de eficácia espiritual.



Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta com o Senhor – e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados – a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenha-se nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus. (Cristo que passa, 119)

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?