15/03/2017


Fátima: Centenário - Oração jubilar de consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Sê o apoio da minha debilidade

Quando o receberes, diz-lhe: - Senhor, espero em Ti; adoro-te, amo-te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas. (Forja, 832)


Creio que não vou dizer nada de novo, se afirmar que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa Missa e que ela é para muitos um mero rito exterior, quando não um convencionalismo social. Isto acontece, porque os nossos corações, de si tão mesquinhos, são capazes de viver com rotina a maior doação de Deus aos homens.


Na Santa Missa, nesta Missa que agora celebramos, intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima. Para corresponder a tanto amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma, pois vamos ouvir Deus, falar com Ele, vê-Lo, saboreá-Lo. E se as palavras não forem suficientes, poderemos cantar, incitando a nossa língua – Pange, lingua! – a que proclame, na presença de toda a Humanidade, as grandezas do Senhor.



Viver a Santa Missa é manter-se em oração contínua, convencermo-nos de que, para cada um de nós, este é um encontro pessoal com Deus, em que O adoramos, O louvamos, Lhe pedimos, Lhe damos graças, reparamos os nossos pecados, nos purificamos e nos sentimos uma só coisa em Cristo com todos os cristãos. (Cristo que passa, nn. 87-88)

Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Mt 20, 17-28

Naquele tempo, enquanto Jesus subia para Jerusalém, chamou à parte os Doze e durante o caminho disse-lhes: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do homem vai ser entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que O condenarão à morte e O entregarão aos gentios, para ser por eles escarnecido, açoitado e crucificado. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitará». Então a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e prostrou-se para Lhe fazer um pedido. Jesus perguntou-lhe: «Que queres?» Ela disse-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda». Jesus respondeu: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?» Eles disseram: «Podemos». Então Jesus declarou-lhes: «Haveis de beber do meu cálice. Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem meu Pai o designou». Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo. Será como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção dos homens».

Comentário:

Posso beber o Teu cálice?

Ah, Senhor, não sei se sou capaz!

Pobre de mim que, repugnando-me tanto o meu, como vou beber o Teu?

Queria tanto dizer-te, do fundo do meu coração: Posso!

Só me atrevo a dizê-lo porque sei que me ajudarás e a Tua Graça não me há-de faltar.

(ama, comentário sobre Mt 20, 17-28, 2009.03.11)






Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO X

CAPÍTULO V

Sacrifícios que Deus não pretende, mas que aceita apenas com o símbolo dos que pretende.

Quem será tão falho de senso que julgue que Deus tem necessidade das coisas que nos sacrifícios se lhe oferecem? A Sa­grada Escritura apresenta-nos vários testemunhos. Para não nos alon­garmos bastará recordar esta breve passagem de um salmo:

Eu disse ao Senhor: Tu és o meu Deus, porque não tens necessidade dos meus bens.

Tem-se, portanto, de acreditar que Deus não tem necessidade nem de gados, nem seja de que bem corruptível e terrestre for, nem mesmo da justiça dos homens: todo o culto legítimo que se lhe presta, aproveita ao homem, que não a Deus. Ninguém pretenderá prestar um serviço à fonte quando bebe, ou à luz quando vê! Nos sacrifícios em que os patriarcas imolavam animais e que hoje o povo de Deus relê nas Escrituras sem os praticar, convém que se veja apenas a figura das obras que se cumpriam entre nós tendo por fim unirmo-nos a Deus e levarmos para Ele o nosso próximo. O sacrifício visível é, pois, o sacramento, isto é, o sinal sagrado do sacrifício invisível. Por isso o penitente referido no profeta ou o próprio profeta, procurando para os seus pecados a benevolência de Deus, diz-lhe:

Se quisesses um sacrifício eu oferecer-to-ia; mas não te comprazes nos holocaustos. O sacrifício para Deus é um espírito contrito: um coração contrito e humilhado Deus não desprezará [i].

Vejamos como Deus, onde diz que não quer sacrifí­cios, aí mesmo mos­tra que os quer: recusa o sacrifício dos animais abatidos, mas quer o sacrifício de um coração contrito. Assim, segundo o profeta, o que Deus recusa é a figura do que quer. Deus, diz ele, não os quer da maneira que os estultos julgam que Ele quer: pelo prazer que neles acharia. Realmente, se não quisesse que os sacrifícios que pede (e que se reduzem a um só — o coração humilhado e contrito pela dor do arrependimento) fossem figurados pelos sacrifícios pretensamente desejados para o seu prazer, com cer­teza que não teria prescrito a sua celebração na antiga Lei. Eles deveriam, pois, ser substituídos em tempo oportuno e determinado, para que se não pensasse que eram desejados pelo próprio Deus ou aceitáveis por nós próprios, em vez de ser desejado o que neles se significa. Daí as palavras de um outro Salmo:

Se tenho fome, não to. direi, porque é meu o orbe da terra e tudo o que o enche. Porventura comerei a came dos touros ou beberei o sangue dos bodes [ii]?

Com o se dissesse: mesmo que estes bens me fossem necessários eu não tos pediria, porque os tenho em meu poder. Depois acrescenta para explicar estas palavras:

Oferece a Deus um sacrifício de louvor e cumpre os teus votos ao Altíssimo. Invoca-me no dia da tribulação e eu te libertarei e tu me glorificarás [iii].

Da mesma forma, em outro profeta diz:
Com que é que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei pe­rante o Altíssimo Deus meu? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com reses de um ano? Agradará ao Senhor o sacrifício de milhares de carneiros, de dezenas de milhares de gordos bodes? Em compensação da minha impiedade dar-lhe-ei os meus primogénitos, o fruto das minhas entranhas em compensação do pecado da minha alma? Homem! não te foi já explicado o que é bom? Que te poderá o Senhor exigir senão que pratiques a justiça, que ames a misericórdia e que estejas preparado para caminhar com o Senhor teu Deus? [iv]

Estas palavras do profeta distinguem e mostram claramente duas coi­sas: que Deus não reclama os sacrifícios por si mesmos, e que eles são a figura dos que ele reclama. Diz-se na Epístola escrita para os hebreus:

Não vos esqueçais de fazer o bem e de ser generosos, porque é por tais sacrifícios que se agrada a Deus.[v]

Por isso é que este texto

prefiro a misericórdia ao sacrifício.[vi]

significa apenas que é preciso preferir um certo sacrifício a um outro sacrifício. Porque aquilo a que todos chamam sacrifício é o sinal do verdadeiro sacrifício. A misericórdia é que é o verdadeiro sacrifício; daí a palavra que acabo de citar:

porque é por tais sacrifícios que se agrada a Deus [vii].

Todas estas prescrições divinas da escritura, respeitantes aos sacrifícios do tabernáculo ou do templo, são, portanto, figuras que se referem ao amor de Deus e do próximo. Realmente, com o está escrito, é «nestes dois mandamentos que se resumem toda a lei e os profetas».

CAPÍTULO VI

O verdadeiro e perfeito sacrifício.

O verdadeiro sacrifício é, pois, toda a obra que contribui para nos unir a Deus numa santa sociedade, isto é, toda a obra destinada a esse bem supremo graças ao qual podemos ser verdadeiramente felizes. E por isso que a própria misericórdia que nos leva a socorrer o nosso semelhante, se não é praticada por amor de Deus, não é um sacrifício. Porque, em bora cumprido ou oferecido pelo homem, o sacrifício nem por isso deixa de ser um a coisa divina. E por isso que os antigos latinos lhe davam também esse nome. Consequentemente, o homem consagrado em nome de Deus e a Deus oferecido, é ele mesmo um sacrifício, na medida em que morre para o mundo a fim de viver para Deus. De facto, isto também respeita à misericórdia que cada um pra­tica para consigo mesmo. Por isso está escrito:

Tem piedade da tua alma, tomando-te agradável a Deus [viii].

Também o nosso corpo, quando o mortificamos pela temperança, é um sacrifício se, como deve ser, o fazemos por Deus, sem fazermos dos nossos membros armas de iniquidade para o pecado, mas sim armas de justiça para Deus. A isso nos exortando, diz o Apóstolo:

Suplico-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais os vossos corpos como hóstia viva, santa, agradável a Deus, como homenagem racional vossa [ix].

Se, pois, o corpo, ser inferior de que a alma se utiliza com o de um servidor ou de um instrumento, é um sacrifí­cio quando o seu uso bom e recto se refere a Deus, — quanto mais não será a própria alma um sacrifício quando se refere a Deus, para que, inflamada do fogo do seu amor, largue a forma de concupiscência do século e se reforme, submetendo-se a Deus, forma imutável — tornando-se-lhe assim agradável pelos reflexos que recebe da sua beleza. Como conclusão, o mesmo Apóstolo acrescenta:

E não queirais amoldar-vos a este século, mas reformai-vos, renovando a vossa mentalidade para reconhecerdes qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que é agradável, o que é perfeito[x].

Os verdadeiros sacrifícios são, portanto, as obras de misericórdia quer para connosco quer para com o próximo, e referidas a Deus. As obras de misericórdia não se praticam com outro fim que não seja: libertarmo-nos da infelicidade e seguidamente conseguirmos a felicidade — o que não se obtém senão graças ao bem supremo de que
está escrito:

Para mim o bem é unir-me a Deus [xi].

Daqui se conclui com segurança que toda esta cidade resgatada, isto é, a assembleia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus com o um sacrifício universal pelo Magno Sacerdote que, para de nós fazer o corpo de uma tal cabeça, a si mesmo se ofereceu por nós na sua paixão sob a forma de escravo. Foi, efectivamente, esta a forma que Ele ofe­receu, foi nela que Ele se ofereceu, porque é graças a ela que Ele é mediador, é nela que é sacerdote, é nela que é sacrifício. Por isso nos exortou o Apóstolo a que ofereçamos os nossos corpos como hóstia viva, santa, agradável a Deus, como homenagem racional; a não nos amoldarmos a este século, mas a irmo-nos transformando com a nova mentalidade; e — para mostrar-nos qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito, porque o sacrifício na sua totalidade somos nós próprios — o Apóstolo continua:

O que realmente, em virtude da graça divina que me foi concedida, eu digo a quem quer que se encontre no meio de vós, é isto: não sinta a seu próprio respeito mais do que convém sentir, mas sinta de maneira que seja moderado o seu sentir, cada um segundo o grau de fé que Deus lhe atribuiu. Pois, como em um só corpo nós temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função assim nós, que muitos somos, constituímos em Cristo um só corpo, sendo individualmente membros uns dos outros, possuindo dons diferentes conforme a graça que nos foi concedida [xii].

Tal é o sacrifício dos cristãos

muitos somos um só corpo em Cristo [xiii].

E este sacrifício a Igreja não cessa de o reproduzir no Sacramento do altar bem conhecido dos fiéis: nele se mostra que ela própria é oferecida no que oferece.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Salmo, 18-19.
[ii] Salmo, XLIX, 12-13.
[iii] Salmo, XLIX, 14-15.
[iv] Miq.,VI,6 e sss.
[v] Heb., XIII, 16.
[vi] Oseias, VI, 6,
[vii] Ibid.
[viii] Ecles., XXX, 24.
[ix] Rom., XII, 1.
[x] Rom., XII, 2.
[xi] Salmo LXXII, 28.
[xii] Rom., XII, 3 e ss.
[xiii] Ibid.

Epístolas de São Paulo – 15

Epístola de São Paulo aos Romanos

II. CULTO DE ACORDO COM O EVANGELHO (12,1-15,13)

 Capítulo 14

Os «fortes» e os «fracos»

1Àquele que é fraco na fé, acolhei-o, sem cair em discussões sobre as suas maneiras de pensar. 2Enquanto a fé de um lhe permite comer de tudo, o que é fraco só come legumes. 3Quem come não despreze aquele que não come; e quem não come não julgue aquele que come, porque Deus o acolheu.
4Quem és tu para julgares o criado de um outro? Se está de pé ou se cai, isso é lá com o seu patrão. Há-de, aliás, ficar de pé, porque o Senhor tem poder para o segurar. 5Além disso, enquanto um julga que há dias e dias, há quem julgue que os dias são todos iguais. Tenha um e outro plena convicção daquilo que pensa. 6Quem guarda alguns dias, é em honra do Senhor que os guarda; quem come de tudo, é em honra do Senhor que come, pois dá graças a Deus; e quem não come, é em honra do Senhor que não come, e também ele dá graças a Deus. 7De facto, nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum morre para si mesmo. 8Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que morremos. Ou seja, quer vivamos quer morramos, é ao Senhor que pertencemos. 9Pois foi para isto que Cristo morreu e voltou à vida: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos.
10Mas tu, porque julgas o teu irmão? E tu, porque desprezas o teu irmão? De facto, todos havemos de comparecer diante do tribunal de Deus, 11pois está escrito:
Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor, todo o joelho se dobrará diante de mime toda a língua dará a Deus glória e louvor.
12Portanto, cada um de nós terá de dar contas de si mesmo a Deus.

Unidos no amor

13Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros. Tomai de preferência esta decisão: não ser para o irmão causa de tropeço ou de escândalo. 14Sei e estou convencido, no Senhor Jesus, de que nada é impuro em si mesmo. Uma coisa é impura só para aquele que a considera como impura. 15Se, por tomares um alimento, entristeces o teu irmão, então não estás a proceder de acordo com o amor. Não faças, com o teu alimento, com que se perca aquele por quem Cristo morreu.
16Que não seja, pois, motivo de blasfémia o bem que há em vós. 17É que o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. 18E quem deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e estimado pelos homens.
19Procuremos, portanto, aquilo que leva à paz e à edificação mútua. 20Não destruas a obra de Deus, por uma questão de alimento. Todas as coisas são puras, certamente, mas tornam-se más para aquele que, ao comê-las, encontra nisso causa de tropeço. 21O que é bom é não comer carne nem beber vinho, nada em que o teu irmão possa tropeçar.

22Guarda para ti, diante de Deus, a convicção de fé que tens. Feliz de quem não se condena a si mesmo, devido às decisões que toma. 23Mas quem sente escrúpulos por aquilo que come fica culpado, por não agir de acordo com a sua convicção de fé. Tudo o que não é feito a partir da convicção de fé é pecado.

A propósito da ideologia do género

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa

3. Os pressupostos da ideologia do género

Esta teoria parte da distinção entre sexo e género, forçando a oposição entre natureza e cultura. O sexo assinala a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher. O género baliza a construção histórico-cultural da identidade masculina e feminina. Mas, partindo da célebre frase de Simone de Beauvoir, «uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher», a ideologia do género considera que somos homens ou mulheres não na base da dimensão biológica em que nascemos, mas nos tornamos tais de acordo com o processo de socialização (da interiorização dos comportamentos, funções e papéis que a sociedade e cultura nos distribui). Papéis que, para estas teorias, são injustos e artificiais. Por conseguinte, o género deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza.

Como, para esta ideologia, o género é uma construção social, este pode ser desconstruído e reconstruído. Se a diferença sexual entre homem e mulher está na base da opressão desta, então qualquer forma de definição de uma especificidade feminina é opressora para a mulher. Por isso, para os defensores do gender, a maternidade, como especificidade feminina, é sempre uma discriminação injusta. Para superar essa opressão, recusa-se a diferenciação sexual natural e reconduz-se o género à escolha individual. O género não tem de corresponder ao sexo, mas pertence a uma escolha subjetiva, ditada por instintos, impulsos, preferências e interesses, o que vai para além dos dados naturais e objetivos.

O gender sustenta a irrelevância da diferença sexual na construção da identidade e, por consequência, também a irrelevância dessa diferença nas relações interpessoais, nas uniões conjugais e na constituição da família. Se é indiferente a escolha do género a nível individual, podendo escolher-se ser homem ou mulher independentemente dos dados naturais, também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo. Daqui a equiparação entre uniões heterossexuais e homossexuais. Ao modelo da família heterossexual sucedem-se vários tipos de família, tantos quantas as preferências individuais, para além de qualquer modelo de referência. Deixa de se falar em família e passa a falar-se em famílias. Privilegiar a união heterossexual afigura-se-lhe uma forma de discriminação. Igualmente, deixa de se falar em paternidade e maternidade e passa a falar-se, exclusivamente, em parentalidade, criando um conceito abstrato, pois desligado da geração biológica.


(cont)

Doutrina - 240

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A SAGRADA ESCRITURA

20. O que é o cânone das Escrituras?



O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?