19/03/2017

Fátima: Centenário -Oraçãoj ubilar de consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Deves ter uma intensa devoção à nossa Mãe

Invoca a Santíssima Virgem; não deixes de pedir-lhe que se mostre sempre tua Mãe – "monstra te esse Matrem!" – e que te alcance, com a graça do seu Filho, clareza de boa doutrina na inteligência e amor e pureza no coração, com o fim de saberes ir até Deus e levar-lhe muitas almas. (Forja, 986)


Deves ter uma intensa devoção à nossa Mãe. Ela sabe corresponder com finura aos obséquios que Lhe fizermos. Além disso, se rezares o Terço todos os dias com espírito de fé e de amor, Nossa Senhora encarregar-se-á de te levar muito longe pelo caminho do seu Filho. (Sulco, 691)


Sem o auxílio da nossa Mãe, como havemos de aguentar-nos na luta diária? – Procuras essa ajuda constantemente? (Sulco, 692)


O amor à nossa Mãe será sopro que transforme em lume vivo as brasas de virtude que estão ocultas sob o rescaldo da tua tibieza. (Caminho, 492)


Ama a Senhora. E Ela te obterá graça abundante para venceres nesta luta quotidiana. – E de nada servirão ao maldito essa coisas perversas, que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com a sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos sublimes que o próprio Cristo pôs no teu coração. – "Serviam!" – Servirei! (Caminho, 493)



A Jesus sempre se vai e se "torna a ir" por Maria. (Caminho, 495)

Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Jo 4, 5-42

Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-Me de beber». Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?». De facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva». Respondeu-Lhe a mulher: «Senhor, Tu nem sequer tens um balde, e o poço é fundo: donde Te vem a água viva? Serás Tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, com os seus filhos e os seus rebanhos?». Disse-Lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna». «Senhor, – suplicou a mulher – dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir aqui buscá-la». Disse-lhe Jesus: «Vai chamar o teu marido e volta aqui». Respondeu-lhe a mulher: «Não tenho marido». Jesus replicou: «Disseste bem que não tens marido, pois tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu marido. Neste ponto falaste verdade». Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és profeta. Os nossos antepassados adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar». Disse-lhe Jesus: «Mulher, acredita em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade». Disse-Lhe a mulher: «Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier, há-de anunciar-nos todas as coisas». Respondeu-lhe Jesus: «Sou Eu, que estou a falar contigo». Nisto, chegaram os discípulos e ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela mulher, mas nenhum deles Lhe perguntou: «Que pretendes?», ou então: «Porque falas com ela?». A mulher deixou a bilha, correu à cidade e falou a todos: «Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será Ele o Messias?». Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus. Entretanto, os discípulos insistiam com Ele, dizendo: «Mestre, come». Mas Ele respondeu-lhes: «Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis». Os discípulos perguntavam uns aos outros: «Porventura alguém Lhe trouxe de comer?». Disse-lhes Jesus: «O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra. Não dizeis vós que dentro de quatro meses chegará o tempo da colheita? Pois bem, Eu digo-vos: Erguei os olhos e vede os campos, que já estão loiros para a ceifa. Já o ceifeiro recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna e, deste modo, se alegra o semeador juntamente com o ceifeiro. Nisto se verifica o ditado: ‘Um é o que semeia e outro o que ceifa’. Eu mandei-vos ceifar o que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós aproveitais-vos do seu trabalho». Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz». Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».

Comentário:

É notável a confiança dos discípulos no Mestre. Estranham insólita cena com que se deparam – Jesus falando com uma mulher Samaritana – mas não fazem perguntas.

O resultado, imediato, desta confiança é assistirem a algo ainda mais insólito: os samaritanos vêm ter com Jesus e pedem-lhe para ficar com eles e, durante dois dias, é-lhes dado ver como Jesus, que não faz acepção de pessoas, os ensina e doutrina de tal forma que o Evangelho confirma que

«Muitos mais acreditaram n'Ele em virtude da Sua pala­vra.»

Todas as almas interessam no apostolado e todas as ocasiões são boas para o fazer, mesmo quando, aparentemente, talvez não seja adequado, a ocasião propícia ou a pessoa a mais indicada.

(ama, comentário sobre Jo 4, 5-42, 30.11.2016)







Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO X


CAPÍTULO XVI

Para se merecer a vida eterna tem que se acreditar nos anjos que para si exigem honras divinas ou nos que mandam servir em santa religião, não a si, mas ao único Deus?

Mas em que anjos elevemos acreditar a propósito da vida eterna? Nos que pretendem que sejam eles próprios honrados com ritos religiosos, pedindo aos mortais que lhes prestem culto e sacrifícios? Ou nos que declaram que esse culto é todo ele devido ao único Deus criador do universo e deve, com o eles próprios dizem, ser prestado com autêntica piedade. Àquele cuja contemplação faz a felicidade deles e, conforme prometem, fará a nossa? Realmente, a visão de Deus é visão de uma tal beleza, digna de um tão grande amor que, sem ela, o homem dotado e cumulado de todos os bens nem por isso deixa de ser, como Plotino não hesita em afirmar, o maior desgraçado. Quando, pois, diversos anjos, com sinais prodigiosos nos convidam a prestarmos culto de latria, uns ao Deus único, outros a eles próprios, proibindo, todavia, os primeiros que se adorem os segundos, não ousando estes proibir que se adore aquele — a quais de uns e outros se deve prestar crédito? Respondam os platónicos, respondam os filósofos de qualquer escola, respondam os teurgos ou antes os periurgos — já que esta é a palavra que mais convém a todas estas práticas. Enfim, respondam os homens, se neles existe, um a parte que seja, daquele sentido da sua natureza que os torna racionais; respondam, digo eu:

Deve-se sacrificar a estes anjos ou deuses que o exigem para si próprios, ou só Aquele ao qual nos ordenam que o fa­çamos os que no-lo proíbem quer em sua honra quer em honra dos outros?

E se nem uns nem outros fizessem milagres, limitando-se uns a prescrever sacrifícios em sua própria honra, e outros a prescrevê-los para os reservarem ao único Deus — a piedade deveria bastar para distinguir o que provém de um orgulho insolente do que deriva dum espírito autenticam ente religioso. Direi mais: Se os que reclamam para si sacrifícios fossem os únicos a abalar as almas humanas pelos seus prodígios, e aqueles que as prescrevem para os reservarem ao Deus único não se dignassem fazer esses milagres visíveis, — seguramente que a autoridade destes últimos deveria prevalecer, não aos olhos do corpo, mas ao juízo da razão. Mas Deus, para dar maior credibilidade às suas palavras de verdade, fez, por intermédio destes imortais mensageiros que proclamam, não o seu orgulho, mas a majestade de Deus, milagres maiores, mais autênticos, mais brilhantes, para que não tivessem qualquer facilidade de persuadir os piedosos débeis da sua falsa religião os que, com a ostentação dos prodígios sensíveis, exigem para si próprios sacrifícios. Quem é que gostará de ser louco ao ponto de não escolher a verdade que deve seguir precisamente onde encontra os maiores sinais a admirar?

A história refere, realmente, alguns milagres dos deuses dos gentios. (Não me refiro aos fenómenos estranhos que, uma vez por outra, acontecem devido a causas ocultas da natureza, sempre estabelecidas e ordenadas pela providência divina; inusitados partos de animais, espectá­culos insólitos no Céu e na Terra, simplesmente terríficos mas às vezes também nocivos, que, a crer na astúcia enganadora dos demónios, são pelos seus ritos conjurados e mitigados. Falo antes desses prodígios que apresentam com bastante evidência como um efeito da sua força e poderio, tais como: as imagens dos deuses Penates, que Eneias levou consigo ao fugir de Tróia, andarem, ao que se diz, por si próprias de um lugar para o outro; Tarquínio cortar um penhasco com uma navalha; a serpente de Epidauro acompanhar Esculápio enquanto ele navegou até Roma; uma mulherzinha, para provar a sua castidade, conseguir mover e arrastar, atada a um cinto, a nau em que era transportada a imagem da Mãe — Frigia que se tinha mantido imóvel apesar dos esforços de tantos homens e bois; uma virgem Vestal cuja integridade era contestada, pôr fim à discussão enchendo um crivo de água do Tibre sem ela se derramar). Estes prodígios e outros quejandos em nada se comparam com o poder e a grandeza dos operados, como lemos, entre o povo de Deus. Muito menos com estes se com param ainda aquelas práticas, mágicas e teúrgicas, tidas por dignas de serem proibidas e castigadas pela lei dos próprios povos que adoravam esses deuses! A maior parte de tais prodígios eram puras aparências com que enganavam os sentidos dos mortais utilizando um hábil jogo de imagens — como era o caso de, como diz Lucano, se fazer descer a Lua:

A té que, de perto derrame a sua baba sobre as ervas
rasteiras
[i].

Se alguns destes factos parecem igualar materialmente algumas das obras dos santos, o fim que as distingue manifesta a incomparável superioridade destas. No primeiro caso trata-se de uma multidão de deuses que merecem as honras dos sa­crifícios tanto menos quanto mais as reclamam; no outro caso, é o Deus único que nos é recomendado: mas que — com o no-lo atestam as suas Escrituras e com o no-lo mostra, mais tarde, a abolição desses sacrifícios — não tem necessidade de semelhantes homenagens.

Se, portanto, alguns anjos reivindicam para si o sacrifício, é necessário preferir-lhes aqueles que o não reclamam para si mas sim para o Deus que servem, Criador de todas as coisas. É por aí, realmente, que eles mostram com que sincero amor nos amam , pois querem pelo sacrifício fazer de nós, não súbditos seus mas antes súbditos d’Aquele cuja contemplação faz a sua felicidade, e querem ainda ajudar-nos a chegar até Àquele que jamais abandonaram . E se os anjos reclamam sacrifícios — não apenas para um mas para vários, não para eles próprios mas para os deuses de quem são anjos — mesmo, então, é necessá­rio preferir-lhes os que são anjos do único Deus dos deuses: estes anjos com tal força ordenam que só a Deus único se ofereçam sacrifícios, que chegam a proibir se ofereçam a qualquer outro — ao passo que nenhum dos outros anjos proíbe que se ofereçam sacrifícios Àquele ao qual estes ordenam que se ofereçam. Mas se, como o indica a sua soberba falácia, aqueles que reclamam sacrifícios, não para o único Deus Soberano, mas para si próprios, não são nem bons anjos nem anjos dos deuses bons, mas maus demónios — que protecção mais poderosa poderem os escolher contra eles do que a do Deus único de quem são servidores os anjos bons que nos prescrevem que ofereçam os sacrifícios não a eles, mas Àquele de quem nós próprios devemos ser o sacrifício?


CAPÍTULO XVII

Da Arca do Testamento e dos milagres que Deus operou para recomendar a autoridade da sua lei e das suas promessas.

Por isso é que a lei de Deus promulgada pelo ministério dos anjos, prescrevendo que se prestasse culto religioso ao único Deus dos deu­ses e proibindo que se prestasse a qualquer outro, foi colocada numa arca chamada Arca do Testemunho. Com este nome se significa suficientemente que Deus, objecto de todo o culto, não costuma estar encerrado nem contido num lugar: embora as suas respostas e certos sinais perceptíveis aos sentidos saíssem do lugar em que se encontrava a Arca, mais não eram do que testemunhos da sua vontade. Como já disse, a pró­pria lei escrita em tábuas de pedra estava colocada na Arca; durante a viagem pelo deserto os sacerdotes transportavam-na com o respeito que lhe era devido, juntamente com um a tenda também chamada Tenda do Testemunho. Havia um sinal que aparecia durante o dia como uma nuvem e durante a noite brilhava como o fogo; quando esta nuvem se movia, levantava-se o acampamento quando ela parava, acampava-se. Grandes milagres — além dos factos já referidos e das vozes que saíam do lugar onde estava a Arca — prestavam testemunho a essa lei. A entrada da Terra Prometida, quando a Arca passou o Jordão, o rio reteve as suas águas a montante e deixou-as correr a jusante, permitindo que tanto o povo como ela o atravessassem a pé enxuto. Depois a Arca foi passeada, sete vezes à volta da primeira cidade inimiga, que adorava, conforme era costume dos gentios, um grande número de deuses — e, repentinamente, as muralhas esboroaram-se sem qualquer exército as ter atacado, sem qualquer embate do aríete. Quando, ainda mais tarde, os hebreus já habitavam na Terra Prometida, foi a Arca tomada pelos inimigos em consequência dos seus pecados. Os que a tomaram colocaram-na com todas as honras no templo do deus que adoravam acima de todos, e aí a deixaram fe­chada. No dia seguinte, ao abrirem o templo, encontraram derrubado e vergonhosamente despedaçado, o ídolo a que dirigiam as suas preces. Depois, emocionados pelos prodígios e ainda mais vergonhosamente castigados, restituíram a Arca do divino Testemunho ao povo ao qual a tinham tomado. E vejam como é que foi essa restituição! Colocaram a Arca sobre um a carroça jungida a duas novilhas às quais retiraram os vitelos que amamentavam, e deixaram-nas ir para onde quisessem, procurando desta forma pôr à prova o poder divino. E elas, sem condutor, sem guia, seguiram direitinhas em direcção aos hebreus, surdas aos mugidos das crias esfomeadas, e levaram este grande mistério (sacramentum) aos que o veneravam.

Estes prodígios e outros que tais são pequenos aos olhos de Deus, mas grandes pelos ensinamentos que devem prestar e pelo salutar temor que devem inspirar aos mortais. Se alguns filósofos, sobretudo os platónicos, são glorificados por serem mais sá­bios do que os outros ao ensinarem, como um pouco atrás recordei, que a Divina Providência se ocupa dos mais pequeninos seres da Terra, como o com provam as belezas harmoniosas que revestem os corpos dos vivos, mesmo das plantas e até das ervas do campo — quão mais evidente é o testemunho prestado à divindade por todos estes prodígios realizados à hora em
que é proclamada, no lugar em que é recomendada, uma religião que proíbe se ofereçam sacrifícios a qualquer criatura do Céu, da Terra, dos Infernos, e estabelece que eles sejam reservados ao único Deus que é o único que ama e
que, amado, nos faz felizes! É Ele que, de antemão, delimita os tempos em que esses sacrifícios serão prescritos e anuncia que eles tomarão uma nova e melhor forma nas mãos de um sacerdote mais perfeito, atestando assim que não os desejava, mas que eles eram a figura de melhores realidades: por eles queria, não ser exaltado por tais honras, mas mo­ver-nos a adorá-lo para felicidade nossa e não sua, e unir-nos a Ele inflamados pelo fogo do seu amor.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Luciano, Farsália, VI, 506.

Epístolas de São Paulo – 19

1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

Capítulo 1

PRÓLOGO (1,1-9)

Saudação

1Paulo, chamado por vontade de Deus a ser apóstolo de Cristo Jesus, e Sóstenes, nosso irmão, 2à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos, com todos os que em qualquer lugar invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: 3graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

Acção de graças

4Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus. 5Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do conhecimento. 6Assim, foi confirmado em vós o testemunho de Cristo, 7de modo que não vos falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
8É Ele também que vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. 9Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor.

I. DIVISÕES NA IGREJA (1,10-4,21)

Divisões na Comunidade

10Peço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais todos de acordo e que não haja divisões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento. 11Pois, meus irmãos, fui informado pelos da casa de Cloé, que há discórdias entre vós.
12Refiro-me ao facto de cada um dizer: «Eu sou de Paulo», ou «Eu sou de Apolo», ou «Eu sou de Cefas», ou «Eu sou de Cristo». 13Estará Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Ou fostes baptizados em nome de Paulo?
14Dou graças a Deus por não ter baptizado nenhum de vós, a não ser Crispo e Gaio, 15para que ninguém diga que fostes baptizados em meu nome. 16Baptizei também a família de Estéfanes, mas, além destes, não sei se baptizei mais alguém.

Sabedoria do mundo e loucura da cruz - 17Na verdade, Cristo não me enviou a baptizar, mas a pregar o Evangelho, e sem recorrer à sabedoria da linguagem, para não esvaziar da sua eficácia a cruz de Cristo.
18A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus. 19Pois está escrito:
Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes.
20Onde está o sábio? Onde está o letrado? Onde está o investigador deste mundo? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
21Pois, já que o mundo, por meio da sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem, pela loucura da pregação.
22Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, 23nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. 24Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus.
25Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus, é mais forte que os homens.
26Considerai, pois, irmãos, a vossa vocação: humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres.
27Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte.
28O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa.

29Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus. 30É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e redenção, 31a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

A propósito da ideologia do género

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa

7. Complementaridade do masculino e do feminino

É um facto que algumas visões do masculino e feminino têm servido, ao longo da história, para consolidar divisões de tarefas rígidas e estereotipadas que limitaram a realização da mulher, relegada a um papel doméstico e circunscrita na intervenção social, económica, cultural e política. Mas, na visão bíblica, o domínio do homem sobre a mulher não faz parte do original desígnio divino: é uma consequência do pecado. Esse domínio indica perturbação e perda da estabilidade da igualdade fundamental, entre o homem e a mulher. O que vem em desfavor da mulher, porquanto somente a igualdade, resultante da comum dignidade, pode dar às relações recíprocas o carácter de uma autêntica communio personarum (comunhão de pessoas).

A ideologia do género não se limita a denunciar tais injustiças, mas pretende eliminá-las negando a especificidade feminina. Isso empobrece a mulher, que perde a sua identidade, e enfraquece a sociedade, privada dum contributo precioso e insubstituível, como é a feminilidade e a maternidade. Aliás, a nossa época reconhece – e bem! – a importância da presença equilibrada de homens e mulheres nos vários âmbitos da vida social, designadamente nos centros de decisão económica e política. Mesmo que essa presença não tenha de ser rigidamente paritária, a sociedade só tem a ganhar com o contributo complementar das específicas sensibilidades masculina e feminina.


 (cont)

Doutrina - 243

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A SAGRADA ESCRITURA

24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?

A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» [1]. Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» [2].




[1] Sal 119,105
[2] S. Jerónimo

Tratado da vida de Cristo 152

Questão 52: Da descida de Cristo aos infernos

Art. 4 — Se Cristo se demorou algum tempo no inferno.

O quarto discute-se assim. — Parece que Cristo não se demorou nenhum tempo no inferno.

1. — Pois, Cristo desceu ao inferno para que dele livrasse os homens. Ora, ele fê-lo imediatamente com a sua descida; pois, é fácil a Deus enriquecer de repente o pobre, como diz a Escritura. Logo, parece que não se demorou nenhum tempo no inferno.

2. Demais. — Agostinho diz: Por ordem do Senhor e Salvador, sem nenhuma demora se quebraram todas as portas de ferro. Por isso, da pessoa dos anjos, que acompanhavam a Cristo, diz a Escritura: Levantai, ó príncipes, as vossas portas. Ora, Cristo desceu ao inferno para lhe quebrar as trancas. Logo, Cristo não se demorou nenhum tempo no inferno.

3. Demais. — O Evangelho refere que Cristo, pendente da Cruz, disse ao ladrão: Hoje estarás comigo no Paraíso — e isso mostra que no mesmo dia Cristo esteve no Paraíso. Ora, não pelo corpo, que estava depositado no sepulcro. Logo, pela alma, que descera ao inferno. E, portanto, parece que nenhum tempo se demorou no inferno.

Mas, em contrário, diz Pedro: Ao qual, Deus ressuscitou soltas as dores do inferno, porquanto era impossível que por este fosse ele retido. Logo, parece que até à hora da ressurreição permaneceu no inferno.

Assim como Cristo, para tomar sobre si as nossas penas, quis que o seu corpo fosse depositado no sepulcro, assim também quis que a sua alma descesse ao inferno. Ora, o seu corpo permaneceu no sepulcro por um dia inteiro e duas noites, para comprovar a verdade da sua morte. E por isso devemos crer que outro tanto a sua alma se demorou no inferno; de modo a saírem simultaneamente - a alma, do inferno e o corpo, do sepulcro.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Cristo, tendo descido aos infernos, tirou de lá os santos que nele permaneciam; não para os livrar imediatamente do cárcere infernal, mas para os iluminar, mesmo no inferno, com a luz da glória. E, contudo, era conveniente, que a sua alma permanecesse no inferno por tanto tempo quanto o corpo lhe permaneceu no sepulcro.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Chamam-se trancas do inferno aos obstáculos que impediam os santos Patriarcas de sair dele, pelo reato da culpa dos nossos primeiros Pais. As quais Cristo, descendo aos infernos, as quebrou imediatamente pela virtude da sua paixão e morte. E, contudo, quis permanecer no inferno durante algum tempo, pela razão predita.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Essas palavras do Senhor devem entender-se, não do paraíso terrestre material, mas do paraíso espiritual, onde dizemos que estão todos os que gozam da glória divina. Por isso o ladrão, desceu certamente, localmente com Cristo ao inferno, para estar com Cristo, conforme lhe tinha sido dito - hoje estarás comigo no Paraíso. Mas por prémio esteve no Paraíso porque aí gozava da divindade de Cristo, como dela gozavam os outros Santos.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?