12/04/2017

Fátima: Centenário - Poemas

MÃE DO CRIADOR



Prodígio estranho! O Deus Imenso, Eterno,
que banha a terra e o Céu de etérea luz,
para livrar-nos do dragão do Inferno,
quis fazer-se homem, quis morrer na Cruz!

A Virgem-Mãe, de amor tão puro e terno,
a carne e o sangue dá ao bom Jesus:
traz o Infinito no seu seio materno,
o Sol dos mundos pela mão conduz!

Gerou no tempo essa mulher sublime
O que gerado foi na eternidade…
A criatura é Mãe do Criador!

Com teu poder a todos nos redime
de todo o mal, de toda a iniquidade,
ó Mãe de Deus e Serva do Senhor!

Visconde de Montelo, Paráfrase da Ladainha Lauretana, 1956 [i]



[i] Cónego Manuel Nunes Formigão
1883 - Manuel Nunes Formigão nasce em Tomar, a 1 de Janeiro. 1908 - É ordenado presbítero a 4 de Abril em Roma. 1909 - É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma. 1909 - No Santuário de Lourdes, compromete-se a divulgar a devoção mariana em Portugal. 1917 - Nossa Senhora aceita o seu compromisso e ele entrega-se à causa de Fátima. 1917 / 1919 - Interroga, acompanha e apoia com carinho os Pastorinhos. - Jacinta deixa-lhe uma mensagem de Nossa senhora, ao morrer. 1921 - Escreve o livro: "Os Episódios Maravilhosos de Fátima". 1922 - Integra a comissão do processo canónico de investigação às aparições. 1922 - Colabora e põe de pé o periódico "Voz de Fátima". 1924 - A sua experiência de servita de Nossa Senhora em Lurdes, leva-o a implementar idêntica actividade em Fátima. 1928 - Escreve a obra mais importante: "As Grandes Maravilhas de Fátima". 1928 - Assiste à primeira profissão religiosa da Irmã Lúcia, em Tuy. Ela comunica-lhe a devoção dos primeiros sábados e pede-lhe que a divulgue. 1930 - Escreve "Fátima, o Paraíso na Terra". 1931 - Escreve "A Pérola de Portugal". 1936 - Escreve " Fé e Pátria". 1937 - Funda a revista "Stella". 1940 - Funda o jornal "Mensageiro de Bragança". 1943 - Funda o Almanaque de Nossa Senhora de Fátima. 1954 – Muda-se para Fátima a pedido do bispo de Leiria-Fátima 1956 - Escreve sonetos compilados na "Ladainha Lauretana". 1958 – Morre em Fátima. 06/01/1926 - Funda a congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. 11/04/1949 – A congregação por ele fundada é reconhecida por direito diocesano. 22/08/1949 – Primeiras profissões canónicas das Religiosas. 16/11/2000 - A Conferência Episcopal Portuguesa concede a anuência por unanimidade, para a introdução da causa de beatificação e canonização deste apóstolo de Fátima. 15/09/2001 - Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da congregação - É oficialmente aberto o processo de canonização do padre Formigão. 16/04/2005 – É oficialmente encerrado e lacrado o processso de canonização do padre Formigão.
Fátima, 28 Jan 2017 (Ecclesia) – Decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.
A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração, rua Francisco Marto, 203, com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima.
Na eucaristia inserida neste evento, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima, D. António Marto destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

Nota de AMA:
Este livro de Sonetos foi por sua expressa vontade, depois da sua morte, devidamente autografado, entregue a meu Pai. Guardo o exemplar como autêntica relíquia.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Fátima: Centenário - Oração Jubilar de Consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Fátima: Centenário - História verdadeira

História verdadeira

Com 4/5 anos de idade, o sexto filho de uma família nessa altura com 7 irmãos, mais tarde seriam 10, apareceu com uma doença, na época, pelos anos 1944/45, estranha ou, pelo menos, pouco divulgada: Leucemia.

Não havia, então, grandes meios, nem de diagnóstico e, muito menos de tratamento. As análises semanais eram feitas e enviadas para Alemanha, em Portugal, não havia recursos para tal. Os resultados revelavam sempre o agravamento da doença.

Os Pais, não desistiam de aplicar todos os meios, embora escassos, para lutar pela saúde do seu filho e, sobretudo, todos os dias 13 de cada mês, levavam-no a Fátima onde participava na Missa dos peregrinos e recebia a bênção dos doentes.
O miúdo olhava para a Mãe ao seu lado, vestida de servita e via nos seus olhos doces, fixando a Custódia, um brilho de lágrimas incontidas.

Passados talvez 2 anos e meio, num dia 13 de Maio, mais uma vez ali estiveram.

No dia seguinte mais uma análise, desta vez com colheita de gânglios linfáticos que se avolumavam no pescoço do rapazinho. Uns dias depois, talvez uma semana, vieram os resultados do laboratório alemão: 

Não havia vestígios de Leucemia!

As análises continuaram, cada vez mais espaçadas e, os resultados mantinham-se.
O rapazinho recuperou totalmente a saúde, foi para o colégio e fazia, normalmente, a vida que todos os rapazes da sua idade faziam.

Passados 3 anos, em Fevereiro, nova e terrível doença: 

Meningite no seu estado mais grave!

Não havia ainda medicamentos apropriados (como a Estreptomicina que só apareceria no mercado em Abril desse ano e por um preço astronómico). As punções lombares cada dois dias eram um tormento indescritível e as dores de cabeça eram tais que o Pai do menino pediu ao porteiro do prédio que desse uma moeda a cada tocador de guitarra, acordeão etc., que então abundavam nas ruas de Lisboa, com a recomendação de se afastarem do local.

Não havia possibilidades de o levar a Fátima, tal a prostração e debilidade crescentes, mas, a sua Mãe colocou-lhe debaixo da almofada da sua cama de quase moribundo, um cravo que tinha colhido do andor de Nossa Senhora, em Fátima, depois da “procissão do adeus” num dia 13 também de Maio.

Passadas poucas semanas, voltou para o colégio, são e salvo!

Naquela família existiu – existe – sempre a convicção profunda que Jesus, por intercessão da Sua Santíssima Mãe, tinha, mais uma vez, operado um milagre.

O rapazinho viveu.

Faz, hoje 77 anos!

A Deus nada é impossível… e atende sempre a Sua Santíssima Mãe!



(AMA, 2016.11.12)


Hoy el reto del Amor es poner a los pies del Señor eso que se te está haciendo más duro.

COMIDA PELIGROSA

Los jueves y los sábados nos ponen para comer las sobras del resto de la semana. Ayer, entre varios segundos a elegir, había un pollo guisado que recordaba buenísimo. Y, sin dudarlo más, cogí el cucharón y me serví.

Mientras me servía me iba dando cuenta de que, al recalentarlo, se había desmigajado bastante, pero aún así no dudé en cogerlo. Y, claro, cuando fui a comerlo, empecé a observar que estaba lleno de trocitos de huesos del pollo muy pequeños, minúsculos, y que, de hecho, pasaban completamente desapercibidos.

¡Menos mal que me di cuenta! Así los pude ir separando y y me comí el pollo con toda paz, disfrutando mucho de aquella comida que nos habían puesto.

Cuando estaba separando los huesos de la carne, el Señor me iluminó qué necesario es, en nuestra vida, ir aprendiendo a distinguir dónde está el problema. Sí, descubrir en la oración qué es aquello que nos quita la Paz, o tal situación que te causa dolor, o esa circunstancia que no puedes tragar.

Experimenté que el Señor me insitía: "Nadie se traga un hueso por el hecho de que ya esté en la boca, ¿por qué no hacer lo mismo con tus cosas?" Y es verdad: todo el mundo encuentra razonable y lógico que, cuando nos sucede eso, intentemos distinguirlo y separarlo para extraerlo y no tener que tragarlo, pero, sin embargo, ¿cuántos problemas tragas, queriendo solucionarlos en tus fuerzas? O, ¿cuántas cosas que se te hacen duras las acabas llevando a cabo porque consideras que no hay otra salida?

Y es que sólo Cristo puede enfrentarse a todo eso, a todo lo tuyo. Dios Padre nos envió a Su Hijo porque conocía nuestra total impotencia, y así Cristo se hizo hombre para afrontar aquello que nosotros no podemos ni mirar de lejos. Él hace que todo se esclarezca, que lo que causa dolor se transforme en fuente de Vida. Él te ha salvado para devolverte la Vida y el Amor. Él lo hizo por ti, y quiere que seas feliz, pero necesita que no te lo tragues tú solo, sino que te lo saques de la boca y se lo entregues a Él.

Hoy el reto del Amor es poner a los pies del Señor eso que se te está haciendo más duro. No tienes nada que perder y mucho que ganar, haz la prueba y pídele que se manifieste de nuevo Vivo y real en tu vida.


VIVE DE CRISTO

Doutrina – 267

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?

Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância». [1]







[1] Heb1, 3

Epístolas de São Paulo – 43

2ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

I. DEFESA DO APÓSTOLO (1,12-7,16)

Capítulo 8

II. COLECTA EM FAVOR DE JERUSALÉM (8,1-9,15; ver Act 24,17; Rm 15,25-27; Gl 2,10)

O exemplo das igrejas da Macedónia

1Queremos dar-vos a conhecer, irmãos, a graça que Deus concedeu às igrejas da Macedónia. 2No meio das muitas tribulações com que foram provadas, a sua superabundante alegria e extrema pobreza transbordaram em tesouros de generosidade. 3Sou testemunha de que, segundo as suas possibilidades, e até além delas, com toda a espontaneidade 4e com muita insistência, pediram-nos a graça de participar neste serviço em favor dos santos. 5E indo além das nossas expectativas, deram-se a si mesmos, primeiro ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus. 6Por isso, pedimos a Tito que, tal como a havia começado, levasse a bom termo, entre vós, esta obra de generosidade. 7Mas, dado que tendes tudo em abundância - fé, dom da palavra, ciência, toda a espécie de zelo e amor que em vós despertámos - cuidai também de sobressair nesta obra de caridade. 8Não o digo como quem manda, mas para pôr ainda à prova a sinceridade do vosso amor, servindo-me do zelo dos outros. 9Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza. 10É um conselho que vos dou a este respeito: isto é o que vos convém, já que, desde o ano passado, fostes os primeiros não só a empreender a obra, mas até a projectá-la. 11Agora, portanto, levai-a a bom termo, para que, como fostes prontos no querer, também o sejais no executar, conforme as vossas possibilidades. 12Porque, quando existe boa vontade, ela é bem aceite em atenção ao que se tiver, e não ao que se não tem. 13Não se trata de, ao aliviar os outros, vos fazer entrar em apuros, mas sim de que haja igualdade. 14No momento presente, o que vos sobra a vós supera a indigência dos outros, para que um dia o supérfluo deles compense a vossa indigência. Assim haverá igualdade, 15como está escrito: Quem muito recolheu, não teve de mais  e a quem recolheu pouco, nada faltou.

Os enviados de Paulo

16Graças sejam dadas a Deus que pôs no coração de Tito o mesmo zelo por vós. 17Não só recebeu bem o convite, mas, muito solícito, espontaneamente, partiu para junto de vós. 18Com ele enviámos aquele que é louvado em todas as igrejas, pela pregação do Evangelho, 19e que, além disso, foi escolhido pelas igrejas para nosso companheiro de viagem, nesta obra de generosidade que é administrada por nós, para glória do Senhor e em testemunho da nossa boa vontade. 20Queremos, assim, evitar o risco de que alguém nos censure a respeito desta abundante colecta que é administrada por nós, 21porque nos esforçamos por fazer o bem, não só diante do Senhor mas também diante dos homens. 22Com eles enviámos também o nosso irmão, cujo zelo temos experimentado, de muitos modos e muitas vezes, e que agora se mostra ainda mais solícito, pela grande confiança que deposita em vós. 23Quanto a Tito, é meu companheiro e meu colaborador junto de vós; quanto aos nossos irmãos, são enviados das igrejas, glória de Cristo. 24Dai-lhes, pois, diante da igreja, a prova do vosso amor e justificai, junto deles, o orgulho que sentimos por vós.


Que tal andas de presença de Deus?

Falta-te vida interior, porque não levas à oração as preocupações dos teus e o proselitismo; porque não te esforças por ver claro, por fazer propósitos concretos e por cumpri-los; porque não tens visão sobrenatural no estudo, no trabalho, nas tuas conversas, na tua relação com os outros... – Que tal andas de presença de Deus, consequência e manifestação da tua oração? (Sulco, 447)


Tenho muita pena sempre que sei que um católico – um filho de Deus que, pelo Baptismo, é chamado a ser outro Cristo – tranquiliza a consciência com uma simples piedade formalista, com uma religiosidade que o leva a rezar de vez em quando (só se acha que lhe convém!); a assistir à Santa Missa nos dias de preceito – e nem sequer em todos –, ao passo que se preocupa pontualmente por acalmar o estômago, com refeições a horas fixas; a ceder na fé, a trocá-la por um prato de lentilhas, desde que não renuncie à sua posição... E depois, com descaramento ou com espalhafato, utiliza a etiqueta de cristão para subir. Não! Não nos conformemos com as etiquetas: quero que sejam cristãos de corpo inteiro, íntegros; e, para o conseguirem, têm que procurar decididamente o alimento espiritual adequado.

Vocês sabem por experiência pessoal – e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos – que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente. Terão observado no vosso exame – a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma – que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza. Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz.

(...) Agora insisto em que se deixem ajudar e guiar por um director de almas, a quem confiem todos os entusiasmos santos, os problemas diários que afectarem a vida interior, as derrotas que sofrerem e as vitórias. (Amigos de Deus, nn. 13–15)


Evangelho comentário

Semana Santa


Evangelho: Mt 26, 14-25

14 Então um dos doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes,15 e disse-lhes: «Que me quereis dar e eu vo-l'O entregarei?». Eles prometeram-lhe trinta moedas de prata.16 E desde então buscava oportunidade para O entregar.17 No primeiro dia dos ázimos, aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Onde queres que Te preparemos o que é necessário para comer a Páscoa?».18 Jesus disse-lhes: «Ide à cidade, a casa de um tal, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: O Meu tempo está próximo, quero celebrar a Páscoa em tua casa com os Meus discípulos”».19 Os discípulos fizeram como Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa.20 Ao entardecer, pôs-se Jesus à mesa com os doze.21 Enquanto comiam, disse-lhes: «Em verdade vos digo que um de vós Me há-de trair».22 Eles, muito tristes, cada um começou a dizer: «Porventura sou eu, Senhor?»23 Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse é que Me há-de trair.24 O Filho do Homem vai certamente, como está escrito d'Ele, mas ai daquele homem por quem será entregue o Filho do Homem! Melhor fora a tal homem não ter nascido».25 Judas, o traidor, tomou a palavra e disse: «Porventura, sou eu, Mestre?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste».

Comentário:

Não posso deixar de reagir aos como que sentimentos mistos que sinto quanto à figura de Judas e o seu comportamento.

Se por um lado me invade um sentimento de repulsa e revolta pela traição, por outro, sinto pena deste pobre homem.

Os traidores são sempre pessoas vis que não honram os laços nem de amizade nem de compromissos assumidos e são postergados pela sociedade que decididamente não pode confiar neles seja para o que for.
E a pessoa que não merece confiança acaba sempre numa terrível solidão e num amargo estado de negação de si própria.
E, como no caso de Judas, muitas vezes, não aguentando o peso da sua culpa, são levados a situações extremas.

Sinto pena de Judas! É verdade!

Penso que se ele tivesse tido um momento de arrependimento e procurado O que traíra, o Senhor lhe perdoaria como sempre, o mandaria em paz e teríamos mais um fantástico exemplo da Misericórdia Infinita de Deus face aos Seus Filhos contritos e arrependidos.


(ama, comentário sobre MT 26, 14-25, 2016.04.23)

Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS


Vol. 2

LIVRO X

CAPÍTULO XI

Deveremos acreditar que mesmo os espíritos que se não mantiveram na verdade participaram da beatitude de que sempre gozaram os santos anjos desde o começo da sua existência?

Sendo isto assim, os espíritos a que chamam os anjos de maneira nenhum a começaram por ser durante certo tempo espíritos das trevas, mas, no momento em que foram feitos, foram feitos luz. Não foram criados simplesmente para existir e viver de qualquer maneira, mas foram iluminados para viver na sabedoria e na felicidade. Alguns destes anjos que se desviaram desta iluminação não obtiveram a excelência dessa vida sábia e feliz que, sem sombra de dúvida, só poderia ser eterna com a perfeita garantia da sua eternidade. Mas possuem a vida racional, embora insensata, e de tal forma que não a podem perder mesmo que o quisessem. Mas quem poderá definir com o foram participantes dessa sabedoria antes de terem pecado? Como é que poderem os dizer que nessa participação foram iguais aos que são verdadeira e plenamente felizes precisamente porque não se enganaram acerca da eternidade da sua felicidade? Realmente, se tivessem tido essa igualdade de felicidade, perma- neceriam também na sua eterna posse, igualmente felizes porque igualmente certos. E que, na verdade, a vida, por mais longa que seja, não se poderá cham ar eterna se tiver que ter um fim. Com efeito, a vida tem este nome apenas por se viver e chama-se eterna por não ter fim. Não há dúvida de que o que é eterno não é, só por isso, feliz (também o fogo do castigo se chama eterno). Todavia, a vida perfeita e verdadeiramente feliz só pode ser eterna. De facto, tal não era a dos anjos maus pois que, destinada a cessar, não era eterna, quer eles o soubessem quer o ignorassem e supusessem outra coisa. Porque o temor — se o soubessem — ou oerro — se o ignorassem — impedia-os, com certeza, de serem felizes. E se isto ignoravam de forma que não confiavam nem no falso nem no certo, mas não podiam dar o seu assentimento acerca da eternidade ou temporalidade desse seu bem, a própria hesitação acerca de felicidade tão grande não admitia a plenitude da vida feliz que cremos existir nos santos anjos. Não é que nós restrinjamos o significado de vida feliz ao ponto de dizermos que só Deus é feliz; Ele é, de certo, verdadeiramente feliz ao ponto de ser impossível conceber felicidade maior. E em comparação desta felicidade, a dos anjos tem toda a elevação e toda a grandeza que lhes convém, mas — em que consiste ela (quid est) e qual é a sua medida (quantum est)?

CAPÍTULO XII

Comparação entre a felicidade dos justos que ainda não obtiveram a recompensa prometida por Deus e a dos primeiros homens no Paraíso antes do pecado.

Julgamos que os anjos não são as únicas criaturas racionais e intelectuais que devem ser tidas por felizes. Quem é que, de facto, ousaria negar que os primeiros homens no Paraíso tenham sido felizes antes do pecado, embora estivessem incertos da duração da sua felicidade ou da sua eternidade? Não é sem motivo que nós hoje chamamos felizes àqueles que vemos viverem na justiça e na piedade com a esperança da imortalidade, sem qualquer crime a roer-lhes a consciência, obtendo facilmente a misericórdia divina para os seus pecados de fragilidade presente. Embora estejam seguros de que serão recom- pensados da sua perseverança, estão, porém, inseguros da própria perseverança. Que homem é que, efectivamente, sabe se perseverá até ao fim na prática e no progresso da justiça, a não ser que obtenha a garantia por uma revelação d ’Aquele que, sem enganar ninguém, não revela a todos, acerca deste ponto, o seu justo e secreto juízo? Também a respeito do gozo de um bem presente, o primeiro homem era mais feliz no Paraíso do que qualquer justo na debilidade desta vida mortal. Mas quanto à esperança de um bem futuro, qualquer homem, seja ele quem for, por muitos sofrimentos corporais que tenha de suportar, se sabe, não como provável, mas como verdade certa, que gozará sem fim, ao abrigo de toda a prova, da sociedade dos anjos na íntima união com Deus Soberano, — qualquer homem é mais feliz do que o primeiro homem inseguro da sua sorte na grande felicidade do Paraíso.


CAPÍTULO XIII

Todos os anjos foram criados no mesmo estado de felicidade, de forma que os que viriam a cair não podiam saber se viriam a cair, nem, depois da ruína dos que caíram, os que se mantiveram firmes tiveram conhecimento certo da sua perseverança.

Qualquer pessoa se apercebe facilmente de que a felicidade, objecto dos legítimos desejos da natureza inteligente, com porta conjuntamente duas coisas:

— o gozo sem perturbação do bem imutável que é Deus,
— a segurança sem qualquer dúvida ou erro acerca da perseverança para sempre nesse gozo.

Que a tiveram os anjos de luz, cremo-lo com fé piedosa; que os anjos pecadores, privados daquela luz pela sua maldade, não tiveram essa segurança antes de caírem, concluímo-lo por lógico raciocínio. Não há dúvida de que temos que admitir que, se viveram antes do pecado, gozaram, com certeza, de alguma felicidade, embora dela não tivessem conhecimento prévio.

Pode parecer duro crer que, na criação dos anjos, uns foram feitos sem terem conhecimento prévio da sua perseverança ou da sua queda, e outros tenham conhecido com toda a verdade a eternidade da sua felicidade, mas
que todos foram criados desde a origem igualmente felizes e assim se mantiveram até ao momento em que os anjos, hoje maus, voluntariamente se afastaram dessa luz, fonte de bondade, — mas seria, sem dúvida, muito mais duro pensar que os santos anjos se mantêm agora incertos da sua beatitude eterna, ignorando acerca de si próprios o que nós podemos saber deles pelas Sagradas Escrituras. Que cristão católico, na verdade, ignora que mais nenhum
novo demónio sairá doravante do número dos anjos bons, assim com o à sociedade dos anjos bons jamais voltará qualquer demónio? Realmente, no Evangelho a Verdade promete aos santos e aos fiéis que serão iguais aos anjos de Deus e promete ainda que entrarão na vida eterna. Ora, se nós estamos certos de que jamais decairemos dessa imortal felicidade, ao passo que eles não têm essa certeza, nós não lhes somos iguais, mas superiores. Mas, como a Verdade nunca engana e nos diz que seremos sempre iguais, seguramente, também eles estão certos da sua eterna felicidade.

Desta não estiveram seguros os outros (pois não tinham a certeza de que era eterna a sua felicidade; a sua felicidade tinha que ter fim); por isso, só se pode concluir que — ou não foram iguais ou, se iguais foram, depois da queda dos maus sobreveio aos bons uma ciência certa da sua eterna felicidade.

A não ser, talvez, que alguém sustente que o que o
Senhor diz do Diabo no Evangelho:

Era homicida desde o começo e não se manteve na
verdade ,
[i]

deve ser entendido no sentido de que foi homicida não só desde o princípio, isto é, desde o princípio do género hum ano, desde que foi criado o homem a quem podia matar com o engano, — mas também no sentido de que desde o princípio da sua criação não esteve na verdade e por isso nunca foi feliz com os santos anjos, recusando-se a ser súbdito do Criador, pondo a sua alegria em se orgulhar do seu pretenso poder pessoal, tomando-se depois falso e enganador. Porque ninguém escapa ao poder do Omnipotente: aquele que recusou manter-se, por uma piedosa submissão, no que era na realidade, aspira, por uma orgulhosa elevação, a simular o que não é. E é também no mesmo sentido que é preciso entender o que diz o apóstolo S. João:

O Diabo peca desde o começo,[ii]

quer dizer, ele rejeitou desde a sua criação a justiça que só uma vontade piedosa e submissa a Deus pode conservar. Quem adopta esta interpretação não pensa como certos herejes, isto é, maniqueus e outras pestes da mesma opinião, segundo os quais o Diabo teria recebido, um tanto como própria, a natureza do mal de um princípio oposto ao bem. Esses deliram com tanta vaidade que, embora admitindo connosco a autoridade das palavras evangélicas, não reparam que o Senhor não disse «o Diabo é alheio à verdade», mas

não se manteve na verdade,[iii]

querendo assim dar a entender que decaiu da verdade; e, com certeza, se nela se tivesse mantido, dela participaria ainda para continuar feliz com os santos anjos.



(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Jo VIII, 44,
[ii] Jo III, 8.
[iii] Jo III, 44.

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)





Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?