27/07/2017

Tens de ir ao passo de Deus; não ao teu

Dizes-me que sim, que estás firmemente decidido a seguir Cristo. – Então tens de ir ao passo de Deus; não ao teu! (Forja, 531)


– Qual é o fundamento da nossa fidelidade?

– Dir-te-ia, a traços largos, que se baseia no amor de Deus, que faz vencer todos os obstáculos: o egoísmo, a soberba, o cansaço, a impaciência...

Um homem que ama calca-se a si próprio; sabe que, até amando com toda a sua alma, ainda não sabe amar bastante. (Forja, 532)


Na vida interior, como no amor humano, é preciso ser perseverante.

Sim, hás-de meditar muitas vezes os mesmos assuntos, insistindo até descobrir um novo aspecto.

– E como é que não tinha visto isto antes, assim tão claramente? – perguntar-te-ás surpreendido. – Simplesmente, porque às vezes somos como as pedras, que deixam resvalar a água, sem absorver nem uma gota.

Por isso é necessário voltar a discorrer sobre o mesmo, que não é o mesmo!, para nos embebermos das bênçãos de Deus. (Forja, 540)



Deus não se deixa ganhar em generosidade e – podes ter a certeza! – concede a fidelidade a quem se lhe rende. (Forja, 623)

Publicações em 27 Julho

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mt 13, 10-17

10 Aproximando-se de Jesus, os discípulos disseram-lhe: «Porque lhes falas em parábolas?» 11 Respondendo, disse-lhes: «A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado. 12 Pois, àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. 13 É por isso que lhes falo em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender. 14 Cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis; e, vendo, vereis, mas não percebereis. 15 Porque o coração deste povo tornou-se duro, e duros também os seus ouvidos; fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e converter-se, para Eu os curar. 16 Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»

Comentário:

Algo controverso – pode parecer – este discurso de Jesus, mas, atentando bem percebemos o que nos quer dizer.

A conversão é algo pessoal e determinado pela vontade de aderir à Cristo.

Não pode ser com o fito de obter um benefício qualquer – como uma cura, por exemplo – porque seria uma falsa conversão.

É preciso ouvir e entender e, entendendo, decidir de acordo.

É preciso ver e perceber o que se vê, e, então, converter-se à evidência.

Só esta fé concreta, justa, simples, categórica tem valor aos olhos do Senhor e só esta Fé será aceite por Ele.

(AMA, comentário sobre Mt 3, 10-17, 20.03.2017)








Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?






Fátima: Centenário - Vida de Maria - 38


Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


O nascimento de Jesus



A VOZ DOS PADRES

«O que significa que, quando o Senhor nascer se faça o censo do mundo, senão que aparecia na carne Aquele que havia de realizar o censo dos Seus eleitos para a eternidade? Em vez disso, dos réprobos se afirma pelo profeta: sejam riscados do livro dos vivos e não se inscrevam os seus nomes entre os justos [i].
Também era conveniente que nascesse em Belém, porque Belém significa "casa do pão"; e precisamente é Ele próprio quem diz: Eu sou o pão vivo que desceu do Céu [ii]. Portanto, o lugar onde nasce o Senhor já antes tinha sido chamado casa do pão, porque, efectivamente, havia de verificar-se que quem saciaria interiormente as almas apareceria ali na substância da carne.

E não nasce na casa dos Seus pais, mas no caminho, para mostrar que na realidade nascia como que emprestado na Sua humanidade que tinha tomado. De emprestado, digo, ou no alheio, não me referindo à Sua potestade, mas à natureza; porque da Sua potestade está escrito: veio para o que era Seu [iii]; e pelo que se refere à Sua natureza, na Sua nasceu antes dos tempos, na nossa veio no tempo. Portanto, o que, permanecendo eterno, se mostrou no tempo, é alheio a onde desceu.

E como pelo profeta se diz: toda a criatura é como a erva [iv], ao fazer-Se homem converteu a nossa erva em grão, o que diz de Si mesmo: se o grão de trigo, depois de lançado à terra, não morre, fica infecundo [v]. Por isso, ao nascer é deitado numa manjedoura, para alimentar com o trigo da Sua carne todos os fiéis, ou seja, os santos animais, de modo que não permaneçam em jejum do sustento da sabedoria eterna».

São Gregório Magno (século VI). Homilia 8 sobre os Evangelhos.




[i] Sal 68/69, 29
[ii] Jo 6, 51
[iii] Jo 1, 11
[iv] Is 40, 6
[v] Jo 12, 24