23/03/2018

Semeadores de paz e de alegria

Ris-te porque te digo que tens "vocação matrimonial"? – Pois é verdade: assim mesmo, vocação. Pede a São Rafael que te conduza castamente ao termo do caminho, como a Tobias. (Caminho, 27)


É muito importante que o sentido vocacional do matrimónio nunca falte, tanto na catequese e na pregação como na consciência daqueles a quem Deus quer levar por esse caminho, porque estão real e verdadeiramente chamados a integrar-se nos desígnios divinos da salvação de todos os homens.


Por isso, talvez não possa apresentar-se aos esposos cristãos melhor modelo que o das famílias dos tempos apostólicos: o centurião Cornélio, que foi dócil à vontade de Deus e em cuja casa se consumou a abertura da Igreja aos gentios; Áquila e Priscila, que difundiram o cristianismo em Corinto e em Éfeso, e que colaboraram no apostolado de S. Paulo; Tabita, que com a sua caridade assistiu aos necessitados de Jope... E tantos outros lares de judeus e de gentios, de gregos e de romanos, nos quais lançou raízes a pregação dos primeiros discípulos do Senhor.



Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30)

Temas para meditar e reflectir

Morte



Oh Morte que dá a vida aos mortos! 

Que coisa mais pura que este Sangue? 

Que ferida mais saudável que esta?



(SANTO AGOSTINHO, Tratado sobre o Evangelho de S. João, 120, 2)





Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Jo 10, 31-42

31 Então, os judeus voltaram a pegar em pedras para o apedreja-rem. 32 Jesus replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da par-te do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» 33 Respon-deram-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.» 34 Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 35 Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus - e a Escritura não se pode pôr em dúvida – 36 a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: ‘Tu blasfemas’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’? 37 Se não  faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; 38 mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.» 39 Por isso procuravam de no-vo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos. 40 Depois, Jesus voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar on-de ao princípio João tinha estado a baptizar, e ali se demorou. 41 Muitos vieram ter com Ele e comentavam: «Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste ho-mem era verdade.» 42 E muitos ali creram nele.

Comentário:


Temos sempre muita dificuldade em compreender - e portanto, aceitar - a posição dos chefes de Israel a respeito de Jesus.
Mas não nos compete tal tarefa nem temos que assumir-nos como "juízes", basta seguir o exemplo do Próprio Senhor que, embora contestando e respondendo, aproveitou sempre o ensejo para dou-trinar, ensinar, dizendo a verdade.
Sigamos, nós os cristãos, o exemplo de Cristo e, em lugar de criti-car, peçamos antes por todos aqueles que não sabem - ou não que-rem - ver onde reside a verdade, onde está o que vale a pena acre-ditar.

(AMA, comentário sobre Jo 10, 31-42, 06.04.2017)

Leitura espiritual

TEMA 41. Pai Nosso, que estais nos céus

Com o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai. É a oração filial por excelência.
  
1. Jesus ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai

Com o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai: «Orar ao Pai é entrar no seu mistério, tal como Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou: «A expressão Deus Pai nunca tinha sido revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem era, ouviu um nome diferente. A nós este nome foi revelado no Filho, porque este nome (de Filho) implica o nome de Pai (Tertuliano, De oratione, 3)» (Catecismo, 2779). Ao ensinar o Pai Nosso, Jesus descobre também aos seus discípulos que eles foram tornados participantes da sua condição de Filho: «Mediante a Revelação desta oração, os discípulos descobrem uma especial participação deles próprios na filiação divina, da qual São João dirá no Prólogo do seu Evangelho: “A quantos O receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12). Por isso, rezam, com razão, de acordo com o seu ensinamento: Pai Nosso»[1]. Jesus Cristo distingue sempre entre «meu Pai» e «vosso Pai» (cf. Jo 20, 17). De facto, quando Ele reza nunca diz «Pai Nosso». Isto mostra que a sua relação com Deus é totalmente singular, é uma relação sua e de mais ninguém. Com a oração do Pai-nosso, Jesus quer que os seus discípulos consciencializem a sua condição de filhos de Deus, indicando ao mesmo tempo a diferença que há entre a sua filiação natural e a nossa filiação divina adoptiva, recebida como dom gratuito de Deus. A oração do cristão é a oração de um filho de Deus que se dirige ao seu Pai Deus com confiança filial, a qual se exprime nas «liturgias do Oriente e do Ocidente, pela bela expressão tipicamente cristã: “parrêsia”, simplicidade sem desvio, confiança filial, segurança alegre, ousadia humilde, certeza de ser amado (cf. Ef 3, 12; Heb 3, 6; 4, 16; 10, 19; 1 Jo 2, 28; 3, 21; 5, 14)» (Catecismo, 2778). O vocábulo “parrêsia” indica originalmente o privilégio da liberdade da palavra do cidadão grego nas assembleias populares e foi adoptado pelos Padres da Igreja para expressar o comportamento filial do cristão diante do seu Pai Deus.
2. Filiação divina e fraternidade cristã

Ao chamar a Deus Pai Nosso, reconhecemos que a filiação divina nos une a Cristo, «primogénito entre muitos irmãos» (e 8, 29), por meio de uma verdadeira fraternidade sobrenatural. A Igreja é esta nova comunhão de Deus com os homens (cf. Catecismo, 2790). Por isso, a santidade cristã, embora sendo pessoal e individual, nunca é individualista ou egocêntrica: «Se rezamos em verdade o “Pai-nosso”, saímos do individualismo, pois o Amor que nós acolhemos dele nos liberta. O “nosso” do princípio da oração do Senhor, tal como o “nos” das quatro últimas petições, não é exclusivo de ninguém. Para que seja dito em verdade (cf. Mt 5, 23-24; 6, 14-16), as nossas divisões e oposições têm de ser superadas» (Catecismo, 2792). A fraternidade que estabelece a filiação divina estende-se também a todos os homens, porque de certo modo todos são filhos de Deus – criaturas suas – e estão chamados à santidade: «Não terra há apenas uma raça: a raça dos filhos de Deus»[2]. Por isso, o cristão há-de sentir-se solidário na tarefa de conduzir toda a humanidade para Deus. A filiação divina impulsiona-nos para o apostolado, que é uma manifestação necessária de filiação e de fraternidade: «Tens de pensar nos outros – antes de mais, nos que estão ao teu lado – vendo neles o que na verdade são: filhos de Deus, com toda a dignidade que esse título maravilhoso lhes confere. Com os filhos de Deus, temos de comportar-nos como filhos de Deus: o nosso amor há-de ser abnegado, diário, tecido de mil e um pormenores de compreensão, de sacrifício calado, de entrega silenciosa»[3].
3. O sentido da filiação divina como fundamento da vida espiritual

Quando se vive com intensidade a filiação divina, esta chega a ser «uma atitude profunda da alma, que acaba por informar toda a existência: está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos os afectos»[4]. É uma realidade para ser vivida sempre, não só em circunstâncias particulares da vida: «Não podemos ser filhos de Deus só de vez em quando, ainda que haja alguns momentos especialmente dedicados a considera-lo, a compenetrarmo-nos desse sentido da nossa filiação divina, que é a essência da piedade»[5]. São Josemaria ensina que o sentido ou a consciência vivida da filiação divina «é o fundamento do espírito do Opus Dei. Todos os homens são filhos de Deus, mas um filho pode reagir de muitos modos diante do seu pai. Temos de esforçar-nos por ser filhos que procuram lembrar-se de que o Senhor, querendo-nos como filhos, fez com que vivamos em sua casa no meio deste mundo; que sejamos da sua família; que o que é seu seja nosso e o nosso seu; que tenhamos com Ele a mesma familiaridade e confiança com que um menino é capaz de pedir a própria Lua!»[6]. A alegria cristã tem as suas raízes no sentido da filiação divina: «A alegria é consequência necessária da filiação divina, de nos sabermos queridos com predilecção pelo nosso Pai Deus, que nos acolhe, nos ajuda e nos perdoa»[7]. Na pregação de São Josemaria reflecte-se muito frequentemente que a sua alegria brotava da consideração desta realidade: «Por motivos que não vem a propósito referir – mas que são bem conhecidos de Jesus, que aqui temos a presidir no Sacrário – a vida tem-me levado a sentir-me de um modo muito especial filho de Deus. Tenho saboreado a alegria de me meter no coração de meu Pai, para rectificar, para me purificar, para o servir, para compreender e desculpar a todos, tendo como base o seu amor e a minha humilhação (…). Ao longo dos anos, tenho procurado apoiar-me sem desfalecimento nesta feliz realidade»[8]. Uma das questões mais delicadas que o homem encontra quando medita sobre a filiação divina é o problema do mal. Muitos não conseguem perceber a experiência do mal no mundo face à certeza de fé da infinita bondade divina. No entanto, os santos ensinam que tudo o que acontece na vida humana há-de ser considerado como um bem, porque compreenderam profundamente a relação entre a filiação divina e a Santa Cruz. É o que expressam, por exemplo, umas palavras de São Tomás Moro à sua filha mais velha, quando estava encarcerado na Torre de Londres: «Minha filha queridíssima, nunca se perturbe a tua alma por qualquer coisa que me possa suceder neste mundo. Nada pode acontecer senão aquilo que Deus quer. E eu estou muito seguro de que, seja o que for por muito mau que pareça, será verdadeiramente o melhor»[9]. E o mesmo ensina São Josemaria em relação a situações menos dramáticas, mas nas quais uma alma cristã pode sofrer e desconcertar-se: «Penas? Contradições por aquele acontecimento ou outro qualquer? … Não vês que é o teu Pai-Deus que o quer…, e Ele é bom…, e Ele ama-te – a ti só! – mais que todas as mães do mundo juntas podem amar os seus filhos?»[10]. Para São Josemaria, a filiação divina não é uma realidade adocicada, alheia ao sofrimento e à dor. Pelo contrário, afirma que esta realidade está intrinsecamente ligada à Cruz, presente de modo inevitável em todos os que queiram seguir Cristo de perto: «Jesus ora no horto: Pater mi (Mt XXVI, 39), Abba, Pater (Mc XIV, 36)! Deus é meu Pai, ainda que me envie sofrimento. Ama-me com ternura, mesmo quando me bate. Jesus sofre, para cumprir a Vontade do Pai... E eu, que também quero cumprir a Santíssima Vontade de Deus, seguindo os passos do Mestre, poderei queixar-me, se encontro por companheiro de caminho o sofrimento? Constituirá um sinal certo da minha filiação, porque me trata como ao Seu Divino Filho. E, então, como Ele, poderei gemer e chorar sozinho no meu Getsemani; mas, prostrado por terra, reconhecendo O meu nada, subirá ao Senhor um grito saído do íntimo da minha alma: Pater mi, Abba, Pater, ... fiat!»[11]. Outra consequência importante do sentido da filiação divina é o abandono filial nas mãos de Deus, que não se deve tanto à luta ascética pessoal – ainda que a pressuponha – mas ao deixar-se levar por Deus, e, por isso, se fale de abandono. Trata-se de um abandono activo, livre e consciente por parte do filho. Esta atitude deu origem a um modo concreto de viver a filiação divina – que não é o único, nem é caminho obrigatório para todos – chamado «infância espiritual»; consiste em reconhecer-se não só filho, mas filho pequeno, menino muito necessitado diante de Deus. Assim o exprimia São Francisco de Sales: «Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus (Mt 18, 3). Enquanto a criança é pequenina, conserva-se com grande simplicidade; conhece apenas a sua mãe; tem um só amor, a sua mãe; uma única aspiração, o regaço da sua mãe; não deseja outra coisa senão recostar-se em tão amável descanso. A alma perfeitamente simples só tem um amor, Deus; e neste único amor, uma só aspiração, repousar no peito do Pai celestial, e estabelecer aí o seu descanso, como filho amoroso, deixando completamente todos os cuidados para Ele, não olhando para outra coisa senão em manter-se nesta santa confiança»[12]. Por seu lado, São Josemaria aconselhava também a percorrer o caminho da infância espiritual: «Sendo crianças não tereis penas: os miúdos esquecem rapidamente os desgostos para voltar aos seus divertimentos habituais. – Por isso, com o “abandono”, não tereis de vos preocupar, pois descansareis no Pai»[13].
4. As sete petições do Pai Nosso

Na oração do Senhor, à invocação inicial: «Pai Nosso, que estais nos céus», seguem-se sete petições. «As três primeiras petições têm por objecto a Glória do Pai: a santificação do Nome, a vinda do Reino e o cumprimento da divina vontade. As outras quatro petições apresentam-Lhe os nossos desejos: pedidos concernentes à nossa vida para a alimentar ou para a curar do pecado, ou relativos ao nosso combate para a vitória do Bem sobre o Mal» (Catecismo, 2857). O Pai Nosso é o modelo de toda a oração, como ensina São Tomás de Aquino: «A oração dominical é a mais perfeita das Orações... Nela, não só pedimos tudo o que podemos desejar com rectidão mas, além disso, segundo a ordem em que convém desejá-lo; de modo que esta oração não só nos ensina a pedir, mas também forma toda a nossa afectividade»[14]. Primeira petição: Santificado seja o vosso nome A santidade de Deus não pode ser acrescentada por nenhuma criatura. Por isso «a palavra “santificar” deve ser entendida aqui (…), não no seu sentido causativo (só Deus santifica, torna santo), mas sobretudo num sentido estimativo: reconhecer como santo, tratar de um modo santo (…). Desde a primeira petição ao nosso Pai, mergulhamos no mistério íntimo da sua divindade e no drama da salvação da nossa humanidade. Pedir-Lhe que o seu nome seja santificado é envolvermo-nos “no desígnio benevolente que Ele, de antemão, formou a nosso respeito” para que sejamos “santos e imaculados diante d’Ele, no amor” (cf. Ef 1, 9.4)» (Catecismo, 2807). Assim, a exigência da primeira petição é que a santidade divina resplandeça e se acrescente nas nossas vidas: «Quem poderia santificar Deus dado que é Ele que santifica? Inspirando-nos nestas palavras “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 20, 26), pedimos que, santificados pelo baptismo, perseveremos no que começámos a ser. E pedimo-lo todos os dias porque diariamente cometemos faltas e devemos purificar os nossos pecados por uma santificação incessante... Recorremos, portanto, à oração para que esta santidade permaneça em nós»[15].
Segunda petição: Venha a nós o vosso reino A segunda petição expressa a esperança de que chegue um tempo novo em que Deus seja reconhecido por todos como Rei que colmará de benefícios os seus súbditos: «Esta petição é o “Marana Tha”, o clamor do Espírito e da Esposa: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22, 20) (…). Na oração do Senhor trata-se principalmente da vinda final do Reino de Deus pelo regresso de Cristo (cf. Tt 2, 13)» (Catecismo, 2817-2818). Por outro lado, o Reino de Deus foi iniciado neste mundo com a primeira vinda de Cristo e o envio do Espírito Santo: «”O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17). Os últimos tempos em que nos encontramos são os da efusão do Espírito Santo. Trava-se desde então um combate decisivo entre “a carne” e o Espírito (cf. Gl 5, 16-25): “Só um coração puro pode dizer com segurança: ‘Venha a nós o vosso Reino!‘. É necessário ter passado pela escola de Paulo para dizer: ‘Que o pecado deixe de reinar no nosso corpo mortal’ (Rm 6, 12). Quem se conserva puro nas suas acções, pensamentos e palavras, é que pode dizer a Deus: ‘Venha a nós o vosso Reino!’” (São Cirilo de Jerusalém, Catecheses mystagogicæ, 5, 13)» (Catecismo, 2819). Ou seja, na segunda petição manifestamos o desejo de que Deus reine actualmente em nós pela graça, de que o seu Reino na terra se estenda cada dia mais e de que no fim dos tempos Ele reine plenamente sobre todos no Céu. Terceira petição: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu A vontade de Deus é que «todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 3-4). Jesus ensina-nos que se entra no Reino dos Céus, não mediante palavras, mas «fazendo a vontade do meu Pai que está nos céus» (Mt 7, 21). Por isso, aqui «pedimos ao nosso Pai que una a nossa à vontade do seu Filho para que se cumpra a sua vontade d’Ele, o seu plano de salvação para a vida do mundo. Somos radicalmente impotentes para tal, mas unidos a Jesus e com o poder do seu Espírito Santo, podemos entragar-Lhe a nossa vontade e decidir escolher o que o seu Filho sempre escolheu: fazer o que é do agrado do Pai (cf. Jo 8, 29)» (Catecismo, 2825). Como afirma um Padre da Igreja, quando rogamos no Pai-nosso faça-se a vossa vontade assim na terra como no Céu, não o pedimos «no sentido de que Deus faça o que quiser, mas de que sejamos capazes de fazer o que Deus quer»[16]. Por outro lado, a expressão na terra como no Céu manifesta que nesta petição desejamos que, como se cumpriu a vontade de Deus nos anjos e nos bemaventurados do Céu, se cumpra também nos que ainda permanecem na terra. Quarta petição: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Esta petição exprime o abandono filial dos filhos de Deus, pois «o Pai que nos dá a vida não pode deixar de nos dar o alimento necessário para a vida, e todos os bens “convenientes”, materiais e espirituais» (Catecismo, 2830). O sentido cristão desta quarta petição «tem a ver com o Pão da Vida: a Palavra de Deus que deve ser acolhida na fé, e o Corpo de Cristo, recebido na Eucaristia (cf. Jo 6, 26-58)» (Catecismo, 2835). A expressão de cada dia, «tomada num sentido temporal, é uma repetição pedagógica do “hoje” (cf. Ex 16, 19-21) para nos confirmar numa confiança “sem reservas”. Tomada no sentido qualitativo, significa o necessário para a vida e, de um modo mais abrangente, todo o bem suficiente para a subsistência (cf. 1 Tm 6, 8)» (Catecismo, 2837). Quinta petição: Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido Nesta nova petição começamos por reconhecer a nossa condição de pecadores: «voltamos para Ele, como o filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32), e reconhecemo-nos pecadores na sua presença, como o publicano (cf. Lc 18, 13). A nossa petição começa por uma “confissão” na qual, ao mesmo tempo, confessamos a nossa miséria e a sua Misericórdia» (Catecismo, 2839). Mas esta petição não será escutada se não respondemos previamente a uma exigência: perdoarmos aos que nos ofendem. E a razão é a seguinte: «Esta onda de misericórdia não pode penetrar nos nossos corações enquanto não tivermos perdoado àqueles que nos ofenderam. O amor, como o Corpo de Cristo, é indivisível: nós não podemos amar a Deus, a quem não vemos, se não amarmos o irmão e a irmã, que vemos (cf. 1 Jo 4, 20). Recusando perdoar aos nossos irmãos ou irmãs, o nosso coração fecha-se, a sua dureza torna-o impermeável ao amor misericordioso do Pai» (Catecismo, 2840). Sexta petição: Não nos deixeis cair em tentação Esta petição está relacionada com a anterior, porque o pecado é consequência do consentimento livre à tentação. Por isso, agora «pedimos ao nosso Pai que não nos “deixe cair” na tentação (…). O que Lhe pedimos é que não nos deixe seguir pelo caminho que conduz ao pecado. Nós andamos empenhados no combate “entre a carne e o Espírito”. Esta petição implora o Espírito de discernimento e de fortaleza» (Catecismo, 2846). Deus dá-nos sempre a sua graça para vencer as tentações: «Deus que é fiel, não permitirá que sejais tentados além do que podem as vossas forças. Em caso de tentação, dar-vos-á os meios de lhe resistir» (1 Cor 10, 13), mas para vencer sempre as tentações é necessário rezar: «Ora um tal combate e uma tal vitória só são possíveis pela oração. Foi pela oração que Jesus venceu o Tentador desde o princípio (cf. Mt 4, 11) e no último combate da sua agonia (cf. Mt 26, 36-44). Foi ao seu combate e à sua agonia que Cristo nos uniu nesta petição ao nosso Pai. (…). Esta petição adquire todo o seu sentido dramático, quando relacionada com a tentação final do nosso combate na terra: ela pede a perseverança final. “Olhai que vou chegar como um ladrão: feliz de quem estiver vigilante” (Ap 16, 15)» (Catecismo, 2849). Sétima petição: livrai-nos do mal A última petição está contida na oração sacerdotal de Jesus ao Pai: «Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Mal» (Jo 17, 15). Com efeito, nesta petição, «o Mal não é uma abstracção, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O “Diabo”[“dia-bolos”] é aquele que “se atravessa” no desígnio de Deus e da “sua obra” de salvação realizada em Cristo» (Catecismo, 2851). Além disso, «ao pedirmos para ser libertados do Maligno, pedimos igualmente para sermos livres de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador» (Catecismo, 2854), especialmente do pecado, o único verdadeiro mal[17], e da sua pena, que é a condenação eterna. Os outros males e tribulações podem converter-se em bens, se os aceitamos e os unimos aos padecimentos de Cristo na Cruz.

MANUEL BELDA
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 2759-2865. - Bento XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp. 173219 (capítulo dedicado à oração do Senhor).
Leituras recomendadas
- São Josemaria, Homilias “A Intimidade com Deus” e “Rumo à santidade”, em Amigos de Deus, 142-153 e 294-316. - J. Burggraf, El sentido de la filiación divina, en A.A.V.V., Santidad y mundo, Pamplona 1996, pp. 109-127. - F. Fernández-Carvajal y P. Beteta, Hijos de Dios. La filiación divina que vivió y predicó el beato Josemaria Escrivá, Madrid 1995. - F. Ocáriz, A filiação divina na vida e nos ensinamentos do Beato Josemaria Escrivá, em Viver como filhos de Deus, Rei dos Livros, Lisboa 2000, pp. 17-105. - B. Perquin, Abba, Padre: para alabanza de tu gloria, Madrid 1999. - J. Sesé, La conciencia de la filiación divina, fuente de vida espiritual, em J. L. Illanes (dir.), El Dios y Padre de Nuestro Señor Jesucristo, XX Simpósio Internacional de Teologia da Universidade de Navarra, Pamplona 2000, pp. 495-517. - J. Stöhr, La vida del cristiano según el espíritu de filiación divina, em «Scripta Theologica» 24 (1992/3) 872-893.

Notas

[1] S. João Paulo II, Alocução, 1-VII-1987, 3. [2]São Josemaria, Cristo que Passa, 13. [3]Ibidem, 36. [4]São Josemaria, Amigos de Deus, 146. [5]São Josemaria, Temas Actuais do Cristianismo, 102. [6]São Josemaria, Cristo que Passa, 64. [7]São Josemaria, Forja, 332. [8]São Josemaria, Amigos de Deus, 143. [9]São Tomás Moro, Um homem só. Cartas da Torre, n. 7 (Carta de Margaret a Alice, Agosto de 1534, relatando uma longa entrevista com o pai na prisão), Madrid 1988, p. 65. [10]São Josemaria, Forja, 929. [11]São Josemaria, Via Sacra, I Estação, Ponto de meditação, n. 1. [12]São Francisco de Sales, Conversaciones espirituales, n. 16, 7, em Obras Selectas de San Francisco de Sales, vol. I, p. 724. [13]São Josemaria, Caminho, 864. [14]São Tomás de Aquino, Summa Theologiæ, II-II, 83, 9. [15]São Cipriano, De Dominica Oratione, 12. [16]Ibidem, 14. [17]Cf. São Josemaria, Caminho, 386.

Leitura espiritual

TEMA 38. O oitavo mandamento do Decálogo

Com a graça de Cristo, o cristão pode fazer que a sua vida seja dirigida pela verdade. «O oitavo mandamento proíbe falsificar a verdade nas relações com outrem. Esta prescrição moral decorre da vocação do povo santo para ser testemunha do seu Deus, que é e que quer a verdade. As ofensas à verdade exprimem, por palavras ou por actos, a recusa em empenhar-se na rectidão moral» (Catecismo, 2464).

1. Viver a verdade

«Em virtude da sua dignidade, todos os homens, porque pessoas,[...] são impelidos pela sua própria natureza e obrigados por exigência moral a procurar a verdade, em primeiro lugar aquela que diz respeito à religião. São obrigados também a aderir à verdade desde que a conheçam e a regular toda a sua vida segundo as exigências da verdade»[1]. A inclinação do homem por conhecer a verdade e manifestá-la por palavras e obras tem-se retorcido por causa do pecado, que feriu a natureza com a ignorância do intelecto e a malícia da vontade. Como consequência do pecado, diminuiu o amor à verdade e os homens enganam-se uns aos outros, muitas vezes por egoísmo e pelo próprio interesse. Com a graça de Cristo, o cristão pode fazer que a sua vida seja orientada pela verdade. A virtude que inclina a dizer sempre a verdade chama-se veracidade, sinceridade ou franqueza (cf. Catecismo, 2468). Três aspectos fundamentais desta virtude: - sinceridade consigo mesmo: é reconhecer a verdade sobre a sua conduta externa e interna: intenções, pensamentos, afectos, etc.; sem medo de esgotar a verdade, sem fechar os olhos à realidade[2]; - sinceridade com os outros: a convivência humana seria impossível se os homens não tivessem reciprocamente confiança, quer dizer, se não dissessem a verdade uns aos outros ou não se comportassem adequadamente, por exemplo, respeitando os contratos ou, em geral, os acordos, a palavra dada (cf. Catecismo, 2469); - sinceridade com Deus: Deus vê tudo, mas como somos seus filhos quer que Lho manifestemos. «Um filho de Deus trata o Senhor como Pai. Não servilmente, nem com uma reverência formal, de mera cortesia, mas cheio de sinceridade e de confiança. Deus não se escandaliza com os homens. Deus não Se cansa das nossas infidelidades. O nosso Pai do Céu perdoa qualquer ofensa quando o filho volta de novo até Ele, quando se arrepende e pede perdão. Nosso Senhor é tão verdadeiramente pai, que prevê os nossos desejos de sermos perdoados e se adianta com a sua graça, abrindo-nos amorosamente os braços»[3]. A sinceridade no sacramento da Confissão e na direcção espiritual são meios de extraordinária eficácia para crescer na vida interior: na simplicidade, na humildade e nas outras virtudes[4]. A sinceridade é essencial para perseverar na união com Cristo, porque Ele é a verdade (cf. Jo 14, 6)[5].
2. Verdade e caridade

A Sagrada Escritura ensina que é preciso dizer a verdade com caridade (Ef 4, 15). A sinceridade, tal como as outras virtudes, deve-se viver por amor e com amor (a Deus e aos homens): com delicadeza e compreensão. A correcção fraterna: é a prática evangélica (cf. Mt 18, 15) que consiste em fazer notar a outro uma falta cometida ou um defeito para que se corrija. É uma grande manifestação de amor à verdade e de caridade. Em certas ocasiões pode ser um dever grave. A simplicidade na relação com os outros. Há simplicidade quando a intenção se manifesta com naturalidade na conduta. A simplicidade surge do amor à verdade e do desejo de que esta se reflicta fielmente nos próprios actos com naturalidade, sem afectação: isto é o que também se conhece por sinceridade de vida. Como as outras virtudes morais, a simplicidade e a sinceridade hão-de ser dirigidas pela prudência para que sejam verdadeiras virtudes.  Sinceridade e humildade. A sinceridade é caminho para crescer em humildade («caminhar na verdade» dizia Santa Teresa de Jesus). A soberba, que tão facilmente vê as faltas alheias – exagerando-as ou mesmo inventando-as –, não se dá conta das próprias faltas. O amor desordenado da excelência pessoal procura sempre impedir que nos vejamos tal como somos, com todas as nossas misérias.
3. Dar testemunho da verdade

«O testemunho é um acto de justiça que estabelece ou que dá a conhecer a verdade» (Catecismo, 2472). Os cristãos têm o dever de dar testemunho da Verdade que é Cristo. Portanto, devem ser testemunhas do Evangelho, com claridade e coerência, sem esconder a fé. O contrário – a simulação – seria envergonhar-se de Cristo, que disse: «aquele que me negar diante dos homens, também o hei-de negar diante do meu Pai que está no Céu» (Mt 10, 33). «O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade» (Catecismo, 2473). Perante a alternativa entre negar a fé (com palavras ou obras) ou perder a vida terrena, o cristão deve estar disposto a dar a vida: «Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?» (Mc 8, 36). Cristo foi condenado à morte por dar testemunho da verdade (cf. Mt 26, 63-66). Multidões de cristãos têm sido mártires por se manterem fiéis a Cristo, e o «sangue[desses] mártires transformou-se em semente de novos cristãos»[6]. «Se o martírio representa o ápice do testemunho a favor da verdade moral, ao qual relativamente poucos podem ser chamados, há, contudo, um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar prontos a dar cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves sacrifícios. De facto, diante das múltiplas dificuldades que, mesmo nas circunstâncias mais comuns, pode exigir a fidelidade à ordem moral, o cristão é chamado, com a graça de Deus implorada na oração, a um compromisso por vezes heróico, amparado pela virtude da fortaleza, mediante a qual - como ensina S. Gregório Magno - ele até consegue “amar as dificuldades deste mundo, em vista do prémio eterno” (Moralia in Job, 7, 21, 24)»[7].
4. As ofensas à verdade

”A mentira consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar” (Santo Agostinho, De Mendacio, 4, 5).O Senhor denuncia na mentira uma obra diabólica: “Vós tendes por pai o diabo,[... ] nele não há verdade; quando fala mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44)» (Catecismo, 2482). «A gravidade da mentira mede-se pela natureza da verdade que ela deforma, atendendo às circunstâncias, às intenções de quem a comete e aos danos causados àqueles que são suas vítimas» (Catecismo, 2484). Pode ser matéria de pecado mortal: «torna-se mortal quando lesa gravemente as virtudes da justiça e da caridade» (Ibidem). Falar com ligeireza ou loquacidade (cf. Mt 12, 36), pode conduzir facilmente à mentira (apreciações inexactas ou injustas, exageros, às vezes calúnias). «Falso testemunho e perjúrio. Uma afirmação contrária à verdade feita publicamente reveste-se de gravidade particular: perante um tribunal, é um falso testemunho; quando mantida sob juramento, é um perjúrio» (Catecismo, 2476). Há obrigação de reparar o dano. «O respeito pela reputação das pessoas proíbe toda e qualquer atitude ou palavra susceptíveis de lhes causar um dano injusto» (Catecismo, 2477). O direito à honra e à boa fama – tanto próprio como alheio – é um bem mais precioso do que as riquezas e de grande importância para a vida pessoal, familiar e social. Pecados contra a boa fama do próximo são os seguintes: - O juízo temerário: acontece quando se admite como verdadeiro, sem prova suficiente, um defeito moral do próximo (por exemplo, julgar que alguém tenha actuado com má intenção, sem que assim tenha sido). «Não julgueis e não sereis julgados, não condeneis e não sereis condenados» (Lc 6, 37) (cf. Catecismo, 2477). - A difamação: é qualquer atentado injusto contra a fama do próximo. Pode ser de dois tipos: a detracção ou maledicência (“dizer mal”), que consiste em revelar pecados ou defeitos realmente existentes do próximo, sem uma razão proporcionalmente grave (chamase murmuração quando se realiza nas costas do acusado); e a calúnia, que consiste em atribuir ao próximo pecados ou defeitos falsos. A calúnia encerra uma dupla malícia: contra a veracidade e contra a justiça (tanto mais grave, quanto maior seja a calúnia e quanto mais se difunda). Actualmente, estas ofensas à verdade ou à boa fama são muito frequentes nos meios de comunicação social. Por este motivo, é necessário exercitar um são espírito crítico ao receber as notícias e comentários dos jornais, revistas, televisão, etc. Uma atitude ingénua ou crédula leva à formação de juízos falsos[8].
Sempre que se difame alguém (quer seja com a detracção ou com a calunia), existe a obrigação de utilizar todos os meios possíveis para devolver ao próximo a boa fama que injustamente o lesou. É preciso evitar a cooperação nestes pecados. Coopera na difamação, embora em grau diferente, aquele que ouve com gosto o difamador e se delicia com o que ele diz; o superior que não impede a murmuração sobre o súbdito; e qualquer um que – embora desagradando-lhe o pecado de detracção –, por temor, negligência ou vergonha, não corrige ou rejeita o difamador ou caluniador, e o que propaga com ligeireza insinuações de outras pessoas contra a fama de um terceiro[9]. Atenta também contra a verdade «toda a palavra ou atitude que, por lisonja, adulação ou complacência, estimula e confirma outrem na malícia dos seus actos e na perversidade da sua conduta. A adulação é uma falta grave, se se tornar cúmplice de vícios ou de pecados graves. Nem o desejo de prestar um serviço nem a amizade justificam a duplicidade de linguagem. A adulação é um pecado venial quando apenas se deseja ser agradável, evitar um mal, valer a uma necessidade ou obter vantagens legítimas» (Catecismo, 2480).
5. O respeito da intimidade

«O bem e a segurança de outrem, o respeito pela vida privada e pelo bem comum, são razões suficientes para calar o que não deve ser conhecido ou para usar uma linguagem discreta. Muitas vezes, o dever de evitar o escândalo impõe uma estrita discrição. Ninguém é obrigado a revelar a verdade a quem não tem o direito de a conhecer» (Catecismo, 2489). O direito à comunicação da verdade não é absoluto» (Catecismo, 2488). «O sigilo do sacramento da Reconciliação é sagrado e não pode ser revelado sob pretexto algum. «O sigilo sacramental é inviolável; pelo que o confessor não pode denunciar o penitente, nem por palavras nem porqualquer outro modo, nem por causa alguma» (CDC, 983, §1)» (Catecismo, 2490). Devem-se guardar os segredos profissionais e, geralmente, qualquer segredo natural. Revelar esses segredos representa uma falta de respeito pela intimidade das pessoas e pode constituir um pecado contra a justiça. Deve-se guardar a justa reserva a respeito da vida privada das pessoas. A ingerência na vida privada das pessoas comprometidas em alguma actividade política ou pública para a divulgar nos meios de comunicação social é condenável na medida em que vai contra a sua intimidade e liberdade (cf. Catecismo, 2492). Os meios de comunicação social influenciam decisivamente a opinião pública. São um importantíssimo campo de apostolado para a defesa da verdade e a cristianização da sociedade.

JUAN RAMÓN AREITIO
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 2464-2499.
Leituras recomendadas
- S. Josemaria, Homilia «O Respeito Cristão pela pessoa e pela sua liberdade», em Cristo que Passa, 67-72. - T. Trigo, «El bien de la verdad», em A. Sarmiento, T. Trigo, E. Molina, Moral de la persona, Eunsa, Pamplona 2006, Quinta Parte, pp. 302-391.

Notas

[1] Concílio Vaticano II, Decl. Dignitatis Humanae, 2. Cf. Catecismo, 2467. [2]Cf. S. Josemaria, Caminho, 33 e 34; Sulco, 148: «sinceridade selvagem» no exame de consciência. [3]S. Josemaria, Cristo que Passa, 64. [4]Cf. S. Josemaria, Forja, 126-128. [5]«Sinceridade com Deus, com o director, com os teus irmãos, os homens. Assim, estou certo da tua perseverança» (S. Josemaria, Sulco, 325) [6]«Martyrum sanguis est semen christianorum» (Tertulianao, Apologeticus, 50. Cf. S. Justino, Dialogus cum Tryphone, 110: PG 6, 729). [7]S. João Paulo II, Enc. Veritatis Splendor, 6-VIII-93, 93. Cf, S. Josemaria, Caminho, 204. [8]«Os meios de comunicação social (em particular os mass-media) podem gerar uma certa passividade nos utentes, fazendo deles consumidores pouco cautelosos de mensagens e espectáculos. Os utentes devem impor a si próprios moderação e disciplina em relação aos mass-media. Hão-de formar-se uma consciência esclarecida e recta, para resistir mais facilmente às influências menos honestas» (Catecismo, 2496). [9]Cf. S. Josemaria, Caminho, 49. A murmuração é particularmente um inimigo nefasto da unidade no apostolado: «é crosta que suja e entorpece o apostolado. - Vai contra a caridade, tira forças, rouba a paz, e faz perder a união com Deus» Ibidem, 445. Cf. Ibidem, 453).

Devoción a la Virgen



«Allí donde la Virgen habita, el diablo no entra en esa casa», destaca el Papa ante la «Salus Populi Romani»

El reto del amor





VIVE DE CRISTO®Dominicas de Lerma

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?